Senhor, me
desculpa se ofende meu modo,
Me desculpa
se meu aperto de mão é forte,
E meu olhar
é determinado,
Me perdoe se
minhas mãos rígidas ferem as suas,
Isto que
tenho, são calos,
As suas
possuem cremes específicos,
Saiba: não
os uso!
Posso
imaginar o que sejam,
Porém, você
não gosta de como sou,
Não me
reconhece como ser humano,
Não
frequento os ambientes em que você esteja,
Claro, você
não convive com outras como eu.
Agora, você
me olha e diz: vire-se,
Tudo bem,
estou de costas para a sua cara,
Você já não
é capaz de me encarar agora,
Coloca as
suas algemas em meus pulsos,
Sobre os
meus calos as suas algemas fechadas,
Você não
pode ver se choro,
Eu agradeço,
Para esta
que me tornei desde os cinco anos trabalhando,
É vergonhoso
chorar por tão pouco,
Me desculpa,
eu não entendo um homem,
Não entendo
dois homens,
Hoje não
entendo três homens,
Vocês pensam
da mesma forma,
Foram
criados as suas maneiras,
O que é a
semana toda com uma máquina de veneno sobre suas costas?
Talvez você
saiba, talvez nunca,
O que são
carregar dez quilos enquanto trabalho,
Em minha
cabeça?
Estão minhas
escolhas e agora,
Meus atos
apertam meus pulsos,
Eu lhe
diria: obrigada!
Mas, estou
de cara virada... (de costas),
Você chega e
leva o que eu tenho,
Que bom,
sabe quantos anos demoram para eu resgatar?
Talvez, uma
vida,
Talvez nunca
mais volte a ter aquele objeto,
Que de você
é menos que seu salário,
Mas que
ótimo a vida foi boa com você,
Mas veja
você se aproximou do meu terço,
Levou-o até
o chão,
Também não
foi capaz de encarar ele?
Bem, eu
ainda rezo todas as noites,
Mas até hoje
você não estava lá,
Pois eu não
te conhecia, conhecia?
Mas veja
você como você reage?
Me definiu “demônio
enjaulado”,
Reclamou da
minha cara...
Eu digo,
senhor me perdoe se lhe chegam deturpados ao fatos,
Aqui não
pega sinal de celular,
Eu não tenho
mais que ao dispor um app,
Lá eles veem
uma foto e já acreditam saber quem é,
Você ignoram
meu filho se jogar embaixo da cama,
Ele vê que a
mãe dele chora,
Ele não tem
pai – só ela,
E você
ameaça retirá-la da presença deles,
Querido,
eles entendem.
Ele é gordo
e bem cuidado,
Quem vê não
diria que se enfiou lá,
Por um
descuido seria fácil matá-lo,
Veja a vida
como é,
Mas, disso
você não entende,
Por quê
deveria?
Eu sou
obrigada a conviver com quem não me gosta,
E você ainda
imagina que só me fariam bem...
Mas, tudo
bem, em mim cabe o seu estereótipo,
Me desculpe,
se crio o meu também.
Eu peço a
você, você me chama de criminosa
Porque me
recuso a olhá-lo,
Eu lhe peço
com sinceridade:
-Você,
realmente acha que eu deveria olhá-lo,
Você se
apresenta aéreo olhando o seu celular,
Buscando
sinal de internet e diz: “eu não”!
Se você
concorda que não sou obrigada a vê-lo,
Por que me
obriga?
Então, foi
este o motivo do uso da algema?
Você já
sabia que não seria capaz de me ver,
Olhar em
meus olhos e saber quem sou,
Foi pior
para mim, acredito!
Olho, te
vejo e nunca quis ser você.
Esta certeza
me reforça e sigo adiante,
E você,
depois de mim o que fez?
Foi
descansar eu era apenas um delito...
Eu digo:
obrigada (por concordar em não vê-lo)
Você diz, “ah,
então eu posso tirar suas algemas?”
Eu penso se
usar as algemas fazem de mim cega,
Então,
respondo de ímpeto:
Não, continuo
não querendo vê-lo.
Ele encerra
tudo que pretendia,
Embora, no
decorrer vá mudando de opinião,
Quer me
conduzir para outro lugar,
Sou
perigosa,
A lazer na
minha cara,
A arma bem
municiada,
Depois
decide remover a algema e sair,
Por conta
própria decide que não sou mais perigosa,
Eu penso,
olhando para ele em detalhes:
Em que eu
mudei?
Se eu era
antes como pude deixar de ser?
Ele havia
pulado a janela para entrar,
Agora
permito que mexa nas chaves da porta,
Reconheça os
pequenos cômodos da minha casa,
Não, com
isso, não sou mais perigosa,
Mas, como eu
estava antes continuo agora:
NÃO, NÃO AS
REMOVA, EU CONTINUO NÃO QUERENDO VÊ-LO!
Ele havia
iniciado: você ofereceu resistência,
Não queria
me ver,
Isso o
remete a algemas,
Mas então, o
por quê do remover?
Eu não acho
que algum dia irei querer vê-lo,
Espero que
me perdoe.
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