Quando meu beijo,
Da segunda-feira anterior foi recordado,
Logo vi que o que houve ontem não bastou,
Mesmo tendo havido inúmeros outros,
Ou que meus lábios ainda estejam doloridos,
Como se houvesse sua marca em meu corpo,
Em cada parte e sobre a pele,
Mesmo que me percorra o sangue,
Ainda assim, preciso de mais que isso,
O tempo passa e vão se as lembranças,
Então busco as mais antigas e vou seguindo,
Até chegar lá atrás e vê-lo,
Sabe-se que só ver hoje não me basta,
O chamo,
As lembranças atacam a distância,
Então, eu ligo, chamo seu número,
E apenas lembranças não basta,
Alega que ainda tem os lençóis da minha cama,
Não os lavou ou retirou deles o nosso calor,
Para me ver,
Irá esperar mais algum tempo,
Com isso meu coração se agita,
E o dele parece apenas não compreender,
Chama a isto necessidade de chamar a atenção,
De querer estar sempre perto,
Como se o quisesse dominar de alguma forma,
Algo sobre controle...
Desligo o telefone,
Repenso as noites de ontem,
Até chagar ao passado irá demorar, realmente,
Agitam-se as cortinas com o vento,
Acolhe-se ele aos meus cabelos,
Vejo isso quase como uma carícia,
Realmente me sinto sozinha,
-Tenha cuidado, tome cuidado.
Me vejo sussurrar em voz alta,
Mas meu coração não desanima por tão pouco,
Doces são estas lembranças fumegantes,
Arredias e invasoras feito a fumaça que entra,
Achega-se ao meu peito até que eu fique sem ar,
O ontem, as lembranças tardias e a distância,
Todas unidas em me fazer esperar,
Passa-se sessenta anos,
E ainda assim, aqui estaria esta que ama,
Poderia a distância ser arruinada pelo tempo,
Consumida pelo destino,
Com meu amor firme,
Me mantenho em pé,
Mas, sem ele?
Olho o telefone esparso por entre a fumaça,
Tento identificar se alguém me chama,
Um sinal milagroso de suas profundezas,
Mas, lembro de ele ter sido expresso:
-Não pedirei, e também não porei seu amor a prova!
Isto ocorreu na penúltima vez em que nos vimos,
Lá naquela fatídica segunda-feira,
Que o dia de ontem não se apague tão fácil,
Mas que meu amor não abuse desta que o ama,
A paciência há de me dar um sinal qualquer,
Que este sinal me dê um filho,
-Hei de dar o nome deste: - Emmanuel.
Este comerá do mel que os lábios do meu amor me dá,
Há em mim mel em abundancia,
Eu o sinto percorrer em minhas veias,
E quando o tempo passar,
Haverá em Emmanuel uma idade,
Em mim o tempo em que estou com ele,
Será quando o que parece erro tomará nova forma,
Mas, antes de contar-lhe nossa história,
Ensinarei ao meu menino sobre erros,
E o quanto amo este a quem escolho por pai.