domingo, 21 de novembro de 2021

Oh, Paixão

 


A transição do azul dos seus olhos para o escuro,

Não passou despercebida,

Um lampejo de inseguro e tudo se transforma,

Ele viu que eu titubeava a sua frente,


Insegura quanto ao que dizia para ele,

Não pensei que meus sentimentos

Tomariam a direção que tomaram,

Não que em algum momento entrei em erro,


Muito menos posso dizer que duvidei do que sentia,

Mas confesso que a paixão ascendeu suas fagulhas,

Tornando-se intensa, digo até violenta,

Me cobrava situações que eu desconhecia,


Queriam respostas a perguntas que eu não tinha feito,

Formulava suas próprias teorias,

E batia o pé alegando que acreditava nelas,

Se tencionava me deixar insegura não conseguiu,


Mas, me deixava sem saber que atitude deveria tomar,

Se a paixão tem como se apagar a minha não tinha,

Se ascendia feito chama que corre sobre a palha,

Nada apaga, resta sempre uma fagulha,


Como se estivesse a percorrer sobre a pólvora,

Assim eu sou sob o efeito dos carinhos dele sobre a minha pele ávida,

Conforme ele se aproxima,

Percebo que faz de mim uma fogueira - a sua fogueira-,


Onde ele se entrega, se deixa queimar a me devorar,

Mas, oh paixão, tão intensa quanto traiçoeira,

Queria cobrar por dúvidas que alegava que sentia,

Sabia ela que não tinha motivos ou argumentos válidos,

Quando a indaguei se ela vivia de sofrimento,


Ela se atentou ao choro do homem que tanto amo,

E duvidou, então, de si mesma dizendo:

Por Deus, quando foi que me tornei fria dessa forma,

A ponto de ficar indiferente a um alguém que sente tanto?


Algumas lágrimas percorreram meu rosto devoto,

Até alcançar minhas mãos unidas em prece,

Um pranto sentido percorreu minha pele,

Mas não conseguiu diminuir a chama da paixão em mim,


Apenas apagou a dúvida sem razão de existir,

A paixão que instaurou a discórdia não resistiu e a desfez,

Tão forte é o que sinto que não duvidei de nós única vez.


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Seu Beijo

Eu te amo, ele sussurrou com voz enfraquecida,

Eu te amo, meu amor, mais ainda!

Ela respondeu com sofreguidão pelo beijo que seguia,

Não era possível distinguir muito do que se dizia,


Tantos eram os beijos e as juras pronunciadas,

Quando o amor se derrama por entre as carícias,

Tudo o mais perde-se em falas macias,

Mesmo um problema deixa de ter o olhar de outrora,


Esses carinhos em que perdem-se um no outro

Duram o bastante por uma vida e mais um pouco,

É coisa que faz-os dizer, por Deus nunca se acaba!

Enquanto para eles nunca é o bastante para demonstrar,


O folego é perdido em alguma das curvas do seu corpo,

O ar foge dos pulmões faz o olhar percorrer atento,

Quando tudo que se vê é o que se ama com toda a alma,

Qualquer ponto que se olhe toma o ar por completo,


Talvez dizer isso desta forma já não seja surpresa,

Pois, não há ponto que não se faça notar,

O amor que conto nestas linhas ninguém há de negar a beleza,

É genuíno e completo como o verbo amar,


Que possui apenas quatro letras e significado perfeito,

Assim é o casal quando se ama e se basta,

A atenção ganha o olhar de maneira delicada,

É sutil o cintilar que faz o beijo estalar e pedir mais,


Um tropeção sobre o chão reto que segue adiante,

Aquele percalço que faz repensar no caminho que se segue,

Apenas para que no próximo instante não pense-se,

Apenas se viva o calor da carícia que percorre a pele,


Nenhum sinal de que tanto amor possa ter fim algum dia,

O que posso garantir com precisão de detalhes,

É que se algum dia eu contemplar seu rosto triste,

Não garanto que atitude eu possa tomar,


O que sei é que nada no mundo ganha este direito:

Roubar o sorriso que encanta o olhar de quem amo;

Enquanto um sorriso brilha em seu rosto bonito

Guardo a certeza de que tudo dará certo,


Mas, ai de mim se seu sorriso perder o brilho,

Acho que não seria mais a mesma,

Ficaria incapaz de seguir o mesmo destino,

Sua felicidade é mais importante para mim


Que minha própria capacidade de falar e sentir,

Se eu sinto, é porque o amo,

Se o amo, só o que quero é vê-lo bem e feliz,

Queria ser capaz de protege-lo de tudo de ruim,


Há sempre algo de que sou vítima

Que acho que ele não mereceria presenciar,

Quiçá Deus eu pudesse poupá-lo de tudo que sei e vejo,

Pudesse cobrir os seus olhos,


Desentender o recado mal intencionado,

Aquele que não duvida do bom homem que é,

Mas, infelizmente demonstra o caráter do outrem.


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Seu Beijo

 


Já vi diversos beijos por aí,

Mas confesso que como esse não imaginei sentir,

Este era feito de sonhos, amor e cede,

Ele me buscava ávido por me conhecer,


Aquilo que eu mostrava na superfície não bastava,

Acreditei por um segundo que reconhecia minha alma,

No segundo após este, esqueci o que pensava,

Gostoso de forma que não se descreve,


Foi o que senti ao acariciar sua pele,

Seus lábios tinham o gosto de sonhos,

Inebriadas nele nem precisei fechar meus olhos,

Via tudo que queria ao meu alcance e disposição,


Bastava abrir meus lábios e tocá-los com sofreguidão,

De outra forma não conseguiria,

Precisava senti-los como quem precisa da vida,

Como aquele que reza por um segundo a mais,


Pela chance única de algo que mais se quer,

Joelhos dobrados, mãos ao alto e unidas uma na outra,

A oração mais pura que sai da boca inocente,

Só mesmo ela para entender o tanto que o quero,


Procurei suas mãos, juntei nossos dedos um no outro,

Não pude conter o sussurro que saiu num murmúrio

No curto espaço que houve entre os nossos beijos,

O sussurro disse: Ah! Acho que buscava seu nome,


Nem bem o iniciava e já se via saciado por ele,

Tentei pronunciar o restante, me via impedida,

Carícias exigentes me cobravam pressa,

Eu não ousaria contestar o que sentia,


Você sabe que não,

Então, seu nome saiu feito uma carícia,

No vapor de amor que tocou sua boca,

Ah, iniciei-o uma vez mais, nova pausa,


Me saciava nele desde a primeira letra,

-Aissam, saiu dos meus lábios sem que pudesse controlar,

Saiu terno com o efeito de uma jura de amor,

Uma promessa de quem só vê uma única pessoa,


De quem sente afeto sem medo do murmúrio incontido,

Por não precisar reprimir nada,

Muito menos haver possibilidade de outro,

Um nome, um gemido, um mantra,


O amuleto que guardo comigo em minha alma,

O nome que chamo, que convido, que amo,

Chamar seu nome tem me saciado o bastante,

Ele não precisa de mim e mesmo assim me busca,


Talvez seja porque ele goste de estar ao meu alcance,

Eu necessito dele mais do que a própria vida,

Me busca, me toca e nunca se afasta,

Me protege como não faria com outro alguém,


Está comigo em cada instante que o sol se põe,

Desconfio que caso deixe de se pôr estará também,

E quando o sol não está, não se afasta nem assim,

É tão puro o amor que o trouxe para mim,


Apertei seus lábios nos meus e mordisquei,

Penetrei minha língua no fundo e resmunguei,

-Aissam, te amo! Repito agora e outra vez,

Quando se ama tanto fica fácil dizer,


A não ser que algo mude no segundo que vem,

O beijo que damos se repete por mais de minutos,

E quando seus lábios se distanciam um pouco,

Gosto de voltar o relógio sempre por cinco minutos,


Um minuto que seja a mais em sua boca,

Nunca será o bastante, mas me renova.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Pesadelo

 


Desta vez, ela foi arrancada do pesadelo,

Por duas mãos que a puxaram para si,

E a abraçaram de encontro ao seu peito,

Ela soluçava um choro sem sentir pranto,


Lágrima alguma por seu rosto,

Mas algumas pareciam estar dentro dela,

Era como se algo a causasse tormento,

Mas, não importava o seu esforço,


Não conseguia definir nada além de um sonho,

Até se ver amparada por dois braços fortes,

Empurrá-lo, como se o quisesse ferir,

Em primeiro ímpeto, algo a incomodava, -ele-,


Era seu primeiro contato, deveria ser o motivo,

Esmurrou contra o seu peito e agora chorava,

Ele sussurrava algo ao seu ouvido – a consolava-,

Entre o sonho e a realidade ela se perdia,


Queria jogar fora tudo de ruim que sentia,

Então, cansou-se de lutar contra ele,

Deixou-se a soluçar recostada ao seu peito,

Apertou sua cintura com força entre os seus dedos,


Queria aranhar, ferir de qualquer jeito,

E um soluço infantil saiu dos seus lábios,

Aquele em que ela sofria até receber carinho,

Parecia que o amor vinha apenas depois do choro,


Primeiro o sofrer depois o consolo,

Era como se estivesse acostumada ao amor que fere,

Então, chegava ele, a cuidar sem causar alvoroço,

Primeiro o tapa da correção depois o carinho,


Mas agora ela sentia amor e não fervia a face,

Nenhum tapa, nem uma palavra contra ela,

Nem mesmo uma discussão sobre coisa qualquer,

Conhecia o amor que cuida e que protege,


Mas que não busca corrigir através da dor,

Então, via-se amar tanto quanto antes,

Mas de um modo diferente e sobres-saltante,

Ele ficava parado a sua frente a ouvindo,


Ela desconsolada já não sabia o que dizer,

Então, ele pega a sua mão e a segura entre a sua,

És tão forte e mais grande –a abriga nele-,

Agora apenas um pesadelo é capaz de ferir-lhe,


Isso, se ele a permitir pois dorme ao seu lado,

Duas mãos a perseguem dentro dela,

Do lado de fora duas a seguram protegida,

Ele cometeu um erro precisava ser punida,


Havia uma necessidade por dor que a chamava,

Ferir e ser ferida, assim é que amava,

Como agora poderia amar de outra forma?

Foi apresentada a este amor ainda pequena,


Uma mão espalmada vinha a ensiná-la,

Agora ela vinha para abraça-la, calada,

Pegava-a pela cintura e a puxava para ela,

Cautelosa e sem dizer nada,


As de outrora eram, talvez, mais certeiras?

Eram enérgicas e por vezes, traiçoeiras,

Pesavam de encontro aos seus erros,

Gostavam de aponta-los para então corrigi-los,


Estas perdoam os que não foram feitos ou merecidos,

- Oh doce sempre- ela se viu dizendo-,

Vigiai e cuidai-me queridos carinhos,

Que em ti vejo sempre ao meus dispor,


Para que eu lhes seja digna de todo o amor,

E ainda me veja resguardada em suas promessas,

Sou sua e assim quero que sempre seja,

Meu amor, abandono o amor que fere pelo que cura,

De tudo isso, meu amor, a culpa é minha.


terça-feira, 16 de novembro de 2021

Boca Manchada

 


Sem aviso, quase como um choque,

Pode-se dizer que o que se descobriu

Foi de todo inesperado,

Um rubor intenso e triste subiu a face,


Era o pior que se descobriria sobre ela,

Quando era perfeita parecia nem respirar,

Sempre com seu semblante intenso,

Sorria por nada, fazia sorrir por tudo,


Nunca foi o que se chamasse perfeita,

Mas havia algo a se admirar em tudo que fazia,

Mas, agora suas mãos estavam sedentas,

As carícias que já foram tão intensas fugiam,


Sim, suas mãos estavam abertas,

Mas não, não desejavam entregarem-se por nada,

Podiam tocar seu rosto ainda, podiam,

Mas não o fez, permaneceram como estavam,


Ali onde já esteve a dela protegidas,

Desejavam até desabrigar entristecidas,

Se dedos choram, aqueles sofriam a distância,

A distância de poucos passos que não existiam,


Mas que foram colocados entre eles a separá-los,

Se seus lábios se estendessem um pouco,

A beijariam feito loucos, sedentos e apaixonados,

Mas, não queriam tocá-la,


Não mais um gesto como este seria feito,

Existem atitudes que não podem ser desfeitas,

Então, as mãos continuaram abertas

E a boca distante e fechada como estava outrora,


Se existe um momento em que palavras são desnecessárias,

Pode ser que exista a pessoa para quem o seja,

E que não importa a hora ou lugar, sempre o seja,

Mas dizem que o todo não se julga por partes,


Não se joga fora o último beijo porque o batom chega borrado,

Não se recusa a desculpa quando se há uma,

Não havia a chama a acender o amor e mantê-lo vivo,

Mas não é por um único erro que se põe fora o amor inteiro,


O olhar dela também está borrado e agora incerto,

Parecia procurar algo, insatisfeito com o que via,

Ela se aproxima, procura por um beijo,

Eu me esquivo, não aceito a visão que tenho,


Algo no perfume dela chega a cheirar diferente,

Aquele ar que a cerca conta mais do que se vê,

Quando preciso de um beijo dela mais que nunca,

É justamente quando me esquivo, quando o rejeito,


Eu confesso que tento segurar o fôlego,

Não quero entregar tudo o que sinto,

Meninas de papel não erram e também não existem,

Se esperei demais, agora sofria a distância,


Eu poderia fechar minha mão sem a dela,

Poderia beijar ela como se não houvesse nada,

Havia um vermelho na boca dela que a manchava,

Seus lábios inchados estavam arredios,


Pensei que deveria fazer algo rápido,

Mas por mais que insistisse a distância me consumia,

Meu coração tentava bater mas tudo era estranho,

Confesso que não esperava vê-la da forma que via,


Não estava preparado para tanto,

Tentei um movimento mais tudo era metódico,

Com outro gesto medido eu chegaria até ela,

E a queria, como antes, mas nunca tão pouco como agora,


Eu poderia manchar minha boca como a dela,

Mas não é do meu caráter certas atitudes,

Chorar, com certeza mudaria seu aspecto,

Não sabia ao certo se era isso que ela queria,


E se queria, se merecia qualquer lágrima minha,

Um beijo borrado sobre os lábios dela,

Nenhum sobre os meus, nem mesmo os nossos,

Ela tenta mais uma vez, eu tremo, mas me esquivo.


segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Seu Rosto


Ele pegou sua mão com força

O bastante para chamar sua atenção,

Insuficiente para que pudesse intender,

O que dizia aquele pulsar acelerado do coração,


-Segui comigo e não precisará de outro abraço,

Será mais fácil para nós dois,

Aceita este coração que se derrama em amor;

Enquanto ele falava, suas mãos tremiam,


Mas seus sonhos se desfaziam na névoa,

O frio que fazia ali fora era denso demais,

Parecia penetrar nela e não deixar nada entrar,

Todos os sonhos outrora sonhados não importavam,


Era como se suas promessas estivessem a evaporar,

Ele abriu sua mão como se as visse no ar,

Não tateou pelo seu redor, mas entrelaçou os dedos,

Tornando a fecha-los sobre os dela,


Acreditou que no espaço entre suas mãos ele os segurava,

Talvez não todos, mas o bastante para mantê-los,

Ela sentiu que o aperto de mão soava diferente,

Quis mudar a direção como se se opusesse a ele,


Mas não disse nada, calou-se como se não tivesse o que falar,

Não agia como se assentisse, porém, não formulava nada,

Já vi várias vezes casais viverem a esmo,

Pensava ela quase num segredo,


Mas nunca um homem que se esforçasse tanto!

Quanto mais ela queria fugir dali,

Mais ele pedia que ficasse e ouvisse o que dizia,

Ela fechava os olhos com força,


Não havia lágrimas nela ou outra coisa,

Havia uma angústia desmedida que sufocava,

Mas ela não queria que saísse dela,

Temia dar vida a ela e não controlar mais nada,


Temia abrir os olhos e ter força o bastante para correr,

Fugir por entre a névoa até não ser vista por ninguém,

Queria correr daquele lugar,

Deixar tudo para trás, e esse tudo incluía ele,


Não incluía? Queria deixar ele plantado naquele instante,

Como se não tivesse nada mais a fazer,

Por que perto dela ele nunca tinha,

Quando começava a se declarar, quase a convencia...


Então, os lábios dela tremeram incontidos,

Formulavam uma frase e ela seria dita,

Mas antes que dissesse um beijo se fez sobre eles,

Mordiscado sobre a boca dela,


Como se sugasse cada palavra e entendesse,

Ela ousou abrir os olhos, ali mesmo,

Em meio ao beijo, e o que viu a fez feliz,

Fez com que sua angústia evaporasse no ar,


Fugisse dali para algum outro lugar,

Primeiro a angústia, depois a vontade de ir embora,

Um murmúrio de amor rompeu a névoa,

Uma carícia tocou seu rosto por inteiro,


Ela levantou seu braço e o puxou para si,

Não queria proximidade, mas não suportava a distância,

Perguntava-se, porque demorou tanto,

Então intendia: o amava, sem importar o mais,


Não havia mais nada ao redor deles,

Tudo se perdia na névoa, menos sua face,

Ela estava ali na sua carícia, a sua frente,

Recostava-se na sua, tremula e insistente.


 

domingo, 14 de novembro de 2021

Um Adeus Não Esquecido

 


Seu coração aceitou a explicação tranquilo,

Sua alma apenas disse que não iria reclamar,

Porém, a saudade, esta pareceu nem dar ouvidos,

Não importava o que a razão dizia,


Não lhe dava credibilidade ou vazão de existir,

Pudesse alguém anular por completo suas palavras,

Esta era a saudade com relação ao seu sentir,

Dizia amar e amar sem medidas,


Jurava nunca esquecer e ninguém lhe contestava,

Ora, saudade bem vejo que se chateias,

Apenas gostaria de saber o por quê?

Insiste o coração compadecido por ela,


Ela chora e bate o pé, não diz nada ou quer dizer,

Por um breve segundo a alma pede esclarecimento,

Posiciona-se ao seu modo, assume expressão pensativa,

A razão diz simplesmente, ora ele entrou no carro...


O coração parece até rir da resposta,

-Sim, mas e porque isto significar tanto?

A saudade sorri aliviada, sente estar ganhando espaço,

Então, para ele também não era o bastante a partida?


Mas, a razão não se mobiliza por pouca coisa,

-Pra mim me basta ele ter partido e ido embora,

Para amar precisa-se de uma vida,

Mas para decidir ir embora para ele precisou apenas uma briga,


-Ora, mas não seja tola,

Tentava argumentar a alma ainda tristonha,

Tão fácil esquecer quem não se gosta,

Porque teve ele, o coração, se apaixonar justo agora?


A saudade ficava atenta, mas calava-se inquieta,

O coração pulsou acelerado, um tanto mais forte,

Falar de quem se ama sempre o mobiliza,

Há quem jure que a lágrima que borrou a maquiagem


Foi ele próprio que a fez correr desesperada,

A saudade quanto a isso não discutiu nem pensou muito,

Era o bastante o adeus que se fez tempestuoso,

- Vamos em frente alma, você age sempre tão calma!


Se convenço você a seguir adiante

Para ganhar o coração é apenas um passo,

A saudade levantou seu olhar cabisbaixo,

-Não pensem que os seguirei, quando eu amo,


Amo mesmo – disse ela num tom mais alto,

Ora, mas sejam sensatos será mais fácil para todos!

A razão, sempre ela insistente em seguir adiante,

Mas não bastava isso, ela odiava na menina, o sofrer,


Queria que ela superasse, e que não voltasse atrás,

Alegava que seu amor por ter ido embora,

Não merecia benefício de dúvida ou chances de retorno,

Restava apenas o adeus e se apegava a isso,


Enquanto ela falava, o coração tremulava,

A alma de desfazia em névoa de lágrimas,

A saudade receosa ficava a espreita um pouco mais atrás,

Sempre que a razão dava um passo, se colocava no seu encalço,


Parece que a razão queria ver o amor evaporar,

Como se cada beijo dado pudesse virar neblina,

Mas que ao invés de ofuscar a visão da menina,

Simplesmente sumisse no ar até não restar nada,


Mas quem perdia toda a briga que começava era ela mesma,

Então, cansado o coração suspirou um pouco mais alto,

A alma conteve o gemido de angústia e dor,

E a saudade decidiu pegar a mão da razão e apertar seus dedos,


Decidiu ela que seguiriam juntas o caminho da menina,

-Já vi várias vezes uma pessoa sofrer por amor,

Disse a saudade um tanto pálida e tristonha,

-Será que como surjo do nada no olhar dela também irei sumir?


-Acho que o que se vive uma vez fica para sempre, é assim?

Continuou a razão em resposta a ela,

-Não irá desaparecer saudade, mas me permita assumir o destino dela!

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...