A mão que afagou meu rosto em um gesto carinhoso,
Usando do meio a ponta de dois dedos bondosos,
Virou a palma e veio com toda a força para o meu lado,
Foram cinco dedos expostos em meu rosto enxuto,
Abri os lábios, fechei os olhos, uma lágrima caiu,
Incapaz de conter a dor que não sentiu nada ao me ferir,
Não diga nada, engula os soluços, esconda-se em um canto,
De preferência que seja escuro, não quero avistar seu
pranto,
Gritaram os lábios que já haviam se derramado em amor,
Eu vou logo depois que você for quis retrucar com ardor,
Porém, de que adiantaria? Tome cuidado, pode haver retorno,
Ressoou dentro de mim sem que eu pudesse evitar o
pensamento,
Coloquei a mão na marca vermelha em minha face,
Apertei um pouco, quis retirar o ato da minha pele,
Mas já era tarde, estava impregnado em minha alma,
Soluços rompiam dentro de mim, explodiam para fora,
As lágrimas embaçaram minha visão, não pude ver nada,
Mas reconhecia o caminho que me conduziria para outro lugar,
Longe do seu alcance, daquele amor jurado em falso,
Onde não me ferisse, onde encontrasse abrigo,
Havíamos trocado tantas frases sobre carinho,
Palavras vazias, agora, escorriam por meu rosto sofrido,
Desmanchadas em lágrimas sem respaldo para o ato,
Eu ainda me virei para trás, desejei um novo contato,
Mas ao procurar no fundo dos seus olhos, não pude
reconhece-lo,
Eu acreditei em seu afeto, abri meus segredos, o dei
aconchego,
Ao permiti-lo se aconchegar junto aos meus sentimentos,
Dei oportunidade para que fosse importante em meu peito,
Depois de conquistar minha confiança, destruiu-a num único ato,
Eram tão poucas as pessoas que eu permitia chegar perto,
Eram tão poucas as dignas de me verem como um livro aberto,
Apenas as que eu presenteava com uma caneta em seu
aniversário,
Para que pudessem escrever em minhas linhas, de próprio
punho,
Fazer parte de mim, sem as quais não me consideraria mais
que rascunho,
Lhe dei a oportunidade, ele tinha nas mãos a escolha para agir,
Usou a mão que escrevia em minha história para me ferir,
Tivesse a caneta ao meu alcance a teria quebrado na sua
frente,
Destruído cada chance sua de se aproximar de mim novamente,
Mas como agir depois que você considerou alguém como
importante
E este mesmo alguém se volta contra você e decide
agredir-te?
Desapareci para longe, desejei nunca mais voltar para aquele
lugar,
Ficar fora do seu alcance era pouco, desejei estar fora da
sua vida,
Soluçante, envolta por uma brisa amena, não desejei ser
vista,
Minha visão estava embaçada pelas minhas lágrimas,
Não me permitiam ver com a desenvoltura de outrora,
Estava magoada, ferida, desejei ser tragada pela terra,
Abri a boca, ela doía, embora adormecida devido a força,
Minha pele não respondia, estava absorta em dor vazia,
Como cruzar pelos mesmos olhos que haviam me machucado?
Como encará-lo outra vez, ignorando tudo que havia
acontecido?
Eu não perdi muito tempo tentando acompanhar seus atos,
Tentava explicar para mim sua ausência de sentimentos,
Sua mudança repentina e injustificável de temperamento,
Não bastasse nossa diferença em estatura e força,
Quis me diminuir movido pelo quê, um ato de bravura?
Apenas um tapa atingiu minha cara... tive sorte,
Há quem perda dentes, existem ainda as que perdem a vida,
Uma história inteira escorria embebida em lágrimas,
Por mais que tentasse estancar não conseguia,
Era forte demais, doía em demasia,
Por que não jogou na minha cara que me odiava?
Pensando bem, lembro-me de ele ter dito algo antes do tapa,
Porém, não consigo lembrar com perfeição,
A força abracou o sentimento e consigo, as lembranças,
Mesmo as lembranças boas estavam embriagadas no coração,
Envolta em lágrimas, que as consumiam de uma a uma,
Restaria algo de bom em que me apegar ainda?
Mais soluços rompiam o ar, agora audíveis,
Ferida por quem tinha compromisso em me amar,
Encontraria o amor nos braços de outro alguém?
Havia um espaço vago em mim e parecia me tragar,
Mas não era nada demais, eu resistiria, sabia disso,
Desistir nunca foi uma palavra que permiti ao meu livro,
Mas com certeza aquela brisa amena envolta a minha dor,
Parecia estar nublando o passado com um ponto de dúvida,
Minha angústia saiu do fundo de mim e gritava aos meus
ouvidos,
Me sinto em pânico, ferida pelo amor, em quê me abrigar?
Sequei a face com um dedo apenas, coloquei uma vírgula,
Eu poderia pegar todos os que me ferissem, fosse como fosse,
E condenar a exclusão do livro da minha vida para sempre,
Condenando a um passado nunca mais repetido,
Diante disso, o que restaria da minha história em um futuro?
Milhões de frases vazias com algum conteúdo e sem rosto?
Esquecer, amar, perdoar sempre fez parte das minhas
linhas...
É certo que há sempre um outro jeito...
Mas a dor me amortecia por fora, por dentro eu não saberia
precisar, e agora?
Nenhum comentário:
Postar um comentário