sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Ligação

Ela parou por um instante,

Abriu a boca querendo dizer algo,

Mas nada lhe veio em mente,

Sentia-se presa a um tumulto interno,


Então, pôs-se a caminhar nervosa,

De um lado ao outro da sala,

Ela o amava sabia disso,

Porém, sentia medo de demonstrar,


Cada vez que ousava querer declarar,

Algo lhe calava a garganta,

E as palavras morriam em sua boca

Tão logo haviam se formado,


Sentou-se em seu sofá,

Cabelo desgrenhado, unha mal feita,

Pegou seu celular e discou seu número,

Dois toques e ele atendeu,


Tão logo ele disse: alô,

Ela estremeceu,

Fez-se um silêncio amedrontador,

Ela achou que ele desligaria,


Porém, reconheceu seu número

E permaneceu a sua espera,

Ela reviveu inúmeras vezes os momentos

Em que passaram juntos,


Conversando feito dois amigos,

Nem precisava fechar seus olhos,

E podia vê-lo com seu sorriso iluminado,

E mais, chegava a senti-lo,


Precisava dele ao seu lado,

Não havia como negar seu sentimento,

Ela tinha poucas certezas em sua vida,

E uma delas era o amor que brotava em sua alma,


Profundo e forte como não poderia definir,

O fato de ele sempre compreendê-la,

De estar sempre ao seu lado,

A importância que ele dava a cada detalhe dela,


Fazia ela sentir que não poderia abandonar ao acaso

Todo o amor que tomava conta de sua alma,

Então, ela mordeu os lábios,

Molhando-os com a língua em seguida,


Seu coração disparou,

Poxa, como desejava beijá-lo!

Mas ali estava ela, emudecida,

Não havia justiça neste mundo?


De que adiantava tanto amor se não podia dividi-lo?

Confidencia-lo, entrega-lo...

Seu coração deu um salto,

Assustada ela levou a mão ao peito,


Estava acometida de alguma doença,

Esta era a resposta mais sensata,

Afinal era mais fácil que assumir estar apaixonada,

Ela teve dificuldade em acreditar naquilo,


Por isso preferiu o silêncio...

Será? Pensou nele por mais um momento,

Desejou seu beijo... será que não valia a pena arriscar?

Uma carícia, um olhar...


Amor, esta palavra lhe parecia estranha,

Um sorriso sonhador lhe moldou o rosto,

Então, molhou seus lábios como se estivesse a beijá-lo,

E desta vez, disse a si mesma: apenas desta vez,


Se permitiria entregar-se a este sentimento

Como se o que sentia criasse vida dentro dela,

Convidou-o para tomar um sorvete,

E a medida em que falava com ele,


Fez como faz tudo em sua vida,

De coração e alma,

- Eu te amo, ela sussurrou mais para si mesma

Do que qualquer outra coisa,


Não pretendia ser ouvida...

Então desligou logo em seguida,

Deixou a resposta no ar,

Se ele chegou a ouvi-la,

Apenas no passeio ela saberia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...