sexta-feira, 9 de abril de 2021

Beijou-o



Seus cabelos caíram em seus olhos enquanto andava,

O vento soprava absorto ao seu redor, tocava-a,

Com um movimento ela retirara os cabelos do olhar,

O vento insistira em importunar, agora levando-os a boca,

Ela parara de caminhar, com o semblante frustrado o retirara,

Instante em que esbarrara nele, - me desculpa, não o vi na rua -,

 

Ela disse, embasbacada ao percebê-lo tão bonito e sereno,

Ele lhe dirigiu um sorriso, se desculpando com ela,

Ela sentira que estava fora do mundo até encontra-lo,

Era como se todo o seu passado fosse um vazio desumano,

Que poderia ser preenchido por aqueles braços seguros,

Dando um sentido diferente para o caminhar do seu futuro,

 

Uma ardência na garganta dela implorara por um beijo,

A boca seca sentia dificuldades para expressar as palavras,

Era como se a sua alma estivesse fugido, parando em seu olhar,

Não houve outro pensamento senão aplacar o seu desejo,

O vento soprava o cheiro dele em sua pele, ela podia senti-lo,

Mesmo que tivesse forças não poderia controlar o que sentia,

 

Precisava dele, sem pensar no porquê, apenas o amava,

O cheiro penetrava a sua pele percorria em seu sangue,

Nada a faria mudar de ideia, necessitava provar a sua boca,

Mesmo que por uma única vez, ou até a eternidade,

A centímetros do seu contato, nada poderia alterar os fatos,

- Como você é bonito -, ela balbuciara com voz rouca de porcelana,

 

Aquele tipo de voz que corta as defesas e o obriga a aproximar-se,

Ele manteve aquele sorriso educado e meigo nos lábios vermelhos,

O sangue pulsava em suas veias, ela sentia-o e gostava disso,

Por um segundo esquecera de tudo a sua volta, até de que existia,

Tudo o mais perdia a importância, menos o vermelho da sua boca,

Era difícil controlar o impulso de agarra-lo, prova-la, mesmo que a força,

 

Os olhos dele eram provocativos, pareciam estar brincando com ela,

O sorriso em seus lábios era um convite, sua necessitada avançava,

Algo desenfreado dentro dela o queria, seu corpo respondia a rigor,

Levaria menos de três segundos, e poderia provar seus lábios

Pelo tempo que fosse preciso, e um pouco mais que isso,

O sangue na boca pulsava quente e ardente naquele sorriso sóbrio,

 

Podia aplacar a ardência em sua garganta, saciar a sede da sua boca,

Ele estava tão perto, a olhava com um olhar encantador de advertência,

Uma prova dos seus lábios e seria amor por toda a vida,

Como uma fonte a jorrar da qual nunca se farta, sempre mais a desejar,

E ela sabia que morreria se tentasse controlar a garota que o queria,

A garota que esteve presa dentro dela e agora não conseguia mais resistir,

 

A agonia em sua boca dava a impressão de que não poderia dar um fim,

Precisaria estar em seus braços o mais depressa possível,

Sem o intuito de acabar, sem tempo para terminar,

Uma dor intensa acelerara o seu coração, soltara um gemido sem querer,

Ele a segurara pelos braços, ela tentara se mexer, sem querer se esquivar,

Esforçando-se para provar os seus lábios, erguera-se na ponta dos pés,

 

Lábios entreabertos, pronta para o momento mais esperado: o beijo,

Era como se as mãos dele fossem pétreas removendo-a do chão,

Não haveria chances de se abster, precisava provar seus lábios,

Naquele exato segundo, era o que denunciava sua respiração,

Seus gestos confusos, sua busca por ele todo, alimento para o coração,

Cravara os dedos em seu peito, ele resistia ao beijo, provocava a paixão,

 

Segurara-se nele com força, sentia cada parte dele em seu corpo,

Ele estava dentro dela sem ter feito um único movimento,

Ereto conduzia a situação conforme queria, ela gostava disso,

Mesmo sabendo que parecia uma tola, buscava-o sedenta,

O sorriso na boca dele não desmanchava, ele fugia e a buscava,

Expressão bondosa e calma, parecia ama-la da mesma forma,

 

- Me beije, por favor -, a frase saíra balbuciada em tom de súplica,

Fazendo contato com a boca dele que cedera um pouco,

O calor dela tocou-a embasbacada, um beijo fora entregue sem contato,

Eu a quero, parecia dizer-lhe, mas resistia por algum motivo,

Ela fitara a garota dentro dela, desejando com veemência

Que soubesse o que fazer, que tomasse uma atitude certeira,

 

Seus dedos cravavam-se nele, inúteis e frágeis, ela o chamava,

Não suportava mais a ardência, não aceitava a distância,

Procurara um nome em seus lábios para chamar,

Percebera que não havia pedido a ele para se identificar,

Amor fora o mais adequado, mas, ainda assim ele relutava,

Seu calor bailava sobre a boca dela, em uma dança que não cedia,

 

Descompasso ao seu coração, desajuste da sua emoção,

Soltara o seu peito e agarrara a sua camisa, desejara rasga-la,

Qualquer coisa que o fizesse beijá-la, naquela mesma hora,

Aquele sorriso era certeiro demais para permanecer na boca,

Precisava dissipá-lo, beijá-lo de forma sôfrega e profunda,

Suas tentativas vãs não surtiram o efeito desejado, ele sorria,

 

Ela tentava se debater, lutar contra o desafio de tê-lo tão perto

Sem poder sentir sua boca, mergulhar em seus lábios carnudos,

- Me beije agora -, ela murmurou tentando descontrolá-lo,

Ela podia ver uma veia pulsando em seu pescoço,

Seu sangue ardia, ela respondia, ele se esquivava de novo,

Uma vez mais ela o buscava, dessa vez obteve êxito, sugou os seus lábios.

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