Ele pegou sua mão com força
O bastante para chamar sua
atenção,
Insuficiente para que pudesse
intender,
O que dizia aquele pulsar
acelerado do coração,
-Segui comigo e não precisará de
outro abraço,
Será mais fácil para nós dois,
Aceita este coração que se derrama
em amor;
Enquanto ele falava, suas mãos
tremiam,
Mas seus sonhos se desfaziam na
névoa,
O frio que fazia ali fora era
denso demais,
Parecia penetrar nela e não deixar
nada entrar,
Todos os sonhos outrora sonhados
não importavam,
Era como se suas promessas
estivessem a evaporar,
Ele abriu sua mão como se as visse
no ar,
Não tateou pelo seu redor, mas
entrelaçou os dedos,
Tornando a fecha-los sobre os
dela,
Acreditou que no espaço entre suas
mãos ele os segurava,
Talvez não todos, mas o bastante
para mantê-los,
Ela sentiu que o aperto de mão
soava diferente,
Quis mudar a direção como se se
opusesse a ele,
Mas não disse nada, calou-se como
se não tivesse o que falar,
Não agia como se assentisse,
porém, não formulava nada,
Já vi várias vezes casais viverem
a esmo,
Pensava ela quase num segredo,
Mas nunca um homem que se
esforçasse tanto!
Quanto mais ela queria fugir dali,
Mais ele pedia que ficasse e
ouvisse o que dizia,
Ela fechava os olhos com força,
Não havia lágrimas nela ou outra
coisa,
Havia uma angústia desmedida que
sufocava,
Mas ela não queria que saísse dela,
Temia dar vida a ela e não
controlar mais nada,
Temia abrir os olhos e ter força o
bastante para correr,
Fugir por entre a névoa até não
ser vista por ninguém,
Queria correr daquele lugar,
Deixar tudo para trás, e esse tudo
incluía ele,
Não incluía? Queria deixar ele
plantado naquele instante,
Como se não tivesse nada mais a
fazer,
Por que perto dela ele nunca
tinha,
Quando começava a se declarar,
quase a convencia...
Então, os lábios dela tremeram
incontidos,
Formulavam uma frase e ela seria
dita,
Mas antes que dissesse um beijo se
fez sobre eles,
Mordiscado sobre a boca dela,
Como se sugasse cada palavra e
entendesse,
Ela ousou abrir os olhos, ali
mesmo,
Em meio ao beijo, e o que viu a
fez feliz,
Fez com que sua angústia
evaporasse no ar,
Fugisse dali para algum outro
lugar,
Primeiro a angústia, depois a
vontade de ir embora,
Um murmúrio de amor rompeu a
névoa,
Uma carícia tocou seu rosto por
inteiro,
Ela levantou seu braço e o puxou
para si,
Não queria proximidade, mas não
suportava a distância,
Perguntava-se, porque demorou
tanto,
Então intendia: o amava, sem
importar o mais,
Não havia mais nada ao redor
deles,
Tudo se perdia na névoa, menos sua
face,
Ela estava ali na sua carícia, a
sua frente,
Recostava-se na sua, tremula e insistente.
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