sexta-feira, 4 de julho de 2025

Amor Pro-fun-do

Ellah tinha dezesseis anos,
Rob tinha dezessete,
Na noite de festa
Quando todos comemoravam,
Ambos decidiram beber champanhe,
Contudo, não mentiram copos,
Nem pouparam o gole.
Metade da noite,
Após um encontro no jardim,
Resolveram-se casados,
Fizeram amor,
Trocaram anel,
Juraram amor,
E amor de adolescente é fogo.
Não é aquele amor comedido,
Em que a razão predomina,
E ambos planejam o matrimônio,
Não, nada disso.
O fulgor do sentimento predomina,
Primeira noite,
Após o primeiro beijo,
Optaram por ter um filho.
A luz das estrelas
Para celebrar o carinho,
O elo que os ligaria
Por uma vida,
Pois nada os separaria.
No entanto, chegou a luz do dia,
Relatada a novidade
Para ambos os pais,
Eles vacilaram.
O julgaram imaturos,
Alegaram que a idade
Não combinava com os fatos,
E todo amor
Que inicia tão prematuro,
Tem fim sofrível.
Separados,
Impedidos de se verem,
Ellah foi trancada no quarto,
Impossibilitada de ir às aulas,
Fez as disciplinas em casa,
Rob chorou na calçada,
Fugiu da escola,
Buscou por Ellah,
Tudo que obteve foi o sinal
Dos pais de Ellah abraçados
Na janela de vidro
Mexendo o dedo
Em negativa.
Ellah, porém, não desistiu,
Seus dezesseis anos
Não tinham disciplina,
O amor havia sido feito,
Era tarde para decisiomismos.
Juntou sua maleta de couro preta,
Pôs nela muitas joias
Da família,
Juntou também dinheiro,
Nem uma coisa a mais.
Saiu pela porta dos fundos,
Encontrou Rob chorando
Sobre a calçada,
Sem se aproximar,
Atirou uma pequena pedra
Até próximo a ele,
Lhe chamou a atenção desta forma,
E o convidou para partirem
Rumo a vida que sonharam
Para os dois.
O rio estava cheio,
Ele era o meio mais fácil
Para chegar até a cidade vizinha,
Juntaram um barco,
Subiram nele
E ambos decidiram atravessar.
Estava cheio demais,
Rob não sabia nadar,
Árvores inteiras seguiram
A corrente de água suja
Indo para distante.
Muitos troncos podres,
E outras sujeiras,
A água parecia viva
E profundamente irritada.
- você vai levar tosa está maleta?
Indagou Rob alto.
- não grita,
Não quero que saibam
O que estamos fazendo.
Ellah gritou de volta.
Sentou na parte de trás
Do barco ainda desligado.
- este rio está cheio.
É muito perigoso!
Rob falou trêmulo
Enquanto subia no barco.
- você está inseguro,
Então, está inseguro quanto
A nosso futuro.
Ellah disse trêmula.
- nós nos conhecemos ontem.
Rob argumentou.
- você fez um filho
Em mim ontem,
Vai fugir disso?
Ellah revidou.
-o que há nesta maleta
Para que você a leve?
Rob foi incisivo.
- dinheiro.
Precisamos sobreviver.
Ellah encerrou,
Olhou para o rio cheio
Pôs a maleta sobre
Suas pernas,
Depois olhou para dentro
Do barco entristecida.
- muito dinheiro?
Rob indagou.
-sim.
Ela respondeu baixo.
Ele levou a mão até a maleta.
- é pesada!
Ele disse.
- não mexe,
É da minha mãe.
Ellah falou.
Levando as pernas
Para o lado direito
Tentando impedir
Que Rob tocasse na maleta.
- eu te amo.
Rob falou.
Levou a mão até o queixo
De Ellah e o acariciou.
Um tronco enorme
Bateu contra o barco
Que ainda estava amarrado
No porto,
Ellah se desequilibrou
E caiu na água suja,
Rápida e funda
E submergiu para o fundo.
- socorro.
Gritou.
Rob sem pensar
Mergulhou atrás dela,
Alcançou seu vestido,
A puxou e a trouxe
Para o barco.
Depois foi até a maleta,
A alcançou e voltou com ela.
- você me salvou.
Obrigada.
Ellah disse.
E ficou em pé
Para abraça-lo.
Rob se afastou dela,
Erguendo a maleta
Para o alto
Para se desvencilhar.
Irritada, Ellah sentiu medo
E o empurrou no peito.
Rob caiu de costas
Na água suja
Na parte mais profunda
Do rio,
Ao final do barco.
Levou a maleta com ele.
- volta Rob,
O que houve?
Ellah gritou atrás dele.
- é cedo demais meu bem.
Rob gritou.
Outro tronco veio de encontro
A ele e se chocou contra
Sua cabeça,
Rob afundou no rio,
Levou a maleta consigo.
- não devolvo.
Ele falou enquanto submergia,
Mandando bolhas
Para o leito.
Ellah se abaixou no barco
E pôs-se a chorar.

Saudade do Tio

Hoje a tardinha,
Me sentei no banquinho
Feito todo em madeira,
Peguei no colo
O patinho.
Abracei apertado,
Ele abriu suas asas,
Acolheu eu inteira nelas,
E eu abracei mais ainda,
Meu lindo patinho,
Gordinho e amiguinho,
Pra onde eu vou
Ele quer estar junto,
Tudo que faço,
Ele quer me ajudar.
Meu lindo amiguinho,
Companheiro para todas as horas,
Me abraça forte,
E não vai embora.
Mas, hoje ficou triste
O amiguinho,
Eu olhei pra ele,
Beijei seu rostinho vermelhinho
E disse: o que houve
Querido patinho?
Sinto falta do meu tio
Ele respondeu.
Ah, está danado o patinho,
Sente saudade do tiozinho,
Que longe está
No seu trabalhinho,
Não se preocupa lindo patinho
O tio logo chega
E te pega no copinho
Eu falei pra ele bem baixinho,
Será que ele me traz milho,
Pediu o danado do bichinho,
É certo que traz
Querido menininho,
E mais que isso,
Te traz também dois abracinhos.
O patinho se aconchegou
No meu colo,
Se agachou sobre os pezinhos
Recolhidos embaixo do corpinho,
Ficou feliz olhando para a estrada,
A espera do tio que logo chega.

Corre Amiguinho

Corre, corre ovelhinha,
Foge dessa grama
Linda peludinha,
Vem pro meu abraço,
Quero te dar carinho
Linda ovelhinha.
Vem saltitante
Com seus pelinhos
Brancos e pretinhos,
Se esconde atrás da moita,
A linda peludinha,
Eu espero um pouquinho,
Fico parada no caminho
Só pra te dar meu abracinho.
Mas veja só amiguinho,
A ovelhinha se escondeu,
Se jogou no chão
E se chacoalhou na terra suja,
Veja só amiguinho,
Ela não é ovelhinha
É meu querido Brucinho,
Com seu pelinho crescidinho,
O olhar eriçadinho,
Se fazendo de ovelhinha
Só pra ganhar mais abracinhos.
Corre, corre menininho,
Eu te espero com meu beijinho,
Guardou todos os abracinhos,
E te cubro de carinhos,
De um pulo ele se coloca em pé,
Vem saltitante para meu abraço,
Pelos a voar pelo vento,
E mais atrás voa Pitel,
Corre, corre Brucinho
Pitel também quer carinho,
Ele vai te alcançar
E eu não vou saber
Qual encho mais de beijinhos,
Abraço apertadinho,
Segurou no colinho.

Amiguinho

Está de rosto amassadinho,
O olhinho vermelhinho,
Está ferido meu amiguinho,
Sente dor este anjinho,
Vou curá-lo com meu beijinho.
Toma querido amiguinho,
Recebeu em sua face
Meu beijinho,
É de carinho,
De medo pelo seu ferimento,
Melhora logo amiguinho.
Com o rostinho chorozinho,
Eu digo não chora não
Querido amiguinho,
Se você fica triste,
Eu sossego nesse cantinho,
Sem poder brincar,
Sem ganhar nenhum carinho.
O amiguinho evita meu abraço,
Diz que dói demais o rosto,
Avermelham mais os olhinhos,
Melhora logo amiguinho,
Eu já estou muito tristinho,
Deixa eu te abraçar
Pra passar a sua dorzinha,
Assim, eu fico felizinho
E você sorri mais um pouquinho.

Surpresa de Casamento

Dentro de duas horas
Ocorreria o casamento,
Ele colocou o terno
Logo ao meio dia.
Se dirigiu ao trabalho,
Tudo ocorreria conforme previsto,
Aliás, foi tudo organizado por Ludmir.
Ela decidiu data,
Local da cerimônia
E o meio de locomoção até o hotel
De destino para os próximos
Sete dias.
Mais que isso,
Ele se recusou,
Sete dias era tempo
Demais para deixar o trabalho
Por conta dos funcionários,
Ele precisava estar próximo,
Acompanhar os acontecimentos.
Neste instante,
Teclava no computador,
Buscava uma planilha
Onde analisaria o crescimento
Do trabalho de cada funcionário.
Tinha uma meta de desempenho,
E buscava o comprimento
De cada um deles.
Ludmir já estava na igreja,
Ligava a cada minuto,
Alegou algo sobre a noiva
Ter direito ao atraso,
Não o noivo.
Ele desligou,
Pediu apenas para
Que se acalmasse
Há meses
Ela iniciou a conversa
Sobre passar vergonha
Em frente aos parentes
E conhecidos,
Cujos quais,
Não visitava ou falava
Com frequência com nenhum,
Mas queria manter uma imagem
Que alguém impôs a ela,
Algum dia.
Mil mensagens chegavam,
Faltavam duas horas,
Ele sabia.
Em quinze minutos chegava
A igreja,
O que mais ela queria
Se o casamento tinha horário
Para ocorrer.
- Não pode ser antecipado Ludmir?
Ele indagou,
Decidindo atender a ligação.
- não!
É as oito.
Foi agendado horário.
Ela respondeu.
- está certo,
Faltam duas horas.
E desligou.
Ela estava aturdida,
Preocupada com maquiagem
Que ela testou todos os dias
No último mês,
Irritada com o sabor do bolo,
Que ela comeu em cada dia
Para testar o sabor
E chegando a data, enjoou.
- vou começar a beber.
Enviou como mensagem.
- obrigado.
Ele respondeu.
Que bom,
Agora podia ficar aliviado,
Na certa,
Ela não iniciaria a conversa
Sobre o vestido
Que não se sentiu perfeita
Nem ao menos com a cor.
Depois de ter agendado
A data,
Todo dia trocou modelo,
Depois as cores.
-vou me embriagar.
Enviou novamente.
- querida, fique bem.
Respondeu.
Faltando quinze minutos
Ele saiu do escritório,
Já não tinha ninguém na empresa,
Fechou a porta,
Trancou.
Se despediu do porteiro,
Pegou o carro,
E saiu.
Começou a haver tráfego intenso,
Muitos carros ligavam
O sinal de alerta
Deveria ter ocorrido algum
Acidente no caminho:
- querida, me espere.
Ele enviou mensagem.
- não se atrase.
Recebeu quase instantaneamente.
O trânsito seguiu lento,
Perdeu os quinze minutos
Que tinha para chegar pontualmente.
Mas, seguiu.
- você está atrasado.
Recebeu.
- estou indo.
Respondeu.
Olhou ao lado
Enquanto passava pelo acidente,
Havia um carro totalmente
Destruído que bateu
De frente em outro
Um pouco menos danificado.
Parecia ter ocorrido morte,
Ele fez uma oração
E seguiu.
- alguém morreu
No acidente.
Enviou por mensagem
Para Ludmir.
- você se atrasou.
Ela respondeu.
Enviou mensagem
Com uma fotografia
De si própria chorando
Vestida de noiva,
Com a maquiagem escorrendo
Sobre o vestido branco.
- você sujou o vestido.
Não se preocupe desta forma.
Respondeu.
Ela enviou um vídeo
De alguém chupando
Uma vagina.
O homem não era ele,
Contudo a vagina
Parecia ser dela.
- estou chegando.
Jarbas decidiu responder.
E seguiu,
Mais lento.
De repente,
Um carro rompeu pela
Pista contrária
E rumou para sua direção,
Ele acelerou rápido
E perdeu de sofrer um
Lindo acidente.
Estava escurecendo,
A rua estava movimentada.
Chegando ao casamento,
Estacionou em frente a igreja,
Entrou pela porta
Que estava aberta,
Encontrou Ludmir
Chorando no altar.
Se aproximou,
A ajuntou do chão,
Levou uma bofetada
No rosto,
A abraçou forte,
Acariciou seus cabelos.
-Ludmir, te amo.
Jamais eu desistiria de você.
Casaram-se.
Ocorrido a cerimônia,
O corte do bolo,
Bebido as champanhes,
Pegaram um helicóptero
Em frente a igreja
E seguiram para o hotel
Em outro país.
Transcorrido oito dias
Sem notícias dos noivos,
O irmão de Jarbas foi a sua procura.
- por quê não atende o celular?
Enviou a décima mensagem,
Não obteve resposta.
Chegando no hotel,
Conseguiu autorização
Para subir até o quarto,
Chegando lá,
Encontrou Ludmir caída
Na entrada com uma faca
Em seu peito
Sobre o vestido ensanguentado.
Tentou chamar sua atenção,
Mas o sangue estava seco,
E o corpo estava frio,
Parecia ter ocorrido está fatalidade
Há muitos dias.
Tomasi correu até a cama,
Lá encontrou Jarbas amarrado,
Com uma meia amarrada
Na boca,
E ele possuía trinta sinais
De esfaqueamento.
Contudo, estava vivo,
Imobilizado e sem poder falar,
Mas vivo.
Tomasi, o desamarrou.
E o abraçou.
- O que houve?
Indagou retirando
A meia de sua boca.
- não sei.
Acordei desta forma,
Logo na primeira manhã.
Respondeu fraco.
Ludmir tinha um único
Sinal de esfaqueamento,
No entanto, foi fatal.
Porém, as alianças estavam jogadas
Do lado de fora do quarto,
Se encontravam as duas
Caídas juntas no corredor.
Não havia sinais
De arrombamento
No quarto,
Nem joias ou dinheiro.
Mas Ludmir tinha um relógio,
A única joia que usou
Para de casar.

Romance Sigiloso

- você ainda me ama?
Jacira acordou assustada,
Por um momento reconheceu
A voz melodiosa
Que sussurrava aos seus ouvidos,
Contudo, não poderia ser...
Ela levou a mão
Para trás de suas costas,
Buscou a perna dele,
Lhe fez um carinho...
Estava neste instante
Dormindo em sua própria casa
Na cidade de Nova York,
Escolheu aquela propriedade
Para passar a primeira noite
Depois de casada com Marcos.
Sorriu no silêncio da noite,
Encontrou a perna quente
E com pelos de Marcos,
Não seria outro,
Não teria como Jaimir
Tê-la encontrado tão longe
Da Inglaterra,
Tão escondida dele
Conforme fez
Para celebrar a união.
Sentiu fortemente
O cheiro intenso de Marcos,
Ele estava ali,
Ela poderia vê -lo,
Mesmo no escuro.
O caso com Jaimir
Foi de todo, para ela,
Preocupante.
Certa vez,
Ele a viu na faculdade,
Seguiu-a até sua casa,
A invadiu tarde da noite
E passou a ter relações sexuais
Com ela.
Jaimir era lindo,
Intenso, loiro e alto.
Mas, demorou assumir
O que fazia,
E mesmo assumindo
Não aparecia nos locais
Em que ela estava,
Mesmo após marcar encontros.
No entanto,
Em cada relacionamento
Que Jacira tentava iniciar
Ele ressurgia,
Feito uma sombra.
No primeiro beijo
Que ela deu em Marcos,
Na sorveteria do shopping,
Jaimir estava escondido
Por trás do coqueiro
Próximo a lixeira do meio da sala.
Enquanto, ela aceitava o carinho
Tão sonhado
Em seus lábios,
Ele se pôs pela metade
Em sua vista,
Vendo-a com um único olho,
Sério,
Como se não tivesse
Outra coisa para fazer.
Assim que ela abriu
Os olhos,
Antes de encerrar o beijo,
Viu Jaimir,
Um assombro aterrador
Percorreu seu corpo,
E ela nunca mais pode
Beijar Marcos de olhos fechados.
Marcos foi gentil,
Ele se adequou aos seus medos,
Supriu suas expectativas,
Logo tomou conhecimento
Dos fetiches de Jaimir.
Tentou conversar com ele,
Ele negou cada fato.
Apresentou um álbum de fotografias
Dele e sua família.
Ele era casado,
Tinha duas filhas
No relacionamento de oito anos.
Jacira correu pela casa
De vergonha ao saber disso,
Transformada em amante,
Tendo suas verdades negadas
De maneira tão sórdida
A Marcos,
Como se ela fosse uma desleixada,
Que não preenchesse
Os desejos e vontades
De nenhum homem.
Todavia, Jaimir foi eloquente
Em tudo que disse,
Tão gentil e atencioso com Marcos,
Encaminhou a casa de Jacira
Em horário marcado
E data prevista para Marcos
Comparecer e presenciar
Um psiquiatra para cuidar
Dos desvelos de Jacira.
Alegou que compreendia
Que a faculdade exigiu
Muito de seu psicológico
E que o psiquiatra era renomado,
E as primeiras sessões
Ele se encarregava de pagar.
Jacira escondeu-se no quarto
Por meses
Com vergonha de ser vista na rua.
Marcos em cada dia a buscou,
Em todos se preocupou
Com seu bem-estar,
E assim, a conquistou.
Foi difícil superar a situação
Constrangedora,
Mas com Marcos para amparo,
Tudo soou melhor.
Se apegou a ele,
Diagnosticada paranóica,
Ele a acompanhou em suas sessões,
Após um ano de tratamento,
Parou de ver o vulto
De Jaimir em seu quarto.
Constrangida,
Negou os fatos:
“Sentir o toque dele,
Os sinais dele em seu corpo,
Em cada manhã
Em que ia tomar banho”.
Se insistisse nesta ideia
Com Marcos,
Por mais educado
E gentil que ele fosse,
Ele a rejeitaria,
Ela sabia disso,
Sem saber porquê,
Entendia que ele não iria quere-la.
Agora, mais que nunca,
Precisava de Marcos.
Se olhava nua no espelho,
Parecia que esperma escorria
Por suas pernas suadas e trêmulas
De medo,
Mas Marcos não dormiu com ela,
Ela tinha medo,
Preferia passar suas noites sozinhas.
Não entendia o motivo,
Mas, precisava dar um espaço
De tempo entre os encontros
Com Marcos,
Precisava da solidão
Que isto causava,
Precisava refletir.
Mas, neste instante,
Vendo-se nua refletida
No espelho de corpo inteiro,
Se imaginava mãe,
Imaginava sua barriga crescendo,
Marcos a beijando
Ajoelhado no chão,
Abraçado a sua cintura,
Segurou de encontro a sua
Grande barriga.
Ansiava por ser mãe,
Sonhava em ter sua família,
Sentia que precisava acontecer...
Decidiu dar um tempo
Nas sessões,
Se cuidar sozinha,
Permitir a Marcos uma maior
Aproximação.
Queria casar-se,
Estava cansada
Dos malditos sonhos
Tão reais
Que ao invés de lhe trazer Marcos,
Lhe traziam sordidamente Jaimir.
As vezes, acordava
E parecia senti-lo
Abrigado ao seu corpo.
Sentiu tanto medo
Que não ligou mais a luz
Do quarto,
Não importava a motivação.
Escolhia o horário
Para ir dormir,
E tinha isto por regra,
Então, ia pela última vez
Ao banheiro,
Depois se deitava
E nada além do sol do dia
A despertava exatamente as oito.
Seus sonhos eram intensos,
Cheios de vozes,
E até mesmo efeitos,
Mas vazios ao amanhecer
Não restava um rosto,
Um nome,
Ou um alguem,
Então, Jacira pegava o celular
E buscava Marcos,
Ele sempre estava lá.
Ela tinha medo
De que a espera o cansasse
Ou lhe fizesse mal,
As vezes, ela sentia muitos medos,
Inexplicáveis medos...
No entanto,
Decidiu assumir o que houvesse,
Enfrentar o que precisasse
Por este amor.
Tinha certeza sobre o que sentia,
Pedida em casamento,
Aceitou.
De súbito marcou viagem,
Escolheu destino e roupa,
Se casou.
Casados, fizeram amor
No banheiro do lugar
Onde comungaram a união.
Estavam decididos
A formar família,
Poucas horas se passaram
Depois de casarem-se.
Muitos poucos sabiam
Desta residência que Jacira
Possuía tão longe de casa,
Ninguém tinha a chave,
Ela organizava quando estava,
Antes de sair fechava tudo,
E ninguém abria
Até sua volta.
Estava segura,
Era está sua primeira noite
Com Marcos como esposo.
Contudo, a lembrança de Jaimir
Estava presente,
De alguma forma
Nítida exatamente como
Nas outras vezes.
Ela soprou fundo
Várias vezes,
Puxou a respiração,
Segurou por alguns instantes,
Então, soltou.
Buscou a mão de Marcos,
Não reconheceu,
Estava mais dura e grande,
Seu peito parou,
Depois arfou vagaroso,
Ainda assim,
Enlaçou os dedos,
Apertou com paixão,
Fechou os olhos
E pediu aos céus por Marcos,
Por fim, chamou seu nome
-Marcos.
Um sorriso
Saiu do peito do homem
Que dormia com ela,
Era tarde da noite,
Madrugada,
Deviam ser duas horas,
A luz estava apagada...
Ela soltou a mão dele,
Quis mudar o destino,
Lutar por este amor,
Levantou da cama,
Buscou o interruptor,
O acendeu...
Um espasmo de pânico
Tomou seu peito,
Ela se afastou um pouco,
Então, se voltou para sobre
A cama em que dormia
Encontrou Jaimir nu.
Ele sorria sereno,
Deitava-se com ela
Com familiaridade,
Ela correu para buscar Marcos,
Duvidou que estivesse
Sonhando,
Então, o viu.
Não queria tê-lo visto,
Antes fosse pesadelo,
Ele estava morto
Na entrada do quarto,
Nu e sangrando.
Sangue frio ganhou o azulejo,
Ela levou a mão sobre a barriga,
Seu marido,
Seu esposo não resistiu a Jaimir,
Que resistisse então o filho
Que planejou para o casamento.
Era a única esperança
Que tinha
E mais nada.
Marcos estava com uma
Faça cravada em meio ao peito,
Morto e silencioso
No chão do quarto.
Ela voltou-se para Jaimir
Ele não se movia,
Sorria sereno.
Tinha no dedo anelar
Uma aliança que pertencia
Ao casamento dele,
Ele era esposo de outro alguém,
O que fazia ali?
O que queria dela?
Matou.
Invadiu sua casa
E agora matou seu esposo
Por prazer,
Tudo por sexo.
Os anos corriam
Mas, era como se para ele
Não passassem.
Tudo deveria ir a seu modo,
No modo de Jaimir não
Cabiam os homens.
- você invade quantas
Outras casas,
Além da minha, Jaimir?
Ela indagou
Munindo-se de toda a coragem.
Ele sorriu.
Se levantou.
Veio até ela e a abraçou,
Da forma que ela reconheceu,
A beijou,
A carregou até a cama,
A jogou de bruços
E transou com ela.
Depois a soltou,
Ela se virou para olhar
O rosto dele,
Ele se afastou,
Pegou Marcos pelas pernas,
E o puxou para fora do quarto.
Jacira sentou-se
Sobre a própria cama,
Marcos estava morto,
E estava sendo retirado de sua vida
Por Jaimir.

Feliz 36 Anos

Um dia antes
A gente tenta
Não pensar
Que fará aniversário.
Procura imaginar
Que fez tudo perfeito,
Que não poderia
Ter feito melhor
Tudo que fez
Em cada ano que passou.
Vê a casa em ordem,
Os filhos bonitos
E bem cuidados,
Os negócios sendo organizado,
O marido a esperar
Um convite seu
Para um local qualquer,
Ou um desejo
De que você tenha vontade...
Bem,
São 36 anos.
Você já tem maturidade,
Já imagina que estar
Ao lado de quem você ama
É tudo de que precisa.
Você busca segurança,
Quer encontrar a família unida,
 É isto,
Dentro do seu peito
Você tem a certeza
De que possui tudo que deseja
Sempre que encontra seu esposo
A te esperar,
Os filhos limpos e amados,
A casa conforme você quer,
É isto!
36 anos
É esta completude
Que você encontra
No aconchego do lar,
No abraço que aquece a noite,
No cobertor sempre mais confortante.
Tenho tudo de que preciso,
Por me entregar
A um bom esposo,
Tenho muito mais que isso,
Confesso, dirigir o carro
Ir até uma loja,
Parar em frente a vitrine
E tentar buscar um algo
Que eu talvez desejasse,
Mas, percebo que tenho tudo.
Mais que desejei,
Tenho todos os mimos,
Tenho o orgulho
De ver os olhos dos filhos
Brilhar de satisfação
Em cada instante
Em que me veem,
Meu esposo sempre
Me buscando,
Onde quer que se encontre.
Se me esquivo,
Eles não se escondem,
Se tenho medo,
Eles enfrentam,
Se o dia tá ruim,
Eles melhoram tudo por mim,
Eu sou completa,
E uma pessoa completa
Tem tudo de que precisa,
Então, neste dia dos 36,
Escolho sair até o pomar
Que nos esforçamos
Para criar durante o ano,
E os próximos...
Colhemos frutas,
Retornamos para dentro de casa,
Eu escolho a receita,
Nós fazemos juntos
Nosso próprio bolo
E eu já não quero buscar lá fora,
Seja um bom café,
Um lindo bolo,
Ou qualquer presente,
Eu tenho tudo,
E olho para nossa família
E vemos que nós temos tudo,
Isto é a graça,
Isto é o encanto,
Lá fora nada me atrai
Mais que o que temos entre nós.
Feliz 36 anos
Sem medo de todos os receios
De que já ouvi falar.

Império da Narcóticos

Jorge era padrinho Do casamento do melhor amigo, Era um sonho comum A realização do ato, E não poderia ter sido mais lindo. ...