segunda-feira, 3 de maio de 2021

Renegas a Saudade, Querido!

 


E quando eu enviei pelo correio aquela carta,

Embora não aguardasse ansiosa por uma resposta,

Eu coloquei em cada linha todo o meu coração nela,

Foi como se a escrevesse com as palavras da alma,

Tivesse em mim uma forma de ser exata com o que sentia,

Não teria me expressado melhor, no entanto, não sabia

 

Que mesmo todas as frases do mundo lhe confidenciariam

O quanto eu me vi perdida com esta distância,

O tanto que pedi a Deus que lhe trouxesse de volta,

Uma chance a mais de ser sua, buscava em ti um sinal,

Qualquer coisa que me desse uma alternativa,

Uma maneira de trazê-lo para mim ou de esquecer,

 

Desmentindo minhas lembranças rebuscadas naquelas linhas,

Renegando tudo o que sente meu coração à outra face,

A maldição da promessa do amor eterno pendia em minha vida,

Poderia defini-la de outra forma tivesse de ti ao menos a chance,

Vil foi o preço pelo qual lhe entreguei minha alma,

Um beijo, uma promessa, um sorriso e um rubor de instantes,

 

Agora, se faz distante, nega tudo que um dia prometeu,

Com o mesmo sorriso com que usou para cativar meu amor,

Revoltado a ideia de cumprir com seus deveres de homem,

Aqueles em que me fez acreditar ao conquistar-me,

Merece do meu coração nada mais que mágoa,

Mas minha lembrança se revolta, insiste que o ama,

 

Um castigo aviltante espera aqueles que se entregam dessa forma,

Leviano e traiçoeiro com o sentimento alheio,

Nega o que vem depois, esquece tudo que sentiu naquela hora,

Amor de instantes não preenche nada além do mundo que o cerca,

De momento a momento, todos se afastarão, até não restar nada,

O nada a que você condena, pode, se tornar prisão perpétua,

 

E o ter por prisioneiro, se hoje meu coração chora por te amar,

Talvez um dia sorria por ter conhecido você e tê-lo perdido,

Bem, iniciei a carta com uma declaração e dou continuidade

Com um derramamento de lágrimas em linhas tortuosas,

Verdadeiro desabafo de quem você nunca quis dar ouvidos,

Pergunto-lhe: porque conquista corações se depois os renegas?

 

Lhe apresento frases, lembranças, e nossas juras como provas,

Assim mesmo, não tardou em se ausentar, sem dar notícias,

Cheguei a rezar por sua alma, pedir uma missa ao padre por sua vida,

Fui procurar nos bancos de dados, em hospitais, delegacias...

Exagero de atitude? Exagero o seu em me conquistar e fugir,

Se tornaste um prevaricador que se recusa a sentir,

 

Aceitai esta carta que o envio de coração aberto e a lê,

Por favor, não leia muito alto, basta que chegue aos seus olhos,

Não preciso de plateia para aplaudir o meu sofrer,

Escutai nossas promessas sobre o tempo em que nos amávamos,

Não tenho necessidade alguma em lhe parafrasear as frases,

Mas o amo de forma pura, gostaria que soubesse disso,

 

Responda-me: “recebi, a li e concordo com o que dizes,

Ou discordo”, mas diga ao menos que recorda de nós,

Se já me trocou por outro alguém, tudo bem,

Não diga que já nos esqueceu de maneira tão mesquinha,

Rasgue a carta ao meio, queime seus restos, jogue as cinzas fora,

Mas não negue o que vivemos de forma insensata,

 

Seu coração herético está embriagado de mentiras,

Espero que minhas palavras possam salvaguardá-lo um pouco,

Deixar-lhe sóbrio sobre os sonhos das nossas almas,

Aqueles quais buscávamos juntos até ver você desistir e ir embora,

Digo-lhe: o amo da mesma forma intensa de tempos atrás,

Condenável é o que seu coração ordena para nos afastar,

 

Ora, nunca rejeitei o afago que suas mãos perpetraram,

Se teu coração nos afasta posso ao menos conhecer o motivo?

Eu o senti se afastar tarde demais, quase não pude fazer nada,

Me desculpa se foi insatisfatória minha maneira de busca-lo,

Mas, lhe juro fiz tudo que estava ao meu alcance, minha vida,

Verificarás, ao contrário, que quedei ao grito surdo dos seus olhos,

 

Seu olhar de ira me revoltou, me deixou vazia por dentro,

Apenas não soube o que fazer, acho que sou muito agarrada a promessas,

Relembro cada uma delas e acredito com o mesmo entusiasmo,

Se contasse com a segurança do seu abraço, mil anos não bastariam,

Mil e um beijos não demonstrariam o quanto é grande o meu amor,

Mas ainda que vivesse tanto, não bastaria para amá-lo uma só vida,

 

Meu coração lhe busca e é como se eu o pudesse ver,

Sinto que não esqueceu de nós, é como se ele soubesse o que fazes,

Foi ele que revelou a minha mão cada palavra da minha alma,

Acredita no que meu coração fala, ele o recorda em cada dia,

Um beijo de paixão apenas e boas-novas a uma outra história,

Uma em que fossemos felizes juntos, sem ver tudo se acabar,

 

Como é estar longe de tudo que vivemos e fingir não se importar,

Sente-se como se estivesse chorando uma tristeza que não acaba,

Nota essa intensidade refletir em seus atos e embriagar sua fala?

Repele este pensamento e busca por nós em sua alma,

Estas lágrimas são mais frágeis do que o amor de uma vida,

Não importa quais foras as circunstâncias, há sempre uma alternativa.

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