terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Mohamed, Felicidades

Daqui de onde estou

A lua não brilha,

Eu desejo chuva,

Mas Allah escolhe

Por si próprio,

Contudo,

Hoje não rezo por isso.


Tenho para Allah pedido

Mais importante,

Peço que Allah lhe cuide,

Lhe dê todos os abraços

Que eu não possa dar.


Allah diz,

Veja o céu escuro,

Se assemelha a lua nova,

É como se fosse novo ano,

Nova etapa,

Novos sonhos,

Novos desejos,

Mas ele sabe,

Acima de todos os sonhos

Desejo que você esteja perto,

Para que o caminho seja bom,

Desejo o seu bem,

O seu abraço.


Dizem que o primeiro pedido do ano

É aquele que nunca precisa se renovar,

Pois Allah recorda,

Meu primeiro e último pedido

É seu bem-estar,

Seu carinho.


Bem, você deve saber,

O ano se inicia antes para cá,

Apenas no calendário,

Meu ano,

Meu dia,

Se inicia com você,

Por quê eu seria diferente?


Nasci ao seu lado,

Que o seja para sempre.

Comemoro seu aniversário,

Comemoro ano novo,

Movo as folhas do calendário,

Comemoro de novo:

Allah, cuida deste que amo!


Acredito que ele possa,

Acredito que eu possa,

E tenho você mais perto!

Sem lua aqui,

Peço as estrelas do céu,

Cuida deste que amo:

Mohamed,


Parabéns por ter nascido,

Por existir,

Por ser tão legal comigo,

Por merecer todo meu amor,

Eu te amo

Do fundo do coração,

Eu conto os segundos

Para estar perto.


Agora são zero horas e nove minutos,

Eu o amo

Em cada segundo,

Você é único no mundo,

Seu abraço me faz falta,

Preciso de você comigo.

Perdoa minha distância,

Eu gostaria de estar ao seu lado,

Conta comigo para tudo.


Te amo,

Te amo,

Felicidades minha vida.

Se quiser morar por aqui

Eu tenho sempre um cantinho.


Eu sinto sua falta,

Me sinto inseguro

E corri para te ver,

Você nota

Que eu o amo,

Sim. Amo você!

Mohamed.

Felicidades garoto.

Feliz Ano Novo

Sinto saudades,
Saudades do ano que acaba,
E dos momentos que vivi nele,
E agora deixo lá atrás.

Sinto saudades
Cada vez que a porta se fecha,
E eu me obrigo a deixa-los,
Lá atrás.

Se pudesse os levaria comigo,
Mas veja,
Como poderia
Estar sempre no mesmo ano,
Nunca mudar-me de nossa casa,
Trazê-los sempre ao meu lado?!

Vocês sabem,
Levo os retratos na memória,
Eu sinto medo de expor,
Falar de todas as promessas,
Do quanto me fere a distância.

Gostaria de estar ao seu lado,
Poder abraçar apertado,
Sentir os cheiros,
Reconhecer os medos,
Mas há quilômetros que nos separam,
Há países tão distantes,
Um ano que acaba
Outro que inicia.

Gostaria de dividir as manhãs,
Os almoços,
Os finais de tarde,
As noites de chuva,
As de estrelas e as de luar,
Os pinhão torrando na brasa,
Os porquinho no forno,
O frango no arroz,
A salada com maionese,
E o bolo para o qual me esforço.

Gostaria de reconhecer cada sorriso,
O brilho no olhar,
A surpresa da chegada,
O cheiro da saudade que chama
E pede pra ficar,
Aquele olhar triste de quem é tão grande,
E onde cabe tanta saudade,
Que só sabe acolher,
E eu nunca saberei esquecer,
ou me separar.

Aquele jeito sacana,
De quem não leva muito a sério,
Mas haja a inteligente piada
Pra ganhar o mais lindo sorriso,
Sem arrependimentos,
O sorriso é realmente o mais perfeito,
Vale e muito o esforço.

Saudade sinto destes ossinhos frágeis,
De braços simples
E já conhecedores do tempo,
Que movem o corpo
Como se não fosse um esforço,
E me abraçam tão forte,
Que por Allah,
Quase morro.

Nestes braços frágeis
Eu tenho certeza,
Eu morreria,
Eu viveria...

Eu nunca estive pronto
Pra sair,
Mas a distância chama,
Tchau pai,
Tchau mãe,
Preciso ir.

Abraços fortes a família toda,
Eu os amo,
Adeus ano que passa,
Feliz ano que se inicia.

Eu fico tão pouco,
Mas para onde vou,
A saudade também não me permite o ficar,
Vamos deixar este ano como está,
E que neste novo ano
Possamos ficar mais próximos,
Eu sinto muito as suas falta.

Adeus

Conforme lhe conto
Não houve nada além
De termos ido,
Eu e aquele casal de amigos
Até o rio.

Lá nadamos,
Competimos no mergulho,
Andamos de barco a motor,
Então, ele caiu na água,
Ele estendeu a mão,
Eu disse,
Deixe-o,
Ela não foi capaz.

Mesmo estando de biquíni aberto,
Exposta a queimadura solar,
Ardendo a pele vermelha,
Tendo seus ossos frágeis
E pouco força,
Ela manteve o braço,
Levantou-se até próxima
A beirada do barco,
Mão estendida
Dizendo,
Por favor, pegue
Eu posso ajuda-lo,
Eu irei te salvar.

Ela agarrou-se aquele barco
Como se fosse
A pessoa mais forte,
Ajoelhou-se na beirada,
Mantendo as duas pernas
Contra a lateral
Como se fosse uma pedra,
Depois escorrendo
Sua pele
Pela lateral até o chão,
Puxando-a com toda força,
Gritando para enviar ar.

Eu não duvido
Que seria possível
Usar a força do pulmão para impulsionar
Ar num pulmão que fraqueja,
Eu desliguei o motor,
Fiquei em pé
E achei divertido.
Sua pele grudou na lateral do barco,
Sua mão esquerda se rasgou,
O osso pareceu se estender,
E ela chorou,
Então, ela caiu com ele,
Assim como você agora
Ao me ouvir.

Ele caminhou até o ouvinte,
Pai da moça,
Retirou uma faca do cinto,
E rasgou seu pescoço,
Tombando suor, roupa e um corpo
No chão daquela casa.

Em todo caso,
Anteontem você pôs a venda
Sua residência,
Hoje eu a adquiri
E vocês todos foram embora,
Morar em outra cidade.

Assine aqui com seu polegar.
Você não sabe ler,
Não sabe escrever,
Mas sabe receber um bom amigo.

Garota Bonita

Se você soubesse
Quanta dor sinto no bumbum,
Jogada em posição de estar sentada
Nesta estrada cheia de pedras
E pó de terra,
De repente, você me indagasse
Que motivação me fez vir para cá,
Eu tentaria explicar,
Achando que tive escolha.

Mas,
Ao arrancar o décimo
Fiapo de madeira
Grudado ao meu cabelo
Embaraçado
E tentar buscar um mato
Forte o bastante para amara-lo
E fazer com que
Pare de cair no meu rosto
E doer tanto,
E ficar grudado em suor,
Lágrimas, dor e vergonha
No meu rosto,
Eu penso que não.

Eu não tive escolha alguma.
Quatro homens me cercaram,
Falaram coisas estranhas,
Eu tive vergonha,
Não quis correr
Com toda a força que tinha,
Pensei que reconhecia
O local onde eu estava,
Que se ocorresse algo errado,
O que nunca iria acontecer,
Alguém me socorreria.

Foi com estar certeza que andei,
Tentei cumprimentar
E ninguém deu atenção,
Me diz de forte,
Caminhei mais rápido,
E de repente,
Haviam pessoas lá atrás,
Não muito distante,
E também, a minha frente
Não muito perto.

Então, um alguém me pegou nos braços
E jogou no mato
A beira da estrada,
Eu me achava bonita,
Me achava querida,
Nunca me vi como um estorvo
Ou algo sem importância,
Um objeto válido
Por tempo necessário,
Aquele idiota me viu desta forma,
Me jogou lá.

Outros quatro,
Ou ele também,
Eu preferi acreditar
Que ele não estava,
Bem, estes quatro,
Não tiveram medo de cobras,
De ser aranhado,
Se ferir ou qualquer coisa,
Eu tive todos estes medos
E vergonha,
Isto me impediu de ser rápida
E correr,
Aí fiquei lá deitada
Juntando as dores,
Me separando da sujeira toda,
E eles me juntaram,
Me jogaram de todos os lados,
Arrancaram minha roupa,
Bateram em meu rosto,
Me violentaram.

O tanto quanto quiseram,
Gemeram,
Gargalharam,
Se divertiram.

Depois, me abandonaram.
Então, eu tive forças
Para me levantar,
Sair daquele lugar,
E cair na beira da estrada
Rasgada, suja, ferida,
Feia, fragilizada e com pouca roupa.

Sujeitos violentos
Não possuem piedade,
Eles divertem-se
Com nossos corpos e formas,
Não importa a eles
O que você sente,
Não existe outra vontade
Exceto a deles.

Eu me vejo no espelho
E me enxergo perfeita,
Mas eu sei destes sujeitos,
Estes que não vêem
Em meu corpo
Nada além do prazer
Que eles sentem.

Não importam os ossos quebrados,
Meu olhar de repulsa,
A súplica por ficar viva,
A rejeição estampada na cara,
Na verdade nada os importa,
São seus prazeres.

sábado, 28 de dezembro de 2024

Feliz Aniversário Wolvy

Meu menino,
São 12 anos juntos,
Grande garoto,
Meu adolescente,
Está crescendo,
Tentando fugir do meu alcance.

Claro que não,
Ele apenas está se tornando independente,
Um garoto forte,
Músculos e ossos bem formados,
O garoto que sempre
Tem a comida preferida,
Feita com todo carinho,
Pensada, especialmente, nele.

O garoto que adora correr,
Percorrer toda a terra,
Ser o grande garoto,
O menino que o pai e a mãe amam.

Nosso menino preto e bronze,
Sorriso perfeito,
Olhar carinhoso,
Garoto emotivo
Que sabe o que quer,
Dominador e espaçoso,
Sabe ser cuidadoso,
O garoto humano e seguro,
Que protege,
Ampara e tem o melhor abraço.

Nosso rei,
Está gordinho e forte,
Como os anos passam felizes
Por a cada instante eu ter seu olhar,
Seu cheiro,
A segurança de você estar.

Meu menino,
Tantos anos dormiu comigo,
Agora crescido
Tem seu lugar próprio.
Papai não poupa os abraços,
Mamãe não poupa admiração.

Seus irmãos tem por você
O maior carinho,
Te amamos
Lindo garoto,
Amado menino.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Escola Primária

Difícil lembrar,
Ninguém quer voltar atrás.
Mas,
Eu vinha da aula,
Segura,
Mochila pesada nas costas.

O amiguinho chegou por trás
A gritos estarrecidos:
- você não me fode.
Você não me fode.

Ao gritar ele subiu em mim
Por trás,
Pisou na minha panturrilha,
Na minha nádega
E tentou arranhar meus cabelos,
Ou desferiu um golpe contra minha cabeça,
Não lembro como muitos detalhes,
E não queria ter sofrido
Nada daquilo.

Então, ele desceu os dedos
Rasgando meu rosto e pele,
Encontrou minha boca
E puxou com seus dedos
Meus lábios
Como se quisesse rasgar,
Abrir ou obrigar-me a falar:
- você é suja,
Você é suja,
Você é suja.

Ele gritou
Com a mão no meu pescoço.
Eu fiz o que pude para me esquivar,
Dei um golpe contra a cara dele
E o deixei sentado no chão de terra
E pedras.
Ele voltou e pulou contra minha
Perna direita.

Tudo foi dolorido.
Idade escolar primária.
Ele chegou para minha prima,
Correu até ela
E com um golpe
Enfiou sua mão na vagina dela.

-Ela levou a mão na boca,
Tentou empurrar ele
Através de sua cabeça
E fez gritos de prazer:
-ah uh, ah uh.
Que prazer,
Que delícia.
Eu sou uma delícia agora.

Ele riu do rosto dela,
E retirou a mão com força,
Depois de levar e puxar
Por duas vezes,
Arrancou de lá com sangue
Jogando-a pra trás de dor.
- não era pra você gostar,
Era pra você dizer.
Não, não cai, cai.

Era dia do índio,
Ela deveria ter entendido
Que precisava comemorar com ele.
Escola dos diabos,
Eu sobrevivi,
Corri muito.
Coitada da minha tia
Que ficou para trás.

Corria quem tinha forças.
Eu não permiti
Que ele me tocasse.
Eu fui a suja,
Aquela que eles jogavam lama
Com pedras contra
Meu corpo e minha pele,
Deles não recebi carícias.

Ainda precisei olhar no rosto
E chamar de amigo.
Éramos vizinhos.
Malditos criminosos odiosos.

Sinto medo de me mover,
De estar rápida
Ou lenta,
Medo de olhar,
Medo de falar,
Mas eu ensinei eles a escrever,
Hoje eu escrevo bem.

(Penso que ele arrancou
O osso da vagina dela).
Isso me assusta
E me causa piedade.

Escolinha Primaria

Bem,
Meu cu foi a pica!
Foi a rasuras
No dia
Em que eu voltava da escola,
Magra pela escassez,
Mochila pesada nas costas.

Ele era coleguinha de aula,
Gordo e forte,
Daria, ao menos,
Uns três de mim menina.

Ele foi falso e traiçoeiro,
Ou ao menos se assemelhou,
Ele chegou por trás,
Na saída da aula,
Quando eu me dirigia
A passos compridos
Para casa,
Ele arrancou a mochila
Da minhas costas,
Ou jogou-a para o lado,
Puxando com muita força.

Eu não soube,
Senti dor prepotente na coluna,
Ombros e cabeça,
Ele colou seu corpo no meu,
E passou seu braço esquerdo
Em meu pescoço,
Depois apertou meu rosto
Contra seu ombro,
De maneira forte
E dolorida.

Depois eu o acotovelei,
Ele gritou,
E desceu sua mão a minha perna,
Meu irmão era menino,
Estava perto,
Eu precisava disfarçar,
Protege-lo
E lhe dar segurança.

Ele desceu sua mão por meu corpo
Rasgando minha pele,
Arranhando minha roupa,
Depois tentou descolar
Meus músculos,
Mover minha perna do lugar,
Eu não sabia onde
Ou como batia,
Eu não aprendi a brigar,
Era menina pequena,
Oito anos.

Bati meu cotovelo direito
Contra seu peito,
Ele afastou-se,
Pareceu tonto,
Jogou um soco contra meu rosto
No lago esquerdo,
Eu tonteei,
Voltei e joguei o corpo
Com a mão fechada contra o
Rosto dele,
Ele caiu sentado,
Mochila nas costas.

Meu irmão tentou enforca-lo
Com a mochila
E o braço de um menino
De seis anos,
Eu o vi matar meu irmão,
Então, em espasmos de dor,
Medo e terror,
Eu endureci o braço
E corri contra o rosto dele,
Ele caiu
Com único golpe.

Meus dedos nunca mais foram
Os mesmos,
Nem meu braço,
Meu corpo ou cabeça,
Eu tentei arrancar sua pele,
Pisotear ele,
Arrancar seu nariz
Com minha mão
Para que ele não respirasse...

Num intervalo curto de tempo,
Eu tentei tudo que ele
Me fez até aquele dia,
E eu, em busca de conhecimento,
Educação escolar,
Ignorei,
Fingi não ver,
Enfim, sobrevivi.

Por única vez,
Eu tentei o que pude,
E não corri,
Meu irmão foi forte,
Correu o máximo
Que suas pernas puderam.

Ele se moveu,
Me alcançou no meio da estrada,
Usou a força de seus dois braços
Para jogar-me na lama,
Pegou meu cabelo,
Chacoalhou meu rosto
Em água suja,
Bateu contra as pedras
E terra firme,
Pisoteou.

Eu levantei,
Com boca suja de lama
E sujeira,
Dei um soco com o braço
Direito no chão
E levantei,
O amigo dele pegou minha mochila
Da minhas costas
Me jogou de volta contra a poça.

Eu abri a mão
E encostei a mão aberta na cara dele,
E apertei ela com toda força,
Depois chacoalhou ela,
Sem soltar,
Depois dei um tapa,
Com meu pé sobre o dele
Para que ele não fugisse,
Senti o osso do meu braço
Se deslocar do lugar
Contra a cara dele,
Depois cheguei perto,
Muito próxima
E soltei minha cara
Que ainda não doía tanto
Contra o raiz dele
E fiquei com cicatriz ali.

Então, corri
Alcancei o outro
E pulei com meus dois pés
Contra as panturrilhas dele,
Ele gritou e caiu,
Eu sentei nas costas dele
Tentei morder
E vi que não tinha forças
Porquê eu não o feria,
Então, soltei meu braço de todas as formas
Contra a cabeça dele,
Os ombros e coluna.

Aí outro,
O irmão daquele
Que ficou para trás
Juntou um tronco
E partiu contra eu,
Sobre minha cabeça,
Quando ele chegou
Eu usei sua força contra ele,
Ele tinha uns dez anos,
E soltei meu pé contra sua cara,
Ele caiu na valeta,
Eu soltei último soco
Na coluna daquele primeiro
E o deixei imóvel na estrada.

Eu tenho,
Senti dor,
Minha família ficou com medo,
Sofreu represálias,
Eu continuei a estudar,
Mas meu corpo
Não pode ser como o das outras meninas,
Hoje, linda e perfeita
Eu conto a história sem chorar.

Escrevo com dificuldade e dor,
Quando menstruo,
Cada músculo dói,
Meu marido me respeita,
Ama e cuida.
Aqueles malditos tardaram comer terra,
Eu tive medo de falar,
A polícia não quis se importar,
Meu corpo é disforme.

Mas o pênis dele
Não se meteu em mim,
E levou soco em cheio,
Coice colocado,
Eu aprendi com ele
A sentir ódio e nojo.

Com meu marido
Estou aprendendo a confiar,
Amar e enxergar.
Sim.
A terra contra minha boca
Cortou meus lábios,
Deixou marca,
A terra contra meus olhos
Me deixou cega.
A terra contra minha pele
A fez descascar feito cobra.
A terra contra meu rosto
Me tornou imune a demônios.

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...