Há tanto a ser lembrado sobre o que aconteceu
Naquele baile de certa noite de outono,
Que nem sei por onde começo a lembrar,
Mesmo sem haver uma única linha escrita,
Sobre a noite do beijo que levarei para uma vida,
Não há como esquecer nenhum detalhe,
Mesmo que eu não sentisse algo assim tão forte,
Mesmo que ele não soubesse beijar tão bem,
Mesmo que aquela música não tocasse
Naquela exata hora em que ele puxou minha mão,
Com um único gesto, lento e elegante,
Levando-a até o seu coração,
Pareceu-me naquela hora que ele estava
Me ensinando o caminho,
Contudo, quem há de olhar para aqueles olhos
Sem se apaixonar no mesmo segundo?
Ah doces lembranças, continuem pairando
Trazendo seus carinhos junto ao calor dos meus lábios,
Tragam-me, de beijo a beijo, quero de novo prova-los!
Lá estava eu, olhando pelos cantos indiferente,
Então ele chegou, e tudo pareceu se transformar,
Se isso não for amor, me digam o que é...
Falem-me mesmo que em um sussurro aos meus ouvidos,
Conseguem ler a pergunta que há em meu olhar?
Ah, queridas lembranças que te mantem aqui,
Como é doce traze-lo um minuto a mais junto a mim,
Tudo que essas lembranças desejam é tocar seu rosto,
Sentir o calor do seu abraço apertado,
Contar sobre a vida em um pacto silencioso,
E, talvez, dar-se ao direito de ama-lo por inteiro,
Provar cada parte sua no toque macio dos meus dedos,
Será que é isto que me reservou o destino?
Quando olhei no brilho das estrelas naquela mesma noite
Imaginei que algo nelas brilhava diferente,
Então, por qualquer razão seus olhos bondosos,
Me chamaram a atenção de forma contundente...
A distância, agora, pesa em meus ombros,
Nem um suspiro, caiu sobre mim o silêncio,
Meus sonhos tomam de assalto meus pensamentos,
Me permiti sonhar alto, macio e suave:
Em minha mente uma única imagem:
Lábios sedentos, beijo insaciavelmente saboroso,
Mãos hábeis sobre o meu corpo,
Nunca é demais repetir quando a lembrança é boa,
Ali, podia beijá-lo por mil vezes,
Nunca cansar-me de provar o sabor da sua boca,
O ruim da lembrança é que ocultava seu cheiro,
Trazia seu toque mas não de forma tão palpável,
Meu corpo quente exige mais que isso,
Anseio por seus carinhos de maneira ardilosa,
Qualquer coisa que reaviva seus carinhos,
Faça-me sentir, uma vez mais, suas mãos acalentadoras,
Meu corpo tremulo de saudade,
Confesso que não me auxilia em nada,
Uma única frase cala-se na minha garganta:
Preciso tê-lo de volta, por pelo menos uma outra vez,
Olhei para longe da minha janela,
Mordi o lábio,
A chuva se aproximava,
Ali fiquei, imóvel, por algum tempo,
Não parecia a hora certa de procura-lo,
Como se ouvisse o pedido do meu peito,
Seu carro estacionou junto ao pátio,
Deus existia afinal e ouvia meu pedido:
O homem que imaginei não poder ter,
Mas sem o qual, não saberia viver,
Estacionava a minha espera...
Com aquele sorriso lindo que eu, tão bem, conhecia,
Refletindo seu sorriso, o chamei para entrar.