domingo, 8 de outubro de 2023

Seu Olhar

 

Seus olhos brilhavam,

E como estavam intensos!

Lembro de inclinar a cabeça,

E beijá-los sôfrega e apaixonada!


Lembro de desejar cuidá-los,

Parecia que cada parte dele

Me era especial, de alguma forma,

Era insuficiente sentir o amor me preencher,


Não bastava amá-lo tanto e sempre mais,

O que eu sentia além de não se conter,

Aumentava e aumentava.

Desejo, pensei comigo,


Mas não quis pronunciar em voz alta,

Desejar o olhar de alguém,

Eu não compreendia isso,

Também não sabia explicar.


Dentro havia um maremoto de euforia,

Que ganhava intensidade,

Sem precisar de tanto incentivo,

Parecia me empurrar para ele,


Na direção indeterminada dele,

Como se eu quisesse ser uma imagem,

E depois mais que isso,

Eu sei,


Não se ri para um olhar,

Assustada e pensativa,

Também acho que não se beija tão rápido,

Mas não havia motivos para se esquivar,


Com um amor intenso feito dor,

Profundo feito um sangue que jorra,

Quente e palpitante que marca,

Demonstrativo.


Suculento feito uma maçã ao outono,

Ele ressoava feito uma luz frágil,

Mesmo que eu não estivesse ao obscuro,

Ele parecia conter aquele algo mais,


Entre o proteger e ser protegida,

Eu preferi beijar aqueles olhos,

Ser digna ao menos por um instante,

De determinar o ponto a ser olhado,


Ou o modo como se fechariam,

É certo que desejei que sonhassem comigo,

Não havia um muro a separar-nos,

Então, peguei seu braço direito,


Toquei seu casaco,

Senti o calor sobre o tecido,

Apertei-o,

E com isso,

Me aproximei dos seus lábios.


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Entre seus olhos

 

Os olhos dele estavam fixos,

Não pareciam querer disfarçar,

Olhavam-na com intensidade e vigor,

Não se moviam por nada,

Poderia-se dizer com sinceridade,

Eram olhos de um homem apaixonado,

Ela não escondeu a surpresa da proximidade,

Também não disfarçou os sentimentos,

O quis muito e pretensiosamente,

O desejou como a nenhum outro,

Há coisas de instantes,

Que acontecem de modo tão perfeito,

E de um jeito tão sublime,

Que não há como esquecer,

Quando se conta uma história,

Mesmo com riqueza de detalhes,

Não se alcança o sentir do viver,

E isto acabava de acontecer com ela,

E com ele.

Com certeza.

O olhar entre os dois era intenso.

Quando os olhos de um homem não se movem,

Mesmo que tudo aconteça ao redor,

Há de se ver nisto extrema sinceridade,

Um homem não tenta se omitir ou forçar algo,

Havia nele ousadia, força e potência,

Assim que ele se virou nitidamente para ela,

Nada mais ficou despercebido,

O amor era intenso, notório e nada forjado,

Não havia manipulação alguma,

Ao contrário,

O desejo exalava de ambos.

Não tanto.

Nem um pouco a ponto de ser confundido,

Sexo puro, ardente e predatório.

Não jamais seria confundido com primitividade.

O sentimento emergia profundo.

O bastante para identificar a vida naquele olhar,

O quanto o corpo de ambos vibrava,

E desejavam que nunca tivesse fim,

Os pensamentos pareciam escritos,

Ou gritados naquele olhar silencioso.

Mas, algo inesperado aconteceu.

Ambos simplesmente viraram-se adiante,

E seguiram pelo caminho e sentido anterior,

Nenhum parou,

Nem um passo na direção um do outro,

Simplesmente foram a frente,

Nunca mais houve novo encontro,

Não ocorreu troca de nomes

Ou mesmo qualquer espécie de identificação,

Foi como um filme de ação,

Em que o mocinho encontra o alvo

E sem qualquer explicação expressa

Desiste de ataca-lo,

Como se encontra-lo fosse o bastante,

Porém, nenhum dos dois se conheciam antes,

E foi amor que gritou naquele olhar,

Um amor tão externo e forte

Que não precisou de qualquer proximidade para ser,

Era vibrante e vívido,

Se as nuvens chegassem a calçada

E construíssem uma espécie de escada,

Nem elas seriam eficientes na condução ao céu,

Com certeza aquele olhar foi muito mais capaz,

Mesmo que algodão tocasse as pedras do chão,

Os passos que os levava para frente

Nunca teriam sido os mais macios e felizes,

Não havia margens para quedas,

Tudo parecia absolutamente perfeito.

Foi amor e mais nada.

Foi amor tudo que gritou naqueles olhos claros.

Ninguém iria rir desta história.

É tudo tão simples quanto se conta.

Bem nuvens e algodão não fazem tanto,

Mesmo que muito bem manipulados,

Nunca conteriam a intensidade daquele olhar,

E talvez nem ao menos pudessem abafar o murmúrio,

Como aquele olhar abafou,

Ao dizer tanto sem emitir palavra,

De amor, afeto ou gratidão.

Simplesmente amor, paixão.

Mais nada.

domingo, 17 de setembro de 2023

Sem Excitar

Não houve hesitação alguma,

Contudo ela perdeu tempo procurando,

Buscando com o olhar alguma coisa,

Se agarrando a um último fio de esperança,

Como se houvesse algo a encontrar em seu rosto,

Um vestígio, uma lágrima ou sentimento,

É tudo... uma questão de escolha?

Crença ou doutrina?

Há em seu rosto alguma segurança,

Posso ver isso e não outra coisa,

Porém, é assustador notar o bem que lhe faz

Me deixar sozinha,

O abandono parece lhe cair bem,

Disposição para me ferir,

Vejo isso nele tão bem,

Queria que isso ao menos me fizesse sorrir,

Mas é tudo cruel demais para eu poder mentir,

Chega, me toca, e depois vira as costas,

Acho que nem reconheço seu olhar,

Tão fácil seria lhe confundir com outra pessoa,

Por Deus mas como ele sabe o que faz!

É tudo tão metódico,

É quase uma questão de rotina,

E quando podia me dar um segundo de carinho,

Uma atenção ou gentileza ele se afasta,

Vai embora e fica a espreita,

Se satisfaz,

Vai até e apenas aonde o satisfaz!

Isso o exclui da minha vida,

No entanto me vê e me busca,

Quando pode olhar para mim ele olha,

Gostaria tanto de poder saber o que precisa,

Sinto mas não possuo isto que lhe completa,

Me vê com seu porte seguro e robusto,

-Coitado do cara gordo!

Eu penso e sem querer falo.

Não se contém e me toca forte,

Sinto quase meu estalar de ossos,

Me vejo em fiapos ante a sua proximidade,

-Já não o quero!

Grito, entre berros e farrapos.

Vejo tudo desmoronar,

Seu semblante, seu olhar, sua altivez.

Não, eu não sou aquela que o faz bem.

-Se me fizer mal, você perde seu emprego!

Baixo meu olhar até meus dedos,

É tudo tão simples,

Que parece questão de escolha.

Um sujeito a mercê.

Ele não consegue mais que isso.

Já não é homem para se libertar,

De mim, de suas crenças, suas atitudes.

Acorrentado sem perceber.

Se seu trabalho está ao meu alcance,

Sinto que é como se não o fizesse tão bem,

Desejo lhe tirar seu sustento,

Penso se em que ele gasta me faz mal.

-Sem ganho ou contas pagas,

Pense bem no que faz!

Repito carregada de certezas,

Contudo não possuo nenhuma.

Me esforço o bastante,

Mas não sinto que seja possível.

Me busca mas não gosta do que vê.

Me quer com certa insuficiência,

O exigente!

O porte físico não reproduz personalidade...

Analisa tanto cada palmo do meu rosto,

E eu já não o vejo comigo.

O distante!

Não tenho forças o bastante,

Desisto de lutar,

Então, por que ainda busco seu olhar?

O que há nele que me faz tão próxima,

O coloca tão entre meus dedos,

Disponível e indulgente,

Ele não é mais que uma miragem.

Preso a uma promessa,

Que nunca teve território,

Um falseado de segurança,

A mantê-lo perto, sempre muito perto.

Talvez a dor de um olhar possa romper os músculos,

Demonstrar o que não parece esconder,

Quem sabe tudo seja uma questão de enrijecer,

Sinto que não sou mais que um rosto tremulo.

O tempo provoca estes sentimentos,

Contudo a ideia de alcance,

Ela é a mais falseada,

Penso se alguma vez ele realmente esteve comigo.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Memórias


Poesia Falada quinta-feira, 14 de setembro 10:04
Já chega!
Enquanto o sentimento crescia dentro,
Por fora, tudo parecia errado,
Mesmo que estivesse em cada fala,
Dominasse cada pensamento,
Nada parecia se encaixar,
Mas ele cresce intenso e ardente,
Simplesmente consome.
Li o que escrevi mil vezes,
Me surpreendi em cada frase.
Por causa destas linhas hoje eu choro,
Mesmo ele tendo recebido,
Lido ou não,
Eu não obtive resposta,
Mas eu sei que esteve em suas mãos,
Guardo apenas esta certeza,
Está esquecido,
Enterrado, destruído,
Há cinco anos,
Quem sabe ele recorde sobre isso,
Ao menos,
O quanto foi bom.
Consigo me recordar o sofrimento,
As lágrimas que consumiram meu rosto,
Molharam o dele,
Por até datado de hoje,
Acreditei que não fossem apenas minhas,
Hoje sei que foram solitárias,
Apenas refletiram-se,
Tanta intensidade – nenhuma verdade,
Não valeu cada instante,
Não para aquele que esquece.
Choramos um nos braços do outro,
Me recordo tantas vezes que relatei isso,
Hoje sofro sozinha,
O amor que tanto acreditei e desejei de volta,
Não consigo enterrá-lo nem em mil lágrimas,
Nem ao menos apagar as marcas do sorriso,
Mesmo com todas as lágrimas que fiz correr nele,
Alguém sabe o quanto um amor que sofre resiste?
Não é possível que em dez anos eu ainda sinta o mesmo,
Ainda o queira com mesma intensidade e sentimento.
E ele simplesmente nos tenha esquecido?
Como?
Há um vazio perdido em meu rosto,
Mesmo que banhado pela mesma dor,
Falta aquela pele quente que o sentia,
Recostado, quente e sofrido,
Procuro por aquele rosto que sofreu,
Recuso-me a pensar que não sentiu nada...
Eu, não posso, acreditar nisso?
Me sinto meio acordada, indisposta,
Quase sei quando ele esta dormindo,
Mesmo ante a distância,
Ainda sei o quanto posso senti-lo,
Por Deus, será que tanto amor o machuca?
Se o meu sentir o fere o que faço comigo?
Há lugares no mundo que nunca mais serão preenchidos,
Principalmente aquele que aparenta estar completo,
A olhos vistos o que reflito?
Quem me vê nota a falta que ele me faz?
Há algo estampado em minha cara além da dor?
Quem foi aquele que o viu comigo?Sempre que me vê parece que nos recorda,
Eu sei que estas lembranças não são apenas minhas,
Há em meu rosto a falta sua,
Talvez nem mesmo a morte o reconstrua,
Que ódio sinto do vazio que me consome,
Se a beleza do universo ainda é de verdade,
O que pode tê-lo feito me esquecer?
Será que meu rosto o confortou pouco?
Minhas lágrimas foram incapazes de tocá-lo?
Então, a ausência sempre é compensada pela presença,
Mesmo quando esta permaneça apenas em memória,
Gosto das horas em que esteve comigo,
De tocar minha pele e poder senti-lo,
Gosto até mesmo quando pareço sentir seu cheiro,
Acho que gosto de recria-lo aqui comigo,
Mas só eu sei o quando a ausência pode ser terrível,
Sobre a dor da ausência,
Ele não poderia saber,
Sinto comigo, a ele esta é desconhecida! 

14 de setembro de 2023

sábado, 9 de setembro de 2023

O Vento

 

Vento tem força?

Ah, o vento possui um rosto?

Teria,

Contudo,


Poderia não ser capaz.

Ah, Deus, mas é tão terrível,

Tanto me toca

E tão pouco posso saber,


Ah, quem me dera possuí-la,

Desejar não ser tanto de você,

Fugir já sei não consigo,

Só mesmo o vento para entender.


Ele talvez, algum dia dissesse,

-Querida, se não for minha nem ouse dormir...

Parecia saber do que falava,

Meu sono não é intranquilo,


Porém, sobre os sonhos nem tento contar,

São escuros e vazios,

E quando tomam conta me enlouquecem,

Me vejo cair de mim,


Voar aos pedaços,

De pouco a pouco me perder,

Mas como poderia caro vento,

Se como você sabe,


Não pertenço a outro apenas você,

E ainda ele me apresenta um rosto,

-Querida, entenda, venho de outro.

“Então, ele não sente minha falta.”


Eu tento pensar,

Mas ele é mais rápido:

-Querida, você não conhece essas terras!

Como eu não poderia?


As ideias me veem,

Se tais terras são apenas minhas?!

Sua mão direita me pega na testa,

Ele sabe me manter,


A esquerda em posição ereta e forte,

Desenha uma espécie de certo sobre meu ventre,

-Ora, vento possui agora vontade!

Eu penso e quero sorrir,


Não lhe basta a força,

Desejou ainda um rosto,

Agora quer um nome ou mais- reconhecimento!

O sorriso nem vem se esvai,


Minha pele não é mais minha,

Sinto que fica para trás,

Me vejo quebrar,

Inerte e intacta e aos pedaços,


Me vejo quedar,

Mas como posso?

Aqui deitada e a me perder aos poucos,

Já não sinto meus ossos,


Já não tenho os mesmos sonhos,

Por que desejei dormir depois de tê-lo?

-A quem?

O vento!


O vento é como uma coisa que leva,

O tempo não,

O tempo enterra,

Lá se vai ou não,


Mantive a janela aberta contudo a porta fechada,

Mas ele é capaz de sair por onde entra,

Tanto quanto poderia ficar,

Acho que me pertence,


Tanto mais que eu a ele.

Ele sabe disso,

Ele quer isso,

O vento!


Possui agora sentimento,

Lhe entrego minhas forças,

Meu rosto até mesmo,

Reconheço-o, mas, não posso chama-lo,


Porém, possui meus sorrisos,

É dono também dos meus sonhos?

Me vejo em enjoo,

Não, eu não posso vê-lo...


Antes a terra entre meus olhos,

Ah, Deus, que será destes sonhos insanos?


Lembranças

 


A dúvida em sua voz se torna palpável,

Mas, as vezes, a esperança é mais forte,

E as lembranças confortam e faz acalmar,

Permite o fechar de olhos em noite insone,


O seguir em dias desconfortantes,

Ah, sim, lembranças confortam,

E abraços se tornam desnecessários,

Quase insignificantes,


As vezes, lembranças são o bastante.

Dispensada de sua companhia,

Uma oração parece suficiente,

O unir de mãos que foi recusado,


Encontra um abrigo – em si mesmo.

Lembranças.

Um abraço desejado,

Um lugar em que se ficar,


Relógio desligado,

Um fechar de olhos...

O infeliz saber de que podem abrir-se,

E ele simplesmente, não estar,


E que mesmo que não se abram,

Ele tem hora certa,

Irá embora.

Aparência de saudade,


Contagem de instantes que se quer guardar,

Se está querendo estar-se para sempre,

Aproveita-se o que não consegue ceder,

O beijo, o abraço, a segurança do ter,


Insegura lembrança.

Dura apenas um momento,

Ela pensa que nem parece durar,

No rosto, nos lábios, no pensamento,


Lembranças do que está,

Tudo caberia no que não se fala,

Ela já não é capaz de pedir –

Oh, por favor, não vá embora!


Ele sabia disso tanto quanto sabia dela,

O nome, a carreira, o amor que sentia,

Lembranças que mantém,

Ela esconde os olhos feridos,


O quer em sua vida e isso é importante,

O conforto do seu abraço,

-Meu Deus, por quê você faz isso?

Ela deseja indagar,


Em soluços abrigada a seu peito arfante,

Em seguida, procura seu beijo,

Soluça seu choro para dentro,

Como se engolisse cada desculpa,


Com os beijos a preenche-la,

Lembranças guardadas.

Ausência jogada fora.

- O quê?


- O Adeus?

- Oh, por favor, não agora!

Existem coisas que não possuem voz,

Mesmo que tenham vida dentro de si,


Estas coisas são incapazes por si próprias,

Inseguras demais para emergir,

A maquiagem escorre em linhas pretas,

São como linhas que marcam sonhos,


Que não são ditos mas são escritos,

Guardados em lembranças,

Que confortam e acalentam.

Isso, o falar, isso não é tão importante,


Não mais importante que tê-lo,

É até gostoso vê-lo partir,

O virar de costas até o torna mais bonito,

Ele parece um tanto mais suscetível.


Dá para brincar de deixa-lo,

De imaginar viver sem ele,

Gritar que ele perde a importância

Tanto quanto se demora.


Mas quanto mais se aproxima,

Mais deixa tudo para trás,

Há tanto em seu abraço de segurança,

Sexy e intrigante,


Lembranças.

Isso deixa tudo mais excitante,

Ao menos quando ele não está,

Apenas quando está distante.


Com o imaginar-se sem ele vem a culpa,

Uma agonia que parece sufocar,

Isto é mais importante que chorar,

Expor a dor – sufocam-se as lágrimas,


Lembranças e um pouco de sua ausência,

Só isso!

Ela não tenta abrir a janela

Não procura deixar o ar mais cômodo,


Está bom da maneira como está,

Não há nada melhor que tê-lo,

Estar abrigada ao seu abraço,

Não tenta se virar de rosto pálido,


Esconde-o em seu peito,

É tão delicioso o seu abrigo,

Não o vê assustado,

O entende sereno – imagina-o,


- Você não pode,

Você não deve me deixar.

Não é preciso dizer isso,

Ela sabe e entende,


Cobranças fazem sufocar

Sufocam e doem mais que a distância,

Há um momento em que o estar seguro

Ganha prioridade e supremacia,


As lembranças são ruins para quem ama pouco,

Mas, não são nada num relacionamento duradouro,

Ela tenta encontrar um tom,

Um ritmo correto de fala,


Mas, os lábios dele parecem trêmulos,

Isso toma primazia,

-Não posso e não.

É só o que deseja ouvir,


Mantem a todo custo a voz calma,

Por dentro a efervescência toma conta,

Há urgência, amor e quase um ódio,

Ódio de si mesma,


Um soco involuntário contra seu peito,

Sôfrego e frágil, quase uma carícia.


domingo, 27 de agosto de 2023

Entre Um Olhar

 

Os olhos dela sustentavam seu olhar,

Pareciam seguros e firmes,

Como se ela tivesse algo a buscar,

E este algo estivesse presente.


Você fica boquiaberta,

Simplesmente sem palavras

Quando algumas coisas se organizam,

E tudo parece conspirar a favor,


Mesmo um piso que não se movimenta

É capaz de te levar a algum lugar,

Sem que para isso,

Você mova único passo.


Mais tarde, quilômetros após,

Pensaria sobre isso,

Neste instante pensar estava fora do alcance,

Mas, aquele que estava ao seu olhar,


Aquele que a olhava compassivo,

Este estava muito próximo,

Ela baixou-se para coletar uma bagagem,

Percebeu incrédula que não havia,


Mas seria preciso,

As certezas lhe chegavam em disparada,

E ela simplesmente sabia estas coisas simples,

Então, se pôs ereta sem tirar os olhos dele,


Em sua percepção não havia espaços escondidos,

Tudo estava a mostra,

Ela volta-se direta e sabedora,

O rosto mostrava todo o momento,


Ou seja, as certezas que possuía,

Sem simplesmente saber como,

Ele não sorria,

De lado mantinha-se impassível,


Ele parecia gostar de olhá-la,

Era como um movimento de esteira,

As pernas tremulas simplesmente seguem,

Mas o corpo, a alma, tudo fica a espera,


Um cansaço vago a toma por inteira,

Mas não há movimento,

Não há um sair do lugar,

Poderia correr,


Sabia disso,

Poderia correr muito,

Mas seria incapaz de mover-se,

Seria incapaz de qualquer coisa


Que a pusesse distante dele,

Quis fechar os olhos e desejar com toda força,

Que a velocidade do pensamento entre os dois,

O pusesse no mesmo ambiente,


Na mesma linha de direção,

Parecia que um dos dois estava a frente,

As certezas lhes possuíam,

Mas era como se um estivesse mais longe,


Não dá para manter o equilíbrio,

Não quando se é tomada por sentimento forte,

Quando não se consegue mais desviar o olhar,

Quando suas certezas se posicionam num lugar,


Se apossam de uma pessoa,

Já não buscava mais um ambiente,

Era mais importante ter um alguém,

Mais cedo ou mais tarde,


Iria cair de cara no chão,

Não se pode andar tão depressa sem desviar,

Manter um ponto fixo ao sair do lugar,

Isso não era possível não por muito tempo,


Mas se fosse cair,

Ele seria capaz de segurá-la?

Sabendo das certezas como ela,

Seria capaz de impedir?


Sabe-se: há um ponto onde as certezas falham,

Há um lugar fixo que não se pode desviar,

Não depois de alcança-lo,

Depois de tê-lo tão próximo...


Não poderia, nunca mais poderia,

Mesmo que toda a paisagem passasse,

Que ela andasse muito depressa,

Mesmo que o todo mudasse,


Há um ponto fixo que chama a atenção,

É estranho alcança-lo,

E conseguir ainda manter o equilíbrio.


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...