Desta vez, ela foi arrancada do pesadelo,
Por duas mãos que a puxaram para si,
E a abraçaram de encontro ao seu peito,
Ela soluçava um choro sem sentir pranto,
Lágrima alguma por seu rosto,
Mas algumas pareciam estar dentro dela,
Era como se algo a causasse tormento,
Mas, não importava o seu esforço,
Não conseguia definir nada além de um sonho,
Até se ver amparada por dois braços fortes,
Empurrá-lo, como se o quisesse ferir,
Em primeiro ímpeto, algo a incomodava, -ele-,
Era seu primeiro contato, deveria ser o motivo,
Esmurrou contra o seu peito e agora chorava,
Ele sussurrava algo ao seu ouvido – a consolava-,
Entre o sonho e a realidade ela se perdia,
Queria jogar fora tudo de ruim que sentia,
Então, cansou-se de lutar contra ele,
Deixou-se a soluçar recostada ao seu peito,
Apertou sua cintura com força entre os seus dedos,
Queria aranhar, ferir de qualquer jeito,
E um soluço infantil saiu dos seus lábios,
Aquele em que ela sofria até receber carinho,
Parecia que o amor vinha apenas depois do choro,
Primeiro o sofrer depois o consolo,
Era como se estivesse acostumada ao amor que fere,
Então, chegava ele, a cuidar sem causar alvoroço,
Primeiro o tapa da correção depois o carinho,
Mas agora ela sentia amor e não fervia a face,
Nenhum tapa, nem uma palavra contra ela,
Nem mesmo uma discussão sobre coisa qualquer,
Conhecia o amor que cuida e que protege,
Mas que não busca corrigir através da dor,
Então, via-se amar tanto quanto antes,
Mas de um modo diferente e sobres-saltante,
Ele ficava parado a sua frente a ouvindo,
Ela desconsolada já não sabia o que dizer,
Então, ele pega a sua mão e a segura entre a sua,
És tão forte e mais grande –a abriga nele-,
Agora apenas um pesadelo é capaz de ferir-lhe,
Isso, se ele a permitir pois dorme ao seu lado,
Duas mãos a perseguem dentro dela,
Do lado de fora duas a seguram protegida,
Ele cometeu um erro precisava ser punida,
Havia uma necessidade por dor que a chamava,
Ferir e ser ferida, assim é que amava,
Como agora poderia amar de outra forma?
Foi apresentada a este amor ainda pequena,
Uma mão espalmada vinha a ensiná-la,
Agora ela vinha para abraça-la, calada,
Pegava-a pela cintura e a puxava para ela,
Cautelosa e sem dizer nada,
As de outrora eram, talvez, mais certeiras?
Eram enérgicas e por vezes, traiçoeiras,
Pesavam de encontro aos seus erros,
Gostavam de aponta-los para então corrigi-los,
Estas perdoam os que não foram feitos ou merecidos,
- Oh doce sempre- ela se viu dizendo-,
Vigiai e cuidai-me queridos carinhos,
Que em ti vejo sempre ao meus dispor,
Para que eu lhes seja digna de todo o amor,
E ainda me veja resguardada em suas promessas,
Sou sua e assim quero que sempre seja,
Meu amor, abandono o amor que fere pelo que cura,
De tudo isso, meu amor, a culpa é minha.
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