domingo, 11 de abril de 2021

Sua Falta

 


Era como se eu tivesse voltado no tempo até o meu pior dia,

A lembrança do beijo em minha boca molhada por lágrimas,

A saudade ardia em minhas veias e tomava a minha alma,

Angústia foi o que vivi na hora em que ele virara as costas,

Cercada por tudo que nos lembrava sem ter com quem contar,

A solidão só deixava de ser companhia ante as lembranças,

 

Eu mal podia recordar sua fala sem ficar embasbacada,

Sem acreditar que todas as minhas juras foram vazias,

Usadas para afagar seu rosto sem alcançar sua alma,

Quando apenas um coração acredita e o outro não faz nada,

Resta pouco ou nada a se fazer, mentir para acreditar,

Sorrir em meia face, ofegava na tentativa de provar

 

Tudo aquilo que ele se recusava a sentir ou confiar,

Quanta dor restaria para suportar até a sua volta?

Mesmo ele tendo dito nunca mais, eu desacreditava,

Não cabia em minha alma que não haveria nada além da partida,

As lágrimas brotavam da minha alma, sofriam caladas,

Não pedi que ficasse, todavia não controlava a cabeça,

 

Meus pensamentos foram embora, já não sinto mais nada,

Nem a mim mesma, nem as promessas que sonhei um dia,

O beijo seria fácil esquecer, as juram também, da mesma forma,

As lembranças não podiam acreditar no adeus e, com isso, parar?

Eu estava imóvel com o rosto na almofada deitada no sofá,

Era como se o ar houvesse partido, tudo se fora, nada estava no lugar,

 

Estremeci ante a lembrança do seu nome, sem o pronunciar,

Esperei por sua resposta, as horas transcorriam atônitas,

Nem mesmo elas acreditavam no fim que discorria,

Ao invés disso, reconheci o silêncio que pesava no ar,

Não ousei olhá-lo, estava sofrendo admiti apavorada,

Meu coração estava sôfrego, doía ver tudo se acabar,

 

Eu resistia pensar no assunto, mas não conseguia evitar,

Foi um amor tão bonito, mas insuficiente para fazê-lo ficar,

Meus pensamentos não eram seguros, nem minha alma,

Nela os sonhos estavam em pedaços, não teria como os juntar,

Recordei suas mentiras o mais depressa que poderia,

Tentei evitar acreditar de novo, caí em suas falácias

 

Mais rápido que pude evitar, me vi querendo retornar,

Desejei seu abraço, que tudo pudesse voltar atrás,

Parece que ele estava enganado quanto a parte da partida,

Disse que seria fácil esquecer, que nosso adeus bastaria,

Repenso em cada segundo, me vejo desejar sua volta,

Nada mais importaria, se tivesse comigo as suas carícias,

 

Mesmo as falas exasperadas, as promessas vazias,

Os gestos exagerados, o olhar que nunca pensei que veria,

Esse rosto inchado de lágrimas é que não deveria estar

Se recusando a falar, recusando a deixar, sofrendo e mais nada,

Ele saíra satisfeito com nossa história, conseguira o que queria,

Quem decide o fim não sofre com a ideia de ir embora,

 

Um fim em que não implica um voltar atrás,

Onde eu fico na expectativa apegada as lembranças,

Com sorte daria tudo errado para ele, então retornaria,

Eu tola, ficaria a espera na expectativa entre o aceitar

E o sofrer por ter que abandonar quem se ama,

Fosse o fim relevado em palavras eu as rejeitaria,

 

Mas acreditei em cada uma, o que faço agora?

A estratégia de me deixar sem me ferir estava deletada,

Sair sem me dizer adeus com um beijo que me interessava

Não diminuiu o que eu sentia, nem facilitara coisa alguma,

A irritação do adeus até era tolerada, mas as lembranças,

Por quê me abraçavam e o trazem de volta?

 

Não esta escrito o quanto eu sofro em meu olhar?

Sem restar o que fazer, me tornar inexpressiva parece ser a alternativa,

Singular, um coração ama e o outro vai embora,

É simples, um fica a espera e o outro retoma a sua vida,

Um sorriso luta contra as lágrimas que receava,

Minha expressão vazia jaz desconhecida para a minha alma,

 

Nosso amor se esgotara, ele obteve o que queria e partira,

Olhei-o cabisbaixa, com um único pensamento: obrigada,

Do tanto que o amei ainda resta muito em que acreditar,

Seguirei meu caminho por outra estrada, isso basta,

Ele assentiu em atitude cética, me calei, o que diria?

O amor que havia me tocado, agora se colocava porta a fora,

 

Não sei se fazer algo adiantaria, fiquei ali sentada,

Ainda o amava, não teria como negar, sem ter em que me apegar,

Sussurrei para mim mesma: vá embora, mas retorne se recordar,

Se lembrar de tudo que vivemos, das nossas juras apaixonadas,

Ele já não me ouvia, mas quem sabe, marcaria a data,

Talvez nos veríamos mais próximo do que poderia imaginar,

 

Meu sorriso se apagava como se tudo caísse em lacunas,

De repente, mesmo as promessas eram postas em dúvidas,

Ele partira, tive a sensação de que nunca sentiu nada,

Algo me amedrontava, senti receio de estar certa,

Ele se fora totalmente as cegas, nada mais importava,

O que eu poderia ter feito se eu falava e ele não me via?

 

Como reagir se a tudo que eu fazia ele não sentia?

Sem corresponder, sem acreditar, um adeus e mais nada,

Por favor, repeti, só queria que voltasse para casa,

Que me pegasse no colo e retornasse ao nosso lar,

Mesmo que houvesse um assentir de cabeça, apenas,

Eu fecharia os olhos, o beijaria e não desejaria outra coisa.


Coração Partido

 


Eu sustentei o olhar, porém o que vi não gostei,

Embora eu pudesse sentir um sorriso em meu rosto,

Por dentro, eu me esforçava para controlar o pranto,

Não era medo o que me afastava, eram os seus atos,

O amor se apagava aos poucos, junto com os sonhos,

Era quase como se minhas lágrimas falassem comigo,

 

Implorando para me afastar por mais que fosse difícil,

Mesmo que elas não estivessem visíveis, eu as sentia,

Minha alma estava ferida, minha vida em ruínas,

Mas ele não via, sozinha a implorar por socorro, não ouviria,

Distante demais para entender, descrente para sentir,

Em minha alma ecoava uma pergunta sem resposta,

 

Se aproximara para me conquistar apenas para me destruir?

Eu me encolhi incapaz de conter o pranto que escorria,

Apesar de ele estar próximo, eu o procurava sem encontrar nada,

Hesitei ante a ideia de tê-lo de volta, ao menos uma vez,

Ele havia ido embora, ainda assim parecia que a decisão era minha,

Fez as malas, batera a porta atrás de si e eu ficara com a culpa,

 

Como se eu tivesse em mãos alguma alternativa em que me apegar,

Se havia algo nelas, eram lágrimas que sofriam por eu me sentir sozinha,

Ferida, fria e encurralada, me apaixonei apenas para perder no final,

Antes nunca tivesse amado, antes tivesse nunca sentido nada,

Uma voz saia sôfrega por uma garganta entrecortada,

Voz monótona de um alguém que já não tinha vida alguma,

 

Balbuciara algumas sílabas, não precisei indagar quem era,

Não estivesse desolada, gelada em minha solidão vazia,

Teria tentado me esquivar, me proteger de alguma forma,

Havia mais sofrer em mim do que eu poderia acreditar,

Eu, definitivamente, havia me apaixonado e visto ele ir embora,

As lembranças soavam como punição, viam como açoite as lágrimas,

 

Se recusavam a me deixar esquecer, todavia impediam de lutar,

Sem forças me via fraquejar, perdia sem ter culpa alguma,

A voz que ressoava ao meu ouvido não era amistosa,

As lembranças que vinham não tinham a intensão de agradar,

O contrário do que haviam feito quando ele iniciara em minha vida,

A voz que eu ouvia agora era fria, desprovida de surpresa,

 

Pude ver meu rosto refletido nela pela primeira vez,

Rejeitei a visão, nela eu não estava nada bem,

Olhos escondidos, pulso fraco, afogueada por lágrimas,

A voz morta trazia o aborrecimento de me convencer a levantar,

Queria me mover do lugar e me levar até uma faca,

Meu pulso parecera se acelerar, desejava a mesma coisa,

 

Ninguém para me ver, com certeza alguém me ouvia,

Mas ouvia ela também, diante dela eu não era nada,

Levantei a cabeça o suficiente para ver se os remédios fizeram efeito,

A voz soara branda, queria se certificar quanto ao resultado,

Embora as palavras fossem neutras, tive a impressão de serem minhas,

A voz que eu ouvia, vinha da minha alma, acusava estar vazia,

 

Acusava se sentir prisioneira de lembranças condenadas,

O coração pulsava, delatava estar embebido em lágrimas,

Um cálice de dor era servido em seco por minha garganta,

Eu sorvia cada gota, engolia cada dor em palavras agonizadas,

Promessas condenadas a sepultura pela mesma mão que me afagara,

Mas como ele mesmo dissera: querida, adeus e mais nada;

 

Recordo ter lhe lançado um olhar em dolorosa dúvida,

Ele sacudira a cabeça, se dirigira a porta sem olhar para trás,

Nossas juras de amor mandam lembranças a cada hora,

Desde aquele momento não me permitiram a paz,

Eu agradeceria se ele pudesse recordar nossas juras,

 

Se ouvisse meu pranto, soubesse a dor em que me sinto,

Me vejo cair sem ter suas mãos para me afirmar,

Me noto abatida, como se meus objetivos estivessem ocultos,

Como se sombras enevoassem nossos sonhos, levando-os,

Meus lábios ainda esboçam um sorriso, não o sinto,

O fio da navalha poderia me percorrer agora, seria bem-vindo,

 

Meus murmúrios eram audíveis, sentia medo, poderia tocá-los,

Sentia toda a dor ao meu redor, menos a mim mesma,

Não tinha um nome para chamar, rejeitava sua partida,

Nem mesmo a voz que sofria era bem-vinda ao meu lado,

Me sentia morta de qualquer forma, o que mais ela queria?

Eu tentava contrapor, me direcionar, mas só restavam lágrimas,

 

O sorriso desfalecia em meu rosto, afogado em dor,

Insistira em levar os sonhos, mas recusara o amor,

Não era queixa o que me feria, eram as lembranças,

A dor de ter acreditado no amor de quem não merecia,

Minha vida caía ao meu redor, em ruínas quebradiças,

A dor ardia a pele onde um dia houveram carícias,

 

Devorava a minha alma, recusava-se a me deixar sozinha,

Com meus sonhos quebrados mal podia ouvir meus gritos,

Quem me dera poder entender o motivo de me ferir tanto,

Enquanto minha dor falava a visão se escurecia,

Sem tempo para pegar a faca, sem forças para fazer algo,

Tudo ao meu redor sumira como se fosse imaginação minha.

sábado, 10 de abril de 2021

Uma Frase De Amor Na Janela Do Ônibus


Eu o amava por uma vida inteira, soube isso antes de beijá-lo,

E muito mais depois disso, em cada lembrança me certificava

Que tudo que vivemos não ficaria esquecido em outros tempos,

Embora, as horas nos distanciassem, em minha boca eu o sentia,

Em minha memória o trazia para perto, com um sorriso de soslaio,

Seguido por qualquer gesto irrisório que viesse a facilitar o desembaraço

 

De sorrir por lembra-lo em qualquer ponto que estivesse,

Feito uma boba sorrir por simplesmente recordar sua imagem,

O amor pode incentivar e até mesmo impor que se recorde,

Só quem ama sabe como isso acontece e o porquê de acontecer,

Eu necessitava, por vezes, adquirir um pouco mais de precisão,

Recordar nossos instantes não bastava para acalentar a paixão,

 

Considerações sobre a eficiência de trazê-lo em meu pensamento

Suplementam o argumento em favor de não desejar nenhum outro,

Quando se defende que beijar uma vez basta para amar para sempre,

Não precisa se agarrar em muitas desculpas para verificar essa verdade,

Tivesse ele me fornecido bons argumentos para esquecê-lo,

Talvez, eu pudesse me permitir pensar em outro, mas mesmo isso,

 

Não seria intenso o suficiente para negar tudo que vivemos,

Apagar nosso passado como se fosse um desenho inacabado,

Um sonho que caíra ao assoalho em fragmentos dilacerados,

De forma que mais ferisse que fizesse bem, não fora assim,

Mesmo não tendo mais conversado, não nos negamos,

Sem desculpas ou justificativas, apenas não nos vimos mais,

 

O gosto do seu beijo em minha boca era crucial todos os dias,

Me fazia desenvolver meus passos sem desviar a nossa rota,

O caminho em que cruzamos juntos estava no mesmo lugar,

O amor que nutri por ele, também, não mudara em nada,

Existem contra-argumentos a serem examinados nesse contexto,

Certa manhã nublada, em que eu trafegava de ônibus eu o vi na rua,

 

Essas duas questões – sua distância em minha vida e as lembranças-,

Entraram em descenso, com atenção merecida quis revê-las,

Mas em outra hora, naquele instante revê-lo era tudo que eu precisava,

Sorri a contragosto, o que queria na verdade era correr para os seus braços,

Parar naquele mesmo ponto, gritar que o amava e que não havia esquecido,

Mas, agi diferente disso, como a janela estava embaçada

 

Em razão da neblina, permiti que meu hálito quente desfragmentasse a visão,

Tornando a janela nublada para que dificultasse de ele me avistar,

Escrevi Eu Te Amo com a ponta do dedo indicador, o mesmo que em paixão

Usei para afagá-lo, a mesma mão que ele pegou em nossa primeira vista,

A que prometera acaricia-lo em cada dia que tivesse vida,

Abaixei-me, vez que o ônibus fez um solavanco fazendo minha mão bater na janela,

 

Por sorte não apagara a frase em que declarei minha afeição,

No entanto, deixara a marca da minha mão fechada em punho ao lado dela,

Como se no furor de terna emoção, eu não desejasse ferir nosso final,

Mas, deixar minha digital para que ele reconhecesse quem o amava,

A marca ficara de lado, formando um ponto de exclamação,

Mesmo ante a ideia de rejeição se formando em meu coração,

 

Tudo em mim ainda dizia que o amava, cada traço, cada forma,

Agora o sol decidira se abrir, como se sorrisse desse amor tolo,

A neblina fora ternamente se apagando, restando a minha promessa,

A que exclamava por uma chance a mais, recusava-se a pôr um fim,

A frase tomava proporções maiores todos podiam contemplá-la,

Ficara marcada pela ponta dos meus dedos, os que o esperavam ainda,

 

Não permiti que o meu rosto fosse visto, talvez ele reconhecesse minha letra,

Então, se recordaria de nós, e iria me procurar por retribuir o amor,

Estivessem guardados em sua alma os nossos carinhos, com certeza,

A digital ele reconheceria, a frase talvez, estivesse cansado de ouvir,

Mas o sentimento, era puro de forma que não haveria nenhum outro,

Se sentisse ao menos um pouco do que eu sinto, não refletiria muito,

 

Reconhecer-me-ia, cheguei a vê-lo isso acalentava a alma,

Mas, implorava por novo encontro, eu ainda o amava como em outrora,

Sem medir as consequências, sem pensar em nada, só o desejava,

Por mais um dia ou em chance única por uma vida inteira,

Minhas expectativas aumentaram com particular veemência,

Não expressei seu nome, não me identifiquei, mas bastava,

 

Havia feito o suficiente para que ele repensasse sobre sua ausência,

Dado o óbvio argumento de que meu amor não mudara em nada,

Pelo contrário, o esperava com a mesma ânsia, a mesma crença,

A de que seriamos felizes juntos por uma vida inteira,

No entanto, como as pessoas buscam se afastar por vários motivos,

Ele pode ter se apegado a qualquer um e ter se colocado distante, só isso,

 

Nada tão significativo que pudesse destruir nossos sonhos,

Apagar nossos ideais, os sonhos que se quebraram com sua partida,

Poderiam ser consertados, usaria a mesma mão com a qual declarei amor,

Antes com afagos agora escrevendo-o, no teor do inverno de agosto,

Tirar a luva me ferira os dedos, então, juntar os sonhos aos pedaços,

Não faria nada pior que isso, ao contrário, valeria cada machucado,

 

Um coração concertado enfrenta qualquer barreira, unido a outro,

Não restariam fronteiras que pudessem nos separar, enfrentamos o tempo,

Que haveria de opor-se a nós dois e ser maior que isso?

Estar em seus braços era seguro, eu encontraria calor e conforto,

O bastante para enfrentar o que fosse preciso, por ele, por nós,

Não o queria por momentos, segundos de amor não constroem sonhos,

 

A substituição parcial dos nossos afagos por lembranças,

Mesmo eu esforçando-me para negar, estava me destruindo,

O que, ainda, não era visto e interpretado como um desincentivo

Tão grande que me fizesse negar nosso passado, ou odiá-lo,

Pelo contrário, sentia orgulho de tudo que havia vivido,

Dos sonhos, mesmo que estivessem dilacerados por meu pranto,

 

Conforme, as vezes, eu mesma me permitia supor,

Fato que era negado a cada recordar, a cada segundo em que o via,

O problema da falta de incentivo não estava ausente entre nós,

Deveria haver uma razão para isso, eu a descobriria em seguida,

Assim que o ônibus retornasse por aquela rua,

Eu já não estaria mais dentro dele, mas ele reconheceria a minha letra...


 

Ser Sua

 


O vento soprou o cheiro de um rapaz lindo em minha direção,

Olhei, sem dúvida quanto ao sobressalto em meu coração,

Meus pensamentos se dispersaram e foram busca-lo, logo adiante,

Minha busca por um amor iniciara assim que avistei a sua face,

No segundo em que meus olhos cruzaram com seu olhar sombrio,

Aqueles olhos escuros tinham um magnetismo que me puxava,

 

Seu corpo era o tipo ideal para um abraço apertado e caloroso,

Daqueles em que você deseja se recostar sem hora para deixar,

Minha alma se acentuou nele, e quando ele abriu os lábios em sorriso,

Eu tive a certeza de que não precisaria em minha vida, nada além disso,

Estar segura em seus braços, ouvir sua voz ao meu ouvido,

Poder sussurrar seu nome de uma forma possessiva, definindo-o: meu,

 

Ouvi-lo responder sem pestanejar: minha amada; e não desejarei mais nada,

Ele destacava-se por entre a multidão, como se fosse uma espécie de solução,

Para aqueles dias nublados em que você acorda pela manhã sem saber porquê,

E teria encerrado o dia no mesmo ritmo, se não tivesse cruzado com a emoção

De ver tudo o que você sempre sonhou caminhando ao seu encontro, a flor da pele,

Com frequência é mais fácil vender a ideia de como amar, do que sentir o amor,

 

Passar por uma floricultura e colher uma flor, ver a chuva cair na janela do carro,

Mas, amar alguém de verdade, exige um pouco mais de empreendimento,

A flor murcha e vai parar na lixeira, a chuva cessa e o vidro do carro embaçado

É limpado e pronto, alguns dias se passam e tudo não passa de vestígios,

Depois disso, nem isso. Mas, naquele instante em desejei ir num ponto a frente,

Desejei amar por mais tempo, desejei me entregar profunda e carente,

 

Sabe quando você se desarma de toda a bagagem do passado,

A dor sofrida por amores descompassados,

Os olhos chorosos por quem ficara para trás,

Dos quais só se quer esquecer, nem de longe recordar,

Com ele, eu quis algo diferente, quis aquele amor que fica,

Que permanece o cheiro na roupa, o carinho na pele, o beijo na boca,

 

O amor do qual não se quer desprender, depois de cair em seus braços,

Ficar ali para sempre, segura sem medo de sentir-se frágil,

Sem receios de demonstrar suas fraquezas e necessidades de mulher,

Ser humana por inteira, mostrar quem você realmente é,

A forma segura como ele andava, demonstrava que ele me entendia,

A maneira como seu olhar me procurava, confessava que ele me sentia,

 

Acho que fui afetada pela ideia do romance casual, uma coisa por vez,

Primeiro convidá-lo para um encontro, depois me declarar, tentei me dizer,

Mas minha alma se recusou a entender, te amo gritou em meu semblante,

Quero você por toda a vida, ser feliz ao seu lado, desenhou em minha face,

Copiando o sorriso dele, acrescentando um ar tímido e inocente,

Com um enfoque correspondente, acenei como se lhe dissesse: atitude,

 

Eu vi nele uma felicidade plena que duraria uma vida inteira,

Sem saber o motivo, entendi que a oportunidade estava posta,

Como um sexto sentido, o amor despertou em meu peito, reconhecendo-o,

Eu precisava remover as atividades que se voltavam para o trabalho,

Há tanto tempo não entrava em férias, não me destinava um tempo,

Ao vê-lo me senti cansada, a oportunidade de ficar bem, estava em seu abraço,

 

Analfabeta no que se refere a palavra amor, sedenta por prova-la ao menos um pouco,

Iria iniciar uma reforma importante de dentro para fora,

Mesmo que não tivesse o êxito que acreditei ser recíproco entre nós,

Me comprometeria em me amar mais, valorizar meus pontos positivos,

O fato de me deparar com um homem bonito e ser vista por ele,

Afagou meu ego, como se suas mãos estivessem sobre a minha pele,

 

Eu sempre estabeleci limites em tudo que fiz, dessa vez quis me entregar apenas,

Viver tudo aquilo de que depende meu bem-estar, amar de forma intensa,

Sem refrear os carinhos, medir o gesto ou a altura em que gargalharia da sua piada,

Queria viver com ele um sonho que valesse a pena viver e reviver no outro dia,

Algo a mais do que aquelas horas disponíveis no mercado,

Consumir o amor e dele viver por estar acordada em um sonho,

 

Beijar seus lábios entreabertos até senti-lo sorrir com a alma,

Fazer com que esquecesse que sua boca se dirigia a outra coisa

Que não fosse beijar-me por horas e horas entre gemidos e sussurros loucos,

Eu poderia desviar o caminho e comprar aquele sorvete do dia-a-dia,

Tomá-lo até saciar minha sede, e me recusar a proteção dos seus braços,

Mas, mesmo eu tendo sede, minha boca ansiava, mas era por seus beijos,

 

Sentia meus lábios gélidos, como se a brisa que trazia o seu cheiro,

Mexesse com meus sentidos de forma a desestabilizar o meu corpo,

Tivesse um sorvete agora, não sentiria o gosto, não sentiria mais nada,

Como se eu fosse um cubo, prestes a tomar forma em suas carícias,

Derretendo-me conforme ele me tocasse; o sol se abria, mas não bastava,

Outra coisa tomou a minha alma assim que o vi, não teria como evitar,

 

A previsão do tempo identificava chuva, mas o sol resistia,

A previsão do meu destino indicava uma vida inteira de amor,

Nem ele ou eu resistiríamos, a atração que nos envolvia era ardente,

Mais intensa que os raios do sol, quanto mais se aproximava,

- Eu podia sentir uma gota de suor percorrer meu rosto - , eu derretia,

No entanto, meus lábios trêmulos estavam frios ao encontro da sua boca,

 

Nada poderia aplacar a minha necessidade de ser sua,

Tentei descongelar algumas palavras soltas, mas não saia nada.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Beijou-o



Seus cabelos caíram em seus olhos enquanto andava,

O vento soprava absorto ao seu redor, tocava-a,

Com um movimento ela retirara os cabelos do olhar,

O vento insistira em importunar, agora levando-os a boca,

Ela parara de caminhar, com o semblante frustrado o retirara,

Instante em que esbarrara nele, - me desculpa, não o vi na rua -,

 

Ela disse, embasbacada ao percebê-lo tão bonito e sereno,

Ele lhe dirigiu um sorriso, se desculpando com ela,

Ela sentira que estava fora do mundo até encontra-lo,

Era como se todo o seu passado fosse um vazio desumano,

Que poderia ser preenchido por aqueles braços seguros,

Dando um sentido diferente para o caminhar do seu futuro,

 

Uma ardência na garganta dela implorara por um beijo,

A boca seca sentia dificuldades para expressar as palavras,

Era como se a sua alma estivesse fugido, parando em seu olhar,

Não houve outro pensamento senão aplacar o seu desejo,

O vento soprava o cheiro dele em sua pele, ela podia senti-lo,

Mesmo que tivesse forças não poderia controlar o que sentia,

 

Precisava dele, sem pensar no porquê, apenas o amava,

O cheiro penetrava a sua pele percorria em seu sangue,

Nada a faria mudar de ideia, necessitava provar a sua boca,

Mesmo que por uma única vez, ou até a eternidade,

A centímetros do seu contato, nada poderia alterar os fatos,

- Como você é bonito -, ela balbuciara com voz rouca de porcelana,

 

Aquele tipo de voz que corta as defesas e o obriga a aproximar-se,

Ele manteve aquele sorriso educado e meigo nos lábios vermelhos,

O sangue pulsava em suas veias, ela sentia-o e gostava disso,

Por um segundo esquecera de tudo a sua volta, até de que existia,

Tudo o mais perdia a importância, menos o vermelho da sua boca,

Era difícil controlar o impulso de agarra-lo, prova-la, mesmo que a força,

 

Os olhos dele eram provocativos, pareciam estar brincando com ela,

O sorriso em seus lábios era um convite, sua necessitada avançava,

Algo desenfreado dentro dela o queria, seu corpo respondia a rigor,

Levaria menos de três segundos, e poderia provar seus lábios

Pelo tempo que fosse preciso, e um pouco mais que isso,

O sangue na boca pulsava quente e ardente naquele sorriso sóbrio,

 

Podia aplacar a ardência em sua garganta, saciar a sede da sua boca,

Ele estava tão perto, a olhava com um olhar encantador de advertência,

Uma prova dos seus lábios e seria amor por toda a vida,

Como uma fonte a jorrar da qual nunca se farta, sempre mais a desejar,

E ela sabia que morreria se tentasse controlar a garota que o queria,

A garota que esteve presa dentro dela e agora não conseguia mais resistir,

 

A agonia em sua boca dava a impressão de que não poderia dar um fim,

Precisaria estar em seus braços o mais depressa possível,

Sem o intuito de acabar, sem tempo para terminar,

Uma dor intensa acelerara o seu coração, soltara um gemido sem querer,

Ele a segurara pelos braços, ela tentara se mexer, sem querer se esquivar,

Esforçando-se para provar os seus lábios, erguera-se na ponta dos pés,

 

Lábios entreabertos, pronta para o momento mais esperado: o beijo,

Era como se as mãos dele fossem pétreas removendo-a do chão,

Não haveria chances de se abster, precisava provar seus lábios,

Naquele exato segundo, era o que denunciava sua respiração,

Seus gestos confusos, sua busca por ele todo, alimento para o coração,

Cravara os dedos em seu peito, ele resistia ao beijo, provocava a paixão,

 

Segurara-se nele com força, sentia cada parte dele em seu corpo,

Ele estava dentro dela sem ter feito um único movimento,

Ereto conduzia a situação conforme queria, ela gostava disso,

Mesmo sabendo que parecia uma tola, buscava-o sedenta,

O sorriso na boca dele não desmanchava, ele fugia e a buscava,

Expressão bondosa e calma, parecia ama-la da mesma forma,

 

- Me beije, por favor -, a frase saíra balbuciada em tom de súplica,

Fazendo contato com a boca dele que cedera um pouco,

O calor dela tocou-a embasbacada, um beijo fora entregue sem contato,

Eu a quero, parecia dizer-lhe, mas resistia por algum motivo,

Ela fitara a garota dentro dela, desejando com veemência

Que soubesse o que fazer, que tomasse uma atitude certeira,

 

Seus dedos cravavam-se nele, inúteis e frágeis, ela o chamava,

Não suportava mais a ardência, não aceitava a distância,

Procurara um nome em seus lábios para chamar,

Percebera que não havia pedido a ele para se identificar,

Amor fora o mais adequado, mas, ainda assim ele relutava,

Seu calor bailava sobre a boca dela, em uma dança que não cedia,

 

Descompasso ao seu coração, desajuste da sua emoção,

Soltara o seu peito e agarrara a sua camisa, desejara rasga-la,

Qualquer coisa que o fizesse beijá-la, naquela mesma hora,

Aquele sorriso era certeiro demais para permanecer na boca,

Precisava dissipá-lo, beijá-lo de forma sôfrega e profunda,

Suas tentativas vãs não surtiram o efeito desejado, ele sorria,

 

Ela tentava se debater, lutar contra o desafio de tê-lo tão perto

Sem poder sentir sua boca, mergulhar em seus lábios carnudos,

- Me beije agora -, ela murmurou tentando descontrolá-lo,

Ela podia ver uma veia pulsando em seu pescoço,

Seu sangue ardia, ela respondia, ele se esquivava de novo,

Uma vez mais ela o buscava, dessa vez obteve êxito, sugou os seus lábios.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Um Momento



Por um momento, tudo desapareceu do meu redor,

Exceto seu rosto, que eu via mesmo de olhos fechados,

No teor dos seus carinhos conforme me percorriam,

No frescor dos seus dedos que sentiam minha alma,

De repente, sem razão alguma, me sentia feliz por nada,

O fato de estar em seus braços me bastava como nunca,

 

Talvez tenha sido a saudade ou poderia ter outra causa,

A forma como me beijava parecia ser diferente agora,

Quanto a ser intensa, é certo que recordava do fato,

Mas parecia mais profunda, exigente quase como uma jura,

Ou algo que sem palavra alguma remete ao infinito,

Sentindo seus lábios me veio em mente nossas vídeo-chamadas,

 

A forma como nossa conversa desenvolvia e me envolvia,

O jeito como ele sabia dominar a situação, me amordaçar,

Via as minhas palavras fugirem da boca, sedenta por seus beijos,

Sentia as minhas mãos vazias, ambas desejosas por suas carícias,

Inquieta me via desviar o olhar, incapaz de conter o desejo,

Era como se eu pudesse absorvê-lo de lá, trazendo-o para perto,

 

Recordei os seus lábios beijando a tela do celular, molhados,

Um arrepio percorreu minha espinha, me agarrei nele com força,

Apertei-o de encontro ao meu peito, com um único pedido,

De que nunca saísse de perto de mim, ficasse para sempre ali,

O calor que emanava de nós, era algo maravilhoso,

Eu recordava isso, sempre que rememorava o nosso beijo,

 

Porém, senti-lo em mim, era intenso demais para explicar,

Um afago dos seus lábios soprou um eu te amo em minha boca,

Absorvi o beijo e com ele cada palavra, sabendo que nunca esqueceria,

Estremeci com medo que a saudade o levasse embora,

Lágrimas molharam meus olhos fechados, com um soluço,


Busquei seu cheiro, e repousei minha cabeça em seu pescoço,

Abri os olhos tristonhos na direção oposta por onde ele veio,

Pude avistar um rastro de dor, que evidenciava as lembranças,

E com elas, o quanto ele sentira por causa da distância entre nós,

 

Não saberia dizer se foi com um soluço, um suspiro, ou murmúrio:

Eu te amo, repousei com um beijo em seu ouvido, com voz entrecortada,

Ele sibilou algo que não entendi, me fazendo voltar para trás

Com um movimento seguro em afago, - não desista de mim -,

Não acreditei no que ouvi da sua boca, - jamais desistiria de nós dois,

Seria o mesmo que me condenar a uma vida de saudade e sentir,

 

Por quê, mesmo distante, nunca pude esquecer ou apagar você em mim,

Eu respondi com lábios trêmulos e certos sobre o quanto o amo,

Com um beijo, um afago, um vestígio do passado e um movimento,

Ele me fizera abandonar a posição esquiva em que estava refugiada,

Para me assegurar na emoção de sentir-me única por ser sua,

E retomar aquela mulher que um dia parecera ter ficado para trás,

 

Mas que, por nenhum segundo fora esquecida ou esquecera,

Eu era aquela mulher que buscara se afastar para se aproximar,

Aquela que dissera eu te amo em cada instante de sua vida,

Que acreditara ser amada e lutara por este amor com as armas que tinha,

Não imaginara que em seus braços me viria desarmada e humana,

Humana demais para negar o quanto sentia e sentiria por toda a vida,

 

Longe do seu abraço, não me sentia completa, faltava algo,

Com ele em mim, me via busca-lo de todas as formas que podia,

Como se houvesse uma medida em que apenas ele cabia,

Uma peça chave para desanuviar meus medos, romper segredos,

Como se o amor derramasse entre os afagos, e me conduzisse a ele,

O cheiro do sentimento no qual todo o meu corpo estava concentrado,

 

O aroma doce e úmido do sangue mais delicioso que havia rastreado,

Saia das nossas almas para repousar em meus lábios encharcados,

Deliciada, nem mesmo podia acreditar que o amor escorria de nós,

Minha procura havia chegado ao fim, o amor estava consumado,

Eu percebia isso em cada carinho, em cada sonho que trocávamos,

Eu sentia a boca e a garganta calorosas por muitos beijos,

 

Seu gosto me percorria e inundava a minha alma por algo desconhecido,

Era amor, com certeza, pois não havia nada maior,

Nos relatos que ouvira de outras pessoas e nas experiências de outrora,

Nunca havia tido conhecimento sobre algo tão intenso,

Tentei, de olhos fechados em busca de menosprezo, fugir daquilo,

Não sabia reconhecer, não confiava no que sentia,

 

Perder o controle diante de alguém nem sempre é tolerado,

Eu gostava de ser dona de mim mesma, de controlar cada passo,

Agora, não conhecia nem mesmo minhas buscas ou respostas,

Pensar que para ele, talvez não houvesse um próximo encontro,

Eu tinha conhecimento do fato de ele ter outra melhor que eu,

Mas, naquele momento isso perdia a importância, sem domínio de mim,

 

Me perdi por inteira em seu corpo, isso era arriscado e estranho,

A sensação era de que eu me via rasgar ao meio sem sentir dor,

Na busca por continuar onde estava me sentia uma desconhecida,

A humana – que usava o meu nome – se via no espelho, não se reconhecia,

Enxergava o próprio corpo, não se concordava, amava como nunca,

De uma forma que não achara ser capaz, não distinguia o próprio olhar,

 

Abri-lo e encará-lo enquanto afagava a sua nuca, tornava tudo pior,

Eu conseguia ver o sangue correndo sob sua pele fina,

Tentei me projetar em outro aspecto, buscar o controle perdido,

Mas meus olhos eram atraídos para ele, sem que pudesse me conter,

Meus cabelos caiam na face, falei com ele em voz baixa e feminina,

Minha garganta estava a poucos centímetros, eu tinha necessidade,


Não era qualquer uma, era de pertencer-lhe, por sorte ele sabia se conter,

Por mais estranho que fosse, desejei não tê-lo encontrado,

Rejeitei o que vivi, fora rejeição o que sofri?

Aquele aspecto de mim eu não reconheci, quanto ao que se desenvolveria,

Seria fácil precisar o fim, o mesmo do beijo anterior,

Meses de ausência, distância precisa para me colocar em meu lugar.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Mulher Falando



Por provar o gosto dos seus lábios pagar um preço tão alto,

O uso da saudade que me acolhe a alma não doa em nada

A tranquilidade dos instantes em que estive em seus braços,

Parte do que me faria esquecer não vale o sabor da sua boca,

Que posso fazer se quanto mais me afasto mais me aproximo,

Se a cada passo que tento seguir adiante me veem os seus afagos?

 

Grande parte dessa saudade se deve aos carinhos que senti contigo,

Outra parte eu acometo a minhas defesas que ruíram na hora,

Nada me parecera mais intenso que me entregar aos carinhos,

Mesmo que tente me apegar a desculpas, você sabe: não tive escolha,

Minha sorte fora lançada aos seus caprichos, me submeti ao seu abraço,

Desperdicei minha chance de resistir, destruí a possibilidade de guarda,

 

Os sinais em minha alma podem ser enganosos, tento me convencer disso,

Você deve saber o quanto eu o critico sempre que surge uma saída,

Um meio de me distanciar das lembranças e tentar suprimi-las até com o pranto,

Sempre encerro com uma preleção sobre suas virtudes como pessoa,

Por que tento ser tão negativa, eu imagino que talvez você se indague a respeito,

Bem, devo dizer que no mínimo você fora imprudente ao me deixar,

 

Não entendi o porquê de tanto empenho se não houve sentimento,

Você nunca olhara para trás, nunca se pegara a rememorar aquelas horas?

Seus beijos longe dos meus lábios não são mais que desperdício de tempo,

Nossas lembranças rodam em minha cabeça, como um filme que não quer parar,

Posso detalhar cada momento enquanto você não recorda nem por um segundo?

Já passei por você na rua e o vi desviar o olhar, esquecera a boca que beijara?

 

Não sei como isso poderia ocorrer se de você não esqueço ou me esquivo,

Vejo na distância que separa nossas bocas um desperdício de lembranças,

Poderíamos estar construindo novas situações ao invés de viver se escondendo,

A abscissa que te separa de mim de aproxima de outra, vale a pena?

Em seus olhos não contemplo mais que tristeza, esquecera o sorriso?

Seria demais lhe pedir para viver o presente e quanto ao mais se desapegar?

 

A paixão em que você se perde parece estar atuando como um inimigo público,

Quanto mais o contemplo, mais me distancio da imagem do homem que fora,

A marcas em seu semblante estão profundas você não as percebe, é isso?

Os efeitos de beijar como se fizesse promessas apaixonadas não pode se ofuscar,

Você se entregara, eu recordo, depois foge como se fosse um engano?

É tão frágil o suporte em que você se apega que pende a menor sacudida?

 

Se quiser se abrir sobre o fato eu adianto que suporto o teor do diálogo,

Não me destino apenas a sentir de novo os seus beijos, embora os queira,

Minha intensão é ser produtiva quanto a nossa relação daquele tempo,

Valorizar o que houve de bom entre nós, discorrer sobre as lembranças,

Me é particular querer saber sua opinião sobre aqueles momentos,

Você se esquiva de uma forma sorrateira, me faz repensar em demasia,

 

Eu admito ter cometido meus enganos, mas não consigo esquecê-lo,

Queria entender suas preocupações, ver sua percepção sobre a minha boca,

Mesmo que fosse apenas quanto ao teor do que eu estou lhe dizendo,

Não vamos pôr em jogo a questão perder ou ganhar, me basta o recordar,

Minha motivação, me desculpa, se restringe ao querer seu beijo, de novo,

É o caso oposto daquela promessa de viver juntos por uma vida inteira,

 

Não é da minha clemência te pedir que volte a me dar um outro abraço,

Trata-se apenas do fato, de que nossas lembranças podem se apagar a qualquer hora,

Não prometo que não te esqueço, mas te peço, que aceite recordar um pouco,

Quanto a esta tristeza que vejo em seus olhos, já disse não me sinto bem em nada,

Me desculpa por não conseguir ficar inerte, você sabe, sempre estive no seu encalço,

Participei de tanta coisa em sua vida que gostaria de fazer parte de mais uma,

 

Aquela que revive uma lembrança, que lhe trás para junto do meu abraço,

Olha; seus beijos, me interessam em muito, já não bastam as memórias,

Poderíamos dedicar a atenção aos nossos desejos, apenas por um pouco,

Ceder aos impulsos que nos guiam um para o outro, como em outrora,

Sem se apegar ao teor de promessas, apenas ao amor-próprio,

Você precisa de mim da mesma forma que eu, poderia ao menos aceitar,

 

Se uso o exemplo do nosso beijo para me aproximar é por que o noto,

Vejo a forma como seus lábios reagem a minha proximidade na rua,

Não sou nenhuma tola, sei identificar sentimentos nos olhos de quem amo,

Se você se magoara com outra ou comigo, vamos nos sentar para conversar,

Não há nenhum assunto que você esteja impedido de falar comigo,

Estou aberta para nos reaproximar ao menos como os parceiros de outras horas,

 

Em certas ocasiões querer apenas um beijo não circunda motivo de egoísmo,

Não tento, nem pretendo forçar nada, apenas afastar essa tristeza que te toca,

Há uma marca de lágrimas a contornar sua boca, poderia ser marca de beijo,

Sua pele esta apagada, você sofre e eu sinto, meu interesse não é apenas ser sua,

Depois que vi que não conseguiria esquecê-lo, não tentei pertencer a outro,

As razões que me levam a me aproximar estão claras, o amo mais que nunca,

 

Em parte, pelo fato de não conseguir resistir ao sabor do seu beijo em meus lábios,

Em verdade, porque não desejo ser de outra pessoa: o amo desde aquele dia,

Poderia dizer que o amo desde sempre, mas se tornaria um tanto nulo,

O que importa o instante em que se começa a amar quando a intensão é nunca terminar?

Bem, desde que o acompanho e com relação a tudo que sei: o amo e pronto,

Esse tipo de pensamento envolve rejeitar os momentos de distância,

 

A solução é reascender o passado, viver o agora com o mesmo teor do beijo,

Aquele nunca esquecido, nunca perdido, aquele que ainda queima a boca,

Bem, enquanto você estivera aí neste banco sentado em silêncio,

Comigo aqui a falar sem parar, eu creio que tenha tido tempo para pensar,

Vai permanecer em inercia, agir como se eu estivesse mentindo?

Estou prestes a sair por esta rua, e lhe digo: se eu for não pretendo voltar!

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...