Ela aprendeu a tocar piano,
Não bastou as melhores notas,
Soube afinar,
Depois passou a ler,
Leu muito e sem parar.
Apaixonou-se.
Depois de muito frequentar suas amizades,
Tecer suas próprias roupas,
Usar de suas maquiagens,
Provar de seus melhores hábitos,
Decidiu que estava em idade
De casar-se,
Afinal, “precisava apresentar-se
Em sociedade”.
Contudo, casada e bem amada,
Escolhido dentre as opções,
O melhor pretendente,
O lindo rapaz, educado e apreciado.
Apresentou-se.
O menino do vizinho
Passou a correr sem parar,
Fugir dela feito um louco,
Lembrou-se na hora
Do soco que ela
Desgraçadamente,
Desferiu em seu rosto.
Embora, criança
E não apresentado em sociedade,
Ele sempre esteve ali presente,
E ela esqueceu-se, por completo,
Agarrada ao braço daquele marido,
De quê, também esteve.
Mas ele lembrou-se e muito bem,
Correndo,
Chocou-se contra o braço de um adulto,
Ele já apresentado,
Fez o lindo brinde,
Recordando de suas más maneiras,
De tão pouco tempo.
Irritada,
Ela jogou o líquido da taça contra seu rosto.
O filho de seu tio,
O, agora, amado primo,
Lembrou-se dos tapas de avermelhar a face,
Recobrou-se de todo ódio,
Criança e não vista socialmente,
Jogou um bolo no vestido,
E gritou alto
Que reconhecia o tecido.
Limpou a boca suja
E saiu rindo.
Uma velha senhora,
Lembrou-se de quando
Ela a visitava e só sabia
Fuxicar da vida alheia,
Chegou e indagou em tom íntimo,
Amigável e alto,
Como andava a tal da “futura sogra”
Que nada valia,
E sobre a qual “o filho não prestava”.
Ela engoliu tudo que houve,
Olhou pra velha
Com olhar esnobe,
Subiu ao piano,
E tocou, tocou e tocou,
Tão bem e magistralmente,
Foi a mais memorável
E bem-vinda
Garota da alta sociedade.
Feriu um dedo,
Limpou no guardanapo,
Comeu bolo,
Bebeu de todas as bebidas,
Voltou a tocar,
Escolheu as próprias músicas,
Ao fim declarou amar o marido!
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