A transição do azul dos seus olhos
para o escuro,
Não passou despercebida,
Um lampejo de inseguro e tudo se
transforma,
Ele viu que eu titubeava a sua
frente,
Insegura quanto ao que dizia para
ele,
Não pensei que meus sentimentos
Tomariam a direção que tomaram,
Não que em algum momento entrei em
erro,
Muito menos posso dizer que
duvidei do que sentia,
Mas confesso que a paixão
ascendeu suas fagulhas,
Tornando-se intensa, digo até
violenta,
Me cobrava situações que eu
desconhecia,
Queriam respostas a perguntas que
eu não tinha feito,
Formulava suas próprias teorias,
E batia o pé alegando que
acreditava nelas,
Se tencionava me deixar insegura
não conseguiu,
Mas, me deixava sem saber que
atitude deveria tomar,
Se a paixão tem como se apagar a
minha não tinha,
Se ascendia feito chama que corre
sobre a palha,
Nada apaga, resta sempre uma
fagulha,
Como se estivesse a percorrer
sobre a pólvora,
Assim eu sou sob o efeito dos carinhos dele sobre
a minha pele ávida,
Conforme ele se aproxima,
Percebo que faz de mim uma
fogueira - a sua fogueira-,
Onde ele se entrega, se deixa queimar a me devorar,
Mas, oh paixão, tão intensa quanto
traiçoeira,
Queria cobrar por dúvidas que
alegava que sentia,
Sabia ela que não tinha motivos ou argumentos válidos,
Quando a indaguei se ela vivia de
sofrimento,
Ela se atentou ao choro do homem
que tanto amo,
E duvidou, então, de si mesma
dizendo:
Por Deus, quando foi que me tornei
fria dessa forma,
A ponto de ficar indiferente a um alguém
que sente tanto?
Algumas lágrimas percorreram meu
rosto devoto,
Até alcançar minhas mãos unidas em
prece,
Um pranto sentido percorreu minha
pele,
Mas não conseguiu diminuir a chama
da paixão em mim,
Apenas apagou a dúvida sem razão
de existir,
A paixão que instaurou a discórdia
não resistiu e a desfez,
Tão forte é o que sinto que não
duvidei de nós única vez.