quarta-feira, 10 de março de 2021

Um Outro Rosto, Mas Não Era Seu Reflexo.

Teste positivo entre seus dedos, longe do seu campo de visão,

Havia se entregado a um rapaz, acreditava ter sido levada pela emoção,

Seus olhos mais fracos que o de costume, opacos e sem destino,

Uma vantagem a seu favor, ele a amava, havia sussurrado isso aos seus ouvidos,

É certo que pediu que mantivessem seu relacionamento em segredo,

Mas, isso não passava de temor dos comentários maliciosos,

 

Ele, havia aberto um sorriso lindo quando lhe dissera

Que queria apenas o seu melhor e fazia isso para protege-la,

Ela assentiu, como se lhe dissesse um a zero,

Este seu aspecto desanuviou suas dúvidas, limpou seu pensamento,

Ele era demasiado lindo, parecia um rapaz desenhado pelos anjos,

E ainda lhe nutria sentimentos, isso era o mais prazeroso de tudo,

 

Estava forçada por seu coração a entregar-se em um ato de amor,

Seus braços fortes tinham uma capacidade de fazê-la sentir-se bem,

Ele a amava e não cansava de repetir isso em cada segundo,

Provava isso em cada abraço, ela sentia que podia acreditar nele,

Ela sorriu e lhe fez uma pausa breve, como se causasse expectativa,

Depois, jogou-se em seus braços como se não houvesse um outro dia,

 

Agora, com um teste de gravidez em mãos, estava sendo difícil processar tudo,

Ela tentara ligar para ele, pela milésima vez, mas o telefone parecia desligado,

Seus dedos estavam doloridos e marcados pelo cansaço,

Já haviam adivinhado o teclado, sabiam cada espaço, cada símbolo,

Os olhos dele, antes mansos ficaram tão arredios no último encontro,

Como se ele não a amasse tanto, não a desejasse como nos primórdios,

 

Já fazia alguns meses que estavam se relacionando, ninguém sabia de nada,

Não da parte dela, apesar de ter percebido alguns boatos na vizinhança,

Como se lhe apontassem o dedo sempre que passava na rua da cidadela,

Um aperto no coração, provocou um profundo silêncio,

Depois, um romper de lágrimas que parecia não ter mais controle,

Percebera que ele estava evasivo a algum tempo, mas ficara quieta,

 

Seus pais a olhavam de soslaio, sussurravam pelos cantos,

Eventualmente, lhe indagavam sobre perguntas tolas,

As quais ela respondia com a mesma evasiva outrora reconhecida,

Trancava-se em seu quarto, música audível, não queria pensar em nada,

Mas, não conseguia controlar, os pensamentos a dominavam por completa,

Tivesse se apegado a eles noutro momento, talvez agora, seu destino fosse outro,

 

A incredulidade do que via estava intragável, havia parado na garganta,

E estava a sufoca-la, nunca um objeto lhe fora tão pesado,

Quanto aquele teste positivo, desenhado em vermelho pulsante,

Justo a cor que ela mais gostava, se prostrava contra ela,

Sem erros, sem alternativa de voltar atrás, resultado positivo nada a mais,

Não sabia como outras pessoas suportavam a situação sozinhas,

 

Não entendia o porquê, mas acreditava que seus pais não aceitariam,

Ela os ouvira cochichar com vizinhos que a poriam para fora de casa

Caso os boatos que lhes haviam insinuado se concretizassem,

A haviam definido, para eles, pior que uma garota de rua,

Isso iria de encontro com tudo que aprendera em casa,

Agora, as evasivas estavam concretas e formavam um rosto,

 

Algo se formava dentro dela e estava prestes a sair para fora,

O amor que haviam lhe prometido voara pela janela,

A passos de vento, como um raio de sol que aquece e vai embora,

A deixando fria, amedrontada com tantos dedos apontados contra ela,

Talvez, as pessoas gostem de serem diferentes, apenas isso,

Nunca entendera, como poderiam julgar tanto e tão friamente,

 

Pareciam querer testar seu autocontrole, qual era o problema em amar alguém?

Se este alguém não cumpre com suas expectativas, de quem é a culpa?

O ato de julgar os erros dos outros parece ocultar os deles,

Será que a falsa supremacia, os torna mais fortes? Não havia sentido para ela,

Nunca tentara ser superior as pessoas, sempre fora reservada,

Mas, nunca hesitara em ajudar a todos que precisassem, agora estava reclusa,

 

Mas ela os vira falarem dela, os viras apontarem contra seu rosto,

Insatisfeitos criaram boatos falsos, denegriram sua imagem,

Agora, o jogo estava perdido, caíra em escanteio o ângulo foi certeiro,

Fosse planejado, tudo não estaria tão bem colocado,

Até mesmo a janela do seu quarto que aparecera quebrada,

Agora parecia ter tido uma razão para estar daquela forma,

 

Não fora uma pedra proveniente de um carro que passara rápido,

Não fora algum menino que passava brincando na calçada,

Ela tinha somente treze anos, como poderia reagir a tudo isso?

Não era mais que uma menina com problemas adultos,

Adultizaram ela, sua infância se perdia em outros tempos,

Agora, ela teria uma nova face, ela não seria capaz de lhe negar isso,

 

Seria forte o suficiente para arcar com seus atos,

O fizera por amor e pelo mesmo amor o manteria, mesmo que sozinha,

Lembrara o telefone de um amigo que tinha acessos restritos,

Olhara em sua carteira laranja, havia algum dinheiro sobrando,

Ligara para ele, agora era apenas sair de soslaio com a mala feita,

Tirar a foto e escolher nome novo, identidade e tudo o mais,

 

Seria uma nova pessoa, teria uma nova vida, sem contar com apoio algum,

Se a sociedade escolhera julgá-la, iria embora, não pertencia a aquele lugar,

Onde pessoas vazias desejavam esvaziar as demais para se sustentarem,

Feito vermes sobreviventes de erros humanos,

Mais tarde, regressaria com o filho nos braços, mas então, seria outra pessoa,

Que não quisessem seu perdão, que não lhe pedissem desculpas, seria outra,


Ela, agora se via de frente através de um novo rosto,

Uma nova chance, uma nova oportunidade de ser diferente,

Um caminho em que pudesse se posicionar melhor,

Porém, não era o seu reflexo que ela identificava ou contemplava, agora,

Admirava-se, através de uma outra pessoa, que embora não a pertencesse,

Lhe daria vida nova, sonhos novos em que acreditar, um novo coração para amar.

terça-feira, 9 de março de 2021

O Silêncio de Um Lugar Ermo

Haja vista, a necessidade de um progresso equilibrado da vida,

Em suas mais variadas formas expressas,

Pode-se dizer que a vida é regida por uma unidade de fatores,

A qual, permite, abriga e rege as circunstâncias a nossa frente,

Essa visão, corrobora com o que consta nas linhas do caderno constitucional,

Mas, quanto ao viver preceitua mais que constituir uma face idealista,

 

Com a promulgação das leis em minha mente, tudo parecia ideal,

Tive a certeza de que as coisas se direcionariam para algo bom,

A qualidade de vida recebia um tratamento inovador, eu acreditava nisso,

As frases se definiam de forma precisas e atualizadas, a constituição cidadã,

Aquela que erguera-se pelo bem e para o bem do povo, eu estava segura agora,

Emergia ao meu alcance diversas disposições de mecanismos de proteção,

 

Tudo o que me vitimizava, seria contido, estava entre os meus dedos,

Os mais diversos fatores atuantes e indispensáveis a vida do ser humano,

Uma ameaça a um ser humano, agora atingira o patamar de um todo,

O medo havia sido espalhado, havia pânico em todos os lados,

Era respeitar a vida humana atinando-se aos seus deveres como cidadão,

Ou tolerar-se a ser sujeitado as penas da lei, uma pluma afagava meu coração,

 

Minha autonomia, minha liberdade, estava descrita a ferro em cláusulas pétreas,

Não teria como ser removida dali nunca, a árvore do direito se ramificava,

E, suas sombras estavam a postos para me permitir descansar,

Segura, com a lei a reger meus passos e distanciar-me dos fantasmas do inseguro,

Sendo seu dever o respeito, todos haveriam de preserva-lo,

Estavam vedadas as formas de crueldade, de tratamento sub-humano,

 

Haviam sanções em que eu poderia acreditar, estava segura agora,

Já não andava a esmo pelas ruas tortuosas, tinha uma diretriz a frente,

A proteção se descentralizava e abrangia a todas as pessoas de forma indistinta,

Uma responsabilidade além da idade, do tempo, da classe social,

Ações conjuntas seriam concretizadas conforme a realidade local,

As ilicitudes ganhavam nome, roupagem e evidência,

 

É claro que este fato preceitua competência,

Mas, não haveriam lacunas em que pudessem esconder-se,

A proteção dos interesses econômicos já não vigia como outrora,

Haveria um agente regulador que atenderia a critérios específicos,

Atitudes nocivas seriam afastadas, a liberdade estava embasada em letra viva,

Via suas letras crescerem em minha cabeça, estava guarnecida do inseguro,

 

Mesmo que mínima a proteção tomava forma, a legislação me convencia,

Bastava apenas um empurrão para viabilizar e incentivar a sociedade nesse processo,

O direito é muito mais que normas escritas, é a efetivação destas,

Resta esclarecida a predisposição normativa na qual me apregoara,

No entanto, o fato de eu estar caída agora sobre este chão frio,

Vendo-me sangrar em ferida aberta, traída e amordaçada não me alcança,

 

Meu caderno de leis se apaga em minha cabeça, as letras escorrem da minha visão,

Não tenho um nome para informar a polícia, nem ao menos meios de chegar a ela,

Resta uma calça rasgada e uma calcinha perdida em algum lugar,

Talvez, seja o bastante ante a ausência de um rosto para apresentar,

Foram previstas e instituídas normas, eu me agarrara a elas com força,

Mas toda lesão, é capaz de causar danos, a minha também cicatrizaria,

 

No entanto, dos seus danos, não sei se conseguiria fugir com maestria,

O dano recaiu sobre a minha face e escureceu meu semblante,

Com um vestígio de nitidez o vejo escorreito por meu corpo e alma,

O certo é que o dano ricocheteava por todas as minhas crenças e ideias,

Apagava as certezas, confundia a minha memória, me via esvaída,

Nem mesmo o som das minhas lágrimas ganhava guarida,

 

É certo que eu fizera o que pude para evita-lo, mas agora estava amordaçada,

Sozinha em lugar ermo, a soltura parecia estar ao meu alcance,

Mas o medo me impedia de me utilizar dela, o evento que se seguiria,

Poderia ser irreparável, um tiro certeiro calaria meus lábios,

Morta seria destino traiçoeiro para quem crera tanto na vida, não seria?

A previsão contida em minha cabeça se alicerçava e tomava força,

 

Lá fora, eu acreditava que a luz se escondia, um dia se passava,

Sujeitos de direitos que se negavam as obrigações me feriam,

Seriam mais de um? Me sentia fraca, incapaz de compreender-me,

Enquadrada por acreditar em tudo que admirava e me apoiava,

Não seriam palavras bonitas que me salvariam agora, nem a eles,

Em que pese, o risco iminente de morte, eu poderia me arriscar a salvar-me,

 

A criminalidade estava sendo praticada sob o resguardo de algum escudo,

Eu era forte o bastante para não cair por qualquer descuido,

Havia algo premeditado, um sistema se operava em contrário,

Caberia a mim a decisão de acatar a decisão superior ou lutar,

Embora não recordasse das últimas horas com exatidão concreta,

Me recordava de estar me direcionando a uma palestra jurídica,

 

Lágrimas molharam as chagas da minha alma, eu teria responsabilidade subsidiária?

Havia esquecido as chaves do carro e aceitara um táxi para me levar ao destino,

Recordo ter sentido um sono exaustivo, depois disso, mais nada se via,

A primeira amarra se escapava, me apegaria a segunda corrente doutrinária,

Me sentia culpada, pelo fatídico erro de memória, estava vitimizada agora,

Embora haja objeção a ideia, ela me ocorrera a tempo para me dar guarida,

 

Tivesse me apegado a culpa não sairia de lá com vida,

Não estaria aqui, agora, pendendo sobre estas folhas em branco,

A descrever minha história, a leis nem sempre produzem e efetuam efeitos práticos,

Mas a criminalidade não perdoa suas lacunas, ao contrário,

A sinto como se estivesse viva percorrendo a chagas do meu corpo,

Mesmo não tendo restado feridas abertas, mesmo tudo ainda sendo vago,

 

Minha história é um marco inicial acerca da violência doméstica,

Datas passadas relatam de forma superficial minha vivência,

Ato contínuo, relato de forma sucinta que confiara em demasia,

Peço a quem me ouvir, ou se prender a leitura destes versos,

Que tenha um olhar abrangente, esculpido em minha dor sofrida,

Não obstante a ocorrência do impacto negativo, o resultado:

 

É que cumpria de forma escorreita com meus deveres de trabalhador,

Acrescente-se a este cenário, que preferi me definir como mulher,

Fora, demasiado intenso, aceitar o fato de ter sido estuprado por alguém,

O tema poderia ser breve, não tivesse a relevância de ter sido intimado,

Recebera hoje, através do correio um pedido de alimentos,

Estou sendo acusado de ser pai, de um filho fruto de um delito,

 

Esta mulher, embora eu me negue as lembranças,

Fora a que dissecou sobre leis pátrias, amor e outras falácias,

Me direcionara até um lugar ermo, jogara algo sobre a minha cara,

E ao acordar, estava sozinho em meio ao nada, sem o carro, sem roupa,

Prevendo a preservação no estribo das normas insculpidas,

Ante o medo, a ausência de provas a meu favor, calara-me, hoje pago o silêncio.

domingo, 7 de março de 2021

Querido, Te Amo, Não Cansarei de Repetir

 

Querido, meu coração que se apaixonara a primeira vista,

Agora pulsa sôfrego, por força dessa lei em que você se apega,

Tão normativo, pretende vagar por aí de arma em punho?

Como se você não fosse nada além de um garantidor normativo,

Amor, sente-se um pouco ao meu lado, dê-me sua mão, sinta meu peito,

É aqui onde você está e sempre estará, é seguro para você este direito?

 

Este direito que ante a toda a espécie de situação em que se coloca,

Você reprisa em sua cabeça, cada artigo, cada pormenor descrito,

Querido, soube que seu veículo de trabalho fora alvejado outro dia,

Vi uma rasura em sua farda, você fora machucado e não mencionara o fato?

Querido, estes becos onde você transita em nome do dever e da responsabilidade,

Já te ocasionara diversos passos em falsos, o que a normatividade vigente dissera?

 

Os ditames superiores lhe pedem colaboração e lhe mandam que se integre,

Este inserir é um contexto amplo, minha visão não se dissocia do perigo que você corre,

Esta lei a qual você segue a olhos cegos lhe fala o que sobre as disparidades?

O que sua razão traduz quando é o seu coração quem se aperta forte?

O meu sente-se pequeno, a cada minuto da sua ausência, você me entende?

A ordem que chega através da sua postura, se desenvolve em caos sem você,

 

A sua forma ostensiva de agir eu reconheço de longe,

Faço o possível para preservar cada minuto nosso quando esta distante,

Mas, vejo o noticiário definir cada ocorrência de forma tênue,

Olho sua farda, estremeço, sinto medo de que parta e não volte,

Acompanho seus planejamentos diuturnos, acredito em você e seu potencial,

Não é por menos que o escolhi para conviver comigo para sempre,

 

Mas, acha que a lei abriga a todas as situações enfrentadas na rua?

Estas leis que foram feitas por engravatados sentados atrás de uma mesa,

Realmente, logram êxito com relação a cada acontecimento?

Sempre que eu precisara, você se fez presente, não lhe cobro que haja diferente,

Mas, havia um rasgo na farda e uma sujeira, com um cheiro estranho,

Ouso apenas agora te indagar, fora efetuado por uma bala?

 

Não consigo suportar a ideia sabendo o quanto o amo e o conhecendo tanto,

Sei cada passo seu, sei o quanto se dedica por amor a sua profissão,

Pelo desejo de fazer o seu melhor, por seguir as diretrizes dispostas,

Você ficara exposto por estranhos e estes estranhos não o perdoaram,

Data de 1776 o direito a proteção e segurança do povo, acredito nisso,

Da mesma forma que você, mas você se arrisca e eu me firo aqui sozinha,

 

De data tão retrógada, eles ainda não interpretaram e intenderam seus direitos,

Querido, sei o quanto distorcem tudo o que você faz, o quanto jogam em falso,

Eles conhecem este código que você possui em mãos, e sabem suas lacunas,

Enquanto você é obrigado a seguir um rito, eles reagem sem a menor precaução,

Ignoram a palavra dever, a palavra que te da força para empreender em missão,

É ignorada pela mesma mão que tentara lhe tirar a vida por entre essas ruas?

 

Querido, eles possuem na cabeça cada uma dessas palavras elencadas neste caderno,

Seu superior continua conectado em interesse privado, como noutrora?

Eu leio os jornais, acompanho o que posso através dos meios dispostos,

O tempo se dilata em seus turnos, enquanto você recorre o norte definido,

As disposições são tão esparsas, elas conseguem satisfazê-lo?

A partir daquela farda rasgada eu não ando, eu perambulo pelos cômodos,

 

Meu objetivo não é menor que o seu, desejo o melhor para nós dois, eu o amo,

Você se coloca feito um cavalheiro solitário a serviço de um bem maior,

Não discordo disso, mas cavalheirismo não condiz com os seus riscos,

Você busca a colaboração por onde passa e confia nessas pessoas,

Mas, elas confiam em você, são reais quando te olham nos olhos?

Agora sou eu que estou vedada a qualquer coisa que o reduza,

 

Conheço bem o seu valor, para aceitar calada lhe tentarem furtar a vida,

Veja que este direito transporta muitas questões a serem revistas,

Sendo um direito coletivo, por que eles pagam calados, inertes a cada crime?

Você percebe o teor de preocupação que tenho com relação a nós?

Gostaria que tomasse medidas para buscar providencias em curto espaço de tempo,

Eu mesma posso fazer isso por nós, será que contaria com outros adeptos?

 

A segurança pública em minha visão decai e fica estagnada em piso frio,

Jamais aceitaria o mesmo fato com relação a você, não duvide disso,

Importante frisar que entro em vigor como sua esposa e defensora,

Me destino a servir de instrumento pela melhora em seu tratamento,

Considerando cada repercussão ou desdobramento, você não é uma máquina,

O número pelo qual você é identificado não é um código de acesso,

 

Seu nome não é uma posição em que te colocaram no trabalho,

Minha ideia é consolidar os mesmos princípios, valores e eixos que você acredita,

Meu objetivo está focado em você como primazia,

Contudo a sociedade integra núcleo basilar, se você acredita nisso,

Então, acreditaremos juntos, não estou desatualizada como você imaginara,

Seu bem-estar é minha meta, nossa cumplicidade possui direção de preferência,

 

O que eu desejo com este meu objetivo? Proteger a todos em igualdade,

Cada qual reage de acordo com o que acredita,

Então, por que eu não poderia investir para te proteger?

Não sou de meias palavras, não esperarei até que não retorne para mim,

Me direciono com a melhor intenção, vislumbro melhoramentos,

Enquanto você cumpre com seus objetivos, protegendo-se e protegendo-os,

 

Eu reajo em busca por seu reconhecimento e dos demais,

A legitimidade dos seus atos, encontra amparo por onde for,

Mas querido, tente não se arriscar tanto, eu temo por nós,

Li por alto, algo sobre instituição efetiva e comprometida com a satisfação,

Não me senti dessa forma ao me deparar com seu cansaço,

Seu receio em andar em público, seu apego a corporação,

 

Querido, eu vejo as pessoas lhe olharem e apontarem para nós,

Eu percebo suas reações de repúdio a tudo que você é e acredita,

Não consigo discordar disso e permanecer estagnada e arredia,

Se você se coloca em linha de frente, por que é que eu fugiria?

Enquanto eles veem apenas um salário, você vê valores, desejo de mudança,

Gostaria apenas do seu apoio para envolver os demais na edificação de resultados,

 

Quero mudar este prisma, onde o agente é estigmatizado por outros fatores,

Se existem os desvios entre os demais, você nunca cooperara com isso,

Não aceitarei comparações desvirtuadas que desonrem ao que você se dispõe,

Seus chefes os definem como capital-humano, não consigo acreditar nisso,

Lá dentro, você fora resumido a um número? E lá fora, um alvo cobiçado?

Urge um alinhamento de objetivos, pretendo brigar por isso,

 

É certo que a proximidade através da segurança gera qualidade de vida,

Mas, e com relação a sua qualidade, as suas necessidades ficam em que lugar?

É preciso que a lei saia do caderno para ganhar vida por entre as ruas,

Mas, para que isso ocorra é necessário que sua vida seja posto à prova?

Eles apregoam o combate ao crime, e quanto a opor-se contra o seu desrespeito?

Os moldes previstos que sangram em seu colete, não o atingem em cheio?

 

As ações empreendidas, contribuem com suas previsões em abstrato,

Tudo bem, é você quem faz o resto, o grosso do trabalho fica em seus dedos,

Não o ferem quando você seca o suor do próprio rosto?

Respeitado, preservado e garantido, os direitos dos outros e os seus, os nossos?

Sendo inerentes aos seres humanos,

Você perdera o direito a eles ao se engajar em seu trabalho?

Ganhara resguardo quanto a isso ao vestir seu traje, e ao tirá-lo?

 

Estou a postos para lutar por nós, o amo, não o deixarei sozinho,

Entrarei nessa empreitada e não sairei sem encontrar uma resposta:

O número pelo qual você é reconhecido em seu labor diário,

Também, esconde seu rosto por entre os criminosos que você condiciona?

sexta-feira, 5 de março de 2021

Querido, Eu Te Amo!


Bem, querido acordei assustada esta noite e você não estava,

Tentei te chamar mas o telefone não respondia,

É certo que estava a trabalho, mas a janela estava aberta,

E pela brisa que entrava, percebi que fazia frio lá fora,

Era madrugada e eu sabia que você ainda não dormira,

Seu trabalho é perigoso, seus riscos estão sob cálculos,

 

Me desculpa, mas dessa vez, foi impossível evitar,

Ao acordar de sobressalto meu coração pulsou em falso,

Aonde você estaria, a roupa que levara suprira a mudança de temperatura?

Ao olhar lá fora, percebi que chovia, você havia se molhado?

Querido, não acredita sobre o quanto o admiro,

Mas, este risco ao qual está disposto vale o transtorno?

 

Eu não quero que acredite que duvido de sua conduta,

Eu entendo sobre o quanto você corrobora com minhas ideias,

Mas, penso que as ideias que insculpem em sua cabeça,

Podem, às vezes, soarem errôneas, o que você acha?

O fato de te fazerem acreditar e lutar para pôr em prática,

Não deveria fazer com que você obtivesse retorno satisfatório?

 

Meu anjo, se arriscar por entre as sombras de noite insone,

Colabora com o que você espera de si mesmo, te satisfaz?

Cuidar de você é o motivo que me eleva como pessoa,

Respeitar o que meu coração fala é meu dever e responsabilidade,

Se meu coração pulsou em medo, você me perdoa por ser humana?

Você busca fazer o melhor que pode, tem um agir próximo,

 

Foi isso que me conquistou em você, e agora, reajo em falso?

Eu tenho valores em que me agarrar, meus princípios me impulsionam,

E minha meta é você, por isso busco o nosso melhor,

Sem você, a desempenhar seu trabalho, haveria diferença contundente?

Por que, amor, você faz falta aqui comigo, resta esclarecer um fato:

Você acredita em tudo que faz, amor, viver é mais do que palavras escritas,

 

Eu sei que pensa em termos filhos, compreendo a insegurança ao nosso lado,

Mas, querido, existe efetivação destes direitos e deveres pelos quais lutas?

A insegurança esteve presente desde os primórdios, irá reverter agora este processo?

Tento calar meu medo a cada vez que sai por esta porta, mas agora ele grita,

A necessidade por segurança reage feito uma figurante disfarçada por entre os turnos,

Você consegue reconhece-la? Reconhecendo consegue ficar sem reagir a isso?

 

Ela encontrou pilares na proteção, acho que se acolheu em suas ideias e atos,

Querido, perdoe-me, por falar, não estas sendo egoísta consigo mesmo?

Empunha uma espada em nome da justiça a percorrer estradas defeituosas,

Não ouso encará-lo para lhe falar, mas sempre achei que este direito

Estivesse um pouco mais distante ao pertencer as classes dominantes,

Se você tentar reverter esse processo, acredita que irão apoia-lo?

 

Esta última frase pronuncio olhando dentro dos seus olhos escuros,

Você sabe, que sempre estarei contigo até nosso último suspiro,

Embora nunca tenha falado abertamente sobre isso, menciono agora,

As ideias estão esculpidas em sua cabeça, consegue desconectar a alma?

Depois arrole elementos prós e contras, eu estarei aqui, ao seu lado,

Não quero te vincular a nada, falo apenas de maneira esparsa,

 

Queria que estivesse comigo agora, nem ao menos sei onde está...

A única coisa que desejo é fixar em ti o quanto o amo,

Também me pauto em concretizar nossos sonhos, não somos diferentes,

Se você acredita, eu apoio; o que eles asseguram, eles também defendem?

Definem ideias, promulgam para a sociedade, vinculando-a através de deveres,

Com base em direitos e responsabilidades, essas ideias alcançam efetividade?

 

Você escolheu trabalhar na força pública, a população colabora e se integra?

Sua farda chegou suja, havia sangue nela, eu chorei abraçada a ela,

A lei dispôs a definição e estipulou que a promovessem, e agora?

Foram as suas mãos que se sujaram no confronto de batalha?

A lei previu que eu sentiria saudade, medo de perder você lá fora?

 

Querido, assim como você leva as suas ideias, você também recebe outras,

Está sendo possível discernir entre o que acredita e o que a necessidade figurante fala?

Às vezes, te vejo arredio, percebo em você preocupação constante,  

“Proibições, situações, procedimentos e delimitações destinados ao exercício e gozo”,

Essa fala eu li em seus relatórios, ela significou muito para você?

Esta sua posição pétrea, às vezes, parece intransponível, eu o amo, você lembra disso?

 

Vou além de mim quando penso nisso, penso em nós dois em primazia,

Você me acha egoísta? Eu sei que você não se importa que eu vasculhe suas coisas,

Mas, preferia que você se abrisse comigo, me relatasse seus medos,

Querido, não sei como dizer, mas o ouço chorar no banheiro,

Pelo contexto histórico, eu sei o quanto sua função é autoritária,

Como desempenharia seu trabalho se agisse de outra forma?

 

Gostaria de reforçar o fato, de que você nunca fora comigo dessa forma,

O homem que eu amei, ainda está intacto, mas tenho medo de feri-lo,

Eu sei que, para você que se esforça se encontrar com a credibilidade,

É no mínimo, debilitante; mas, queria você comigo por mais noites,

Eu li sobre combater visão – idealismos -, fazer melhorias, aprimorar, aperfeiçoar,

Mas amor, eu o vejo como um ser humano em primeiro lugar, e eles, como o veem?

 

Você sente por parte dos seus superiores o mesmo teor, o mesmo respeito?

O diploma deles em que prescrevem dever, considerou seu ponto de vista?

Outro dia, alguém riscara nosso carro ali na rua, eu não pude fazer nada,

Talvez, você tenha acreditado que eu bati a lateral em algum lugar...

Os vizinhos ficaram estagnados e não fizeram nada, você trabalhava àquela hora,

Por eles, querido, eu sei que eles investem contra você, sou capaz de perceber...

 

Você é meu valor supremo, nossa família se edifica em nossos sonhos,

Eu o conheço bem, sei que não é um tolo que marcha em cego,

Mas, amor, você não é esta arma que carrega em seu punho, você é humano,

Agora, ouvi falar em avaliar desempenho, não está errado este fato,

Mas, o vejo, perambulando pela casa, exausto, querido, você está se cobrando muito?

O que você tem em vista, quais são as recompensas e as metas cobradas?

 

Eles o colocam a frente com uma meta em mãos, mas não definem um plano?

Se direcionam por resultados, quando se referem a você por um número,

“Atividade revista, alterada, aprimorada ou eliminada”? É assim que funciona?

Resultado positivo – segue em frente; negativo – vislumbra melhoramentos?

Enfatiza-se, que se põe em prática para alcançar e convencer a sociedade,

Mas amor, lá nesta sociedade é você quem está em linha de frente,

 

Seu superior é capaz de sair de trás da mesa e marchar contigo na mesma rua?

Então, é necessário proteger conforme suas perspectivas,

Conforme a visão que abstrai de cada frase pensada por alguém que nunca esteve lá?

Ou fora você quem pensara, e agora se cansa? Buscam legitimidades dos atos,

Existiriam, meios então de agir de outra forma? E a legitimidade com relação a você?

Construir uma relação com a sociedade sem se expor, expor até que ponto?

 

Orientação e disciplina a serem perseguidos, você deve, com isso, marchar em cego?

“Quer-se, ainda... resultados almejados”, almejados para quem?

De que maneira, ser direcionado, eficaz, obter e dar proteção e qualidade de vida?

Querido, eu sei que se esforça para não nos deixar em segundo plano,

Mas, eu vejo em seu rosto a marca do impacto deste processo,

Há algum instrumento apto para mobilizar o contingente humano – valorizar e adequar?

 

A segurança fora arrolada em algumas apostilas, se apossara dela?

A adequada prestação agrega-se aos direitos fundamentais – e a dignidade?

A proteção sua, a proteção deles, a proteção minha, de nós dois?

É certo que a expectativa da população possui dimensão e importância,

Mas, o regramento fora capaz de compreender este fato?

“Normatizar- lograr êxito – eficácia”, querido, você não é uma máquina programada.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Por Nosso Amor, Com Nosso Amor

Como me entregar a um amor tão intenso e pensar em mim mesma?

Você debocha dos meus sonhos, zomba de tudo que sou e acredito,

Preciso de mudanças de atitudes para que eu o ame com toda a alma,

Não trata-se de impor respeito ao que eu sinto, mas não fujo disso,

Apesar de que, me apego muito mais em prevenir o fracasso do nosso amor,

 

Autonomia para se autodeterminar conforme o coração acredita,

Respeito a razão de repensar antes de tomar uma atitude ambígua,

O amor pode fazer isso, é por isso que acreditamos em sonhos, ainda,

Você vê isso em meus atos, demonstro o bastante o quanto o amo?

Então, não havendo dúvidas, em que você se refugia para se distanciar,

Meu corpo não é um meio para o uso das suas vontades, eu sinto e sinto muito,

 

Se aproxima de mim com afagos apenas para depois fugir para longe?

Quem não respeita o sentimento alheio não merece crédito,

Em que razão você se acolhe para se negar a tudo que eu falo?

O que eu acredito está em falso? Minha razão não se recusa a ouvi-lo,

Dignidade é o preço para sustentar minhas vontades, não aceito ser coisificada,

Meu coração pulsa o suficiente para não ser vista feito uma máquina,

 

A dignidade encontra-se na forma de pensar e agir, ela se autodetermina,

Acha que me sinto como, quando você me afaga e depois me deixa na retaguarda?

Em meu afago há vida em escassez? Então, não sou humana? Preciso me recarregar,

Pode dizer que me ama e demonstrar isso também à luz do dia?

Não me basta ser sua, preciso sentir isso, ter mais que a letra A em meu nome,

Meu amor por você, não serve de instrumento de vontades alheias,

 

Querido, recorro ao meu coração, para convencê-lo a retornar para nossa casa,

Onde começa e onde termina minha dignidade, você consegue precisa-la?

Querido, você possui racionalidade intacta, vai decidir por nós dois o destino?

A cada vez que você parte por essa porta eu permaneço à espera do seu retorno,

Estão ferindo você, eu posso sentir em cada afago, como quer que eu reaja?

Meu amor por você afasta qualquer forma de instrumentalização para te coisificar,

Querido, é pedir demais eu lhe dizer que se apoie na dignidade do que sinto?

 

Eu preciso que nosso amor seja reconhecido e respeitado, indiferente de opiniões alheias,

Amor, apenas quero que seja reconhecido e respeitado, se acolha em minha razão,

Ela está aberta para o fato de abrigar mais as suas ideias, mas preciso que ceda,

Deixe de pensar sozinho, me permita fazer parte das suas escolhas e atitudes,

Sem dignidade a afagar seu rosto, te vejo arbitrário e opressor contra si mesmo,

Amor, se negar ao respeito por si próprio e aos outros não condiz com vida saudável,

 

O direito levantou a espada para equilibrar as forças? Então, relacione a alma com a mente,

Você é muito mais que o uniforme que veste, tirando esta insígnia em seu peito o que resta?

Tirando as mensuras honrosas que acalentam a sua alma, sobra algo a se respeitar?

Querido, aonde me encontro em tudo isso? Sinto falta do seu abraço aqui em casa,

Veja suas mãos possuem as marcas da labuta e seu rosto demonstra tudo isso,

Amor, se eu te visse nas sombras será que o reconheceria? E se, ao invés de você, fosse outro?

 

Querido, não desejo competir com seu trabalho, mas não marche a olhos cegos,

Existem meios que negam seu valor, amor, por favor, apenas desejo ajuda-lo,

Sinto orgulho de você por tudo que você é, por cada passo em seu caminho,

Respeito mais que nós dois, respeito sua vida, sua integridade física e moral,

Amor, você sofre, como quer que eu me posicione? Sentir é visto como inferioridade?

Em outrora fora, agora podemos mudar os fatos, querido sou daltônica, não distingo,

 

Querido, sei bem que a dignidade e até mesmo o amor fora usado para sacramentar isso,

Recordo ouvi-lo falar sobre o desrespeito aos gêneros, raças, etnias e religiões,

Amor, você acha que algum dia me recusei a ouvi-lo?

Essas distinções ocorreram nos primórdios, não se fazem mais presentes entre nós,

Amor, me sinto ferida, mal interpretada, como posso te acolher da forma devida?

Sem você não sou mais a mesma, tento fugir de nós, mas o amo muito mais,

 

Levanto o estandarte da justiça, preciso do seu respeito para me sentir respeitada,

Reclamo por uma ação sua em que eu possa me sentir acolhida,

A seca em minha boca se desenvolveu em escala e tende a aumentar,

Querido, faz tempo que não me beija ou abraça como em outros tempos,

Preciso do homem pelo qual eu me apaixonei, agora, falta o seu abraço em mim,

O amor compreende mais que falácias, mais que escritas, amor é ato,

 

Você jogou seu abraço protetor sobre mim, mas saiu porta a fora e esqueceu de nós?

Entre a sua razão e o seu coração, pode me dizer se a dosagem está correta?

Meu amor por você se estende de forma irrestrita, se cobro atenção é por necessitar,

Temos igualdade de condições, vamos respeitar o sentimento um do outro?

Seu beijo é fonte para que eu me sinta bem, me abrace outra vez, me proteja de novo,

Meu coração pulsa fraco sem você ao meu lado, somos um casal, uma unidade,

 

O abrir do seu abraço ascende minha alma, o fechar da porta acaba com minha emoção,

Compreende o que sinto, há algo que você possa fazer, um meio de mudar a situação?

Não quero me apegar aos erros do passado, desejo apenas reconstruir meus sonhos,

E que isso seja ao seu lado, meu sorriso ficou mais vivo e largo ao seu lado,

Isso resplandece em meus olhos, querido, você vê isso, minhas palavras são eficientes?

Por que, amor você sabe, não conto com tanta experiência, mas sinto, é o bastante?

 

A ciência se ajusta e a arte forma processos de mudanças para se ajustar,

Estou consciente sobre sua necessidade, preciso de você aqui comigo,

Quero ser mais que uma frase bem escrita, quero estar contigo por toda a vida,

Vamos procurar uma reconciliação entre nossos sentimentos,

Querido, eu sei que não brigamos, mas veja como me sinto,

A prevenção, o diagnóstico e a solução andam em conjunto, como faremos?

 

Meu amor por você está assegurado, o protejo de tudo, não quero ter que recuperá-lo,

Querido, você está com o olhar distante, algo erode em você e subtrai-o de nós?

Por nosso amor, com nosso amor, a teia se estende até sua alma,

Em cada letra das palavras que lhe digo, aproxime-se de nós, amor,

Deixa eu encontrar você, onde quer que você esteja, me permita trazê-lo de volta,

Tudo é finito nesta vida, menos o amor que sinto, te provo isso em cada dia.

quarta-feira, 3 de março de 2021

Te Amo, Amor!

 

Nessa versão de um amor utilitarista, nós desviamos do caminho,

Embora não acreditasse que um beijo pudesse ser melhor que outro,

Mudei minha opinião assim que me vi de carona em seu carro,

Apesar de não confiar tanto na direção alheia, me desviei desse fato,

Ao seu lado, desejei conseguir controlar a emoção de estar com ele,

Nunca acreditei em fazer preferências, mas nesse caso não tive escolha,

 

Ele conquistou meu amor sem fazer promessa alguma,

Sem fazer uso de juras em falso, ou assinar algum contrato de retorno,

Apenas nos olhamos, nos reconhecemos e o sonho tomou forma,

Essa abordagem teve a vantagem de não exigir compromisso,

De apenas permitir que as coisas acontecessem de forma espontânea,

Sem nos atermos a desejos ou prazeres vivenciados ou evitados,

 

Quando a porta do carro se fechou, a menina insegura ficou para trás,

Estava ao lado de um homem agora, poderia confiar e sentir-me segura,

A utilidade ou inutilidade do que quer que fosse não importava em nada,

Sabe quando o relógio trava? Quando as horas perdem a importância?

Teria sido dessa forma, se eu não tivesse amado cada minuto, cada lembrança,

Apenas para o manter comigo por todo o caminho que se seguiu depois,

 

Como uma pessoa perde a opção de esquecer alguém?

Eu entendi sobre isso com propriedade assim que o vi na minha frente,

No entanto, quando senti seu abraço, provei seu beijo, ele foi diferente,

Nosso romance é especial a ponto de nada ser nem ao menos semelhante,

Eu prefiro acreditar que tivemos a opção de viver outro sentimento,

Embora, descreia disso sempre me sinto segura em seu abraço,

 

Creio, contudo, que escolhemos ficar juntos por nossa vontade,

Existem ao dispor dele tantas opções quantas pessoas diferentes,

Mas ele me escolheu, quando poderia ter preferido qualquer outra,

Se meus sonhos eram ou não fadados ao fracasso, nada disso importava,

Assim que provei seu beijo, decidi que ele teria um problema caso desistisse de nós,

Me convencer a desistir também, me fazer esquecer cada segundo juntos,

 

Considerando o relógio parado, a difícil precisão das horas, teria dificuldade,

Considerando as lembranças guardadas dentro de mim – impossibilidade,

A resposta seria negativa, nada poderia fazer com que eu esquecesse de nós,

E se ele preferisse outra? Eu estaria em seu caminho para lembra-lo de tudo que sinto,

Embora sempre tenha detestado o tipo de amor possessivo,

Não pude resistir a sentir isso, diante de cada afago, diante de cada troca de carinho,

 

Talvez pudesse ser sensação minha, mas o sol se intensificava lá fora?

Tive essa impressão ao cruzar com o seu olhar, baixei meus olhos para o colo,

Seus braços eram grandes, pareciam me caber por inteira,

Eu percebi isso desde o primeiro momento que o vi, mas optei pelo silêncio,

Tínhamos nossa bagagem de vida, mas todo o mais perdia a importância,

Nós éramos diferentes, de alguma forma, nos completávamos,

 

No início soara estranho, mas me apresentei com meu apelido,

A letra que retirei do meu nome, iniciava o dele, seria um complemento?

Uma sobra, uma vantagem, um presságio do que se estenderia adiante?

Pela expressão dele pude imaginar que seria positiva qualquer coisa que viesse,

Havia uma presença entre nós, o amor que se colocava ao nosso dispor,

Disfrutaria desse sentimento em cada segundo que estivéssemos juntos,

 

Percorríamos as ruas tortuosas, de mãos dadas e olhos para o futuro,

Ele conhecia bem o caminho, e eu começava a reconhecer nosso destino,

Os radares marcavam a velocidade do carro, mas não nos alcançavam,

Estávamos longe daquele plano, onde ninguém poderia nos alcançar,

Quando o amor nos toca, resta alguma alternativa que não seja amar?

 

A ideia de solidão é a simples escassez da alma, quando vaga sozinha,

Nós não vagávamos, sabíamos aonde íamos, ele me guiava,

Embora pareça tolo, eu me sentia segura ao seu lado,

Isso obteve suma importância no instante em que provei seu beijo,

A influência da sua voz ao meu ouvido, fora feito um afago,

Nada estava distante demais que não pudesse ser alcançado,

 

Cada gesto de carinho se desenrolava em um amor derramado,

Ele tinha domínio sobre si mesmo, eu gostava disso, seu jeito másculo,

Seu sorriso bonito, seu companheirismo fácil, tudo me encantava,

Quando se conquista um coração é preciso ter responsabilidade sobre isso,

E ele conquistara o meu, será que eu precisaria falar-lhe algo a respeito?

As palavras soavam pingadas, as frases roçavam a sua pele de forma solta,

 

Seus olhos lançavam luz sobre mim, uma chama se ascendia aqui dentro,

Eu sentia que não poderia apaga-la, temia não poder controla-la,

Estava destituída de tudo que havia vivido, desejava apenas ser sua,

Tentei lhe falar sobre isso, ele repetira a frase em tom de reflexo,

Seus olhos mais intensos agora, convite irresistível a nós dois,

Eu sentia uma necessidade crescente por ele, desejava mais que um beijo,

 

Queria provar seu sabor, sentir seus braços ao redor do meu corpo frágil,

Presumi que ser sua por uma vida inteira poderia ser breve para o nosso amor,

Se houvessem dificuldades no caminho, poderíamos contrapor juntos,

O enfoque estava em amar sem medida, e não em fingir sentir algo,

A conversão de sentimentos tomava forma, despíamo-nos do passado,

Desnudos do sentimento em falso, restavam nossos murmúrios entre afagos,

 

Estávamos convergindo para proporcionarmos abrigo um ao outro,

Promover objetivos, realizar nossos sonhos em conjunto,

Mais uma vantagem a nosso favor, sentimento recíproco,

Agora a felicidade possuía um número, dois corpos unidos,

Agora a voz do meu coração tinha um nome para chamar:

Paulo - o ouvi sussurrar, mesmo antes de saber quem ele era,

 

O fato do seu beijo ser perfeito era apenas um aspecto que me faria reconhece-lo,

Decorei cada parte sua, cada detalhe entre as carícias com as quais percorri seu corpo,

O beijei com sofreguidão, depois fiz uma pausa para criar expectativa,

Meu coração pulsou seu nome em contato ao seu corpo, soei desentendida,

Confesso que nem eu mesma entendi bem tudo que ocorreu entre nós,

Seu nome enchia minha boca, seu semblante ressoava em minha alma,

Seus carinhos me percorriam inteira, não resisti: Paulo, sussurrei ao seu ouvido.


Piquenique no Quintal

Restava pouca comida No quintal, A grama estava escassa, E as frutas estavam verdes. Os bichinhos andavam Em alvoroço, Iam...