Quem troca o amor por um olhar na
rua, se desvia,
Iniciam a escolha pelos meios e
depois seguem-se as desculpas,
Com a flor que ela deixou sobre a
sua mesa da sala de escritório,
Ela esperava encontrar um meio de
fazê-lo retroceder,
Ele poderia ter deixado uma
promessa em um verso,
Mas a verdade se tornou descarada
de forma evidente,
Quando ela passava pelo escritório
era motivo de piadas,
Qualquer um que a amasse não a
rebaixaria dessa forma,
Ela se pacientou e procurou seguir
as ordens da sua alma,
Mas o amor que tem poder sobre
tudo, a pediu para sair,
Ainda assim, ela buscou mais uma
forma de recuperar,
Pagou preço caro, por ter
acreditado sem refletir,
Tais foram seus anseios, que as
provas de sua dor escoaram
Por entre os seus dedos, através
de sangue entre suas pernas,
A traição foi evidente por meio de
um e-mail com fotos,
Em que ele beijava outra em uma
viagem que seria a negócios,
O medo que não se apoderou dele
investiu contra ela,
Com tamanha força que a fez
desvanecer por sobre o sofá,
A notícia cuja qual ele nem ao
menos tinha conhecimento,
Acabava de sujar o sofá e
perder-se no ralo do banheiro,
Ela foi rápida em chamar o médico
que não teve o que fazer,
Viu o assinar de um atestado alegando uma
desculpa médica qualquer,
O dinheiro consegue escrever o que
se desejar numa folha,
Bastava a assinatura necessária e
um filho nunca veria a luz do dia,
Não adiantava chorar, partir-se ao
meio em dor profunda,
Os que prometem, nem sempre cumprem,
assim é a vida,
Haverá alguém mais perverso que
aquele que jura amor
E depois, fere a alma em destino
traiçoeiro sem culpa
Ou piedade daquela que acreditou e
o amou como nunca,
Jurar amor para depois impedir que
o amor se faça?
Não cabia julgamento ou condena,
destino selado,
Agora nem uma de suas pílulas de
felicidade falsa
Trariam aos seus braços o amor que
nunca conheceria,
Um rosto sem face ainda sangrou a
mesma dor que ela,
Os que procedem dessa forma
deveriam temer o amor,
Provar o sabor do próprio veneno, embriagados
em cruel destino,
Sua recompensa será o opróbrio
neste mundo
E o suplício de se ver sozinho no
outro,
Sabendo que a Deus pertence do
nascer ao pôr-do-sol,
Não há nada que se oculte ou se
desvie de suas mãos,
Será tarde quando encontrardes a
Deus face a face,
Talvez, lá se depare com outras
vidas que fez perder-se,
O amor é imenso, Deus sabe disso,
alguém se encarregará
De apresentar seus atos, vez que
não terá como questionar
Que espécie de envolvimento era
imperativo com relação
Aos seres humanos de sua volta, e
o que incitava sua emoção,
Felicidade e frustração acompanham
a todos sem distinção,
Em que desculpa se apegará quando
estiver ausente a paixão,
E não restar nada em que você se
apegar, por tudo estar explícito,
Buscará inventar uma crise sem
nenhum fundamento?
Quis possuir o amor do mundo
aquele que não cuidou do amor de casa,
Depois da promessa feita, os
adultos fogem aos seus objetivos,
Vale mais o sabor da novidade do
que valorizar o que se conquista,
A realidade é oposta aos sonhos de
criança, se acostume a isso,
Um sorriso não conheceu a luz do
dia, outro morre diante dela,
Um terceiro, está absorto em doses
de tequila nos lábios de uma estranha,
Os medos foram intensos demais
para que ela os pudesse controlar,
Alguns espasmos de dor e seu filho
decidiu que não era a hora certa,
A raiva em sua alma tomou
proporções avassaladoras,
Não precisou pisar em falso,
caíram suas lágrimas e com elas: a criança,
A razão desse descompasso é que
sua mente estava ocupada,
O abandono foi nocivo com o teor
de veneno em sua boca,
Embora o esforço em tentar evitar ver, as fotos ganharam a tela,
Percorriam sozinhas sob suas vistas,
precisas e frias,
Mesmo quando jogou o celular
fora, não pararam ainda,
Viu cada momento como se estivesse
presente, em carne viva,
Foram tantas as desculpas
esquecidas por entre os cômodos,
Que seus vazios buscaram se
preencher de outra forma,
A beira da morte havia tanta dor
em seus olhos vítreos,
Que parecia não haver cura para tanta
mágoa acumulada,
Todavia, não era tarde demais para
curar e ser curada,
Pegou a rosa mais bonita, beijou
por entre os espinhos,
Juntou-a do seu jardim, o que
cultivaram juntos,
Ainda sangrava uma dor profunda e
vazia,
Buscou cruzar a diferença
daquele momento
Em que arruinar ou superar um erro
em sua vida,
Se torna imperativo a ponto de pôr
em equívoco
A sua capacidade de decidir por si
própria,
Dominada pela raiva, cegada pelo
ódio,
Uma família se destrói pelas mãos
de um carrasco,
Instante em que vidas tornam-se
números,
A aparência é mais importante que
fazer o necessário,
Os efeitos do ódio se evidenciam
em um rosto sombrio,
A vontade era usar a rosa para perfurá-lo ao meio, contudo,
Conteve as lágrimas, fechou a porta do escritório e saiu.
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