terça-feira, 4 de maio de 2021

Uma Rosa Sangra

Quem troca o amor por um olhar na rua, se desvia,

Iniciam a escolha pelos meios e depois seguem-se as desculpas,

Com a flor que ela deixou sobre a sua mesa da sala de escritório,

Ela esperava encontrar um meio de fazê-lo retroceder,

Ele poderia ter deixado uma promessa em um verso,

Mas a verdade se tornou descarada de forma evidente,

 

Quando ela passava pelo escritório era motivo de piadas,

Qualquer um que a amasse não a rebaixaria dessa forma,

Ela se pacientou e procurou seguir as ordens da sua alma,

Mas o amor que tem poder sobre tudo, a pediu para sair,

Ainda assim, ela buscou mais uma forma de recuperar,

Pagou preço caro, por ter acreditado sem refletir,

 

Tais foram seus anseios, que as provas de sua dor escoaram

Por entre os seus dedos, através de sangue entre suas pernas,

A traição foi evidente por meio de um e-mail com fotos,

Em que ele beijava outra em uma viagem que seria a negócios,

O medo que não se apoderou dele investiu contra ela,

Com tamanha força que a fez desvanecer por sobre o sofá,

 

A notícia cuja qual ele nem ao menos tinha conhecimento,

Acabava de sujar o sofá e perder-se no ralo do banheiro,

Ela foi rápida em chamar o médico que não teve o que fazer,

Viu o assinar de um atestado alegando uma desculpa médica qualquer,

O dinheiro consegue escrever o que se desejar numa folha,

Bastava a assinatura necessária e um filho nunca veria a luz do dia,

 

Não adiantava chorar, partir-se ao meio em dor profunda,

Os que prometem, nem sempre cumprem, assim é a vida,

Haverá alguém mais perverso que aquele que jura amor

E depois, fere a alma em destino traiçoeiro sem culpa

Ou piedade daquela que acreditou e o amou como nunca,

Jurar amor para depois impedir que o amor se faça?

 

Não cabia julgamento ou condena, destino selado,

Agora nem uma de suas pílulas de felicidade falsa

Trariam aos seus braços o amor que nunca conheceria,

Um rosto sem face ainda sangrou a mesma dor que ela,

Os que procedem dessa forma deveriam temer o amor,

Provar o sabor do próprio veneno, embriagados em cruel destino,

 

Sua recompensa será o opróbrio neste mundo

E o suplício de se ver sozinho no outro,

Sabendo que a Deus pertence do nascer ao pôr-do-sol,

Não há nada que se oculte ou se desvie de suas mãos,

Será tarde quando encontrardes a Deus face a face,

Talvez, lá se depare com outras vidas que fez perder-se,

 

O amor é imenso, Deus sabe disso, alguém se encarregará

De apresentar seus atos, vez que não terá como questionar

Que espécie de envolvimento era imperativo com relação

Aos seres humanos de sua volta, e o que incitava sua emoção,

Felicidade e frustração acompanham a todos sem distinção,

Em que desculpa se apegará quando estiver ausente a paixão,

 

E não restar nada em que você se apegar, por tudo estar explícito,

Buscará inventar uma crise sem nenhum fundamento?

Quis possuir o amor do mundo aquele que não cuidou do amor de casa,

Depois da promessa feita, os adultos fogem aos seus objetivos,

Vale mais o sabor da novidade do que valorizar o que se conquista,

A realidade é oposta aos sonhos de criança, se acostume a isso,

 

Um sorriso não conheceu a luz do dia, outro morre diante dela,

Um terceiro, está absorto em doses de tequila nos lábios de uma estranha,

Os medos foram intensos demais para que ela os pudesse controlar,

Alguns espasmos de dor e seu filho decidiu que não era a hora certa,

A raiva em sua alma tomou proporções avassaladoras,

Não precisou pisar em falso, caíram suas lágrimas e com elas: a criança,

 

A razão desse descompasso é que sua mente estava ocupada,

O abandono foi nocivo com o teor de veneno em sua boca,

Embora o esforço em tentar evitar ver, as fotos ganharam a tela,

Percorriam sozinhas sob suas vistas, precisas e frias,

Mesmo quando jogou o celular fora, não pararam ainda,

Viu cada momento como se estivesse presente, em carne viva,

 

Foram tantas as desculpas esquecidas por entre os cômodos,

Que seus vazios buscaram se preencher de outra forma,

A beira da morte havia tanta dor em seus olhos vítreos,

Que parecia não haver cura para tanta mágoa acumulada,

Todavia, não era tarde demais para curar e ser curada,

Pegou a rosa mais bonita, beijou por entre os espinhos,

 

Juntou-a do seu jardim, o que cultivaram juntos,

Ainda sangrava uma dor profunda e vazia,

Buscou cruzar a diferença daquele momento

Em que arruinar ou superar um erro em sua vida,

Se torna imperativo a ponto de pôr em equívoco

A sua capacidade de decidir por si própria,

 

Dominada pela raiva, cegada pelo ódio,

Uma família se destrói pelas mãos de um carrasco,

Instante em que vidas tornam-se números,

A aparência é mais importante que fazer o necessário,

Os efeitos do ódio se evidenciam em um rosto sombrio,

A vontade era usar a rosa para perfurá-lo ao meio, contudo,

Conteve as lágrimas, fechou a porta do escritório e saiu.

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