domingo, 9 de janeiro de 2022

São Quatorze Horas


 

As quatorze horas chegam e passam; nada acontece,

De tudo que houve apenas lembranças feito miragem,

As recordações chegam em horas incertas,

As coisas já estão vagas e tremulas,


Chego a duvidar da veracidade de tudo que lembro,

As emoções ficam fracas, quase ausentes,

Ao menos é isso que eu busco acreditar

Quanto mais as horas passam sem trazer notícias,


Os beijos foram vividos com tanta intensidade,

Acho que quanto aos resultados eu não tive consciência,

Não imaginei me apaixonar naquele instante,

Agora, insone e invasiva colho as consequências,


Em vista da importância que dou àquela hora,

Acredito que as rememoro sem pairar dúvidas,

E tento reproduzir da melhor forma possível,

Com riqueza de detalhes e domínio sobre os estímulos,


Da primeira vez busquei por contato imediato,

Na décima chorei sentada na poltrona sem saber porquê,

Agora, já não choro ou busco, está tudo bem,

O que vivi com aquele que amei ocorreu desta forma...


Penso e repenso, e decido não dizer,

Prefiro não contar tudo que houve,

Talvez assim seja mais fácil esquecer,

Acredito que terei esquecido em uma semana ou duas,


Embora pensar desta forma quase me mate,

Mas essa não será a única vez em que o verei,

A cidade é pequena é tão fácil se cruzar nas ruas,

Adormeci e na tarde seguinte, logo após as dezesseis,


Abro a janela,  sete de julho, recebo notícias,

Uma mensagem tênue alegando saudade,

Apenas isso, descrito em duas frases,

Quanto ao que sinto, omito os detalhes,


As estrelas estão arredias e a lua se esconde,

Mais uma noite se aproxima e eu sei como estará,

Confesso que se fosse de luar não mudaria nada,

Quiça eu soubesse resolver este conflito de sentimentos,


Decido responder a mensagem com uma frese sem contento,

Francamente, a demora atirou-me a incerteza,

Não do que eu sinto mas de ser retribuída,

Chega-se em um momento da vida


Que não se quer mais viver de aventura,

Buscar um amor incerto não parece a saída,

Embora tudo que falei me soou incoerente,

Não disse do amor que senti palavra alguma,


Muito menos lhe confidenciei a saudade,

Enviei a mensagem, como quem não espera resposta,

Mais uma vez apaguei a conversa

E deixei-na guardada apenas na memória,


Não precisava de nada além disso,

Um amor guardado no tempo

E apenas enquanto estivesse vivo,

Oh, doce memória da qual as vezes não me orgulho,


Confessa que lembra dele em cada detalhe,

Não guardo notícias na esperança de vê-lo em breve,

Evito me deitar, a noite para mim não será de sonhos,

Notei que meu relógio atrasava a hora,


Sentia como se a cada instante voltasse no tempo,

A resposta que eu queira imediata: se demorava,

Tudo de atraente que via nele se apagava,

Ou fingia dentro de mim, eu já não sabia.

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