terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Até o Retorno das Duas...

 


Senti um arrepio percorrer meu coração entristecido,

Ele pulsou em falso e isso refletiu em meu rosto,

Em que medida suas promessas falseadas me prenderiam?

Até quando eu fingiria acreditar em seu amor vazio?

Eu precisava do seu abraço para me manter aquecida,

Para me proteger de pesadelos que vinham me buscar,

 

Mas isso seria suficiente para nos manter unidos para sempre?

Em que isso me serve, se a cada oportunidade o vejo escapar?

Ser dona de alguns dos seus instantes já não me satisfaz como antes,

Tive a forte sensação de que algo dentro de mim despertava,

E que todas as promessas feitas seriam postas em dúvidas,

Temia que nossas lembranças sumissem feito fumaça,

 

Nossos momentos foram bons, isso poderia se acentuar com o tempo,

Mas, ante a simples brisa eles eram tão leves que se colocavam distantes de nós,

Eu via isso em seus olhos, sempre que nos procurava, já não estávamos lá,

As vezes acreditava que ele chorava para nos ver escoar por sua cara,

Não cabíamos mais em sua alma? Então, essa era a nossa despedida...

Sem regras a nos prender um ao outro, sem medo de ficar sozinhos,

 

Tudo se fora e não restava mais nada a nos manter juntos?

Precisávamos ver além das flores presenteadas, dos beijos sugados,

Eu precisava ser sensata, amar sem ser amada não era um fim em si mesmo,

Se ele não pretendia ficar, seria melhor que partisse para longe de nós,

Melhor que levasse tudo, inclusive as lembranças abafadas pelas lágrimas,

Mesmo que significasse a morte prematura dos sonhos, morbidez necessária,

 

Quando a alma se apega em demasia sem receber receptividade,

Não resta alternativa em que se apegar, carente de oportunidade,

Por que deveria insistir em ficar? Dada a importância de amar e ser amada,

Me coloco de lado, com um dar de ombros, permito que parta,

Se minhas lágrimas te fazem questionar as poupo delas,

Ante a ausência do amor, peço de coração para que não permaneça,

 

Damo-nos, nesta mesma hora, duas da noite, por satisfeitos,

Me desculpe a autoridade gravada em minha voz sôfrega,

Não consigo me impedir de sofrer os efeitos deste amor incerto,

O nervosismo aumenta sempre que penso em tudo que fiz por nós,

No quanto eu busquei fazer o melhor por nosso amor,

Veja isso como um estímulo a lutar pelo que você acha melhor,

 

Não quero te manter preso, por nada que não seja carinho,

Se o que te mantem comigo for pena, por favor se coloque distante,

Veja essa nossa discussão como oportuna e busque outro caminho,

Qualquer um que seja, onde eu não seja um mero enfeite,

Embora seus abraços sejam bons, posso avistar a manhã se aproximar,

Eu consigo sozinha, pode acreditar em mim, não insista em nós,

 

Me desculpa, mas não consigo avistar as vantagens em buscar variar,

Essa troca de parceiros em que muitos casais se entregam, não me satisfaz,

Do tempo em que você disponibilizou para nós, temos poucos minutos,

Parta logo, vá em busca do que te faz satisfeito, eu não me importo com isso,

Apenas não sirvo para ser fantoche em suas mãos, deixo isso claro e eloquente,

Há dúvidas no que tange ao meu coração? Ouça a minha voz, ela ainda está ao seu alcance,

 

Você se apega tanto a liberdade que a vejo como uma deficiência,

Que vazio há em você que te deixa insatisfeito com tudo a sua volta?

Todo o meu dispêndio de sentimentos não te convence a me amar?

Vejo que o raiar do dia traz com ele uma nova vida para nós dois,

Não se negue ao fato de que nunca estivemos juntos em seu sentimento,

Eu procurei por nós, não nos encontrei no destino em que você desenhou,

 

Me desculpa por exigir provas das promessas feitas outrora,

É que vejo tudo ao redor de nós cair em ruínas,

De tudo que construímos parece não haver mais que escombros,

Isso é bom, poderíamos começar do zero, mas até quando?

Segura em seus braços, sozinha ao nascer do dia, parece faltar algo,

Há alguma disparidade entre o que falo e o que faço?

 

Então, há alguma verdade a ser descoberta que poderia modificar tudo?

Porque ao tentar me apegar aos escombros, feri um dos meus dedos,

Não sangrou tanto, contudo mexeu com algo em meu íntimo,

Coração e pensamento se confundem ou já eram confusos?

Gostaria de te pedir uma resposta, mas me sinto cansada agora,

Me nego a receber tudo pronto e simplesmente acatar sem pensar,

 

O sol está para chegar, sempre está, preciso de algo em que me apegar,

Você consegue entender o que digo e o que sinto? Embora tente falar,

Eu não me vejo alcançar seus sentimentos, aonde você está agora?

A sombra de uma porta que logo se abrirá para leva-lo embora

Paira entre nós, e isso me impede de ser melhor, você me entende agora?

Eu tento me levantar em um salto, fingir que sou eu a ir embora...

 

Não há nada que te faça ficar aqui comigo para sempre meu amor?

Nessa sua mente maquinada você consegue processar esta ideia?

Estou sendo fria, então me empresta um pouco do calor do seu abraço,

Apenas mais um pouco, não há nada que impeça a hora de passar?

Contenho a raiva, faço esforço para entender, tropeço nas palavras,

Entre as lacunas do silêncio, busco algo em que tatear,

Espero apenas não encontrar outra pessoa,

 

Um sorriso brota em meus lábios trêmulos, ele estava a encarar a porta,

A ameaça de nunca mais vê-lo me feria, e ele o que estaria a sentir agora?

Tentava me acostumar a ideia de sempre vê-lo partir para outro lugar,

O guardava dentro da alma, isso bastaria, até o retorno das duas...

Se Sua Resposta For...

 

Depois de toda aquela discussão infundada,

Eu buscava com todo o esforço me recompor,

A distância colocada entre nós não adiantava em nada,

Ser livre para amar sem limites era uma pedra basilar entre nós,

Nada além disso poderia nos antepor,

Se sobrepondo aos nossos sonhos? Somente o nosso amor,

 

A felicidade nos braços um do outro era nosso motor,

Era o guia que iluminava os passos do nosso destino,

Não havia nada a nos prender um ao outro,

Nenhuma força sobre-humana pairava sobre nós,

Somente o nosso amor, o que haveria de ser maior que isso?

O sorriso a empalidecer a briga em nossos rostos?!

 

A liberdade de possuir ideias próprias, de apresenta-las,

De receber opinião diversa e saber refletir sobre o fato,

Faz a mente se colocar um pouco mais distante do ocorrido,

Se posicionar de forma diferente a costumeira, e isso pode ser bom,

Embora bens ou presentes não justifiquem frases distorcidas,

Conseguem embalar qualquer noite insone de uma mente abatida,

 

Ninguém haverá de querer um amor que apenas obedeça,

Que siga regras postas seja por quem for,

Mente inquieta é melhor que uma mente meramente obediente,

Marchar no escuro por medo do inseguro não satisfaz,

Seguir sempre o mesmo caminho pode aparentar efeitos favoráveis,

Mas distantes demais para um coração com ideias novas,

 

Não acredito que se deva questionar tudo que esteja posto,

Somente me coloco contra acatar ordens sem refletir o assunto,

A rejeição ocorrerá de qualquer forma quer você obedeça ou questione,

Qual é a importância de seguir ereto preso a uma mente ignorante?

Você pode se agarrar a ideia de ausência de perigo, aqui eu a questiono,

Se sujeitar a obedecer ideias prontas apenas o manterá em um cativeiro,

 

Você segue a olhos cegos por medo de ver as sombras ao seu redor?

Se opõe à escravidão, mas nunca se libertou das ideias postas?

Se você pudesse parar ao menos um pouco, secaria o suor do próprio rosto?

Vou me concentrar em virar essa página, amar me deixa insatisfeita,

Com todas essas frases e efeitos sobre mim não consigo ver quem amo sofrer,

Em muitas circunstâncias, mudo o trajeto apenas para chegar antes em casa,

 

Posso estar onde for, mas meus olhos sempre se colocam adiante,

Não aceito essas algemas que me fazem indefesa, presa a ideias errôneas,

Confesso não saber quais são as certas, mas ser coagida a ficar estagnada?

Isso apenas me faz abrir minhas ideias, discuti-las, mas então amor, por que se cala?

Por acaso é o medo que rouba seus pensamentos e o coloca distante?

Misture uma dose do meu carinho a ele, depois me diga: o que sente?

 

Nossos sonhos não pulsam em seu peito aflorando na garganta,

Você não sente este desejo que o impele a gritar pelo que acredita?

Oh, temo a sua resposta, mesmo depois de tudo que vivemos,

Por favor, não ouse me dizer que não acredita em nada,

Que tudo que passamos juntos não passara de tempo perdido,

Eu não sei se aguentaria ver todas as lembranças caírem a ausência,

 

Vazias da presença, vazias de sentimentos, sem sentido algum,

Impedir-me de amar para me manter presa a sentimento nenhum?

Não importa em que me apegar, me vejo debulhar em lágrimas,

Isso me leva a recordações de infância da época em que tudo parecia

Mais fácil, em que os sonhos eram reais em meu imaginário,

Agora, quando o amor se coloca distante, me sinto de mal a pior,

 

Vivemos em um mesmo mundo com necessidades diferentes?

Identidades estreitas e bem definidas não teriam porque se sobrepor,

Pense um pouco em nós, não sente o medo de perder invadir-te?

Devo confessar que descobri algumas mentiras suas,

Um tanto desfavoráveis confesso, mas eu poderia perdoar, não poderia?

Procurei em seu olhar algo em que me assegurar para nos salvar,

 

Mas me senti uma presa indefesa e carente da liberdade de escolha,

Você incutira em mim uma promessa e eu acreditara nela,

Logo depois você partira ela ao meio até não restar nada,

Como você se sentiria se fosse eu quem o traísse com verdades falseadas?

Eu prezo a liberdade de amar, e você preza a liberdade de libertar-se?

Sente-se preso por eu entregar-me a você por inteira, disposta a amar-te?

 

Então, por que se coloca calado a minha frente com olhos chorosos?

O que o afronta o ato de dizer a verdade sem rodeios ou disfarces?

Amar você não faz conter a dor que você irrompe com seus desvios,

Que instinto destrutivo é este que te guia para longe de nós dois?

Não é que eu me sinta o objetivo maior ao seu dispor, longe disso,

Mas, quando olho o vazio em seu peito, penso com certo receio,

Que mesmo se o mundo estivesse ao seu alcance não seria suficiente,

 

Eu sei que a ideia de se dedicar por inteiro não é prevalecente,

Mas se você se desvia do caminho do amor, o que te satisfaria?

Momentos disformes? Se você não tivesse mentido, talvez, fosse diferente...

Eu estou errada em prezar por uma vida de felicidade duradoura?

Se sua resposta for sim, então nossa conversa se encerra neste instante,

O progresso da razão nos leva a despirmo-nos do coração,

Peço seu perdão, não consigo vagar sem a roupagem da emoção,

Não leve isso para o lado de ameaça, é apenas o destino que nos encera.

Sentada no Vão da Porta

 

Eu me sentia estranha por sempre ceder as suas vontades,

Caminhar sempre em busca de atingir suas expectativas,

Então, tudo o que eu era não bastava para o convencer?

Entregava minha alma, todo o sentimento que eu tinha,

Se isso era pouco, o que mais ele precisaria?

Houve ocasiões em que me perguntei se poderia fazer mais,

 

Mas como alcançar alguém que se coloca tão distante?

Por mais esforço que eu dispendesse, não conseguia senti-lo,

Me peguei insegura, senti os cantos da minha boca tremerem,

E a expressão que vi em mim não era exatamente a de um sorriso,

Me era oportuno entregar todo o amor que eu possuía em mim,

Tinha vistas de ser amada em troca, estaria errada em pensar assim?

 

Eu permaneci estagnada no mesmo lugar por algum tempo,

Se ele sentisse minha falta não viria ao meu encontro?

Se viesse saberia onde me encontrar, no mesmo lugar em que deixou,

Esperei que algo acontecesse, sem respostas e sem lágrimas,

Preferindo expor meus sentimentos a críticas construtivas,

Entreguei meus segredos para amigas próximas,

 

Nem sempre se tem as respostas para todos os argumentos,

Talvez eu devesse me ater um pouco mais nas perguntas,

Aquelas que jogava para o meu inconsciente sem medir seus pontos,

Há como fugir do amor quando ele sempre nos encontra?

Tentei admira-lo em meu pensamento, analisar meus sentimentos,

Mas uma ponta de repulsa ganhava meu olhar, e desejava se afastar,

 

Se afastar dele ou de mim mesma? Alguém estaria errado neste jogo do amor?

Quando se coloca o coração como garantia, há ainda como perder no final?

Existem erros insuperáveis quando o coração guia nossos passos?

Confesso que amar sem me sentir retribuída estava me deixando ausente,

Dispersa entre os sonhos e a loucura, até passar pela porta soava diferente,

Ao meu lado tudo parecia muito aberto ou eu havia expandido meu ser?

 

Quando tentava buscar o tamanho dela, acabava por fugir apressada,

E então me feria, sempre enroscava o meu braço no batente,

Aquele tamanho todo que eu avistava naquele ponto adiante,

Apesar de ser imenso não me continha ali dentro,

Era como se eu me encontrasse nele apenas para me perder,

Enroscada em algo em que eu cabia sem me conter, ferida de morte?

 

Bem, joguei minhas ideias as críticas, tenham elas o retorno que tiverem,

A cada manhã sempre admirava meu reflexo, reconhecia meu tamanho,

Mas por mais que me esforçasse em passar pela porta, sem êxito aparente,

Dessa feita, uma sensação ruim me tomava, e o olhar dele se voltava para o meu lado,

Minhas ideias poderiam despertar interesse, produzirem discussões públicas,

Eu me serviria como exemplo, expor minha vida, não me traria problemas,

 

É certo que ele me amava, da mesma forma que eu tinha escolhas quanto a isso,

Expor o que eu vivia, declarar minha vida, com certeza seria a decisão mais correta,

Se eu alcançasse o conselho adequado em nossa próxima briga... diferente disso,

Com a atitude correta a definir meus atos nem mesmo haveria uma próxima briga,

Quando tomei conhecimento sobre o alcance de uma atitude tão simples,

Não medi esforços, fiz tudo que podia para mantê-lo ao meu lado,

 

No que tange a alguns detalhes, eu preferi evita-los, nem tudo deve ser espalhado,

Nossas vidas poderiam espalhar-se pelo vento e tomarem distancias desmedidas,

Talvez, nos colocando ainda mais distantes um do outro, fora do nosso contorno,

Peguei um livro que ele havia me presenteado, sentei-me no vão da porta e fingi que lia,

Me apegava a razões que fariam do nosso amor algo recompensador, eu sabia disso,

Quem vive de números é a matemática eu sempre escolhi amar com toda a alma,

 

Minha mente vagava por entre as linhas mal escritas e distorcidas,

Não que a leitura fosse ruim, eu é que não me identificava,

Havia algo muito mais importante: conquistar quem eu amava,

Examinei todas as minhas lembranças, fiz uma volta ao nosso passado,

Lá eu não me vi errar tanto, o que haveria então a nos separar?

Não quis cogitar a ideia de outra pessoa, nossa felicidade era meu objetivo,

 

Tentei juntar as peças as quais ele se referia numa espécie de metáfora,

Reconstruir os fragmentos, juntá-los em meu campo de vista,

Mesmo ferida por seus atos, eu não desistiria de tudo que sentia,

Mas confesso que seu olhar carrancudo as vezes me deixava assustada,

Embora eu não quisesse pensar na questão: ele havia alterado o tom de voz,

A cada lembrança um sobressalto no coração, ele achava isso errado...

 

Olhei para fora, tentando me fixar em um ponto adiante de mim,

Baixei os olhos para a página e a vi embaçada por lágrimas,

As letras do texto ruim ficaram borradas, escorregavam pelas linhas,

Talvez quisessem fugir da história, agora escorriam por minha roupa,

Eu não fiz nada além de olhá-las escorregar por entre as costuras,

Eu estava ferida e tentava me reconcertar, então ele não nos via?

 

Uma decisão parecia se formar em minha mente, eu a evitava,

Por que motivo fugir dela? Eu tinha motivos para me sentir satisfeita,

Este pensamento me deixou amedrontada, não quis avistar o seu olhar,

Ele já não sabia que me machucar trazia como retorno mais feridas?

Ele mentia quando fazia suas promessas apaixonadas?

Por intermédio de me ferir, destruía a nós dois, deixava-nos em ruínas,

 

Este sentimento que me prendia ao nosso relacionamento,

Parecia me negar uma liberdade elementar,

A de escolher ser feliz por mim mesma, repensar minha dor,

Por que parecia me amar e depois se afastava dessa forma?

Sua atitude roubava de mim a vontade de entregar meu amor,

Me via repelida, avessa ao que sentia, cabisbaixa, indecisa...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Um Abraço Apertado

 

Corri para o seu abraço apertado,

Mais que nunca desejei seu contato,

Toda a tristeza da briga anterior se esvairá,

Feito as lágrimas que se secaram por conta própria,

A dor também se partiu ficando distante de nós,

Não havia motivo para me apegar ao passado,

 

O que passou, passou, ele disse com um sorriso,

Seu rosto se iluminou e o semblante satisfeito,

Demonstrou o tamanho da sua felicidade pelo meu gesto,

Afinal, quem ama perdoa, por que eu me negaria a tal fato?

No mundo de privações em que vivemos,

Privar o coração de sentir é o ato mais repulsivo,

 

Não me sujeitaria a isso, amaria até o fim dos tempos,

Com todos os sonhos que tenho por direito,

Destituo-me por completa dessa espécie de opressão

Em que tudo se torna mais importante que sentir afeição,

Me entregar por mera atração a outro ser,

Ameaças baseadas em falsas promessas não me abastecem,

 

Da mesma forma que a briga ocorrera a dor se dissipara pouco depois,

Não houvera motivação que a dera início e o tempo se encarregara de finaliza-la,

Fala-se tanto em sustentabilidade seja a econômica ou qualquer outra,

Então, por que se rejeita a sustentabilidade conjugal?

Aquela em que se decide amar por inteiro, sem reservas,

E busca manter esse amor com o mesmo fervor que usara para conquistar?

 

A ideia de beijar outra boca depois de ter amado tanto me causa repulsa,

Rejeito por completo a ideia de me ver nua para outro olhar,

Me diga você, como se sentiria ao me ver feliz nos braços de outro?

A ideia te faz melhor? Pois, no meu ver me destruiria...

Me diga, amor, o que deseja de nós dois? Esquecestes que o amo?

Tive vontade de dizer isso enquanto o abraçava,

 

Mas preferi abaixar minha cabeça em seu peito másculo,

E sentir seu cheiro fresco, a ternura dos seus braços em meu corpo,

Todo o desgaste da briga anterior se via recompensado,

E o nome disso? Amor. Assim que cheguei ele notara minha presença,

Parecia pressentir que eu viria, eu era sua de forma restrita e ilimitada,

A questão individual quando se trata do amor de um casal,

 

Não consegue se acentuar em disposições sociais,

Por mais que eu tente me engajar, só consigo pensar em nós,

Como colocaria outro interesse em primazia, se o amo tanto?

Hesitei em pensamento, tentando entender meu aforismo,

Retribuí o abraço com força, desejei que nunca mais saísse do meu lado,

Privar minha liberdade de ama-lo com toda a alma beirava ao absurdo,

 

Será que eu estaria sendo pegajosa? A pergunta ressoava em meu interior,

Vazia de respostas e sem nenhum sentido para o meu coração sadio,

Talvez, fossem as ideias dele que estivessem equivocadas naquela hora,

Não as minhas, por que estariam? Seria pecado amar com tanta ternura?

Se entregar por completo a alguém, deveria haver restrições ao amor?

É certo que ambos tínhamos muitas escolhas disponíveis, não era?

 

Oportunidade para procurar outra pessoa não nos faltaria,

Não haveria como negar este fato substancial,

Então, por que eu me sentia presa e afugentada?

Seria pouco o amor que eu lhe entregava, por isso, parecia me afugentar?

Por medo? É certo que ele havia sido ferido no passado,

Mas então, por que não confiava em mim para cuidá-lo?

 

Seria ele tão prepotente, do tipo preponderante que não se queda?

O que haveria nele de tão grande que o fazia tão distante?

Eu usaria de todo o meu amor para curar cada uma de suas feridas,

Apagaria as marcas de batalhas com afagos e carinhos solenes,

Não mais do que ele quisesse, mesmo que com isso ficasse incapaz

De entregar todo o amor que dispunha, me restringiria por nós dois,

 

Sopraria em seu rosto suspiros de amor incontido,

Faria com que os ventos da mudança roçassem os seus lábios,

Ele nunca seria esquecido, eu não o deixaria sozinho,

Faria dele um sujeito passivo das benesses do amor,

Sem entender o motivo um sorriso brilhou em meu rosto,

Ele poderia ligar e desligar o efeito devastador com a ponta do dedo?

 

Indecifrável era a sensação de ter suas mãos inteiras sobre o meu corpo,

Me abrigando em carinhos desmedidos de alguém que esteve longe,

Mas retornou com doses de amor que nenhum outro olhar provou,

Sua habilidade em me fazer esquecer as brigas eram admiráveis,

Isso significava que nos amávamos e que duraria para sempre,

A dúvida que surgira instantes atrás estava longe, distante demais,

 

Talvez, em pouco tempo pudéssemos sonhar com nossa casa,

Quem sabe, o sonho de morar juntos poderia ganhar nova forma,

Os lábios que bebem do veneno da discórdia também podem acariciar,

Sempre que penso em nós dois me pergunto se não posso me esforçar,

Fazer mais do que faço, me superar, pela primeira vez o vejo como é,

E, não sem razão, essa é a parte mais surpreendente: não sei viver sem ele,

 

Se falo do nosso amor sem reservas é por não temer as críticas,

Não é apenas a confissão de um amor provindo da alma,

Nem mero acalento de ideias céticas e carentes de sentimentos,

Há sempre um propósito em tudo que fazemos,

Eu nunca entendi o que motivava o amor a estranheza,

Talvez, por ter sido sempre objeto de repulsa por temer a entrega,

Percebi isso, enquanto levantava a cabeça e encarava o seu olhar.


Ferida Por um Afagar de Dedos

 


A mão que afagou meu rosto em um gesto carinhoso,

Usando do meio a ponta de dois dedos bondosos,

Virou a palma e veio com toda a força para o meu lado,

Foram cinco dedos expostos em meu rosto enxuto,

Abri os lábios, fechei os olhos, uma lágrima caiu,

Incapaz de conter a dor que não sentiu nada ao me ferir,

 

Não diga nada, engula os soluços, esconda-se em um canto,

De preferência que seja escuro, não quero avistar seu pranto,

Gritaram os lábios que já haviam se derramado em amor,

Eu vou logo depois que você for quis retrucar com ardor,

Porém, de que adiantaria? Tome cuidado, pode haver retorno,

Ressoou dentro de mim sem que eu pudesse evitar o pensamento,

 

Coloquei a mão na marca vermelha em minha face,

Apertei um pouco, quis retirar o ato da minha pele,

Mas já era tarde, estava impregnado em minha alma,

Soluços rompiam dentro de mim, explodiam para fora,

As lágrimas embaçaram minha visão, não pude ver nada,

Mas reconhecia o caminho que me conduziria para outro lugar,

 

Longe do seu alcance, daquele amor jurado em falso,

Onde não me ferisse, onde encontrasse abrigo,

Havíamos trocado tantas frases sobre carinho,

Palavras vazias, agora, escorriam por meu rosto sofrido,

Desmanchadas em lágrimas sem respaldo para o ato,

Eu ainda me virei para trás, desejei um novo contato,

 

Mas ao procurar no fundo dos seus olhos, não pude reconhece-lo,

Eu acreditei em seu afeto, abri meus segredos, o dei aconchego,

Ao permiti-lo se aconchegar junto aos meus sentimentos,

Dei oportunidade para que fosse importante em meu peito,

Depois de conquistar minha confiança, destruiu-a num único ato,

Eram tão poucas as pessoas que eu permitia chegar perto,

 

Eram tão poucas as dignas de me verem como um livro aberto,

Apenas as que eu presenteava com uma caneta em seu aniversário,

Para que pudessem escrever em minhas linhas, de próprio punho,

Fazer parte de mim, sem as quais não me consideraria mais que rascunho,

Lhe dei a oportunidade, ele tinha nas mãos a escolha para agir,

Usou a mão que escrevia em minha história para me ferir,

 

Tivesse a caneta ao meu alcance a teria quebrado na sua frente,

Destruído cada chance sua de se aproximar de mim novamente,

Mas como agir depois que você considerou alguém como importante

E este mesmo alguém se volta contra você e decide agredir-te?

Desapareci para longe, desejei nunca mais voltar para aquele lugar,

Ficar fora do seu alcance era pouco, desejei estar fora da sua vida,

 

Soluçante, envolta por uma brisa amena, não desejei ser vista,

Minha visão estava embaçada pelas minhas lágrimas,

Não me permitiam ver com a desenvoltura de outrora,

Estava magoada, ferida, desejei ser tragada pela terra,

Abri a boca, ela doía, embora adormecida devido a força,

Minha pele não respondia, estava absorta em dor vazia,

 

Como cruzar pelos mesmos olhos que haviam me machucado?

Como encará-lo outra vez, ignorando tudo que havia acontecido?

Eu não perdi muito tempo tentando acompanhar seus atos,

Tentava explicar para mim sua ausência de sentimentos,

Sua mudança repentina e injustificável de temperamento,

Não bastasse nossa diferença em estatura e força,

Quis me diminuir movido pelo quê, um ato de bravura?

 

Apenas um tapa atingiu minha cara... tive sorte,

Há quem perda dentes, existem ainda as que perdem a vida,

Uma história inteira escorria embebida em lágrimas,

Por mais que tentasse estancar não conseguia,

Era forte demais, doía em demasia,

Por que não jogou na minha cara que me odiava?

 

Pensando bem, lembro-me de ele ter dito algo antes do tapa,

Porém, não consigo lembrar com perfeição,

A força abracou o sentimento e consigo, as lembranças,

Mesmo as lembranças boas estavam embriagadas no coração,

Envolta em lágrimas, que as consumiam de uma a uma,

Restaria algo de bom em que me apegar ainda?

 

Mais soluços rompiam o ar, agora audíveis,

Ferida por quem tinha compromisso em me amar,

Encontraria o amor nos braços de outro alguém?

Havia um espaço vago em mim e parecia me tragar,

Mas não era nada demais, eu resistiria, sabia disso,

Desistir nunca foi uma palavra que permiti ao meu livro,

 

Mas com certeza aquela brisa amena envolta a minha dor,

Parecia estar nublando o passado com um ponto de dúvida,

Minha angústia saiu do fundo de mim e gritava aos meus ouvidos,

Me sinto em pânico, ferida pelo amor, em quê me abrigar?

Sequei a face com um dedo apenas, coloquei uma vírgula,

 

Eu poderia pegar todos os que me ferissem, fosse como fosse,

E condenar a exclusão do livro da minha vida para sempre,

Condenando a um passado nunca mais repetido,

Diante disso, o que restaria da minha história em um futuro?

Milhões de frases vazias com algum conteúdo e sem rosto?

Esquecer, amar, perdoar sempre fez parte das minhas linhas...

É certo que há sempre um outro jeito...

Mas a dor me amortecia por fora, por dentro eu não saberia precisar, e agora?


O Primeira Beijo

 

Quando o amor cruza o nosso destino,

Não há pedra que permaneça no caminho,

Ou forma de desviar daquele calor nos olhos,

Aquele algo que nos leva aos seus passos,

Se você nunca caiu nas garras do amor,

Acredite cedo ou tarde isso tende a acontecer,

Mesmo que você não o procure ou até evite,

 

É assim com todo mundo, e comigo não foi diferente,

A declaração não contém sentença absoluta,

Porém, retrata a mais perfeita verdade,

A última vez que conheci o amor, digo: a primeira,

Ele chegou ao meu ouvido com um tom de neutralidade,

Quisera eu ter fugido na primeira alternativa,

 

Mas seu tom adocicado possuía algo de profundo,

Em que dos meus fios de cabelos a pele que cobre o meu corpo,

Senti arrepios me percorrendo como se me penetrassem,

Me senti nua de qualquer dúvida que fosse,

Toquei em seu braço sem me virar para ele,

Era a nossa chance de apegar-se a algo pintado em tons diferentes,

 

Naquele momento, eu não desejei fugir com toda a pressa,

Me apegar a qualquer outra coisa, evitar encarar seu olhar,

Mas mesmo assim, permaneci de costas,

Seu toque possuía um calor que me deixava desperta,

Desejei a segurança do seu corpo em mim, envolta,

Algo nos esperava mais adiante e eu queria chegar lá,

 

Fechei os olhos por um instante, com um pedido em minha alma,

Roguei a Deus que ele sentisse o mesmo por mim, eu o queria,

Mesmo sem ver seu rosto, sem analisar beleza, nem nada,

Sabe quando há aquele sentimento que nos chama

Sem que haja meios de se evitar o contato? Foi dessa maneira,

Por quê, em primeiro lugar, ele esperava tanto? Será que oscilava?

 

Um segundo a mais sem contato visual e eu estava insegura,

Já havia levado tantos foras pela vida afora,

Que parecia que este era o destino que as estrelas haviam me reservado,

A rejeitada, era assim que me sentia naquele lugar ou fora,

Aquela que nunca atinge as expectativas, que está sempre fora de contato,

 

Mas, naquele instante, alguém havia me tocado,

Embora eu não entendesse ao certo, me senti vulnerável,

Teria, ele, se aproximado de mim tão sorrateiro com a única intenção de ferir?

Uma lágrima brilhou em meu pensamento e acelerou meu peito,

Mordi a boca por dentro quis sentir o gosto do sangue me invadir,

Se a intenção era machucar, pois bem, havia conseguido...

 

Olhei para o lado esquerdo, em um ponto obscuro a minha frente,

Com certeza ele soltaria meu braço, com sorte eu nem veria a sua face,

Suspirei insatisfeita, com um chacoalhar de ombros quis me desvencilhar,

Não me sentia bem daquela forma, mas mesmo assim não olhei para trás,

Haveria nisso algo de muito assustador para ser evitado?

Algo que fizesse com que eu ficasse ainda pior do que já estava?

Seja como for, me frustrava, era assim tão duro o amor?

 

Ele continuou a me segurar com uma firmeza medida,

Se aproximou um pouco mais de mim e falou, agora em tom rouco,

Aqueles segundos meus de impaciência foram recompensados,

Sentir seu hálito quente sobre os meus cabelos soava como um afago,

Seu calor era másculo e arrepiava minha nuca, estava numa enrascada,

Havia evitado o amor até aquela hora, mas agora meu relógio biológico chamava,

 

Com um tic tac ensurdecedor e louco tilintava dizendo que era a hora,

Hora de mudar um pouco, de dar uma chance para mim mesma,

A voz dele chegava feito um afago não conseguia ouvir ao certo o que dizia,

Com um grunhido rompi seu discurso reclamando do barulho alto do lugar,

 Agora eu sentia pressa, desejara ser beijava, desejei avistar o seu olhar,

Queria a surpresa de viver um amor sem apegar-me a forma física,

 

Algo que os apaixonados definem provir da alma, a minha embriagada,

Deveria estar a gargalhadas dentro de mim, mas não dizia nada,

Depois de procurar em mim uma saída daquela situação desajeitada,

Ele me virou com um único movimento curto e sincronizado,

Com um gesto perfeito que parecia ensaiado, minha preocupação se esvaiu na hora,

Ele era muito mais perfeito que imaginei, seu olhar tinha um brilho...

 

Mais intenso que a minha imaginação foi capaz de inventar,

Mais iluminado que o sol do dia depois de semanas chuvosas,

A centímetros do seu corpo, podia sentir cada músculo,

Senti que poderia prever cada um dos seus movimentos,

Ele me olhou profundamente e eu esperei seu sorriso se derreter

Em um beijo penetrante daqueles que nunca se esquece,

 

Ele não o fez, sorriu de forma mais intensa enquanto movia a cabeça,

Inclinou-se sobre mim, e parou como se respirasse meu ar,

O ar que ele inspirava era meu agora, o meu o pertencia,

O beijo que se seguiu foi o mais inesquecível em nossas bocas,

O mais perfeito, o mais verdadeiro, ainda posso senti-lo,

Nos entreolhamos, recuamos um pouco, recuperamos o ar,

E repetimos por mil vezes seguidas, seguros um nos braços do outro.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Mais Que Um Olhar Especulativo

Ele acreditou que podíamos dividir a mesma casa

E ainda ignorar um ao outro, se enganou um pouco,

Eu faria uma reviravolta me recusaria a ser rejeitada,

Se desejava amar aos poucos então tivesse me evitado,

Amor de momentos não preenche almas inteiras,

Eu poderia ser tudo menos vazia em meus sentimentos,

 

Jamais permitiria escapar pelos dedos quem conquistei com carícias,

Será que ele havia prestado atenção em nossas juras de amor?

Como esqueceria o sentimento que usou para me conquistar?

Teria sido tão falso seu sorriso quando se abriu aos meus olhos?

Embora desejasse não me preocupar em mantê-lo, me preocupava,

Eu havia entregado meus sentimentos, aberto a ele os meus segredos,

 

Então agora, nada disso mais parecia importar?

Promessas apaixonadas condenadas a esfera do passado,

Sonhos a dois quebrados ante a luz do olhar,

Que faríamos quando até mesmo esse brilho fosse apagado?

Se ele nunca desejou me amar pela vida toda,

Por que seu esforço em conquistar meu amor?

 

Teria sido tão mais fácil ter mudado a rota da história,

Não ter tocado meu rosto na hora em que eu mais precisava de carinho,

Não ter feito aquele semblante cabisbaixo e aquela fala vazia,

Que ao ressoar aos meus ouvidos me despertou para algo,

Fez-se tão ensurdecedora a sua fala que não tive como ficar parada,

Por mais que tentasse me desviar, sempre se colocava em meu destino,

 

Era como se o pôr do sol passasse a queimar o mato em que se punha,

Era como se buscasse se esconder ao invés de iluminar o firmamento,

Era como se as coisas tivessem mudado a trajetória,

De repente não era mais o amor que ditava o caminho,

Mas imagens feitas e postas no lugar em que haveriam pessoas,

Histórias sem rostos falando de todos como se fossem reflexos,

 

A impaciência tomava seu semblante e eu a refletia lá fora,

Alguém teria que mudar aquele caminho errôneo

Que se desenhava para todos sem que houvesse reservas,

Eu desejei com toda a alma fechar a cara para o amor,

Não dar sempre as mesmas respostas para perguntas incertas,

Mas quando o destino está cruzado quando se pode negar a isso?

 

Me coloquei pelos cantos, buscava regras em que pudesse me abrigar,

Mas não encontrava nada, o mundo parecia girar ao contrário,

E este giro refletia em meu olhar, me deixava tonta, trôpega,

Embora tudo acontecesse lá fora, ele conseguia de um jeito estranho,

Se manter fora de tudo, a esmo, sem ser atingido por nada,

Algo não estava certo e eu sentia-me em pânico completo,

 

Até o bizarro fazia mais sentido que permanecer ereta,

Nunca fui a pessoa mais distante e estagnada do mundo,

Mas também, nunca imaginei fazer um papel tão basilar,

Mesmo desejando escapar a todo custo, me via em seus olhos,

De reflexo, eu estaria escrevendo minha própria história?

Com um suspiro me levantei e saí para fora sentir o vento,

 

Eu poderia ter preferido ficar trancada dentro de casa,

A espera de uma alma confortadora me libertar o pensamento,

Mas nunca fiz o tipo de mulher que aceita sem pensar,

Quando ele passava por mim esbarrando por um canto e outro,

Estivesse bêbado ou não eu nunca fiz questão de me aproximar,

Sentia que algo maior se desenhava a minha frente a passos incertos,

 

É tão triste o amor quando se transforma no contrário das promessas,

Mas diferente dos outros eu ainda carregava meu sorriso,

Embora, sem tê-lo ao meu lado eu sentia que ficava desnuda,

Era como se as pessoas tivessem curiosidade sobre o meu corpo,

Todas pareciam me olhar e ficarem despertas,

Bom, guardo todas as minhas expectativas em meu cérebro,

 

Não queria chamar a atenção, nem mesmo ser encontrada,

Para minha sorte a pressa dele tirava seu olhar dos meus atos,

Eu preferia ficar as sombras dos holofotes, sem ser notada,

Acho que ele havia percebido isso, então, me deixava de lado,

Eu odiava parecer insignificante, mas era assim que me sentia,

Cobrava atenção e recebia em troca migalhas de carinho,

 

No caminho em que andei a procura da sua alma,

Embora nunca tenha sido importante também não caí ao acaso,

Preferi acreditar nisso quando me identifiquei com suas carícias,

É certo que o brilho intenso dos seus olhos me deixou cega por um segundo,

Mas me isolar não pareceu a atitude mais adequada,

Não tendo ele, assim tão perto de mim, quase ao lado,

 

Dali onde estava posicionada eu poderia sentir que seu olhar se movia,

Embora parecesse partir para longe, parecia estar ao meu contato,

Aquela sensação de controle descontrolava minhas ideias,

Acho que sempre foi mentira tudo que houve entre nós dois,

Mesmo ante aos meus desejos, sempre procurei usar a cautela,

Não abusei mais do amor por que ele se recusou a sonhar comigo,

 

Mas embebi em afagos cada atitude e palavra dita,

Se não fiz melhor foi por que estava distante demais do meu afago,

Lembro de ter ido longe buscar seus carinhos e suas juras,

Lembro de ter concordado e acreditado em tudo que ressoou dos seus lábios,

Mesmo que a concordância não tenha passado de um mover de cabeça,

Por que duvidaria, o abracei achando estranho tanto conforto,

 

Combinamos que nosso amor quebraria os segredos da alma,

Romperia qualquer obstáculo que se pusesse em nossos passos,

Como imaginaria que seria ele o primeiro a repelir nossas promessas?

Estremeci ao seu lado, ele estreitou os olhos, especulativo...

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...