Por provar o gosto dos seus lábios pagar um preço tão alto,
O uso da saudade que me acolhe a alma não doa em nada
A tranquilidade dos instantes em que estive em seus braços,
Parte do que me faria esquecer não vale o sabor da sua boca,
Que posso fazer se quanto mais me afasto mais me aproximo,
Se a cada passo que tento seguir adiante me veem os seus
afagos?
Grande parte dessa saudade se deve aos carinhos que senti
contigo,
Outra parte eu acometo a minhas defesas que ruíram na hora,
Nada me parecera mais intenso que me entregar aos carinhos,
Mesmo que tente me apegar a desculpas, você sabe: não tive
escolha,
Minha sorte fora lançada aos seus caprichos, me submeti ao
seu abraço,
Desperdicei minha chance de resistir, destruí a
possibilidade de guarda,
Os sinais em minha alma podem ser enganosos, tento me convencer
disso,
Você deve saber o quanto eu o critico sempre que surge uma
saída,
Um meio de me distanciar das lembranças e tentar suprimi-las
até com o pranto,
Sempre encerro com uma preleção sobre suas virtudes como
pessoa,
Por que tento ser tão negativa, eu imagino que talvez você
se indague a respeito,
Bem, devo dizer que no mínimo você fora imprudente ao me
deixar,
Não entendi o porquê de tanto empenho se não houve
sentimento,
Você nunca olhara para trás, nunca se pegara a rememorar
aquelas horas?
Seus beijos longe dos meus lábios não são mais que desperdício
de tempo,
Nossas lembranças rodam em minha cabeça, como um filme que
não quer parar,
Posso detalhar cada momento enquanto você não recorda nem
por um segundo?
Já passei por você na rua e o vi desviar o olhar, esquecera
a boca que beijara?
Não sei como isso poderia ocorrer se de você não esqueço ou
me esquivo,
Vejo na distância que separa nossas bocas um desperdício de lembranças,
Poderíamos estar construindo novas situações ao invés de
viver se escondendo,
A abscissa que te separa de mim de aproxima de outra, vale a
pena?
Em seus olhos não contemplo mais que tristeza, esquecera o
sorriso?
Seria demais lhe pedir para viver o presente e quanto ao
mais se desapegar?
A paixão em que você se perde parece estar atuando como um inimigo
público,
Quanto mais o contemplo, mais me distancio da imagem do
homem que fora,
A marcas em seu semblante estão profundas você não as
percebe, é isso?
Os efeitos de beijar como se fizesse promessas apaixonadas não
pode se ofuscar,
Você se entregara, eu recordo, depois foge como se fosse um
engano?
É tão frágil o suporte em que você se apega que pende a
menor sacudida?
Se quiser se abrir sobre o fato eu adianto que suporto o
teor do diálogo,
Não me destino apenas a sentir de novo os seus beijos,
embora os queira,
Minha intensão é ser produtiva quanto a nossa relação
daquele tempo,
Valorizar o que houve de bom entre nós, discorrer sobre as
lembranças,
Me é particular querer saber sua opinião sobre aqueles
momentos,
Você se esquiva de uma forma sorrateira, me faz repensar em
demasia,
Eu admito ter cometido meus enganos, mas não consigo
esquecê-lo,
Queria entender suas preocupações, ver sua percepção sobre a
minha boca,
Mesmo que fosse apenas quanto ao teor do que eu estou lhe
dizendo,
Não vamos pôr em jogo a questão perder ou ganhar, me basta o
recordar,
Minha motivação, me desculpa, se restringe ao querer seu
beijo, de novo,
É o caso oposto daquela promessa de viver juntos por uma
vida inteira,
Não é da minha clemência te pedir que volte a me dar um
outro abraço,
Trata-se apenas do fato, de que nossas lembranças podem se
apagar a qualquer hora,
Não prometo que não te esqueço, mas te peço, que aceite
recordar um pouco,
Quanto a esta tristeza que vejo em seus olhos, já disse não
me sinto bem em nada,
Me desculpa por não conseguir ficar inerte, você sabe, sempre
estive no seu encalço,
Participei de tanta coisa em sua vida que gostaria de fazer
parte de mais uma,
Aquela que revive uma lembrança, que lhe trás para junto do
meu abraço,
Olha; seus beijos, me interessam em muito, já não bastam as
memórias,
Poderíamos dedicar a atenção aos nossos desejos, apenas por
um pouco,
Ceder aos impulsos que nos guiam um para o outro, como em
outrora,
Sem se apegar ao teor de promessas, apenas ao amor-próprio,
Você precisa de mim da mesma forma que eu, poderia ao menos
aceitar,
Se uso o exemplo do nosso beijo para me aproximar é por que
o noto,
Vejo a forma como seus lábios reagem a minha proximidade na
rua,
Não sou nenhuma tola, sei identificar sentimentos nos olhos
de quem amo,
Se você se magoara com outra ou comigo, vamos nos sentar
para conversar,
Não há nenhum assunto que você esteja impedido de falar
comigo,
Estou aberta para nos reaproximar ao menos como os parceiros
de outras horas,
Em certas ocasiões querer apenas um beijo não circunda
motivo de egoísmo,
Não tento, nem pretendo forçar nada, apenas afastar essa
tristeza que te toca,
Há uma marca de lágrimas a contornar sua boca, poderia ser
marca de beijo,
Sua pele esta apagada, você sofre e eu sinto, meu interesse não
é apenas ser sua,
Depois que vi que não conseguiria esquecê-lo, não tentei
pertencer a outro,
As razões que me levam a me aproximar estão claras, o amo
mais que nunca,
Em parte, pelo fato de não conseguir resistir ao sabor do seu
beijo em meus lábios,
Em verdade, porque não desejo ser de outra pessoa: o amo desde
aquele dia,
Poderia dizer que o amo desde sempre, mas se tornaria um
tanto nulo,
O que importa o instante em que se começa a amar quando a
intensão é nunca terminar?
Bem, desde que o acompanho e com relação a tudo que sei: o
amo e pronto,
Esse tipo de pensamento envolve rejeitar os momentos de
distância,
A solução é reascender o passado, viver o agora com o mesmo
teor do beijo,
Aquele nunca esquecido, nunca perdido, aquele que ainda
queima a boca,
Bem, enquanto você estivera aí neste banco sentado em
silêncio,
Comigo aqui a falar sem parar, eu creio que tenha tido tempo
para pensar,
Vai permanecer em inercia, agir como se eu estivesse
mentindo?
Estou prestes a sair por esta rua, e lhe digo: se eu for não pretendo voltar!
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