Nessa versão de um amor utilitarista, nós desviamos do
caminho,
Embora não acreditasse que um beijo pudesse ser melhor que
outro,
Mudei minha opinião assim que me vi de carona em seu carro,
Apesar de não confiar tanto na direção alheia, me desviei
desse fato,
Ao seu lado, desejei conseguir controlar a emoção de estar
com ele,
Nunca acreditei em fazer preferências, mas nesse caso não
tive escolha,
Ele conquistou meu amor sem fazer promessa alguma,
Sem fazer uso de juras em falso, ou assinar algum contrato
de retorno,
Apenas nos olhamos, nos reconhecemos e o sonho tomou forma,
Essa abordagem teve a vantagem de não exigir compromisso,
De apenas permitir que as coisas acontecessem de forma
espontânea,
Sem nos atermos a desejos ou prazeres vivenciados ou
evitados,
Quando a porta do carro se fechou, a menina insegura ficou
para trás,
Estava ao lado de um homem agora, poderia confiar e sentir-me
segura,
A utilidade ou inutilidade do que quer que fosse não
importava em nada,
Sabe quando o relógio trava? Quando as horas perdem a
importância?
Teria sido dessa forma, se eu não tivesse amado cada minuto,
cada lembrança,
Apenas para o manter comigo por todo o caminho que se seguiu
depois,
Como uma pessoa perde a opção de esquecer alguém?
Eu entendi sobre isso com propriedade assim que o vi na
minha frente,
No entanto, quando senti seu abraço, provei seu beijo, ele foi
diferente,
Nosso romance é especial a ponto de nada ser nem ao menos
semelhante,
Eu prefiro acreditar que tivemos a opção de viver outro
sentimento,
Embora, descreia disso sempre me sinto segura em seu abraço,
Creio, contudo, que escolhemos ficar juntos por nossa
vontade,
Existem ao dispor dele tantas opções quantas pessoas
diferentes,
Mas ele me escolheu, quando poderia ter preferido qualquer
outra,
Se meus sonhos eram ou não fadados ao fracasso, nada disso
importava,
Assim que provei seu beijo, decidi que ele teria um problema
caso desistisse de nós,
Me convencer a desistir também, me fazer esquecer cada
segundo juntos,
Considerando o relógio parado, a difícil precisão das horas,
teria dificuldade,
Considerando as lembranças guardadas dentro de mim –
impossibilidade,
A resposta seria negativa, nada poderia fazer com que eu
esquecesse de nós,
E se ele preferisse outra? Eu estaria em seu caminho para lembra-lo
de tudo que sinto,
Embora sempre tenha detestado o tipo de amor possessivo,
Não pude resistir a sentir isso, diante de cada afago,
diante de cada troca de carinho,
Talvez pudesse ser sensação minha, mas o sol se
intensificava lá fora?
Tive essa impressão ao cruzar com o seu olhar, baixei meus
olhos para o colo,
Seus braços eram grandes, pareciam me caber por inteira,
Eu percebi isso desde o primeiro momento que o vi, mas optei
pelo silêncio,
Tínhamos nossa bagagem de vida, mas todo o mais perdia a
importância,
Nós éramos diferentes, de alguma forma, nos completávamos,
No início soara estranho, mas me apresentei com meu apelido,
A letra que retirei do meu nome, iniciava o dele, seria um
complemento?
Uma sobra, uma vantagem, um presságio do que se estenderia
adiante?
Pela expressão dele pude imaginar que seria positiva
qualquer coisa que viesse,
Havia uma presença entre nós, o amor que se colocava ao
nosso dispor,
Disfrutaria desse sentimento em cada segundo que estivéssemos
juntos,
Percorríamos as ruas tortuosas, de mãos dadas e olhos para o
futuro,
Ele conhecia bem o caminho, e eu começava a reconhecer nosso
destino,
Os radares marcavam a velocidade do carro, mas não nos
alcançavam,
Estávamos longe daquele plano, onde ninguém poderia nos
alcançar,
Quando o amor nos toca, resta alguma alternativa que não
seja amar?
A ideia de solidão é a simples escassez da alma, quando vaga
sozinha,
Nós não vagávamos, sabíamos aonde íamos, ele me guiava,
Embora pareça tolo, eu me sentia segura ao seu lado,
Isso obteve suma importância no instante em que provei seu
beijo,
A influência da sua voz ao meu ouvido, fora feito um afago,
Nada estava distante demais que não pudesse ser alcançado,
Cada gesto de carinho se desenrolava em um amor derramado,
Ele tinha domínio sobre si mesmo, eu gostava disso, seu jeito
másculo,
Seu sorriso bonito, seu companheirismo fácil, tudo me
encantava,
Quando se conquista um coração é preciso ter
responsabilidade sobre isso,
E ele conquistara o meu, será que eu precisaria falar-lhe algo
a respeito?
As palavras soavam pingadas, as frases roçavam a sua pele de
forma solta,
Seus olhos lançavam luz sobre mim, uma chama se ascendia
aqui dentro,
Eu sentia que não poderia apaga-la, temia não poder controla-la,
Estava destituída de tudo que havia vivido, desejava apenas
ser sua,
Tentei lhe falar sobre isso, ele repetira a frase em tom de
reflexo,
Seus olhos mais intensos agora, convite irresistível a nós
dois,
Eu sentia uma necessidade crescente por ele, desejava mais
que um beijo,
Queria provar seu sabor, sentir seus braços ao redor do meu
corpo frágil,
Presumi que ser sua por uma vida inteira poderia ser breve
para o nosso amor,
Se houvessem dificuldades no caminho, poderíamos contrapor
juntos,
O enfoque estava em amar sem medida, e não em fingir sentir
algo,
A conversão de sentimentos tomava forma, despíamo-nos do
passado,
Desnudos do sentimento em falso, restavam nossos murmúrios entre
afagos,
Estávamos convergindo para proporcionarmos abrigo um ao
outro,
Promover objetivos, realizar nossos sonhos em conjunto,
Mais uma vantagem a nosso favor, sentimento recíproco,
Agora a felicidade possuía um número, dois corpos unidos,
Agora a voz do meu coração tinha um nome para chamar:
Paulo - o ouvi sussurrar, mesmo antes de saber quem ele era,
O fato do seu beijo ser perfeito era apenas um aspecto que
me faria reconhece-lo,
Decorei cada parte sua, cada detalhe entre as carícias com
as quais percorri seu corpo,
O beijei com sofreguidão, depois fiz uma pausa para criar
expectativa,
Meu coração pulsou seu nome em contato ao seu corpo, soei
desentendida,
Confesso que nem eu mesma entendi bem tudo que ocorreu entre
nós,
Seu nome enchia minha boca, seu semblante ressoava em minha
alma,
Seus carinhos me percorriam inteira, não resisti: Paulo, sussurrei
ao seu ouvido.
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