quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Pesadelo

 


Desta vez, ela foi arrancada do pesadelo,

Por duas mãos que a puxaram para si,

E a abraçaram de encontro ao seu peito,

Ela soluçava um choro sem sentir pranto,


Lágrima alguma por seu rosto,

Mas algumas pareciam estar dentro dela,

Era como se algo a causasse tormento,

Mas, não importava o seu esforço,


Não conseguia definir nada além de um sonho,

Até se ver amparada por dois braços fortes,

Empurrá-lo, como se o quisesse ferir,

Em primeiro ímpeto, algo a incomodava, -ele-,


Era seu primeiro contato, deveria ser o motivo,

Esmurrou contra o seu peito e agora chorava,

Ele sussurrava algo ao seu ouvido – a consolava-,

Entre o sonho e a realidade ela se perdia,


Queria jogar fora tudo de ruim que sentia,

Então, cansou-se de lutar contra ele,

Deixou-se a soluçar recostada ao seu peito,

Apertou sua cintura com força entre os seus dedos,


Queria aranhar, ferir de qualquer jeito,

E um soluço infantil saiu dos seus lábios,

Aquele em que ela sofria até receber carinho,

Parecia que o amor vinha apenas depois do choro,


Primeiro o sofrer depois o consolo,

Era como se estivesse acostumada ao amor que fere,

Então, chegava ele, a cuidar sem causar alvoroço,

Primeiro o tapa da correção depois o carinho,


Mas agora ela sentia amor e não fervia a face,

Nenhum tapa, nem uma palavra contra ela,

Nem mesmo uma discussão sobre coisa qualquer,

Conhecia o amor que cuida e que protege,


Mas que não busca corrigir através da dor,

Então, via-se amar tanto quanto antes,

Mas de um modo diferente e sobres-saltante,

Ele ficava parado a sua frente a ouvindo,


Ela desconsolada já não sabia o que dizer,

Então, ele pega a sua mão e a segura entre a sua,

És tão forte e mais grande –a abriga nele-,

Agora apenas um pesadelo é capaz de ferir-lhe,


Isso, se ele a permitir pois dorme ao seu lado,

Duas mãos a perseguem dentro dela,

Do lado de fora duas a seguram protegida,

Ele cometeu um erro precisava ser punida,


Havia uma necessidade por dor que a chamava,

Ferir e ser ferida, assim é que amava,

Como agora poderia amar de outra forma?

Foi apresentada a este amor ainda pequena,


Uma mão espalmada vinha a ensiná-la,

Agora ela vinha para abraça-la, calada,

Pegava-a pela cintura e a puxava para ela,

Cautelosa e sem dizer nada,


As de outrora eram, talvez, mais certeiras?

Eram enérgicas e por vezes, traiçoeiras,

Pesavam de encontro aos seus erros,

Gostavam de aponta-los para então corrigi-los,


Estas perdoam os que não foram feitos ou merecidos,

- Oh doce sempre- ela se viu dizendo-,

Vigiai e cuidai-me queridos carinhos,

Que em ti vejo sempre ao meus dispor,


Para que eu lhes seja digna de todo o amor,

E ainda me veja resguardada em suas promessas,

Sou sua e assim quero que sempre seja,

Meu amor, abandono o amor que fere pelo que cura,

De tudo isso, meu amor, a culpa é minha.


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