segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sol ao Final do Horizonte


O sol se move no horizonte,

Lentamente, só para desenrolar o passar das horas,

Segue a direção da saudade que sinto agora,

Desenrolando uma paixão difícil de esquecer,

 

Daquelas descritas nos livros de romances,

Que são destinadas ao para sempre,

Deitada na grama do meu quintal,

Vejo tudo cair ao anoitocer, sonolento,

 

Ou quem sabe, dor da saudade para os que sentem,

Sintam -se as margens de quem partiu para longe,

Apenas para aguçar a saudade dos que sentem,

O mato, a grama, os céus e tudo o mais respondem

 

Em um murmúrio melodioso de um código segreto

Desvendado apenas a estes ternos corações apaixonados,

Sinto minha pele alvoroçar pela neblina do entardecer

Que me envolve em seu manto da tardinha de novembro,

 

Meus olhos castanhos brilham em nome da felicidade,

Fecho meus olhos por um segundo em um desejo:

Trazê-lo para perto, o sol se esconde atrás do cume,

Em cumplicidade, jura para mim que ira buscá-lo,

 

Feito a noitinha que me envolve, o sinto em mim: pele a pele,

Forte, determinado, másculo, com seus cabelos escuros,

Olhos castanhos cor da noite ao entardecer

E aquele cheiro gostoso de homem,

Capaz de despertar segredos em mim até então, desconhecidos,

 

Inigmático, seria capaz de conquistar em mim qualquer coisa que quisesse,

Mera serva ao dispor dos seus caprichos,

Por Deus, nao foi dado a mim o dom de resisti-lo,

Fecho meus olhos, envolvida nessa espécie de sonho,

 

Imagino o quanto seria maravilhoso estar em seus braços,

Sentir o cheiro do seu suor me percorrer por inteira,

Descobrir aquele desejo animalesco que o vejo

Esconder por tras dos seus atos masculinos,

Daqueles olhos escuros, em uma palavra: fascínio,

 

Em duas palavras: sinto saudade,

Em três palavras: eu te amo,

Em quatro palavras: sera que seria permitido?

Em um suspiro: o desejo como a nenhum outro,

 

As garotas ao seu redor, olham umas para as outras,

Entre cochichos e conversinhas: o desejam,

Quem é que poderia resistir ao seu poderio masculino,

O sol do novembro já está um pouco mais longe,

 

Meu horizonte explode em diversas cores,

Penso em como me sentiria se fosse tocada por ele,

Nao teria como resistir, sorrio, prendo a respiração,

Amor é o que defino nas batidas do meu coração,

 

Ele e um homem lindo, envolvente, musculoso,

Olhos fortes, inteligentes e bondosos,

Me sinto pronta para ser amada, desejo viver meus sonhos,

Aqueles que me privei de viver ate reconhece-lo,

 

Digo reconhecê-lo, porque tenho certeza que ha muito o procurava,

Doce certeza que sinto em mim, a qual não me foi dado explicar,

Os poetas definem amor este sentimento forte e intenso

Do qual a gente nao consegue resistir, fugir ou evitar,

 

Lembro da última vez em que o vi,

Não consegui desviar o olhar,

Desejei ser sua esposa, ser sua para toda a vida,

Vi filhos na sua voz potente, seus atos decididos,

E seu jeito único, falhou a voz na garganta...

 

Incapaz de me expressar, molho a boca em um gole de café quente,

Traçando uma linha fina de leite sob meus lábios,

Sedentos, febrios, apaixonados, por um momento

Apenas fechei meus olhos, senti ele se aproximar,

 

Sorte a minha estar sentada, As pernas falharam na mesma hora,

Seu cheiro se intensificava até me tocar,

Sem jestos, apenas com o olhar e aquele algo peculiar

Ao qual fui apresentada naquela hora...

 

Volto a tardinha de novembro, São quase 7 horas,

Quase sete horas, o sol se foi, sinto-me sozinha

Com minhas lembranças onde o guardei com todo o carinho,

Com ele me senti frágil, menina, mulher posso admitir

E nunca foi tão bom me sentir assim,

 

Penso comigo mesma: sera que o sol conseguira trazê-lo?

Me sinto triste por ter que viver sem ele,

Nessa sua busca ele poderia pedir-lhe um beijo?

Não desejaria mais que isso,

 

Por um breve instante ser sua amiga, amante, mulher,

Saborear o prazer de sentir o toque suave dos seus lábios,

Se fosse possível pedir, apenas um pouquinho mais,

Gostaria de tornar o beijo mais longo, profundo, forte,

 

Abraca-lo para nunca querer solta-lo,

Apenas a ele, me permitiria tornar-se um capricho seu,

Objeto em suas mãos para que ele me possuísse

Como lhe conviesse, ser sua para todo o sempre...

domingo, 29 de novembro de 2020

Sonho

 


No primeiro dia, acreditou que ela nem faria falta,

Embora, ao acordar tenha olhado para o lado,

E seu porta retrato estava vazio, sem vida,

Vestiu seu melhor sorriso, se dirigiu a cozinha

 

Preparou seu café matinal, e sentiu-se feliz,

Via-se livre, livre daquela que tanto jurou amor,

Mas na primeira oportunidade decidiu sair da sua vida,

Sem brigas ou promessas quebradas,

 

Simplesmente saiu pela mesma porta que usou para entrar,

Sem esquecer de deixar a chave ali pendurada,

Com o chaveiro que escolheram ao compra-la,

Naquele momento, ele percebeu que os sonhos

 

Que viram nos olhos um do outro,

Ja nao faziam sentido, haviam sido deixados para trás,

Em algum lugar no passado,

Perdidos em meio a rotina do casamento,

 

Ligou sua TV, assistiu um filme legal,

E decidiu tirar o dia para si mesmo,

Férias merecidas para alguem que se dedicou tanto a família

E agora, estava sozinho na casa em que planejaram juntos,

 

As horas se passaram, o sol se pos no horizonte,

Ele pediu pizza para o jantar e foi bom,

Comeu sobre a cama, manchou os lençóis brancos,

Comprados na lua de mel que tanto sonharam,

Assistiu mais um pouco e adormeceu,

 

Nesta segunda noite acordou assustado,

Virou para o lado e nao havia ninguem para chamar,

Olhou para o teto, se acalmou um pouco,

Afinal, se tem algo que nunca se permitiu ser: era fraco,

 

Das tres da madrugada até o sol da matina,

Ele permaneceu de olhos abertos,

Nao era um sonho mas nao podia denominar pesadelo,

As cinco decidiu se levantar o esquentar a pizza,

 

Fez café, se dirigiu ao trabalho

Mas as horas se estendiam a sua frente

Como o tapete limpo e bem cuidado em que pisava

E o qual cobria toda a sala,

 

Final da tarde, retornou a sua casa,

Abriu a porta e nao havia ninguem a sua espera,

Foi a cozinha lavou a louça e fez pipoca para o jantar,

Ao escolher o filme nao soube qual seria o melhor,

 

Levantou-se e pos os lençóis para lavar,

A mancha saiu e eles estavam novos de novo,

Contudo, seu coracao parecia pesado,

Faltava algo, as paredes pareciam frias

E estranhamente opressoras,

 

Sentia-se esmagar por dentro,

Algo lhe subiu a garganta,

Era o nome dela, se recusou a pronuncia-lo,

Que ousadia ela ir embora da sua vida,

 

E agora, se recusar a sair da sua lembrança,

Olhou para cima em busca de conter as lágrimas,

Encontrou entre o vão do vazio de suas paredes brancas,

A foto de casal pendurada na parede,

 

Que ironia, ali ainda sorriam e amavam-se

Diziam, entre sorrisos cúmplices um para o outro,

Decidiu arrancar a foto da parede e joga-la fora,

Se ela se recusava a ficar, porque teria ele

Que lembrar-se dela a cada hora que passava?

 

Ao se apoiar no sofá para levantar-se,

Algo amarelo como se tivesse roubado

O brilho do sol, reluzia em seu dedo,

A aliança. Aparentando, casualidade começou a remove-la,

 

Percebeu que ela havia deixado uma marca

Noticiando os sonhos abandonados entre os anos em que viveram,

Denunciando a saudade que ainda o habitava,

Dominando-o por dentro, até retirar suas forças

E deixa-lo, ali, largado as margens da solidao que o oprimia,

 

E doia, como uma faca que fere a pele e dilacera,

Mas a saudade era pior, feria a alma,

Entregou-se a um choro compulsivo,

Sem perceber adormeceu, ali mesmo

 

Sentiu algo tocar seus lábios levemente,

Estava escuro, a TV apagada,

Sentiu braços acolherem-no, abraçando seu pescoço,

Puxando sua boca para perto, viu-se estremecer,

 

Ele pensou em afastar-se de imediato,

No entanto, ansiava por aquele beijo

Então , se entregou e viu seus lábios sendo invadidos,

Abertos por uma boca ávida e decidida a toma-lo,

 

Extraindo-o daquele sonho em que se encontrava,

Perdido em algum lugar que não saberia precisar,

Gostou da sensação, sentia seu coração bater excitado,

Fechou os olhos, pensou em como ainda nao havia vivido isso,

 

Levantou os braços para entregar-se ainda mais ao beijo,

E encontrou apenas o vazio da noite insone,

Nao havia ninguém, apenas a sensação de algo,

Guardou-a consigo, decidiu que iria encontra-la,

 

De nada adiantava viver uma vida vazia,

Ele merecia mais, muito mais que isso,

Queria dar-se a chance unica de provar o amor

Embebidos em doses sedentas de labios apaixonados.

Sol da Manhã

 

Se existisse como se acostumar a viver só,

Ele teria se acostumado,

Sentia isso dentro de si, quase sempre,

Mais uma vez, o relogio badalava meia noite,

 

Sem sono, sem energia, sentia-se tonto,

Ele olhou para o arranjo de flores

Desajeitadamente, colocado ao seu lado,

Parecia vê-la, naquele copo de leite,

 

Ele sempre sentiu -se seguro de si mesmo,

Porem, no que referia-se a ela,

Ele nem sempre entendia seu jeito

Queria ama-la, protegê-la, te-la guardada em seu peito,

 

Mas não sabia como alcança-la,

Por mais que se esforçasse não parecia ser suficiente,

Mandou flores, mensagens, presentes,

Mas sentia dentro de si que nao era o bastante,

 

Buscou no bolso da calça,

Encontrou o bilhete de cinema em que foram juntos,

Lembrou de te-la abraçado, e na surdina

Aproveitado para repousar um beijo molhado em sua Buchecha,

 

Ela lhe brindou com um sorriso

E um mordiscado no labio inferior,

Sentia dentro de si mesma que também o amava,

Mas algo dentro dela ainda a deixava insegura,

 

Ela nao tomaria a iniciativa de entregar seu coração,

Mas em um jesto instintivo, ousou tocar sua mão,

Com uma carícia terna e desisteressada,

Foi quando percebeu que ali caberia um coraçãO

 

E, quem sabe até, ela inteira,

Desejou repousar nos braços fortes e convidativos

Que ele, caprichosamente, lhe oferecia,

De maneira, caprichosa, deitou em seu ombro,

 

Acomodando sua cabeça entre o seu pescoço,

Sorriu ao sentir seu cheiro,

Ele aproveitou para retribuir o carinho

Com uma carícia em seu rosto,

 

-Cuidado, você vai dormir e perder o filme,

Ele lhe falou, tocando-a com um jesto firme,

-Nao vou não, ta bom de ficar assim contigo,

Instantes depois, seu celular caiu no carpete,

 

Ela dormiu feito uma menina,

Ele sorriu com uma lágrima feliz em seu olhar,

Amava-a com toda a alma,

De repente, uma luz estranha entrou por sua janela,

Pegando-o de surpresa, instintivamente, levou a mao a boca,

Ainda sorria com o sonho ou... lembrança?

 

O sol penetrava a sua janela de vidro,

Não teve como oferecer resistência,

Não restou alternativa a não ser sentir seu calor,

No mesmo lugar em que repousava o seu sorriso,

 

Pensou consigo mesmo,

Se o sol é tao forte a ponto de buscá-lo,

Invadindo o que fosse preciso,

Porque ele nao seria capaz de romper as barreiras

Que o impediam de conquista-la,

Se o amava com toda a alma para uma vida inteira?

sábado, 28 de novembro de 2020

Noite A Praia

 

Fazia frio ali naquele lugar,

Xícara de chocolate quente em mãos,

Mas o pensamento estava distante demais,

As ondas iam e voltavam na praia,


Era noite, o mar havia se perdido em algum lugar,

Somente as estrelas brilhavam ali na praia,

E o cheiro do mar noturno vinha para buscá-la,

Ela se pôs em pé, e pegou-se a percorrer a areia,


Caminhou até sentir-se cansada e desejou ir um pouco além,

A noite a pegava pela mão e a conduzia,

Até algum lugar que ela não sabia onde era,

Mas desejava profundamente chegar,


A brisa soprava suavemente sussurrando aos seus ouvidos,

Carícias que tocavam sua pele e brincavam com seus cabelos,

Algo bom de se ouvir, de sentir, e a água beijava a areia de maneira apaixonada,

Nem uma estrela ousou piscar naquela hora,


Encantadas com toda a beleza que sentiam,

Ela imaginou que se fosse qualquer outra pessoa,

Iria se lamentar e sentir-se sozinha,

Afinal ela parecia ser a única vida humana naquele lugar,


Mera ilusão de um coração saudoso,

Mas ela não era assim, ela ainda era Carina,

Aquela que beijou um rapaz aos 15 anos

E nunca mais fora capaz de esquecê-lo,


Aquela que fechava os olhos apenas para trazê-lo para perto,

Aquela que abraçava a si mesma na esperança

De que lá, onde quer que ele estivesse, ele ainda pudesse,

Ao menos, por um único instante que fosse,


Lembrar-se dela, como a menina que fora antes,

Aquela que até hoje ainda o amava e o amaria para todo o sempre,

Sorveu um gole do chocolate quente,

Sentiu-se aquecer por dentro,


Não era nada parecido com o abraço de Jon,

Mas mantinha seu amor intacto para ele,

Sentou-se ali em um canto escuro,

Seus pés penetravam a areia e brincavam com ela,


Diferente da areia que escapava por entre os vãos,

Mesmo a distância ou o passar dos anos,

Nunca foram capazes de tirarem-no do seu coração,

Ela o manteria presente na noite escurecida diante dos seus olhos,


Só para que ela contemplasse o firmamento e pudesse vê-lo,

Em cada estrela que brilhava, em cada momento que viveram,

Imaginando seu olhar com aquele brilho único a contemplá-la,

Ou lindamente fechados, em um sono tranquilo,


Em que dormiam aconchegados um ao outro,

Doces estrelas que cintilavam a cada acorde seu,

Brisa fresca que estremecia sua pele somente para lembrá-la

Do quanto seu toque era quente e aconchegante,


Com um suspiro que vinha do fundo da alma,

Desejou tirá-lo da sua memória e fazê-lo presente,

Saboreou mais um gole do chocolate

E agora, sentiu nele um sabor diferente,


Revivendo em sua boca o gosto do seu beijo,

Era doce, com um toque aveludado,

Ela sabia que em outras bocas ele pareceria gelado,

Mas na sua, ele derreteria qualquer barreira,


Ele parecia amar penetrar em sua alma,

Descer líquido por sua garganta, para revivê-la a cada instante,

Ela virou o rosto para o lado esquerdo,

Desejou encontrar o peito dele,


Onde poderia recostar-se um pouco,

Até que aquela sensação de amor a invadisse por inteira,

Não o encontrou, sentiu-se tola,

Lágrimas vieram aos seus olhos cor terra,


Olhou para trás de olhos fechados

Fechou os dedos em figa e desejou do fundo da alma: vê-lo,

Em um suspiro disparou ela: eu amo, por que não admito?

Ela desejava tocar sua mão, até poder demonstrar tudo que sentia,


Mas a última vez que o viu, tudo que foi capaz de fazer,

Foi dar-lhe um sorriso de longe, e olhá-lo com imenso carinho,

É claro que os seus olhos a entregaram naquela hora,

Dizendo a ele o quanto o amava, desejou que pudesse ouvi-la,


De vez em quando sua lembrança criava passos ao seu redor,

Querendo convencê-la de que ele estava perto,

E ela nunca havia cansado de esperá-lo,

Desejosa, abraçou seus joelhos rasurados de quando ela caíra na escada,


Ao percorrer aquele caminho escuro e desconhecido,

Seu pensamento a abandonava e ela sabia que agora,

Estaria a guiá-lo, abraçando-o e talvez, algum dia

Conseguisse convencê-lo de trazê-lo para ela,


Para que ela pudesse sentir-se inteira, segura, amada,

Então, deitou-se ali e ficou imóvel a contemplar a noite escura,

O sentia de maneira tão forte que a solidão se retirou do seu entorno

E se perdeu em algum lugar onde ela não poderia encontrá-la,


Outra lágrima lhe veio a face, apenas desejou que sua solidão

Não tivesse ido atormentá-lo com tantos sonhos de amor

Que agora pareciam perder-se no imenso espaço entre o tempo

E a suave, rouca e aveludada sinfonia da lembrança,


Prometeu a si mesma, que não iria dormir naquela noite,

Permitiria a si mesma, reviver aquelas lembranças

Em pequenas doses, como se elas fossem aquele chocolate,

Que de alguma forma, ainda estava quente, a esperá-la,


Sabia que ele possuía a chave da sua casa,

Não ousou trocá-la, se ele desejasse procurá-la;

A encontraria, no mesmo lugar onde a deixou,

Sorvendo o mesmo chocolate que ele, tantas vezes, havia


Feito para ela, somente para vê-la feliz e aquecida,

Cuidando das mesmas flores que ele a havia presenteado,

Ouvindo suas músicas preferidas,

E tentando rasurar palavras que permaneceriam ali escritas,


Para serem proferidas somente para ele,

Palavras que só ousava contar para as estrelas,

Véu que tantas vezes cobriram e testemunharam

Seus momentos e juras de amor eterno,


Momentos que ela guardava com ela,

Juras que criavam vida e escreviam histórias,

Somente para que um dia, em um acaso qualquer,

Pudessem chegar até ele e trazê-lo, ou ao menos recordá-lo

De tudo que viveram.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Feliz

 

Aquela sensação ruim se estendeu

Durante muitos dias seguidos,

Ligou o rádio em uma música romântica,

Ferveu a água, sentou-se na varanda


E tomou seu chimarrão,

A música era muito boa,

Porém, algo dentro dela não estava bem,

Nem mesmo as palavras ousavam


Passar por sua mente,

Parecia que haviam se escondido

Em algum lugar, escuro, frio... vazio,

Ousou olhar para o céu azul e límpido,


Ele sempre a enchia de energia,

Aquilo era mágico, parecia um sonho,

No entanto, bela contradição, estava negro

Escurecido, digo até a-me-a-ça-dor,


Por instinto, ela olhou para o seu peito,

E o viu refletido em tudo aquilo,

Percebeu que algo estranho viria a seguir,

Sentou-se e ficou ali,


Sabia que não havia nada a temer,

Também, não se sentia sozinha,

Ao longe viu que um vento forte se aproximava,

Ele mexia e retorcia todas as árvores ao seu redor,


Houve, inclusive, aquelas que não aguentaram,

Quebraram... sem problemas: virariam lenha,

Aqueceriam sua lareira,

Muitas folhas voaram ao longe,


Feito um tapete verde cobrindo o firmamento,

Nem mesmo as flores ousaram contrariar,

Sorte tiveram as que foram flexíveis e souberam

Se curvar, afinal, quem ousaria contrariar uma tempestade?


Quando os céus entram em ira, algum lugar tem que ceder,

É certo que os atos dos céus são apenas consequências

De ações humanas... humanas...

Por que tão poucas pessoas são humanas?


Existem tantos discursos vazios,

Mas sempre que os ouvia sentia que faltava algo,

Ela continuou seu chimarrão contemplando tudo ao seu redor,

Raios e trovões rompiam o ar,


A chuva tão esperada naquela terra árida e sedenta,

Trouxe consigo uma bela tormenta,

Ela sabia que somente o que possuía

Raízes profundas sobreviveria a tudo aquilo,


Levantou-se, olhou para os céus e uma

Lágrima quente percorreu seu rosto,

Foram doze minutos de ventos fortes,

Que pareciam não querer ceder,


Porém, quando sua lágrima correu,

Molhando seus lábios e descendo

Até alcançar o seu coração e secar ali,

Pareceu-lhe que ela penetrou sua pele


E alcançou seu sangue, a partir dali

Faria parte dela, afinal havia saído dela...

Mas naquele mesmo segundo,

Uma chuva calma desceu dos céus


Contendo o vento, os raios e tudo o mais,

Tudo se acalmou, as nuvens empalideceram,

E a chuva descia a terra como uma dança ao vento calmo,

Aceitou considerar a possibilidade


De que talvez, sua lágrima tivesse

Flutuado e alcançado o céu,

Pedindo para acalmar tudo ao seu redor

E voltou a terra para trazer vida...


Sempre acreditou que apenas

O amor seria capaz de transformar,

A chuva durou por horas seguidas,

Agora ela se sentia calma,


Era como se sua mágoa fosse dividida

Com outra pessoa, uma mágoa estranha,

Ela, finalmente, se sentia segura,

Amada, admirada, feliz,


Precisava de alguém com quem

Dividir o que sentia, e os céus a ouviram.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Uma Flor

Seu cabelo loiro, cacheado,

Solto, brincava ao vento,

Raios do sol iluminavam seu rosto,

Dando um brilho mágico ao seu sorriso,


Iluminando seus olhos azuis meigos,

Feito o céu em que o sol brilhava,

Sem nuvens, sem pássaros,

Apenas uma flor flutuava no ar,


Sendo levada aos poucos pelo vento,

Tão leve que parecia tocar o infinito,

Porém, longe demais para alcança-lo,

Para tocar aquele rapaz tão bonito,


Duas belezas raras em um mundo paralelo,

Dali onde eu estava podia senti-la,

Seu cheiro era fresco e úmido,

Um presente enviado pela primavera,


Fiquei a imaginar se aquela flor

Apaixonou-se tanto pelo infinito,

Que desejou com todas as forças poder tocá-lo,

Mal sabia ela, que o infinito encontrava-se


Tão próximo, nos traços daquele rapaz,

Será que agora, lá de onde ela estava,

Voando tão alto, a ponto de tocar as estrelas,

Ela, lá de cima, desejaria tocá-lo?


Ou talvez, desejasse senti-lo?

E daí, como faria? Será que teria forças

Para voltar de um sonho tão distante?

E ele, o que acharia dela?


Apenas observei-a flutuando,

Enquanto eu admirava o contraste entre

Aquele homem e o infinito mais bonito

De todos os céus, estivesse ao meu alcance tocá-lo,


Mesmo que por uma única vez,

Jamais desejaria ir tão longe, nem precisaria: para quê?

Ele era alto, másculo, bem definido,

Tivesse a chance de provar um beijo seu,


Me entregaria a isso por toda a vida,

Nunca imaginei que o céu poderia estar tão próximo,

Como se adivinhasse meus pensamentos,

Ele falou algo, incompreensível como um sussurro,


Suas doces palavras vieram para mim como uma carícia,

Como um beijo, suave em meus lábios,

Uma carícia ao pé do ouvido,

Não soube o que dizer, de fato ver a flor


Flutuar também me encantava muito,

Estaria ela apaixonada por aquele céu imenso?

Mas algo dentro do meu peito

Me confidenciava que ele era muito maior que isso tudo,


Feito um sonho daqueles que se mantem em segredo,

Por algum tipo de medo bobo de confidenciar,

Aquele tipo que você só confidencia a si mesmo,

Por algum motivo, vi a flor se desprender das asas do vento,


E vir, feito uma pluma na direção da superfície,

Poderia ela ter alcançado o chão,

Mas em um ímpeto inexplicável, coisa do coração,

Eu estendi minha mão e a alcancei,


Me admirei, como agora ela parecia frágil,

Mas algo dentro de mim sabia o que havia acontecido,

Com um sorriso de triunfo e um brilho mágico em meus olhos,

Me virei na direção dele,


Ele, agora, estava a uma carícia de distância,

Próximo a ponto de poder tocá-lo,

Parecia esperar por algo,

- Olha que flor linda, ela se desprendeu do céu,


Acho que desejava poder tocá-lo...

A compreendo bem, pois diante de ti,

Eu também não desejaria outra coisa.

Ele sorriu, ainda mais intenso,


Por Deus, ele abusava do direito de ser bonito,

Encantador, havia algo nele, que inexplicavelmente

Me atraia muito, aliás, parecia atrair

Qualquer coisa que desejasse,


Algo magnético, como um campo de força,

Um imã, sei lá, não soube como explicar,

- Obrigado, ele respondeu cortês,

Com uma leve mordidinha no lábio inferior,


Eu segui adiante por meu caminho,

Mas algo falou alto em mim,

Feito um eco que refletia em tudo que eu via,

Que nada, a partir de então, seria da mesma forma.

Bilhetes de Amor

Era tarde da noite,

Ele ainda não havia chegado,

O jantar já estava servido,

Mas ele andava ocupado com o trabalho,


Ela sabia que a primeira coisa que faria,

Seria procurá-la, dar-lhe um beijo de chegada,

E após ir para o banho gelado que tanto gostava,

Desta forma, ela tomou uma ducha rápida,


Sorveu com vontade uma taça de vinho,

Aquele que ele tanto gostava,

Apenas para deixar um gosto ávido em sua boca,

Ou seja, apenas para quebrar o toque casual,


Ao sair do banho, trocou a roupa,

Pôs a que ele mais gostava,

Um vestido solto, que deixava seu colo a mostra

E valorizava sua cintura e suas belas pernas,


Decidiu passar um batom vermelho,

Apenas para que seu beijo de chegada

Fosse um pouco mais demorado,

Pois adorava beijar-lhe até que sua boca


Ficasse manchada em tons distintos,

Então o beijava cada vez mais,

Para ver o batom ceder dos seus lábios,

Até senti-lo com as pernas bambas, deliciado,


Sorriu ao admirar sua imagem no espelho,

Sentia-se linda, sedutora, genuína, delicada,

Abriu mais um pouco o batom e riscou no espelho:

Te amo: você sabe disso!


O cheiro do jantar era convidativo, a cama estava linda,

Tinha arrumado da melhor forma,

Adorava agradá-lo, apenas para ver aquele brilho

Gostoso em seu olhar, seguido por aquele sorriso


Que a deixava tremula, sem ar,

Avistou a agenda de anotações sobre a cômoda,

Pegou uma caneta de escrita colorida,

E escreveu te amo de todas as formas que pode,


Rasgando o papel até moldá-lo,

Na forma de bilhetinhos mal feitos,

Pegou uma fita crepe e os pendurou por todo

O caminho até que chegasse à cozinha,


Sorriu, podia enxergar o rostinho feliz dele,

Pensou mais um pouco, achou pouca a demonstração,

Então, foi ao jardim e colheu algumas flores,

Voltou ao quarto e as espalhou sobre a cama,


Mil eu te amos foram espalhados pela casa toda,

Depois disso, ela deitou-se no sofá,

A esperá-lo, o amava não cansava de demonstrar,

Algum tempo depois, foi acordada com um beijo


E um carinho tracejado por dois dedos

No decorrer da sua perna exposta,

Acordou feliz, presenteando-o com seu melhor sorriso,

Ele a abraçou: “eu te amo, minha amada”


Lhe disse, mesmo sem ter visto nada de tudo que ela havia feito,

Ela sorriu satisfeita, ele a amava por ser ela mesma,

Não precisava nada além disso,

“Amor, vou esperá-lo na cozinha, o jantar está posto”,


Ele sorriu e seguiu na direção do quarto,

Encantado com cada detalhe que ela deixou,

Porém, antes de descer, ele pegou uma das suas flores,

Escolheu a branca, por recordar a emoção da noite de luar,


Que ele sentia em cada beijo deles,

E a levou para ela, que o esperava encantada,

Beijou-a, sôfrego, lento e profundamente,

Desejando nunca sair da sua vida,


Amou-a ali mesmo, apaixonado e sem medida,

Queria-a por toda a sua vida,

Para que disfarçaria? O amor foi feito para ser demonstrado,

Foi isso que percebeu, assim que beijou os seus lábios,


Desde a primeira vez e assim seria para todo o sempre,

Decidiu naquele instante, não demorar-se mais no trabalho,

Cuidaria dela, como sempre o fez,

Porém, se faria mais presente,


Ligou para um amigo, dono de uma floricultura, ali de perto

E mandou que entregasse o mais belo buque de flores,

Apenas para demonstrar o quanto a admirava,

O quanto se sentia amado,


O quanto a amava com toda a alma,

Pediu a ela que deixasse os bilhetinhos espalhados,

E a cada dia, ele a escrevia um diferente,

Apenas para que ela notasse os detalhes,


E a cada instante, percebesse o quanto era amada,

Ela o retribuía, escondendo bilhetes diferentes entre um local e outro,

O conteúdo dos bilhetes eram praticamente os mesmos;

Eu te amos, não vivo sem você e assim por diante,


Mas cada bilhete lido era apreciado com um sorriso diferente,

A certeza de ser amado(a) não se iguala,

Aquela sensação de serem amados durava por todo o dia,

E nunca deixava de ser alimentada,


Havia um amor sobre medida entre ambos,

Juntos de mês a mês, eles recolhiam os bilhetes

E os guardavam em um local secreto,

Nunca confessado para ninguém, além deles,


O amor que sentiam era único, genuíno,

Ninguém precisava saber disso,

Às vezes, quando saiam a algum lugar público,

Ela gostava de manchar sua camisa com um beijo de batom,


Hábito costumeiro, ele já nem percebia,

Porém, quando notava, em certo momento,

A puxava para um canto, meio escondido,

E a beijava deliciosamente,


Desabotoando um botão do seu vestido,

Ou puxando uma alcinha, apenas para criar suspense,

Eles se provocavam, e eram absolutamente felizes.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...