quarta-feira, 5 de julho de 2023

A Distância

-Teremos que dormir separados.

Faz uma oração por mim,

Estarei aqui aos pedaços,

Você sabe da minha dificuldade para dormir.


Sem você, simplesmente, não consigo.

Nem sorrir posso,

Acho que você sente pelo ouvir.

Sabe-se lá que estranho habitante é o amor.


Nos lábios os beijos nunca são suficientes,

Nada passa que não faça lembrar,

Ah, saudade – saudade,

Palavra que se gosta de pronunciar,


Até senti-la, acredite.

Eu mesma, neste instante – odeio-a.

Dezembro chegou com suas águas calmas,

Eu poderia fugir para um rio e nadar,


Poderia procurar meu abrigo em outra coisa,

Mas fui assim por uma vida,

E agora provei do seu abraço,

Não consigo fugir do que senti nele,


As mãos da noite gostam de investigar,

São pálidas e calmas feito a lua,

Um vislumbre e lá está ela,

Não há como esconder nada.


Nem o que sinto,

Eu já desistir da parte fuga,

Quero me entregar ao que sinto,

Apenas isso – amar.


Pedágio as estrelas,

Os sonhos contados.

A sombra que passa sobre elas,

Não são nuvens, não, nada disso.


São nossos medos subindo para longe,

Obscuridade longe da alma,

Aumenta a vontade de estar perto,

Eu me vejo chama-lo com intimidade,


Como se houvesse algo de pertencimento,

Tudo isso do aconchego de um abraço,

Em outros eu nunca consegui ver tanto,

Eu deveria parar de procurar iluminar estrelas,


Este ato de esperar até que o céu fique limpo,

E que elas ressurjam com a mesma intensidade,

Isso já não soa tão bem quando se está sozinha.

Há muitas coisas que habitam o desconhecido,


E agora mais que nunca eu gosto delas,

Quanto mais sinto a falta em meus lábios,

Mais gosto e quero este sabor – seus beijos.

No mistério dos seus olhos há uma vaga,


Feito este hotel onde você dorme agora,

Ao meu lado há o seu espaço na cama,

Você me faz dormir tão bem,

-Você é melhor que estas estrelas distantes.


Me vejo falar em voz alta ao telefone.

Lá ele falava sobre outras coisas

E eu apenas contemplava a noite,

O implacável amor é de todo inquietante,


Gosto tórrido, profundo e saboroso,

Posto em meus lábios por um homem,

Retirado dali apenas por Deus,

Quando um infinito se abre,


Não há conclusão mais nítida e formidável.

Me vejo muda diante da janela,

Em pé, fixa, ereta e sonhadora,

Para um homem pareço apaixonada,


Para um menino teria cunho sexual – eu acho,

O homem talvez se aprofunde até minha alma,

O menino não mais que o superficial – mas definitivo,

Disso tudo eu não compreendo muito.


As atrações lá do alto são inquietantes,

As vezes tão juntas outras vezes dispersas – nomeadas,

Talvez até enumeradas,

Mesmo elas lá no céu não estão imunes,


Foram vistas por um homem – identificadas.

Elas queriam isso – acredito que sim,

Mas não podem tocá-lo,

Se entregar como eu posso, enfim.


Me vejo dar o passo que falta,

Embora o medo me fale sobre recuar,

-Reze por mim por estar distante,

Vai ser difícil resistir a esta noite.


Ainda me vi dizer,

Após isso imaginei um beijo,

Um acariciar em seu rosto,

E rezei para Deus para conseguir fechar os olhos.


 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Roseira e Uma Moça

 

Ele insulta qualquer sentimento

Quando diz que é imune,

Ou nega o próprio poder para conquista- o lindo,

Sim, perfeitamente atraente.


Uma boca é um beijo que você busca,

Penetra, entrelaça e segura – mantém,

Ninguém beija e sai correndo,

Ou beija um pouco e desiste.


Beijar é devotar sentimento e tempo.

Se tivesse sido comigo,

Ah, aquele beijo dele jamais seria o mesmo.

-Como eu o beijaria?


Cheguei nele,

Logo após dizer isto,

Tão próxima até tocá-lo,

Entrelacei meus dedos por sua nuca


E o puxei para mim,

-Sim, eu quis e quero segurá-lo.

Eu o disse com sua testa colada a minha,

Com meus lábios muito perto,


Então estiquei-os e toquei nos dele,

Por muito, muito tempo.

Queria morrer ali mesmo.

Queria que o mundo se extinguisse,


Que se eu não o tivesse que então fosse o fim.

Há sempre algo de errante num coração acorrentado.

Dizer que eu desistiria dele,

Não, ninguém é capaz disso depois de sua boca.


Pode-se imaginar o quanto delineei seus contornos,

Suguei sua língua,

Entrelacei nele até minhas expectativas.

Lá de cima,


Diria no início da cidade,

Você lança o seu olhar,

E vê a roseira mesmo de longe,

Vermelha, viva e fascinante.


Os muros, calçada e construções de pedra,

Veem-se ofuscados por ela,

Apenas ela brilha na cidade cheia,

Um verde em meio ao nada,


Inesperado e perfeito.

Chama a atenção pelo mero existir,

Feito uma voz nítida ao coração,

Se a roseira falasse seria ouvida,


De onde se posicionar ela é vista,

O que ela diz ou pensa,

Se fosse uma pessoa,

Sei lá, desculpa, eu não sei dizer,


-Aliás, por favor,

Você que me olha.

Ela esbarra e o pega pelo braço,

-Pode me dizer o que você é capaz de ver?


No visível há linhas obscuras,

Que feito portas ficam entreabertas,

Há sempre um ponto em que se chega,

Estagna-se nele então se reflete,


O vasto do mistério é consumido rapidamente,

-Eu penso que não sou uma rosa.

Eu o disse, quase num sussurro e fui embora.

Havia existido beijos que foram provados,


Quase tomados a força,

Sonhos que foram entregues,

Quase ganharam esperança,

Ninguém que passa pela roseira resiste a ela,


Ou passa por mim sem tirar alguma coisa,

-Gostaria de saber o motivo da procura.

O que há em mim para significar tanta busca.

Dezembro tomou emprestado as frutas,


Jogou para outono a estação das flores,

Mesmo assim ninguém reclama ou desdenha,

Não há nisso estranheza.

Meia-noite e faz-se lua.


Linda flor com seus odores.

Todas as belas mãos da noite buscam-na.

Todos os estranhos passantes notam-na.


domingo, 2 de julho de 2023

Beijo sem Pressão


Silêncio profundo.

Aquele beijo se expandia até o infinito,

E se calava com o segredo de um sepulcro.

Nada interrompia-o,


Nossos desejos se acomodaram,

As ânsias davam-se por satisfeita.

Entregamo-nos.

No ar,


A iminência de apaixonar-me,

Não pensei em absolutamente nada,

Apenas provei-o em cada detalhe,

O rapaz que eu beijava não percebia,


Mas nossos corpos estavam estremecidos,

Eu não pensei se alguém mais nos via,

Apenas quis ficar ali colada ao seu peito,

Seus braços continham a paz que eu queria,


E seus lábios profundos e macios

Pareciam entender bem sobre isso.

Fomos diminuindo gradativamente a intensidade,

De devagar fomos para ainda mais lento,


Talvez, alguém tenha pensado em parar o beijo,

Contudo, pareceu que não pudemos,

Havia algo mais forte,

Mais intenso que coisas corriqueiras,


Aquele agir de praxe,

De alguma forma,

Soava diferente,

Não diria sobre sonhos no horizonte,


Não haviam promessas,

Nem o medo de que alguém pudesse descumpri-las,

Ou julgar.

Seu rosto em minhas mãos,


Cada lado dele se assemelhava a estrelas,

Foi bonito ter o céu entre meus carinhos,

Roçar minha pele,

Sentir sua textura,


Soltar um suspiro,

Fosse a noite o céu teria estremecido,

Cada vez mais nossos corpos se buscavam,

Era como um fundir sem querer,


Uma busca sagrada e específica,

Sem carinhos fora do lugar,

Desespero,

Vontade louca de tirar a roupa,


Era apenas aproveitamento,

E tudo muito no lugar exato,

Cada momento de busca e encontro,

Até o roçar da minha unha nele,


Macio, reconhecedor e perfeito.

Mesmo quando retirei a mão dali,

E suavemente repousei em seu bolso,

Guardei meus dedos dentro dele,


Rocei sobre sua perna quente e forte,

Parecia haver um lugar para mim com ele,

Mas não dei asas a este pensamento.

Me afastei de súbito, quase,


Sorri,

Não dei aquele último selinho de enceramento,

Baixei o olhar por medo do assombro

Que minha atitude poderia causa-lo,

Dei um passo para trás,


E saí para longe,

Sem um tchau ou palavras,

Algo em mim sabia que ele entendia,

E desde o início tinha por isso o fim.


sábado, 1 de julho de 2023

Saudade

A provação, 

Sim, uma hora marca o relógio, 

Ele partiu para outra direção, 

Não, não estou em desespero, 


Mas experimento da saudade muito cedo, 

Ah, me dessem as horas mais tempo, 

Este coração me permitisse outro sentimento, 

Mas marca uma hora e sinto medo, 


Temo perde-lo, 

Insegurança é um sentimento chato, 

Falta de segurança ou de sentimento? 

Me indago. 


Agora penso que deveria indaga-lo, 

Mas, no amor não há cobranças, 

Preciso apenas amá-lo 

E aguardar, porque amor se conquista´ 


É assim que é, 

O amor vem, 

Ele simplesmente dá as caras, 

Amor não precisa de avisos ou chantagens, 


Nem ao menos de posições geográficas, 

Mas me preocupo: 

“Será que ele chegou bem em casa?” 

Não, não ligo, 


Isto não me soa a preocupação, 

É certo não faço o tipo territorialista

Mas ele não me conhece tanto, 

Ou conhece, 


“De quê mesmo conversamos?” 

Agora penso que deveria ter dado mais atenção a ele, 

A saudade pode, as vezes, criar, 

Lá no fundo da alma, 


Um quê de ansiedade, 

Ou devo definir a isto possessividade? 

“Desta forma parece que vou querer morar com ele”, 

Não, isto não é nada adequado, 


Afinal é tão cedo... 

“A quanto tempo estamos juntos mesmo?” 

Uma pequena balança ampulha as horas, 

Conto o tempo em que ele foi embora, 


E tão pouco os em que esteve comigo, 

“Não sei em que dia nos conhecemos”. 

Admito! 

Sinto-me inocente de pressões, 

Aceito que o estar longe faz parte agora, 


Não argumento sobre a distância que nos separa, 

“Por Deus, chega a parecer que quero estar sobre ele”. 

Com meus olhos sobre ele, me refiro. 

De outra forma, 


Oh, como gosto do tempo em que passa comigo! 

“O irrepreensível não se repreende”. 

Parece até que quero um amor cheio de regras, 

“Não ligue antes, 


Não demonstre tanto entusiasmo, 

Se livre da ansiedade, 

Não, por favor, evite os planos”.

Bem, agora já faz uma hora e dez minutos, 


Creio que é tempo o bastante para não se encaixar no antes 

Anteriormente definido, 

Já me sinto calma de todo o desconforto 

Que me é aplicado na veia 


Feito uma injeção de adrenalina 

Ante ao efeito de vê-lo partir, 

Tudo metódico, 

Não há como não ficar tudo perfeito, 

Plano nenhum, 


Apenas desenrolar de um beijo. 

Ansiedade zero e digito seu número, 

Não me importo se ele demorar a atender, 

Ou atendendo demonstre cansaço, 


Também, caso ele não atenda eu compreendo... 

Não estabeleço um roteiro para ele... 

É assim que é. 

Comedido, 


Ouço o telefone chama-lo despreocupado, 

Sorrio com certo alívio, 

É quase como se eu fugisse do destino. 

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Um Anjo

Um persistente vento norte soprava forte, 

Anunciava a mudança nos alicerces, 

Avistava-se a tempestade, 

Sabe-se, 


O tempo passa e nem sempre resiste a saudade, 

Erramos ao dizer que a noite cai, 

Ou que as estrelas fogem, 

Porque estrelas não brilham mais ou menos, 

Elas simplesmente existem, 


Assim como o beijo, 

Mais intenso ou menos, 

Porém, permanente. 

Deveríamos dizer que a noite sobe, 

Então coisas se fundem e outras se dilaceram, 


Vem do alicerce a obscuridade... 

Eu fixo meus pés no chão, 

Sei que meu amor seria capaz de aguentar, 

Mas vejo ele se aproximando ao longe, 

Temo e penso que o dele não. 


Os efeitos luminosos do crepúsculo 

Recortam as partes como em moldes, 

Parece que querem, de alguma forma – registrá-lo, 

Penso se ele tem medo de ser esquecido, 

Nesta hora não penso se eu tenho. 


Contornos de suas roupas ficavam nítidos, 

Eu sentia como se pudesse absorvê-lo, 

Ele tinha bom gosto e: como é belo! 

Distinguir o efeito do horizonte ao dele, 

Realmente se tornava difícil, 

Ele faz o tipo que se assemelha aos sonhos, 

Parece mais parte integrante deles. 


Eu acredito nisso, 

E quanto mais ele se aproxima 

Mais eu esqueço de qualquer pensamento, 

Fica sempre a sensação do aproximar... 

O cheiro quente e intenso, 

O suor escorregando a pele, 


Parece que percorre cada parte dela, 

Mas mesmo ele um dia desiste, 

Eu não, 

Eu gosto muito de conhece-lo, 

Admirá-lo e amá-lo. 


Penso que amar ele me faz bem, 

Impossível não sonhar ante um amor jovem. 

A noite, o vento norte e a tempestade se misturam, 

Quase que ele se torna indistinto, 

A escuridão feito uma máscara toma seu rosto, 


Mas não esconde o brilho do seu olhar, 

Seja como for eu o reconheço, 

Sua silhueta se confunde e se funde a minha alma, 

Ela não permanece onde está, 

Penso que odeia a distância, 


Mas quanto mais se aproxima, 

Mais ele se distingue de dentro de mim, 

É um não estar lá e estar aqui, 

Estar aqui e não tão dentro de mim, 

Dizem as bocas: 


-Por quê quando você o beija ergue um pé? 

Eu rio incontida 

“Porquê quero dizer que meu pé é mais bonito que o beijo dele”. 

Elas, as bocas, baixam seus olhares, 

E buscam um alicerce, 


Parece que não ouvem o que querem, 

-Ah, você também acha que quando uma mulher 

Oferece a mão, 

Na verdade é o pé? 


Eu indago aquela que chega ao meu lado 

E me estende sua mão longilínea,  

Curvilínea e espessamente junta. 

Ela faz um gesto com o olhar, 

Porquê o olhar de toda a mulher fala, 

E levanta sua mão até meu peito. 

Eu levo minha mão até a sua e a aceito. 


- Você também precisa fechar dois dedos de sua mão 

Para demonstrar que é uma mão na hora de  

Oferecer cumprimento? 

É que, meus outros três dedos ficam estendidos... 


(Eretos, finos, seguros, frágeis, fe-me-ni-nos...) 

Desisto do assunto antes do término, 

Há uma tempestade e um vulto que se distingue, 

Eu gosto disso. 


Rio quase descompassada, 

Efeito álcool que cheira à boca 

E já reaje.  


terça-feira, 27 de junho de 2023

De Dia, Parece Mais Fácil

De dia, as ideias esclarecidas, 

Quanto as noites? 

Mal dormidas. 

Deito-me acredito num sono bom, 


Acredito em seu beijo, 

Seu abraço e mais um pouco, 

Mas neste momento, 

Crer não basta, 

Preciso mais que isso: 


O chamo... 

O amor se fortalece assim, 

De imaginário, resistência e sonhos, 

Mas, entenda preciso de você aqui, 

Como eu quis dizer isso... 


Desejei em cada segundo, 

Você é o único que me faz chorar assim. 

-Assim como? 

-Com os dois olhos e inteiros. 

-Feito janelinhas? 


-Sim, igual janelinhas quando se fecham, 

-Me diga, por favor, se eu posso espera-lo? 

-O que é esperar alguém? 

Para esperar o que é preciso fazer? 

-Bem, entendo... 


-O quê? 

-Achei em você um competidor... 

-Hum, então, não falamos do mesmo... 

Ele chora e eu amo, o outro eu amo. 

Sem desfalecer cada instante, 


Fortalecendo os sentimentos através do pensar, 

Do querer, 

Preenchendo-se de saliências 

Como se quisesse dizer: 

Estou completa. 


Deus me livre os hematomas – o sofrer, 

Mas como amar alguém distante? 

De onde ele está, 

Com certeza não me vê. 

Esses beijos sonhados duram algum anos, 


Enquanto isso eu alimento meu destino, 

Traço os passos, 

A roupa, a historinha. 

Desculpe a quem que ao tomar conhecimento 

Diga-me: não viveu... 


Para viver precisa do transcorrer do tempo, 

E eu me vejo bem através de cada calçada, 

Se em cada passo me espelho em você, 

Estou errada ou talvez, 

Gostar de alguém é irremediável. 


Ele torna o amor inalcançável, 

Eu busco nos outros o que nele é tão fácil, 

Mas, me atiro com tudo e não acho, 

Um outro não é como o alguém. 

-Digo apenas que- pronto! 


-O quê? 

-Você quer discutir comigo? 

-Que assunto, de quê você está falando? 

-Bem, daquele que amo, 

Daquele que me espelho ao buscar alguém, 


Você pode se aproximar um pouco disso? 

Apenas um pouco do tanto que preciso... 

Ele olha para fora, 

Prefere ou busca a fuga, 

Será que já está preso em tudo isso? 


Eu penso que amor vicia, 

Como desistir quando acho que está dentro de mim, 

Enraizado no que sinto, 

Acredito, desejo, busco, preciso, imagino... 

O imaginar é precário, 


Penso que ele é mais que isso, 

E o outro nem (a) precipício. 

Tudo isso não me dá efeito calmante, 

Por favor ao me ver caminhar, 

Não pense isso. 


O coração pulsa forte e não consegue contato, 

Mesmo quando eu abraço com toda força, 

Não o acho perto, 

Nem se estiver a contato, 

Nunca está a contento. 


Eu não sou difícil, 

Não se trata disso, 

Se quer um mínimo, 

Para o que chamo de um máximo, 

É cômodo, 


Pode-se de antemão encomendar um próximo 

Que busque ou esforce-se a forma desejada. 

Nem sempre se desdenha o que se despreza, 

Mas veja, 

Ao se tratar de sonhos eu aprendi a ouvir, 

Ver, buscar e... sentir... 


Ele já está em mim, 

E você perto não consegue perceber o quanto. 

-Você não se esforça. 

Com isso eu encerro o assunto. 

Ele lacrimeja eu rio disso, 


Não sente, 

Eu sei que não sente, 

Não me apego a isso. 

Se eu peço se afaste porque o busco, 

Ele, que me ama, deveria entender. 

-O outro, o outro, veja: o outro. 


Entenda o que ele diz e sente, 

Poxa, tudo que ele faz parece tão pouco, 

Mas, você, simplesmente não consegue? 

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Não Precisa

Ela não era notável, 

Mas com certeza não passava despercebida, 

Não gostava de agradar, 


Esquiva, arredia e próxima, 

Desejava a solidão como nunca, 

Mas precisava desabafar, 

Contar o que sentia, 


Elucidar suas alternativas, 

Saia-se dessa falando sozinha, 

Se respondia e se bastava. 

Falar em voz alta surte o efeito de tocar as estrelas, 


E alcançar algo de intangível fora de si mesma, 

Abre-se a oportunidade de ser ouvida, 

E de não se importar com o quê de fora, 

Ou importar-se tanto a ponto de não querer saber, 


Ou quem sabe: pior, 

Receber opinião em demasia, 

Tantas críticas a alternativas a ponto de não saber o que fazer, 

Quando muitas opiniões são de importância, 


Costuma-se afastar-se muito de si própria, 

O agradar... 

Palavra simples e complicada. 

“Aquele que ama nunca jura” 


O que cumpre não precisa profetizar, 

Nem ao rei é permitida toda a justiça, 

A palavra do ser amado basta, 

Ele diz: por minha honra, 


E não precisa de outra coisa... 

Contudo, a cada frase uma confidência 

E nela um juramento, 

Ao final contradições... 


Entendo o querer ser ouvido, 

Porém, não me adequo a desilusões. 

Imagino a honra algo tipo tangível e próximo, 

Suas vestes, 


Aquelas as quais você se despe, 

E se livra delas muito rapidamente, 

Desculpe, lhe digo: imagino. 

Já quanto a sua palavra, 

É mais difícil precisar, 


Recordo de virar a cara, 

E não ouvir exatamente tudo conforme fala: 

- Como é? 

Desculpa não entendo a sua pronuncia, 

Você disse me ama ou cama? 


Me abraça ou quer um tapa? 

Caramba, a forma como você se move, 

Eu lhe vejo desmanchar, 

Essas súplicas, 


Ah, perdão falo demais, sei lá. 

“Desfigurar é melhor que matar”, 

Um estremecimento e um fio de medo, 

Não sinto mais nada sobre o chão, 

-Mas que grosseria, 


Não entendi o que você disse por último. 

Ele responde: - não disse nada. 

Com aquela sua voz fina e com um toque afeminada. 

Quase duvido daquele tanto de músculos, 

Mas não, não oscilo. 


Desfiro-lhe um tapa, 

Não as costas mas sobre os ombros, 

Assim mesmo no cara a cara... 

Ele ri e o vejo se desmanchar na mesma hora, 

-Anda lhe digo e faço um sinal. 


Ele vai mas logo fica para trás, 

Eu ainda tremo, 

Sinto medo e tomo mais consciência. 

Não se pode povoar um vazio de sonhos, 

Muito menos com uma cara medonha, 


Não se cobrem os sonhos com hematomas, 

Não se esmaga-os através da força, 

Estes percorrem as ruas despercebidos, 

Não entendo como não se notam suas vítimas, 


O hematoma não sagra e passa logo, 

Eles guardam segredos, é certo, 

E eu entendo cada vez mais sobre isso, 

Embora seja bom e progressivo, 


Eu não me sinto bem neste aspecto, 

Confesso que queria estar sob outro polo, 

Mas não posso pensar sobre isso, 

Não agora, 

Tempo perdido, 


Beijos jogados pela janela, 

Nada ridículo mas muito profundo, 

Ele guarda um definhamento sólido nas mãos, 

A de si mesmo, 


E a de outrem, 

“Cuidado” eu me digo, 

Eu preferiria ter em mente a imagem do meu pai, 

Mas, por ora, prefiro deixa-lo longe disso, 


Os reflexos, os meus também, 

Iluminam sua face, 

É uma transfiguração assustadora, 

Deslocadas e guiadas a um lenço de bolso... 

As lágrimas. 

- Cuidado – Há um assassino lá fora! 

A colina

Sentadas. Lado a lado. Mãe e filha. O sol partia na coluna Em frente aonde Estavam sentadas, Ambas abraçadas. Pensativas....