No primeiro dia, acreditou que ela nem faria falta,
Embora, ao acordar tenha olhado para o lado,
E seu porta retrato estava vazio, sem vida,
Vestiu seu melhor sorriso, se dirigiu a cozinha
Preparou seu café matinal, e sentiu-se feliz,
Via-se livre, livre daquela que tanto jurou amor,
Mas na primeira oportunidade decidiu sair da sua vida,
Sem brigas ou promessas quebradas,
Simplesmente saiu pela mesma porta que usou para entrar,
Sem esquecer de deixar a chave ali pendurada,
Com o chaveiro que escolheram ao compra-la,
Naquele momento, ele percebeu que os sonhos
Que viram nos olhos um do outro,
Ja nao faziam sentido, haviam sido deixados para trás,
Em algum lugar no passado,
Perdidos em meio a rotina do casamento,
Ligou sua TV, assistiu um filme legal,
E decidiu tirar o dia para si mesmo,
Férias merecidas para alguem que se dedicou tanto a família
E agora, estava sozinho na casa em que planejaram juntos,
As horas se passaram, o sol se pos no horizonte,
Ele pediu pizza para o jantar e foi bom,
Comeu sobre a cama, manchou os lençóis brancos,
Comprados na lua de mel que tanto sonharam,
Assistiu mais um pouco e adormeceu,
Nesta segunda noite acordou assustado,
Virou para o lado e nao havia ninguem para chamar,
Olhou para o teto, se acalmou um pouco,
Afinal, se tem algo que nunca se permitiu ser: era fraco,
Das tres da madrugada até o sol da matina,
Ele permaneceu de olhos abertos,
Nao era um sonho mas nao podia denominar pesadelo,
As cinco decidiu se levantar o esquentar a pizza,
Fez café, se dirigiu ao trabalho
Mas as horas se estendiam a sua frente
Como o tapete limpo e bem cuidado em que pisava
E o qual cobria toda a sala,
Final da tarde, retornou a sua casa,
Abriu a porta e nao havia ninguem a sua espera,
Foi a cozinha lavou a louça e fez pipoca para o jantar,
Ao escolher o filme nao soube qual seria o melhor,
Levantou-se e pos os lençóis para lavar,
A mancha saiu e eles estavam novos de novo,
Contudo, seu coracao parecia pesado,
Faltava algo, as paredes pareciam frias
E estranhamente opressoras,
Sentia-se esmagar por dentro,
Algo lhe subiu a garganta,
Era o nome dela, se recusou a pronuncia-lo,
Que ousadia ela ir embora da sua vida,
E agora, se recusar a sair da sua lembrança,
Olhou para cima em busca de conter as lágrimas,
Encontrou entre o vão do vazio de suas paredes brancas,
A foto de casal pendurada na parede,
Que ironia, ali ainda sorriam e amavam-se
Diziam, entre sorrisos cúmplices um para o outro,
Decidiu arrancar a foto da parede e joga-la fora,
Se ela se recusava a ficar, porque teria ele
Que lembrar-se dela a cada hora que passava?
Ao se apoiar no sofá para levantar-se,
Algo amarelo como se tivesse roubado
O brilho do sol, reluzia em seu dedo,
A aliança. Aparentando, casualidade começou a remove-la,
Percebeu que ela havia deixado uma marca
Noticiando os sonhos abandonados entre os anos em que viveram,
Denunciando a saudade que ainda o habitava,
Dominando-o por dentro, até retirar suas forças
E deixa-lo, ali, largado as margens da solidao que o oprimia,
E doia, como uma faca que fere a pele e dilacera,
Mas a saudade era pior, feria a alma,
Entregou-se a um choro compulsivo,
Sem perceber adormeceu, ali mesmo
Sentiu algo tocar seus lábios levemente,
Estava escuro, a TV apagada,
Sentiu braços acolherem-no, abraçando seu pescoço,
Puxando sua boca para perto, viu-se estremecer,
Ele pensou em afastar-se de imediato,
No entanto, ansiava por aquele beijo
Então , se entregou e viu seus lábios sendo invadidos,
Abertos por uma boca ávida e decidida a toma-lo,
Extraindo-o daquele sonho em que se encontrava,
Perdido em algum lugar que não saberia precisar,
Gostou da sensação, sentia seu coração bater excitado,
Fechou os olhos, pensou em como ainda nao havia vivido isso,
Levantou os braços para entregar-se ainda mais ao beijo,
E encontrou apenas o vazio da noite insone,
Nao havia ninguém, apenas a sensação de algo,
Guardou-a consigo, decidiu que iria encontra-la,
De nada adiantava viver uma vida vazia,
Ele merecia mais, muito mais que isso,
Queria dar-se a chance unica de provar o amor
Embebidos em doses sedentas de labios apaixonados.
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