Janela enorme,
De vidros transparentes,
Frágil cristal,
Quarto fechado,
Pequeno e vago,
Cheiro bom,
Limpo fresco e belo.
Não apenas o cheiro,
O moço que estava lá também,
Mas algo dentro de você fala alto,
Sempre que se está a sós com alguém,
Este algo lhe disse em voz clara,
Que o rapaz não lhe pertencia,
Por motivo incerto,
Ele era de outra.
Você vai ler até o final
Destas palavras
E vai acreditar
Que pessoas não pertencem
Umas as outras,
Mas, este não era o caso,
E com relação a este moço,
É uma besta mentira,
Este rapaz pertencia.
Eu chego até a cama,
E nem pareço sentir
Os lençóis macios,
O colchão fofo,
Os travesseiros convidativos,
Ele se encontra nela,
Mas parece não querer estar,
Ele alega querer,
Eu não consigo sentir isto nele.
Um arrepio me percorre os braços,
E meu coração se afunda no peito,
Eu me empelo a abraça-lo,
Uma senhora,
Moça no intuito dele,
O chama,
Ele foge,
Parece atordoado,
Eu a acho feia,
A defino em pensamento:
“ De formas asquerosas”.
Me vejo presa,
Olho para trás,
E a janela aberta está fechada,
É como se antes não estivesse aberta.
Se não estava,
Como eu vim parar ali,
A quê entrei neste lugar?
Pequeno, limpo e desconhecido.
Eu preciso encontra-lo,
Entre confiar em um homem,
Ou em uma mulher,
Eu escolho o homem,
Me parece que, simplesmente,
Eu iria ser obrigada a lhe oferecer prazer.
E quanto a ela?
Mais que isso,
Muito abaixo disso.
De repente o apenas sair para fora,
E receber uma sapatada
Seguida de gritos
Espalhafatosos
Por intermédio de uma janela,
Ela segura e visível,
Eu agredida e em plena rua,
Disposta a tapas.
Sinto que é como se suas mãos,
Agora fossem enormes.
E isto lhe desse o dom
De poder deixar aquela janela aberta,
Me alcançar e jogar por cima do murro,
Manter-me presa,
Para que outros passem
E possam me agredir
O tanto que fariam com ela,
O quanto fariam por ela.
Eu corro,
Baixo o decote,
Mostro aqueles meus pequenos seios,
Ou tento,
Busco ele,
Na frente dela,
Tento ser apetitosa,
Impor a ela
Um mínimo de respeito,
Imaginei,
Ela a bela dona de casa,
Eu a estranha atrás daquele moço.
Ele sorri,
Como se não tivesse vontade própria,
Retorna ao quarto e pede
“Prazer”
Eu entendo desta forma,
Busco dar-lhe,
Neste espaço,
Preciso voltar para casa,
Eu não tenho meios,
Ele não sabe se tem.
Corro lá fora,
E uma galinha branca e enorme
Está correndo e me impedindo,
Mas o que eu teria para ver?
Então, eu preciso botar,
Tomo toda coragem
E chego,
Meu pato está beijando uma pata,
Mas meu pato não havia saído
De casa,
Então, ele foi obrigado a estar lá?
Pegou meu pato sem pensar,
O abraço e o cuido.
Lágrimas vem em toda minha cara,
Por dentro de mim,
Nenhuma está a mostra,
Isto me deixa segura,
Eu sei fingir,
Corro até ele,
Ele parece estar ali,
Agora abriu a camisa branca,
Mostrou o peito nu,
Sem pêlos, magro,
Com ossos bem formados,
Formas angulares perfeitas.
Me achego.
- me leve e também a meu pato.
Olho para seus olhos,
Busco um contato com seu íntimo,
E quase imploro
“ não retire meu pato”.
Por dentro há um turbilhão
De dor,
Medo,
Incertezas,
E angústia.
Por fora,
Ele simplesmente me leva
De volta para casa,
Eu acordo em outro dia,
E penso se poderia vê-lo de novo.
Pensar no pênis dele
Me transmite a ideia de prazer,
E algo se segurança,
Eu estou ali sozinha,
E penso que gostaria muito de estar segura.