segunda-feira, 3 de maio de 2021

Um Amor Sem Distâncias

 

Um sopro brincou com meus cabelos, me trazendo um sorriso,

Não precisei de muito esforço para recordar seu rosto,

Com aqueles conhecidos olhos irradiando luz em minha vida,

Deixando o semblante alegre e um sorriso belo em sua boca,

Tentei tocar o vento, segurá-lo por entre os dedos,

Meu sorriso saiu ainda mais seguro, embora não pudesse tocá-lo,

 

Não havia nada além de algo suave a me afagar os cabelos,

O bastante para trazer sua lembrança e me deixar feliz,

Tentei brincar comigo mesma como se você estivesse ali,

Fechei a janela, puxei as cortinas, me escondi atrás dela,

Com um gritinho como se dissesse: amor onde estou agora?

Tivesse deixado a janela aberta teria a certeza de tê-lo visto,

 

Mas estavam fechadas, as cortinas que me teriam escondido,

Agora, acariciavam minhas costas em um leve balanço,

Percebi satisfeita, ao sentir aquele cheiro de rosas nos lábios,

Que meu amor não tinha saído daquele apartamento,

Ao contrário, enquanto ele tentava me fazer estar do outro lado,

Estava ali dentro, por entre os cômodos, as fotos e em cada canto,

 

O que senti com a janela aberta foi apenas um lampejo do que vivemos,

Uma lembrança boa do quanto é bom amar por inteiro,

Pedisse pormenores ao amor teria me respondido que ele é sempre igual,

Todavia, não posso falar sobre os outros, mas o meu é único,

O melhor dos amantes, o homem mais bonito, o sorriso que causa encanto,

O sonho de uma menina apaixonada que o reconheceu no sereno da noite,

 

Aproximada pelo destino, com um beijo selou aquele primeiro instante,

E assim se fez, todos os outros dias, com o mesmo prazer,

E a mesma sensação de o estar reconhecendo em cada vez,

Como se todo o beijo fosse mais saboroso e mais inebriante,

Em seus braços amparada, por seu amor guiada em cada passo,

Deus revelou com seus sinais o que ela precisava descobrir,

 

O homem que buscava desde sempre, que os dias buscaram encobrir,

Não tardou até que as mãos do destino se encarregaram de agir,

Tocou o seu rosto com um olhar encantador, e o amor se fez do nada,

Assim, um beijo faz emergir o verdadeiro amor, e dura a vida inteira,

“Possais compreender”, ela parecia ouvir, como se ele estivesse a sussurrar,

Com isso seu coração se revelou ainda mais cortês e amável que antes,

 

Tal aquela brisa suave ou mais leve ainda, feito a carícia de uma pluma,

Pois enquanto ela o sentia se acalmar dentro dela,

Sua mão se contorcia em carícias, o queria ali para afagar,

Enquanto a lembrança já o tinha abraçado nela,

Seu coração, porém, estava atento ao que ela sentia,

Sem se permitir ser enganado, pegou o telefone e discou um número,

 

“Esperais que acredite que uma brisa ressoa o sabor de um beijo,

Quando há entre vossos seios este coração que pulsa e pode trazer ele para perto,

Após compreender que o ama, quer enganar-se a esperar inerte?

Ora moça bonita, não seja tola, nem me faça de bobo, pegue o telefone,

Ande depressa disque um número, aquele que está em seus dedos,

Que você não precisa ressoar alto para discar de modo automático”,

 

Quando se reuniram todos aqueles números e uma voz chamou do outro lado,

Ela nem acreditou no que fez, em verdade, não sabia se ligou ou atendeu,

Tão forte foi o salto em seu peito e a alegria que irradiou em seu rosto,

Se ela acreditava estar feliz antes disso, percebeu que poderia ser mais que isso,

Uma voz magnética, forte, suave e doce atendeu: - alô querida,

Estou com saudade, você viu que deixei o café pronto, ao lado das flores? -

 

- Oi amor, também estou com saudade, querido reúne todo o amor do mundo,

Nem assim alcaçaria tudo o que sinto - ; “acredito”, ela ouviu do outro lado,

- Mas quando estou a sós, tranquila com seu abraço, me sinto completa;

“Também sinto isso meu amor, quando estamos juntos não falta mais nada;”

- Poderei dizer a você algo que o surpreenda e alcance a definição do que sinto?;

“Claro que não querida, eu tenho bom-senso, nosso amor é o maior do mundo,”

 

Ambos dialogavam sorrindo, como se não houvesse mais nada a ser feito,

Como se os segundos estivessem parados ao seu dispor no tempo,

Eles sabiam que quanto mais falavam mais sentiam o amor,

E menos conseguiam demonstrar o quanto era intenso o sentimento,

Ignoravam que havia um Deus que sabia o que ocultavam e o que revelavam,

Pois, os que amam gostam de parafrasear o que sentem e não podem explicar,

 

Abençoados pelo que suas mãos seguravam, um celular que encurtava distâncias,

Santificados pelo sentimento que nutriam, mal sabiam os quão sortudos eram,

O fogo que queima a carne, não os atingia senão para avivá-los,

O amor que era de instantes, chegou e preferiu ficar por mais alguns dias,

Pergunta-lhes: há quanto tempo se conhecem, vocês se amam tanto,

Ou apenas convivem um com o outro para o transcorrer das horas?

 

Eles viram as costas e se afastam, nem todas as perguntas merecem respostas,

Mas quando afagam-se, um ao outro, sem tentar esconder o que sentem,

Veem os anos percorrer por seus rostos sem que os percebam mais que dias,

Não fazem um ao outro poucas promessas, não refreiam seus prazeres,

Fazem suas juras e as cumprem seja em noite de lua ou em noite escura,

O que recordam ao olhar um nos olhos do outro é que o amor que se fez neles

 

Nunca disse tudo que sentia e nunca sentiu menos que o dia seguinte,

Prometeram-se e foram suas próprias testemunhas,

Acreditaram, acaso que o amor se constrói sem base alguma?

Construíram-se em cada dia, e por amarem tanto foram reconhecidos na rua,

Existiram os que caíram incrédulos no suplício e os que conspiraram contra,

E o mesmo amor que a tudo esteve atento, não quedou de forma alguma,

 

Agora com seus telefones de mensageiros, avançavam um outro dia de promessas,

Vinham os sinais de todos os lados, o dia encurtava a distância,

Como se concordasse com a inclinação de vossas almas,

Que se buscavam incessantes por entre as lembranças e prédios da rua,

Tornavam o amor um álibi para construírem juntos cada sonho,

O destino os abençoou por acreditarem-se, o quão sentem um pelo outro!

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