Aquele seu único beijo,
Arrastou-se sobre minha espinha,
Efeito de fogo abrasador,
Agora,
Vertente em saudade,
Se assemelha a gelo.
Não posso gostar de outro.
Me recuso.
A qualquer custo.
Sua.
Doce boca escorregadia,
Não sou capaz de esquecer,
Desejar outro,
Ou acalmar a saudade.
Sinto-me aborrecida por dentro,
Ser incapaz de esquecer,
Beira ao doentio,
Quem me dera fazer-te o outro.
Poder beija-lo feito louca,
E esquecê-lo na mesma medida.
Não sou capaz de ignorar,
Olhar fulminante,
Castigo de suas formas,
Definidas e perfeitas.
Por que me importo tanto?
Morro de medo de ser alvo
De seu olhar sombrio,
Aquele que olha de esguelha
E diz que "não sou única.
Sou tão seu,
Quanto seria de qualquer outra."
Lindo olhar taciturno,
Perigoso tanto quanto atraente,
Olhar que castiga até o sexo,
Olhar que remorsa por querer tanto.
Que me faz liquidada,
Tão caloroso que refresca,
Seca até me ver na poeira,
Oh, olhar que queima,
Que saiba me olhar o quanto preciso,
Que tire de mim a medida,
Mas não tente me congelar,
Fazer da minha líbido
Cálice de seus atributos,
Objeto de seu calor intenso,
Poeira por entre seus dedos...
Sacanagem de sua parte,
Desejar que eu me contente em saudade.
Não ainda.
Ser sua...
Deixar de ser da mesma forma?
Olhar que corrompe,
Quando pousa capta,
Não fuja agora,
Olhar que se distante deforma.
Me faz inacreditável
Quando em mim repousa,
Por este instante
Sou única,
Das mulheres
A mais perfeita.
Sua.
Unicamente,
Sua.
Estar distante de você me intimida,
Não poder ver seus músculos
A definirem-se sob meus dedos,
Enrijecidos e quentes,
Pulsantes sobre minha pele,
Tão intensos quanto brasa,
Calorosos, delicados, febris…
Moldados aos meus quadris,
Com força desmedida,
Por uma noite inteira ao menos,
Quem dera toda a vida.
É quase como se escorressem
Por meu sangue,
Respondessem a minha vontade,
A sua e exclusivamente.
Gostaria de ser mais intensa,
Saber responder a cada expectativa,
Ser resistente ao poder do seu olhar,
Não me ver trêmula
E caída aos seus pés.
A que sonho seria
Que o vento que toca meu corpo,
Tivesse mesma resposta
Que aquele intenso beijo
Onde você percorreu minha espinha.
Pudesse separar da mesma maneira
Meus cabelos,
Soubesse enrola-los por seus dedos
E prende-los,
Ah, por que o próprio vento
Não é capaz de puxar-me para ele,
Prender-me e me reter ao seu alcance,
Posicionar-se por minha pele,
Saborear cada curva que se abre,
Meter-se por inteiro em minhas cavidades,
Se inteirar de minhas vontades,
Cavar-se em minha superfície,
Tocar de pele a pele,
De monte a monte,
Saciar-se de apertada ansiedade,
Apossar-se de meus cheiros e sabores,
Acalorar-se por entre suavidades,
Eu então, poderia ser resistente a você.
Juro que me negaria ao seu olhar,
Que por única vez,
Roubaria seus beijos
Sem medo nenhum de perder,
Sugaria seus doces,
Beberia cada néctar de você,
Tomaria banho no seu suor,
Percorreria seus pêlos,
E não seria dependente do seu calor.
Não!
De modo abrupto e decidido.
Não!
Não responder as suas vontades,
Não ser inteira sua,
É castigo dos grandes,
Suplício de maiores pecadores,
Dirijo-me para dentro de você,
Não sou dada a olhares,
Quero muito mais,
Sempre que me deito, insone,
O sinto percorrer meu corpo,
Preciso que você esteja em mim,
Até que eu contemple o teto do quarto,
Seios fartos e farfalhantes,
E me veja saciada,
E o tenha ainda por entre minhas pernas.