Seu coração aceitou a explicação tranquilo,
Sua alma apenas disse que não iria reclamar,
Porém, a saudade, esta pareceu nem dar ouvidos,
Não importava o que a razão dizia,
Não lhe dava credibilidade ou vazão de existir,
Pudesse alguém anular por completo suas palavras,
Esta era a saudade com relação ao seu sentir,
Dizia amar e amar sem medidas,
Jurava nunca esquecer e ninguém lhe contestava,
Ora, saudade bem vejo que se chateias,
Apenas gostaria de saber o por quê?
Insiste o coração compadecido por ela,
Ela chora e bate o pé, não diz nada ou quer dizer,
Por um breve segundo a alma pede esclarecimento,
Posiciona-se ao seu modo, assume expressão pensativa,
A razão diz simplesmente, ora ele entrou no carro...
O coração parece até rir da resposta,
-Sim, mas e porque isto significar tanto?
A saudade sorri aliviada, sente estar ganhando espaço,
Então, para ele também não era o bastante a partida?
Mas, a razão não se mobiliza por pouca coisa,
-Pra mim me basta ele ter partido e ido embora,
Para amar precisa-se de uma vida,
Mas para decidir ir embora para ele precisou apenas uma
briga,
-Ora, mas não seja tola,
Tentava argumentar a alma ainda tristonha,
Tão fácil esquecer quem não se gosta,
Porque teve ele, o coração, se apaixonar justo agora?
A saudade ficava atenta, mas calava-se inquieta,
O coração pulsou acelerado, um tanto mais forte,
Falar de quem se ama sempre o mobiliza,
Há quem jure que a lágrima que borrou a maquiagem
Foi ele próprio que a fez correr desesperada,
A saudade quanto a isso não discutiu nem pensou muito,
Era o bastante o adeus que se fez tempestuoso,
- Vamos em frente alma, você age sempre tão calma!
Se convenço você a seguir adiante
Para ganhar o coração é apenas um passo,
A saudade levantou seu olhar cabisbaixo,
-Não pensem que os seguirei, quando eu amo,
Amo mesmo – disse ela num tom mais alto,
Ora, mas sejam sensatos será mais fácil para todos!
A razão, sempre ela insistente em seguir adiante,
Mas não bastava isso, ela odiava na menina, o sofrer,
Queria que ela superasse, e que não voltasse atrás,
Alegava que seu amor por ter ido embora,
Não merecia benefício de dúvida ou chances de retorno,
Restava apenas o adeus e se apegava a isso,
Enquanto ela falava, o coração tremulava,
A alma de desfazia em névoa de lágrimas,
A saudade receosa ficava a espreita um pouco mais atrás,
Sempre que a razão dava um passo, se colocava no seu encalço,
Parece que a razão queria ver o amor evaporar,
Como se cada beijo dado pudesse virar neblina,
Mas que ao invés de ofuscar a visão da menina,
Simplesmente sumisse no ar até não restar nada,
Mas quem perdia toda a briga que começava era ela mesma,
Então, cansado o coração suspirou um pouco mais alto,
A alma conteve o gemido de angústia e dor,
E a saudade decidiu pegar a mão da razão e apertar seus
dedos,
Decidiu ela que seguiriam juntas o caminho da menina,
-Já vi várias vezes uma pessoa sofrer por amor,
Disse a saudade um tanto pálida e tristonha,
-Será que como surjo do nada no olhar dela também irei sumir?
-Acho que o que se vive uma vez fica para sempre, é assim?
Continuou a razão em resposta a ela,
-Não irá desaparecer saudade, mas me permita assumir o destino dela!
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