-Teremos que dormir separados.
Faz uma oração por mim,
Estarei aqui aos pedaços,
Você sabe da minha dificuldade para dormir.
Sem você, simplesmente, não consigo.
Nem sorrir posso,
Acho que você sente pelo ouvir.
Sabe-se lá que estranho habitante é o amor.
Nos lábios os beijos nunca são suficientes,
Nada passa que não faça lembrar,
Ah, saudade – saudade,
Palavra que se gosta de pronunciar,
Até senti-la, acredite.
Eu mesma, neste instante – odeio-a.
Dezembro chegou com suas águas calmas,
Eu poderia fugir para um rio e nadar,
Poderia procurar meu abrigo em outra coisa,
Mas fui assim por uma vida,
E agora provei do seu abraço,
Não consigo fugir do que senti nele,
As mãos da noite gostam de investigar,
São pálidas e calmas feito a lua,
Um vislumbre e lá está ela,
Não há como esconder nada.
Nem o que sinto,
Eu já desistir da parte fuga,
Quero me entregar ao que sinto,
Apenas isso – amar.
Pedágio as estrelas,
Os sonhos contados.
A sombra que passa sobre elas,
Não são nuvens, não, nada disso.
São nossos medos subindo para longe,
Obscuridade longe da alma,
Aumenta a vontade de estar perto,
Eu me vejo chama-lo com intimidade,
Como se houvesse algo de pertencimento,
Tudo isso do aconchego de um abraço,
Em outros eu nunca consegui ver tanto,
Eu deveria parar de procurar iluminar estrelas,
Este ato de esperar até que o céu fique limpo,
E que elas ressurjam com a mesma intensidade,
Isso já não soa tão bem quando se está sozinha.
Há muitas coisas que habitam o desconhecido,
E agora mais que nunca eu gosto delas,
Quanto mais sinto a falta em meus lábios,
Mais gosto e quero este sabor – seus beijos.
No mistério dos seus olhos há uma vaga,
Feito este hotel onde você dorme agora,
Ao meu lado há o seu espaço na cama,
Você me faz dormir tão bem,
-Você é melhor que estas estrelas distantes.
Me vejo falar em voz alta ao telefone.
Lá ele falava sobre outras coisas
E eu apenas contemplava a noite,
O implacável amor é de todo inquietante,
Gosto tórrido, profundo e saboroso,
Posto em meus lábios por um homem,
Retirado dali apenas por Deus,
Quando um infinito se abre,
Não há conclusão mais nítida e formidável.
Me vejo muda diante da janela,
Em pé, fixa, ereta e sonhadora,
Para um homem pareço apaixonada,
Para um menino teria cunho sexual – eu acho,
O homem talvez se aprofunde até minha alma,
O menino não mais que o superficial – mas definitivo,
Disso tudo eu não compreendo muito.
As atrações lá do alto são inquietantes,
As vezes tão juntas outras vezes dispersas – nomeadas,
Talvez até enumeradas,
Mesmo elas lá no céu não estão imunes,
Foram vistas por um homem – identificadas.
Elas queriam isso – acredito que sim,
Mas não podem tocá-lo,
Se entregar como eu posso, enfim.
Me vejo dar o passo que falta,
Embora o medo me fale sobre recuar,
-Reze por mim por estar distante,
Vai ser difícil resistir a esta noite.
Ainda me vi dizer,
Após isso imaginei um beijo,
Um acariciar em seu rosto,
E rezei para Deus para conseguir fechar os olhos.