terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Até o Retorno das Duas...

 


Senti um arrepio percorrer meu coração entristecido,

Ele pulsou em falso e isso refletiu em meu rosto,

Em que medida suas promessas falseadas me prenderiam?

Até quando eu fingiria acreditar em seu amor vazio?

Eu precisava do seu abraço para me manter aquecida,

Para me proteger de pesadelos que vinham me buscar,

 

Mas isso seria suficiente para nos manter unidos para sempre?

Em que isso me serve, se a cada oportunidade o vejo escapar?

Ser dona de alguns dos seus instantes já não me satisfaz como antes,

Tive a forte sensação de que algo dentro de mim despertava,

E que todas as promessas feitas seriam postas em dúvidas,

Temia que nossas lembranças sumissem feito fumaça,

 

Nossos momentos foram bons, isso poderia se acentuar com o tempo,

Mas, ante a simples brisa eles eram tão leves que se colocavam distantes de nós,

Eu via isso em seus olhos, sempre que nos procurava, já não estávamos lá,

As vezes acreditava que ele chorava para nos ver escoar por sua cara,

Não cabíamos mais em sua alma? Então, essa era a nossa despedida...

Sem regras a nos prender um ao outro, sem medo de ficar sozinhos,

 

Tudo se fora e não restava mais nada a nos manter juntos?

Precisávamos ver além das flores presenteadas, dos beijos sugados,

Eu precisava ser sensata, amar sem ser amada não era um fim em si mesmo,

Se ele não pretendia ficar, seria melhor que partisse para longe de nós,

Melhor que levasse tudo, inclusive as lembranças abafadas pelas lágrimas,

Mesmo que significasse a morte prematura dos sonhos, morbidez necessária,

 

Quando a alma se apega em demasia sem receber receptividade,

Não resta alternativa em que se apegar, carente de oportunidade,

Por que deveria insistir em ficar? Dada a importância de amar e ser amada,

Me coloco de lado, com um dar de ombros, permito que parta,

Se minhas lágrimas te fazem questionar as poupo delas,

Ante a ausência do amor, peço de coração para que não permaneça,

 

Damo-nos, nesta mesma hora, duas da noite, por satisfeitos,

Me desculpe a autoridade gravada em minha voz sôfrega,

Não consigo me impedir de sofrer os efeitos deste amor incerto,

O nervosismo aumenta sempre que penso em tudo que fiz por nós,

No quanto eu busquei fazer o melhor por nosso amor,

Veja isso como um estímulo a lutar pelo que você acha melhor,

 

Não quero te manter preso, por nada que não seja carinho,

Se o que te mantem comigo for pena, por favor se coloque distante,

Veja essa nossa discussão como oportuna e busque outro caminho,

Qualquer um que seja, onde eu não seja um mero enfeite,

Embora seus abraços sejam bons, posso avistar a manhã se aproximar,

Eu consigo sozinha, pode acreditar em mim, não insista em nós,

 

Me desculpa, mas não consigo avistar as vantagens em buscar variar,

Essa troca de parceiros em que muitos casais se entregam, não me satisfaz,

Do tempo em que você disponibilizou para nós, temos poucos minutos,

Parta logo, vá em busca do que te faz satisfeito, eu não me importo com isso,

Apenas não sirvo para ser fantoche em suas mãos, deixo isso claro e eloquente,

Há dúvidas no que tange ao meu coração? Ouça a minha voz, ela ainda está ao seu alcance,

 

Você se apega tanto a liberdade que a vejo como uma deficiência,

Que vazio há em você que te deixa insatisfeito com tudo a sua volta?

Todo o meu dispêndio de sentimentos não te convence a me amar?

Vejo que o raiar do dia traz com ele uma nova vida para nós dois,

Não se negue ao fato de que nunca estivemos juntos em seu sentimento,

Eu procurei por nós, não nos encontrei no destino em que você desenhou,

 

Me desculpa por exigir provas das promessas feitas outrora,

É que vejo tudo ao redor de nós cair em ruínas,

De tudo que construímos parece não haver mais que escombros,

Isso é bom, poderíamos começar do zero, mas até quando?

Segura em seus braços, sozinha ao nascer do dia, parece faltar algo,

Há alguma disparidade entre o que falo e o que faço?

 

Então, há alguma verdade a ser descoberta que poderia modificar tudo?

Porque ao tentar me apegar aos escombros, feri um dos meus dedos,

Não sangrou tanto, contudo mexeu com algo em meu íntimo,

Coração e pensamento se confundem ou já eram confusos?

Gostaria de te pedir uma resposta, mas me sinto cansada agora,

Me nego a receber tudo pronto e simplesmente acatar sem pensar,

 

O sol está para chegar, sempre está, preciso de algo em que me apegar,

Você consegue entender o que digo e o que sinto? Embora tente falar,

Eu não me vejo alcançar seus sentimentos, aonde você está agora?

A sombra de uma porta que logo se abrirá para leva-lo embora

Paira entre nós, e isso me impede de ser melhor, você me entende agora?

Eu tento me levantar em um salto, fingir que sou eu a ir embora...

 

Não há nada que te faça ficar aqui comigo para sempre meu amor?

Nessa sua mente maquinada você consegue processar esta ideia?

Estou sendo fria, então me empresta um pouco do calor do seu abraço,

Apenas mais um pouco, não há nada que impeça a hora de passar?

Contenho a raiva, faço esforço para entender, tropeço nas palavras,

Entre as lacunas do silêncio, busco algo em que tatear,

Espero apenas não encontrar outra pessoa,

 

Um sorriso brota em meus lábios trêmulos, ele estava a encarar a porta,

A ameaça de nunca mais vê-lo me feria, e ele o que estaria a sentir agora?

Tentava me acostumar a ideia de sempre vê-lo partir para outro lugar,

O guardava dentro da alma, isso bastaria, até o retorno das duas...

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