Era como se eu tivesse voltado no tempo até o meu pior dia,
A lembrança do beijo em minha boca molhada por lágrimas,
A saudade ardia em minhas veias e tomava a minha alma,
Angústia foi o que vivi na hora em que ele virara as costas,
Cercada por tudo que nos lembrava sem ter com quem contar,
A solidão só deixava de ser companhia ante as lembranças,
Eu mal podia recordar sua fala sem ficar embasbacada,
Sem acreditar que todas as minhas juras foram vazias,
Usadas para afagar seu rosto sem alcançar sua alma,
Quando apenas um coração acredita e o outro não faz nada,
Resta pouco ou nada a se fazer, mentir para acreditar,
Sorrir em meia face, ofegava na tentativa de provar
Tudo aquilo que ele se recusava a sentir ou confiar,
Quanta dor restaria para suportar até a sua volta?
Mesmo ele tendo dito nunca mais, eu desacreditava,
Não cabia em minha alma que não haveria nada além da
partida,
As lágrimas brotavam da minha alma, sofriam caladas,
Não pedi que ficasse, todavia não controlava a cabeça,
Meus pensamentos foram embora, já não sinto mais nada,
Nem a mim mesma, nem as promessas que sonhei um dia,
O beijo seria fácil esquecer, as juram também, da mesma
forma,
As lembranças não podiam acreditar no adeus e, com isso,
parar?
Eu estava imóvel com o rosto na almofada deitada no sofá,
Era como se o ar houvesse partido, tudo se fora, nada estava
no lugar,
Estremeci ante a lembrança do seu nome, sem o pronunciar,
Esperei por sua resposta, as horas transcorriam atônitas,
Nem mesmo elas acreditavam no fim que discorria,
Ao invés disso, reconheci o silêncio que pesava no ar,
Não ousei olhá-lo, estava sofrendo admiti apavorada,
Meu coração estava sôfrego, doía ver tudo se acabar,
Eu resistia pensar no assunto, mas não conseguia evitar,
Foi um amor tão bonito, mas insuficiente para fazê-lo ficar,
Meus pensamentos não eram seguros, nem minha alma,
Nela os sonhos estavam em pedaços, não teria como os juntar,
Recordei suas mentiras o mais depressa que poderia,
Tentei evitar acreditar de novo, caí em suas falácias
Mais rápido que pude evitar, me vi querendo retornar,
Desejei seu abraço, que tudo pudesse voltar atrás,
Parece que ele estava enganado quanto a parte da partida,
Disse que seria fácil esquecer, que nosso adeus bastaria,
Repenso em cada segundo, me vejo desejar sua volta,
Nada mais importaria, se tivesse comigo as suas carícias,
Mesmo as falas exasperadas, as promessas vazias,
Os gestos exagerados, o olhar que nunca pensei que veria,
Esse rosto inchado de lágrimas é que não deveria estar
Se recusando a falar, recusando a deixar, sofrendo e mais
nada,
Ele saíra satisfeito com nossa história, conseguira o que
queria,
Quem decide o fim não sofre com a ideia de ir embora,
Um fim em que não implica um voltar atrás,
Onde eu fico na expectativa apegada as lembranças,
Com sorte daria tudo errado para ele, então retornaria,
Eu tola, ficaria a espera na expectativa entre o aceitar
E o sofrer por ter que abandonar quem se ama,
Fosse o fim relevado em palavras eu as rejeitaria,
Mas acreditei em cada uma, o que faço agora?
A estratégia de me deixar sem me ferir estava deletada,
Sair sem me dizer adeus com um beijo que me interessava
Não diminuiu o que eu sentia, nem facilitara coisa alguma,
A irritação do adeus até era tolerada, mas as lembranças,
Por quê me abraçavam e o trazem de volta?
Não esta escrito o quanto eu sofro em meu olhar?
Sem restar o que fazer, me tornar inexpressiva parece ser a
alternativa,
Singular, um coração ama e o outro vai embora,
É simples, um fica a espera e o outro retoma a sua vida,
Um sorriso luta contra as lágrimas que receava,
Minha expressão vazia jaz desconhecida para a minha alma,
Nosso amor se esgotara, ele obteve o que queria e partira,
Olhei-o cabisbaixa, com um único pensamento: obrigada,
Do tanto que o amei ainda resta muito em que acreditar,
Seguirei meu caminho por outra estrada, isso basta,
Ele assentiu em atitude cética, me calei, o que diria?
O amor que havia me tocado, agora se colocava porta a fora,
Não sei se fazer algo adiantaria, fiquei ali sentada,
Ainda o amava, não teria como negar, sem ter em que me
apegar,
Sussurrei para mim mesma: vá embora, mas retorne se
recordar,
Se lembrar de tudo que vivemos, das nossas juras
apaixonadas,
Ele já não me ouvia, mas quem sabe, marcaria a data,
Talvez nos veríamos mais próximo do que poderia imaginar,
Meu sorriso se apagava como se tudo caísse em lacunas,
De repente, mesmo as promessas eram postas em dúvidas,
Ele partira, tive a sensação de que nunca sentiu nada,
Algo me amedrontava, senti receio de estar certa,
Ele se fora totalmente as cegas, nada mais importava,
O que eu poderia ter feito se eu falava e ele não me via?
Como reagir se a tudo que eu fazia ele não sentia?
Sem corresponder, sem acreditar, um adeus e mais nada,
Por favor, repeti, só queria que voltasse para casa,
Que me pegasse no colo e retornasse ao nosso lar,
Mesmo que houvesse um assentir de cabeça, apenas,
Eu fecharia os olhos, o beijaria e não desejaria outra
coisa.