Corri para o seu abraço apertado,
Mais que nunca desejei seu contato,
Toda a tristeza da briga anterior se esvairá,
Feito as lágrimas que se secaram por conta própria,
A dor também se partiu ficando distante de nós,
Não havia motivo para me apegar ao passado,
O que passou, passou, ele disse com um sorriso,
Seu rosto se iluminou e o semblante satisfeito,
Demonstrou o tamanho da sua felicidade pelo meu gesto,
Afinal, quem ama perdoa, por que eu me negaria a tal fato?
No mundo de privações em que vivemos,
Privar o coração de sentir é o ato mais repulsivo,
Não me sujeitaria a isso, amaria até o fim dos tempos,
Com todos os sonhos que tenho por direito,
Destituo-me por completa dessa espécie de opressão
Em que tudo se torna mais importante que sentir afeição,
Me entregar por mera atração a outro ser,
Ameaças baseadas em falsas promessas não me abastecem,
Da mesma forma que a briga ocorrera a dor se dissipara pouco
depois,
Não houvera motivação que a dera início e o tempo se encarregara
de finaliza-la,
Fala-se tanto em sustentabilidade seja a econômica ou
qualquer outra,
Então, por que se rejeita a sustentabilidade conjugal?
Aquela em que se decide amar por inteiro, sem reservas,
E busca manter esse amor com o mesmo fervor que usara para
conquistar?
A ideia de beijar outra boca depois de ter amado tanto me
causa repulsa,
Rejeito por completo a ideia de me ver nua para outro olhar,
Me diga você, como se sentiria ao me ver feliz nos braços de
outro?
A ideia te faz melhor? Pois, no meu ver me destruiria...
Me diga, amor, o que deseja de nós dois? Esquecestes que o
amo?
Tive vontade de dizer isso enquanto o abraçava,
Mas preferi abaixar minha cabeça em seu peito másculo,
E sentir seu cheiro fresco, a ternura dos seus braços em meu
corpo,
Todo o desgaste da briga anterior se via recompensado,
E o nome disso? Amor. Assim que cheguei ele notara minha
presença,
Parecia pressentir que eu viria, eu era sua de forma restrita
e ilimitada,
A questão individual quando se trata do amor de um casal,
Não consegue se acentuar em disposições sociais,
Por mais que eu tente me engajar, só consigo pensar em nós,
Como colocaria outro interesse em primazia, se o amo tanto?
Hesitei em pensamento, tentando entender meu aforismo,
Retribuí o abraço com força, desejei que nunca mais saísse do
meu lado,
Privar minha liberdade de ama-lo com toda a alma beirava ao
absurdo,
Será que eu estaria sendo pegajosa? A pergunta ressoava em
meu interior,
Vazia de respostas e sem nenhum sentido para o meu coração
sadio,
Talvez, fossem as ideias dele que estivessem equivocadas
naquela hora,
Não as minhas, por que estariam? Seria pecado amar com tanta
ternura?
Se entregar por completo a alguém, deveria haver restrições
ao amor?
É certo que ambos tínhamos muitas escolhas disponíveis, não
era?
Oportunidade para procurar outra pessoa não nos faltaria,
Não haveria como negar este fato substancial,
Então, por que eu me sentia presa e afugentada?
Seria pouco o amor que eu lhe entregava, por isso, parecia
me afugentar?
Por medo? É certo que ele havia sido ferido no passado,
Mas então, por que não confiava em mim para cuidá-lo?
Seria ele tão prepotente, do tipo preponderante que não se
queda?
O que haveria nele de tão grande que o fazia tão distante?
Eu usaria de todo o meu amor para curar cada uma de suas
feridas,
Apagaria as marcas de batalhas com afagos e carinhos
solenes,
Não mais do que ele quisesse, mesmo que com isso ficasse
incapaz
De entregar todo o amor que dispunha, me restringiria por
nós dois,
Sopraria em seu rosto suspiros de amor incontido,
Faria com que os ventos da mudança roçassem os seus lábios,
Ele nunca seria esquecido, eu não o deixaria sozinho,
Faria dele um sujeito passivo das benesses do amor,
Sem entender o motivo um sorriso brilhou em meu rosto,
Ele poderia ligar e desligar o efeito devastador com a ponta
do dedo?
Indecifrável era a sensação de ter suas mãos inteiras sobre
o meu corpo,
Me abrigando em carinhos desmedidos de alguém que esteve
longe,
Mas retornou com doses de amor que nenhum outro olhar
provou,
Sua habilidade em me fazer esquecer as brigas eram
admiráveis,
Isso significava que nos amávamos e que duraria para sempre,
A dúvida que surgira instantes atrás estava longe, distante
demais,
Talvez, em pouco tempo pudéssemos sonhar com nossa casa,
Quem sabe, o sonho de morar juntos poderia ganhar nova
forma,
Os lábios que bebem do veneno da discórdia também podem
acariciar,
Sempre que penso em nós dois me pergunto se não posso me
esforçar,
Fazer mais do que faço, me superar, pela primeira vez o vejo
como é,
E, não sem razão, essa é a parte mais surpreendente: não sei
viver sem ele,
Se falo do nosso amor sem reservas é por não temer as
críticas,
Não é apenas a confissão de um amor provindo da alma,
Nem mero acalento de ideias céticas e carentes de
sentimentos,
Há sempre um propósito em tudo que fazemos,
Eu nunca entendi o que motivava o amor a estranheza,
Talvez, por ter sido sempre objeto de repulsa por temer a
entrega,
Percebi isso, enquanto levantava a cabeça e encarava o seu
olhar.
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