quarta-feira, 5 de março de 2025

Bolo

Aconteceu daquela mulher,
Esposa e honrada,
Amamentar filho
Que não de seu ventre,
Tratava-se de seu sobrinho.
Este, por sua vez,
Passou a ser tratado por filho
Como se de seu seios viesse.

Ocorre, que certo homem
Conhecedor desta história,
Desgostou de tal atitude,
Ele a desejava em segredo.

Aproveitou-se da fé de seu esposo,
Para construir amizade,
Adentrou na residência deste,
Buscou espalhar mentiras
Para desunir a família.

Chegando no ouvido da esposa
Gertrincas espalhou que este
Buscava relacionamento
Com sua ex madrasta,
Que haviam criado raízes
No relacionamento de dentro de casa,
E agora,
Com ela distante de seu pai,
Ele poderia desposa-la
E a ter para mulher.

Gertrincas era consciente
De que está mulher
Se tratava de mulher honesta,
Mas, este homem
Conquistava cada vez mais liberdade
Dentro de casa.

Pareceu-lhe por suas atitudes,
Totalmente, despropositadas
De suas palavras
Que iria desposar sua sobrinha.
Ela sofreu,
Ajoelhou-se diante de sua cama,
Abriu o Alcorão em cada noite,
Leu-o em voz alta toda vez,
Tomou por hábito
Falar sobre ele durante as refeições
Da família.

Assim sendo,
Ciente de que Allah
É conhecedor e bondoso,
Decidiu oportunizar a este homem
Sua amizade.

Abandonar os julgamentos,
Porquê Allah é maior que tudo,
Oportunizou-se a aceitar
Admitir seu erro.

Munida do escudo da fé
Ela desceu as escadas do seu quarto,
Ao chegar na sala
Soube que ela pediu sua sobrinha
Em namoro.

Ela teria desmaiado,
Vertido-se em prantos,
No entanto, sorriu.
Abraçou o esposo
E o felicitou por sua notícia.

Parte do que imaginou
Estaria correto,
Ele tinha interesses profundos
Em seu ventre familiar.

Deu-se a oportunidade de estar errada,
E corrigir-se.
Pediu ao marido
Que lhes presenteasse
Com um jantar,
Onde lhes seria servido bolo.

Ela soube que ambos aceitaram,
A família de seu cunhado viria,
Também sua filha,
Contudo este homem Marcelo,
Não traria companhia,
Nem pais ou irmãos,
Somente ele.

Ao fazer o bolo
Ela abriu o Alcorão na sua frente,
Cada ingrediente que ela pegou,
Ela fez uma leitura do livro
Na frente de sua medida,
Acrescentou ao bolo,
E ao assa-lo,
Leu o livro,
Ao corta-lo leu o livro.

Serviu o primeiro pedaço
Ao esposo,
Estava incrível,
Chegado o restante da família,
Fez o mesmo,
Contudo,
Servido o primeiro pedaço
A Marcelo,
Suas mãos passaram
A queimar em brasa.

Sua resposta foi negativa,
Nada lhes queimava,
Colocou na boca o pedaço
E seus lábios pegaram fogo,
Porém, nada lhe queimava,
Engolido o pedaço
Sua garganta ficou em chamas,
Todavia nada lhe queimava.

Enfim, Marcelo pegou fogo
Por inteiro,
Não lhes restou as roupas,
Somente ossos
E nada de carne.

Na cadeira onde sentou-se
Nada houve,
Na casa,
Também não houve nada.
A família toda ficou inteira,
Comeram mais do bolo
E nada lhes fez.

Até que houve a possibilidade
De dizer única palavra
Toda palavra de Marcelo
Foi falsa,
Saíram para fora
E seu camelo pegou fogo,
Também do camelo
Que nada comeu
Restou só os ossos.

terça-feira, 4 de março de 2025

Primeira Moradia

Ele apaixonou-se sem medo,
De coração ao alto,
Usou de seus instrumentos
E partiu em partes várias pedras,
Juntou-as uma ao lado da outra.

Fez delas paredes,
E subiu até o alto,
Fez nelas janelas,
E o teto?
Cobriu de pedras, também.

Ergueu aí em Beca
A primeira casa.
Colocou ali sua esposa,
Mulher honesta e pura.

Porém, no dia em que ela
Se deparou com novos rostos,
Duvidou da retidão de seu esposo.

Deu ouvidos,
A estes rostos
Recém conhecidos,
Carrancudos e renegados.
Nisto, ela deixou a janela,
E os seguiu ao longe,
Encontrou um caminho
Próximo a sua casa,
E sem comunicar ao esposo,
Ela foi através dele.

Sentiu medo
Em seu coração,
Sentiu uma espécie de alívio,
Um algo diferente a guia-la,
Os rostos vistos de longe,
Sentiram-se mundanos
Ao vê-la pela frente da janela,
Fugiram de sua vista,
Eram eles os depravados.

Porém, neste caminho
Fez um frio assustador
E o vento glacial empurrou-a,
Assustada viu-se frente a frente
Com um abismo de fogo,
Estava próxima a cair,
Não haveria retorno,
O abismo sem fim
Iria lhe consumir.

No entanto, Allah conhecedor
Do silêncio e sabedor
Até mesmo do que não é dito,
Foi compreensivo com a mulher,
Enviou seu marido até ela,
Cavalgando num camelo
De vestes vermelhas.

Assustada e levada
Pelo vento,
Ela não pode gritar,
Não encontrou formas
Para se proteger,
Agarrou-se com força
Em uma árvore,
E rezou para Allah.

Cegada por seu pranto,
Seu esposo a salvou,
No entanto,
Fez a ela nova moradia,
E de sua primeira casa,
Em respeito pela esposa
Que possuía e amava,
Ele fez um templo
Dedicado inteiramente a Allah,
Hoje ela entra lá todos os dias,
Limpa-o do início ao fim,
E entrega suas melhores
Palavras ao culto.

O mar de fogo,
Cresceu e se transformou,
Porém, nunca pode ser visto
De Beca,
Lá toda vista é sagrada
E elevada a Allah,
Pois Allah é misericordioso,
Não chega até lá
O calor do fogo,
Suas cinzas ou o que for.

A mulher cobriu seu rosto,
Impossibilitando aos outros
De ser vista,
Allah em sua sabedoria
É capaz de reconhece-la,
E ao esposo ela se resguarda.

Laranjeira

Ele reconheceu
Nos olhos da moça
Mulher pura,
Fez de sua casa um templo.

Ao visita-la lhe levou uma flor,
Ela a multiplicou
Fez em frente ao templo
Um jardim florido.

Não outra vez,
Ele lhes levou uma cesta
De frutas,
Ela colheu suas sementes
E as multiplicou
Fez do quintal um pomar.

Houve abundância
Naquele lugar.
Certo dia,
Chegando sem avisar
A encontrou sentada
No gramado do jardim.

Chovia fraco,
Empossou a água
Ao seu lado.

Ela juntou o barro
E nele desenhou
Pássaros, borboletas
E vagalumes,
No vagalume ela colocou
Um girassol.

Depois disso,
Ela enfileirou todos
Na sua frente
E soprou-os de um a um.

Inacreditavelmente,
Eles criaram vida,
E voaram pelo céu chuviscado.

O homem sentiu-se beatificado
Por sua fé,
Indagou a Allah
Se ele era digno do amor dela,
Então, Allah que conhece o coração,
Sabe o que está oculto,
Fez a ela desabrochar
Uma flor na laranjeira,
E fez passar o tempo dela
Mais rápido,

Então, a flor fez o fruto
E caiu no chão molhado,
O fruto amadureceu
Ela levantou-se e o colheu
O deu de presente ao seu amado.

Andando na chuva
Com a laranja nas mãos,
Ela não desviava o olhar,
Delicadamente,
Ao olhar para frente o viu,
Sorriu.

E a depositou para que comesse.
Ele a descascou
Repartiu ela ao meio,
E lhe entregou metade,
Comeram juntos
Um olhando nos olhos do outro.

Ele sorriu,
Sentiu fome,
Ela olhou para trás
Com um jogar de cabelos
Espessos e escuros,

O vento de seus cabelos
Fez desabrochar muitas
Outras flores
Com a mesma rapidez
E delas pro vieram tantos
Frutos possíveis.
Ela riu,
Pegou sua mão
E o levou até lá.

Tagut

Aconteceu de,
Naquela noite,
O homem decidir sair,
Abriu a porta,
Abraçou sua mulher
Para se despedir.

- vai e não retorna.
Ele a olha
Com olhos cheios de dor,
Não entende o que há,
Mas confia no que sente.
- vou, mas a amo.

Ele lhe diz,
Vira as costas para sair.
- não acredito neste amor.
Ele levanta as mãos
Para o alto,
Sente-se acorrentado,
Preso a uma ilusão,
Tanto esforço,
Tantas horas de joelhos,
Estaria Allah a duvidar-lhe,
Não.

Lhe parecia que não.
Colocou a mão na roça,
Nunca a sentiu tão pesada,
Como se houvessem pedras
Contra sua cabeça,
Um calor infernal,
Que desejava arrebata-lo.

Olhou para o sol
Por temer que as areias do chão
Se abrissem para devora-lo.
Nada houve.
Foi, então.

- a amo.
Repetiu quase inaudível.
Ocorre, que surgiu daquele solo
Fogo ardente e crescente,
Que a tudo consumiu,
Até mesmo o filho
Que houve naquele ventre.

A mulher descreu,
 Não pediu misericórdia,
Não entregou seu amor.
No entanto,
Este homem não tão distante
De alguma forma inacreditável
Nada pode ver,
Fumaça, calor ou gritos,
Pareceu ser um fogo mágico.

E cada vez que tentava retornar,
Encontrava algo a lhe deter,
Uma carroça que a mulher lhe pediu,
Disto precisou trabalhar,
Ele tinha pouco dinheiro.

Encontrou o ouro que tanto
Ela queria,
Precisou trabalhar,
Custava caro suas regalias,
Vestes das mais encantadoras,
Sonhou com ela vestida,
Quis lhe dar o melhor da vida,
Trabalhou sem cessar.

Retornou a sua casa,
Com carroça pintada a ouro,
Ouro e joias variadas,
As vestes mais lindas
Para encanta-la,
E um camelo a puxar a carroça.

Estagnou-se e emudeceu,
No lugar onde habitava
Restou uma pedra,
E sobre as pedras ossos,
Porém, no seu redor
Tinha toda a comida
Em fartura.

Ele ajoelhou-se,
De um pulo da carroça,
Tirou o turbante,
Deixou de sentir vergonha
De suas roupas
Das quais tanto ela reclamava.

Já não estava ali
A mulher que amava,
Restavam dela ossos e mais nada.
No entanto,
Havia tanta comida,
Tanta comida variada
Que sentiu fome,
E aí entendeu a partir disto,
Que ele merecia este alimento.

Tâmaras, peras e outras frutas,
Um lago de água pura.
Mas apiedou-se e chorou.
- que houve aqui, Allah.

Que houve?
Transcorreu de sua partida
Até o retorno cem anos,
Veja da mulher que não o amou,
Ou apiedou de seu esforço
Restou os ossos,
Nestes ossos,
Outros ossos de um feto,
Ela não os concedeu misericórdia.

Contudo, veja o seu alimento
Que com tanto esforço
Buscou para todos,
Estão aí intacto e puros.

Tagut surgiu do solo
Que ela não guardava afeto
E respondeu suas preces,
Consumiu-a,
Mas eu lhes mantive as provas.

Dos ossos é possível reconstituir a carne,
Desta, contudo,
Tagut não deixou vestígio,
Foi seu próprio fogo
Que os consumiu,
Mesmo que você os reparta
Por entre quatro montes,
E clame mil anos por seu nome,
Está não retornará.

Entregou-se a ele em pacto para sempre.
Resta-lhe reconstruir
Do que foi teu,
Erguer seus alicerces
Mesmo, Allah, O poderoso
Precisa respeitar as vontades.

Passos Fundos

A moça lhe jurou amor,
Ele respondeu que lhe cria.
Convidou-a, então,
Para fazer parte de sua vida,
Isto lhes incluía uma viagem.

- querida, passaremos
Pela ribeirinha,
Passai por lá comigo
Mas não ousai de beber desta água.
Ela lhe deu a mão,
Foram pela beira do rio,
Escondidos por entre árvores,
Lá encontraram um barco,
Por ali iriam atravessar.

Ele soltou sua mão
Por único momento,
Ela agachou-se
Estendeu a mão em concha,
Serviu-se da água e bebeu.
A água estava com aspecto limpo.

Seu namorado,
Não virou-se para trás,
Ela concluiu.
“que bom,
Posso esconder isto dele,
Assim não se achará enganado”.

E nada disse.
Olhou em seus olhos,
Pegou sua mão,
Sentou-se ao seu lado,
Nada disse.

Chegando ao outro lado,
Encontrou pessoas diferentes,
Passadas firmes limpavam o chão
De pequenos matos,
Ela seguiu o caminho,
Chegou ao fim,
Encontrou lugar para banhar-se,
Retornou e nada disse.

Foi para lá outra vez,
Do lado da grande árvore
Que margeava o rio
Ela agachou-se
Juntou água em sua mão
E serviu-se.

Foi adiante,
Encontrou homens nus
A banhar-se,
Retornou de lá e nada disse.

Contudo, a noite chegou
E lhe trouxe febre,
O namorado saiu em busca
De chás fresco,
Ela bebeu do chá de sua mão.

Ao amanhecer seguiu
O caminho cujas passadas
Na terra ficavam mais profundas,
Encontrou um único homem lá
E ele fazia comida,
Num fogo ardente
Que energia do chão de terra.

Depois dele, vieram outros.
- coma da minha comida.
Ela recusou.
Mas foi até a água
E banhou sua mão,
Depois retornou de lá.
Chegou em seu namorado
E nada disse.

A febre se intensificou.
Ela olhou-o com ódio e
O culpou.
- sua mão possui poeira,
Este chá está contaminado.
Devolveu a ele a xícara
Sem esforço.

O homem virou-se
E tropeçou,
Teria caído no fogo
De sua tenda,
Mas ela foi rápida,
Levantou-se e o sustentou.

Ela travou um combate
Dentro de si mesma,
Admitir que amava alguém,
A aflição do medo de sofrer
Lhe consumia.

Ela foi seguir as pegadas
Que agora mais fundas
A prenderam no chão.
Ela poderia chamar seu namorado,
Pedir auxílio,
Ou tentar se mover.

Preferiu esforçar-se,
Aprendeu desde cedo
A ser forte
E isto parecia significar
Ter liberdade.
E ser sozinha.

Mas, pela primeira vez,
A ideia de solidão
Lhe causou medo,
Olhou para trás
Não encontrou seu namorado
E sentiu pavor.

Allah ouviu seus medos,
Mesmo aqueles guardados
No silêncio do seu coração,
Allah entendeu seu amor.
O coração dela estava em engano,
Ele soube entender,
Porquê Allah é sábio.

Ela não jurou não tocar
Mais em seu namorado,
Mas seu coração enganado,
Desejou distanciar-se dele,
Isto ocorreu em uma noite,
E agora ali presa e distante,
Isso poderia perpetuar-se.

Mesmo em pé
Ela elevou-se em prece,
E chamou alto pelo seu nome,
Não seria de outro alguém
Nem de si própria
Se seu engano
Significasse perde-lo.

Allah já havia ouvido.
Fez dela moça forte
E resistente,
Ela saiu dali por si mesma.

Convidou seu namorado
E foram para outro lugar,
Os homens que ouviam tudo
Abandonaram suas cismas,
Sentiram vergonha
Por estarem na terra
Que não lhes pertencia.

Mas Allah devolveu a mulher
Sua fé recompensada,
Fez do fogo o mais abrasador,
Este se tornou tão intenso
Que atacou os estranhos,
Feridos não puderam
Jogar-se na água,
Entraram eles também no engano
E atacaram uns aos outros.
Até não restar um único.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Prova de Fogo

Em certa etapa da estrada,
Uma mulher lhe jura amor.
Ele descrê,
Não vê nela a verdade,
Com isto,
Se afasta.

Prefere distanciar-se
Da mentira.
Todavia,
A estrada é movimentada,
Não tarda,
E ali retorna,
Quem encontra?

A dita mulher ajoelhada,
Que a ele se presta,
Após verte-se a Allah,
Jurando amor a ele de toda forma.

Ele descrê,
Outra vez,
No entanto, passa ali
Outras vezes,
E a mulher se torna pedra,
Tal como morta
Em sua prece
De jurar a Allah amor por ele.

Ele quase acredita,
Mas, se vê ferido,
Feito um cego,
Que vendo se recusa,
Ouvindo não se atenta,
Mas se cala
E passa.

Ela implora a Allah por misericórdia,
Quer ser acreditada por quem ama,
Desejou que ele soubesse,
Ele soube,
Agora apenas pedia sua fé,
Por misericórdia de Allah,
Que este que lhe era amado
Se percebesse de tal forma.

Ele viu o suplício dela,
Não rejeitou sua dor,
Decidiu refletir sobre o amor,
Mas, seguiu pela estrada
Não parou ou disse nada.

De tanto passar,
A estrada fez-lhe marcas,
Suas passadas estavam registradas,
E a mulher ali prostrada.

Certa vez,
De tanto cruzar indagou-se,
Tal caminho que ardia feito fogo,
Iniciou a queimar seus pés,
Teriam, desta forma,
Sido feito por demônios?

Ousou olhar na direção da mulher,
Ela estava segura em sua fé,
Ainda lhe jurava o mesmo amor,
Entretanto, seus passos
Pareciam afundar em terra árida,
E fogo subia por suas pernas,
E a mulher lá segura:
O amava!

Nisto, ouve dor em sua cabeça
E tontura intensa,
E o fogo subiu para seu corpo,
Mas não queimava,
Lá estava a mulher ajoelhada,
Veio daí
Um aspecto de levante,
De perto se pareceu com um raio,
E decidiu carrega-la,
E conforme ela ia,
O fogo nele ardia.

Seu coração acelerou,
Sua mente foi esclarecida,
Viu nela,
Já a distância,
O amor,
Correu para ela com toda alma,
Clamou a Allah por piedade,
E vendo de perto o fulgoroso raio
Não teve medo,

Lá era conduzida
A mulher que o amava,
Aquela que lhe atribuía a vida,
Pulou no raio,
Sem medo do fogo
Ou clarão de luz intensa
E assustadora,
Achou alicerce neste raio,

A passadas longas
Chegou até a mulher,
Chamou já naquela hora:
“ se vira para eu,
Minha esposa”.
Creu no amor que ela jurou,
E o que queimaria
Por nenhum instante queimou.

Allah protege os que N’ele
Acreditam.
Voltaram do raio,
Ela em seu colo,
Ele num pulo,
Juntos.

Protetor

Houve temor
No coração daquele apaixonado,
Demônios o tocaram,
E lhes disseram:
“Haverá escuridão para sempre”.

Escuridão?
Ele pensou,
Porém, aos demônios nada falou.
Com seus olhos cegos,
Como poderia encontrar sua amada?

A procuraria em veredas,
Campos verdes,
Ou folhas secas,
No entanto, estando escuro
Nada se vê.

Preferiu descrer,
E lá ao longe,
Avistou nuvens densas
Nunca imaginadas,
Feito magia maligna,
O escuro caiu delas,
E mesmo de longe,
Nada se via.

Ele ergueu as vistas para o céu,
Ali onde estava
O céu era azul e límpido,
Não pode compreender,
De tão pouca distância,
Como demônios
Bastavam-se para separa-los:
Amada e amado.

Não temeu em seu coração,
Houve amor nisto,
Até mesmo na escuridão,
Manteve seu olhar em Allah.

E de lá despencou a luz,
Porquê a Allah pertence
Todo o poente,
Veio uma estrela do azul celeste,
Ela tinha cinco pontas,
Um base e era feita de pura luz,
Chegou até ele,
Isso lhe soou um convite.

Contudo os demônios
Lhe disseram,
“Isto é magia.
Não peque com sua verdade
No que é falso.”

Mas, ele manteve seu coração
Ao alto,
Não desviou seu olhar de Allah,
Com sua intuição
Ergueu a perna direita
E levou-a para frente
Na forma de um passo...

Ele quis chorar,
Desejou que não houvesse prova,
Quis estar lá,
Acima de tudo
Com amada.

Ao soltar o peso do passo,
O pé se afirmou,
Ele deu, então, o segundo passo,
E este também ficou firme.

Desejou ajoelhar-se,
Mas manteve-se:
Olhar para o alto,
Pensamento em Allah,
Nisto sentiu um arrepio
Em seu cabelo e pele,
Mais nada.

Só isso mesmo.
De repente,
Tudo passou.
Ele baixou o olhar,
Precisava protege-la,
Estar com ela,
Olhou para baixo
E quem vê?

Ela,
Sua terna amada,
Ajoelhada,
Mãos unidas em oração,
Pensamento nele.

Ele estendeu a mão
E alcançou seu ombro,
Desceu da estrela,
Abraçou-a:
“Não se preocupe meu amor,
Tudo passou”.

Foi quando deu-se conta
Que não havia mais escuro,
A Allah pertence o nascente,
E a estrela subiu para o céu,
Mas seu coração não temeu,
E o escuro que ali estava,
Ali não pode ficar.

Do nada,
Enviado por demônios,
Levado por Allah
De alguma forma
Que aqueles que crêem entendem.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...