sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Abraço Apertado

Ele olhou direto em seus olhos,

Decidiu que não iria perdê-la,

Um rubor tomou levemente o seu rosto,

Se a culpa pertencia a alguém - assumi-la-ia,


Onde houve sua carícia pairava a lembrança

Daquela que tanto ama a centímetros de distância

De ser, ainda, sua ou então perdê-la,

- Eu te amo, preciso de você comigo, agora,


Não digo amanhã ou depois, mas nesta hora,

E se possível, meu amor, por toda a vida,

Concluiu a voz mais macia que pretendia,

Não sabia o motivo mas queria ser comedido,


Acreditava que pecava pelo exagero,

Que em algum dos passos que dera a ela,

Um destes, ao menos um, fosse em falso,

Tocou seu rosto uma, depois segunda vez,


Queria manter seu toque ali para sempre,

Senti-la na carícia dos seus dedos – minha,

A lentidão com que a trouxe para si

Disse muito, mas pouco do que pretendia,


Sentiu seu cheiro, o calor que emanava,

Com os lábios trêmulos aproximou-a de sua boca,

Um roçar de lábios e um eu te amo foi derramado

A iniciar por uma lambida a contorná-los,


A encerrar por penetrar sua língua até o fundo,

Não queria menos que sua alma,

Tomava para si, muito mais do que pretendia,

Ela entregou-se a curva do seu corpo – um apenas,


O abraço que a contornou a desenhava,

Moldava-se a ela com perfeição desmedida,

Você pode fugir de tudo que sente,

Pode até jurar amor em falso,


Mas, não consegue fingir quando o rubor toca a face,

Quando mãos hábeis a puxam para si mesmo,

Sem jura alguma, mas com força suficiente

Para sentir em si mesma – não ser solta,

Não desprender-se nunca.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Porta Aberta

 

A casa estava vazia,

Mas, algo a observava,

Talvez, fosse o que sentia,

Aquela vontade de buscar que não se sacia,


Com pouco custo admitiria,

Não sabia nem ao menos o que buscava,

Mas, algo dentro de si não estava bom,

Havia um quê de insatisfeito,


E algo precisava ser feito,

Não usou a escada,

Pulou a janela, era baixa,

Não tinha um motivo, mas, o fez,


Ela parecia levar a algum lugar,

A um passo de tocar o céu e nada mais,

Quem sabe, fosse apenas isso,

Tocar um ponto mais alto,


Que não podia, não ainda.

Ignorou por completo a porta aberta.

Não fora medo o que via em seus olhos,

Nada do que disse a convenceria disso,


Mesmo que refletisse por toda a sua vida,

Que mil vezes repensasse o mesmo assunto,

Não avistaria nada disso, era outra coisa,

Quase que uma segurança desmedida,


De quem tem controle sobre todo o redor,

E isso me incluía e eu não via com bons olhos,

Havia uma emoção escondida,

Claro que havia,


Contava com uma carta na manga,

Ou ignorava tudo que eu sentia e mais nada,

A princípio. Alguns passos após,

Longa conversa depois, mesmo que em monossílabos,


E havia algo, um tanto mais palpável,

Mais perceptível, mas, não comentado em alta voz,

Porém, quanto mais gastava seu tempo

Com este assunto, mais se sentia exausta,


Mais parecia andar a esmo,

Sem um caminho ou ponto de chegada,

Não imaginava que fosse fingimento,

Não considerava isso para nenhuma das promessas,


Mesmo aquelas já esquecidas no tempo,

Nutrir amor não esbarrava em castigo,

Não quando sempre exista uma alternativa,

Ama-se pelo gosto do beijo que fica na boca,


Pela companhia de estar com quem se gosta,

Na ausência do beijo, o diálogo até o encontro,

Afinal de contas ele havia lhe jurado amor,

E isso não poderia ser negado de forma alguma,


Ainda podia lembrar enquanto contava os passos,

Andando por entre uma calçada e outra,

Eu te amo ele dissera,

E daquele tempo não transcorrera muito.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Mãos Dadas

 

Apalpei sua mão, estava escorregadia,

Seus olhos incertos em outro lugar,

Ele parecia incapaz de se esquivar,

Mas fugia de nós, parecia não querer estar,

 

Segurei-a firme, a trouxe para os meus lábios,

Beijei um beijo delicado e molhado,

Um tanto indigesto ou deliberativo,

Como se o quisesse dizer fala algo,

Seja, repulsivo ou impulsivo, mas não cala,

Qualquer coisa que me traga a calma,

 

Isso em pensamento, porque em verdade,

Não fiz nada, apenas a segurei firme,

Tentei afastar o pensamento do inseguro,

Pôr uma tranca naquilo que o afastava,

Puxei sua mão para o meu colo,

A coloquei de encontro com minha perna,

 

Quis dizê-lo, amor me sente ainda,

Com isso, não fui capaz de conter o suspiro

Que trouxe uma lágrima serena no meu olhar,

Não a deixei cair você não merecia isso,

Vê-lo sofrer não me faria ficar melhor,

Te aproximar por meios sórdidos não parece uma saída,

 

Depois de tanto tempo juntos,

Não saber como nos aproximar,

Levantei o olhar para o alto,

Com um sutil virar de cabeça,

Encontrei seu olhar,

Mas apenas depois de dizer, meu amor eu o amo,

 

Senti o seu impulso de resistência,

Mantive a firmeza das palavras ao te encontrar,

O amo como nunca pensei que amaria,

Coloquei uma mão na janela da porta,

Tranquei aquela que já estava trancada,

Não queria sair dali, deixá-lo sozinho: nunca,

 

Encontrei dificuldade em sustentar algo verdadeiro,

Pareceu-me que o falso sempre foi mais convidativo,

Talvez, fosse porque vivi de enganos por uma vida,

Afirmar meu amor e sustentá-lo em seu olhar

Não era nada fácil, tive medo do que poderia vir,

Como reagir depois de se entregar de alma nua?

 

Haviam riscos, sempre há. Tive medo com todo o coração,

Mas, acima de tudo amo-o com sôfrega paixão,

Do tipo que sufoca-se em dor, mas não sabe dizer não,

Aquela que entrega seu último suspiro pela emoção,

De simplesmente estar ali, tê-lo naquele segundo,

E fim, sabê-lo, fora meu e o terei para sempre no coração,

 

Pisquei buscando as palavras,

Uma infinidade de frases cruzou meu caminho,

Mas, nenhuma sabia o que dizer para trazê-lo,

Sim, o amo, repeti: te amo e te amo,

Baixei o olhar para o coração que respondeu num pulo,

Te amo e não sei o que fazer para dizê-lo,

 

No desfile de frases mil pareciam bonitas,

Mas, nenhuma adequava-se. Todo esforço e nada.

Trouxe sua mão aos meus lábios, beijei-a,

Quente e úmida, o amo saiba sempre disso,

Seria pouco dizê-lo que preciso de você comigo,

Ele apertou minha mão e respondeu: amor, basta isso.


domingo, 6 de fevereiro de 2022

Na Madrugada

 Entre as duas e três da madrugada,

Não antes, nem mais tarde,

Seu cheiro chegou até as minhas narinas,

Bem, é certo que eu poderia chama-lo saudade,


Mas, prefiro cheiro, quase um gosto,

Pois, recordo que teve o efeito do seu beijo,

Bloqueou cada objeção minha,

Cada pensamento de um coração descompassado,

Chegou ao calor pungente da minha língua,

E não fez mais, foi descendo,


Ganhou o rumo da garganta e não quis outra coisa,

Alcançou o coração que pulsava e pedia,

"Volta amor, preciso de um tempo a mais ao seu lado,

Um abraço ou um sorriso de longe,

Sob a luz ofuscante do alvorecer,


Qualquer coisa que me faça acreditar em nós,

Que, mesmo que para tudo tenha um tempo certo,

Para nós será diferente,

Faremos da forma que melhor convier,

Para que tudo se sobressaia ao corriqueiro,


Sem o beijo esperado do bom dia,

Mas com a calma e tranquilidade de sua companhia",

Esse cheiro, tinha um gosto e nele um calor,

Que agora preenchia cada espaço vago,


Um coração que antes pulsava,

Agora existia, mais forte, muito mais determinado,

Apalpei o travesseiro, recostei-me na coberta,

Não fazia frio, mas precisava de um quê em que me segurar,


- Você -, eu lhe disse aquela hora:

“Querido, há coisas que escapam pelos dedos,

E outras que derramam-se porque precisam disso”,

Tudo bem, você disse - "amor seu tempo é mesmo assim, rápido"?! -


Eu lhe respondi: “querido, como você consegue este efeito?”

Um segundo de pensamento,

Um mundo de transbordamento,

O amor que agora pulsava mais calmo,


Mantém-me firme a te esperar aqui no quarto,

Não desejei estancar nada do que sentia,

Se me magoasse, tudo bem, nem uma palavra eu diria,

Aquele instante era meu e seu também,


Você foi o motivo, a razão da qual nunca esquecerei,

Recorda? Eu lhe falei: "olha amor, você é para sempre!"

Não precisei dar passo algum para trás,

Os pensamentos estavam alinhados e íntegros,

Havia o desejo de espera e há amor nisso tudo que digo,


Recostei-me um pouco na porta,

Queria sentir o seu impulso ao abri-la,

Com um sorriso nos lábios gostei deste pensamento,

Um suspiro de amor incontido permanecia no ar,

Identifiquei o último não lembro quando foi o primeiro,

Talvez, sobre aquele instante em que você me abraçava,


Ou sei lá, recorda da forma como você procurava as palavras?

Bem, depois disso você sorriu genuíno, poderia esquecer?

Então, "querido: você é para sempre!"

Fechei os olhos tranquila com o que pensava,

Disso tudo, não disse até agora única palavra,

Eu lhe disse, lembranças e um cheiro bom me silenciava,


Porém, nossos momentos corriam diante de mim,

Em cada pensamento de alguém que não estava ali,

Porque, em algum lugar, não muito longe,

Havia um alguém que se importava e não tardaria,

Parecia haver um algo a encurtar distâncias,


O amor, talvez seja isso,

Bem, concordo com seu esforço em manter aparências,

Mas, amor eu não me convenci disso,

Você tranquilo comigo aqui sozinha?


Meu sorriso foi diminuindo sem que eu percebesse,

Mantinha os olhos fechados e os pensamentos obedientes,

O sono me abraçou e os sonhos me acordaram pela manhã,

Seu cheiro forte em mim, então, você pode imaginar...

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Uma Promessa

 

Havia uma promessa silenciosa

Por trás de todo o tempo que passara,

Uma voz macia e teimosa,

Que teimava em retornar


Mesmo quando a noite dormia,

Falava de algo a não ser esquecido,

Uma única frase ao pé do ouvido,

Não importava tempo ou distância,


Não era esquecida,

Nem ao menos ressonava em noites vazias,

Simplesmente vinha,

Noites essas que jamais seriam feito as de outrora,


Por volta das duas horas da tarde,

Um vento ressoava ao longe nas árvores,

Podia-se ver suas folhas balançar,

Algumas a cair por entre a terra fofa,


A ressoar a saudade que não pedia licença,

Mas que contrária ao vento guardava uma diferença,

Ela não caía, acontecesse o que fosse, não partia,

Não mantinha distância segura,


Apenas falava deste amor que, mesmo desfeito,

Não fora capaz de apagar-se único dia,

Mesmo lá onde folhas balançam ao vento,

Ou ali dentro onde nada mais dormia,


Não calava de tanto que sentia,

Uma árvore se quebra e queda inerte,

Nada consegue fazer nem ao menos por si mesma,

A moça se levanta, de onde está nada se vê,


Abre a janela e contempla,

Fosse o que fosse talvez não se demorasse,

Não importava, se esperaria ou buscaria,

Algo se avistava e exigia atitude diferente,

Não importava mais, não se compadeceria.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Querido, Também, Não Sou Boa Com As Palavras

Ela continuava acordada,

Depois do grande beijo acontecer,

Tocava os lábios como a senti-lo,

É certo que era apenas um sonho, ainda,

Mas nada poderia impedir o outro dia,

Aquele qual, planejavam juntos...

#

Fechou os olhos para sentir sua boca,

Deitada sobre a cama sob seu corpo,

Deixou de ser sonho e era real agora,

O tinha sob os seus carinhos,

E não queria mais nada,

O beijo sonhado agora era provado,

#

Rolava na cama, a procura do caminho,

Qualquer coisa que a conduzisse para lá,

Levanta a mão a procura do seu celular,

Deseja digitar seu número, não resistir e ligar,

Contar sobre a necessidade de ouvir sua voz,

Do desejo intenso de adiantar o tempo, só um pouco...

#

Torcia os lençóis sob os dedos,

O primeiro encontro e tão esperado,

Agora se fazia intenso e perfeito,

Em cada detalhe que ela sentia sobre o seu corpo,

A maciez e doçura das carícias que provava,

Se pudessem falar, falariam de satisfação, amor e outra coisa,

#

Ela lutava contra algo maior que ela,

O desejo de aproximar uma voz ao pé do ouvido,

De encurtar a distância que estava ferina,

De sentir o grave do seu tom se tornar mais rouco,

Não menos intenso, apenas mais próximo,

Tocar o rosto que não saia dos seus pensamentos,

#

Ora, daria para se dizer que foram feitas promessas,

Ou que ficaram caladas no vão de suas bocas,

Entre cada beijo que não desejava ser parado,

Mas que caia ao silêncio por puro deleite e desejo,

Como se desejasse criar uma expectativa,

Uma miragem de tudo que logo se desenrolaria...

#

Acordada na noite feito uma sentinela,

A guardar o sentimento e emoção despertada,

Tentativa inútil de conter o amor que se derramava,

E que desejava sair da realidade utópica,

Para ir além dos seus dedos que tateavam às escuras,

Encontrar sua pele onde seus carinhos fariam morada,

#

Depois das doze, antes das seis, dormiu também,

Apenas o sentimento se mantinha acordado,

A espreita como se estivesse abraçado a saudade,

Com um beijo de despedida e um singelo:

Querido, dirige com cuidado e por favor, fica bem,

Ela pensa: ele acredita no que sinto e digo,

Ou estou pecando por não saber demonstrar?

 

Mas, se cala, e pede um abraço apertado,

A pergunta é calada pelo beijo antes ainda de criar vida,

O amor permanece e ele dá a partida no carro,

À espreita e a acariciar suas lembranças coevas,

O amor antecede a frase que viria com a luz do outro dia:

Querida, você me faz sentir-me vivo, isso basta?

Perdoe-me, não sou bom com as palavras!


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Cicatrizes

 

Corria, corria o mais depressa que podia,

Com a esperança de deixar tudo para trás,

Talvez, esquecer ao menos um minuto,

Cicatrizes antigas deixam algum dia de sagrar?


A lembrança da sua voz era nítida e alta,

Parecia até mesmo que a ouvia a distância,

Era como se tivesse suas palavras gravadas,

Mudava a cidade, disfarçava a rota,


Mas a cada virar de esquina, lá estava ela,

Repetindo cada palavra como se não cansasse de ouvi-la,

O que resta das promessas quando tudo acaba?

Tocava o celular, a tela parecia pedir um número,


Mas não, não discaria, não agora,

Já estava distante de tudo,

Porque sua voz teimava em chamar de volta?

Atravessou outra cidade, luzes tremeluziam lá fora,


Enquanto em sua cabeça a esperança se escurecia,

Queria esquecer, queria apagar, mas algo não permitia,

Olhou para o alto, via estrelas que se perdiam,

Nem mesmo elas queriam estar onde estavam,


Diminuiu a velocidade, apenas um pouco,

Já estava distante demais para voltar atrás,

Não importava o que a saudade dissesse, se recusaria,

Falasse de amor ou outra coisa, não ouviria,


De repente, o redor estava cheio de sussurros,

Promessas feitas e desfeitas, sonhos despedaçados,

Que buscavam preencher espaços,

Como se pudessem se reconstruir sozinhos,


O celular chama, seus dedos pedem um número,

Um último pensamento antes de dobrar a velocidade,

Cicatrizes antigas tendem a durar para sempre?

Adiante, enquanto passava por outra cidade,

Desliga o celular, prefere reprimir a saudade.


A Cobra Rosa

Houve invasão na chácara, De repente, Todos os bichinhos Correram assustados. Masharey subiu na pedra Mais alta, Que há a...