sábado, 16 de novembro de 2024

Um Instante

Eu gostaria de tê-lo,
Mas não qualquer ter,
Ter você entre meus dedos,
Segurar firme,
Apertar forte,
Sentir sua pele,
O tracejar do seu corpo.

Por única vez,
E o máximo mais que puder,
Queria remover sua roupa
Com meus lábios sedentos,
Derreter carinhos
Por todo seu corpo,
Provar cada parte,
Sentir cada gosto.
Queria poder deitar sobre você,
Escorregar minha mão
E te conhecer,
Queria tocar em casa íntimo,
Sentir você pulsar em cada contato,
Seu calor a evaporar
Cada carinho derramado
Sobre sua pele quente,
Até tocar meu corpo,
Pele a pele.

Queria sentir o máximo
De cada um dos meus dedos,
Sorrateira é leve,
Percorrer toda a pele,
Sussurrar o que desse vontade,
Abrir suas pernas
E me pôr entre elas,
Eu daria a vida
Para ter você dentro de mim,
Se eu tivesse direito a uma.
Queria sentir cada fio de seus cabelos,
Provar seu suor,
Sentir cada osso,
Cada músculo responder,
Ver seu coração bater,
Sentir o meu chamar seu nome,
Hum,
Queria me derramar sobre sua boca,
E descer por cada parte sua,
Queria apertar você com carinho,
Obter suas respostas,
Conquistar suas expectativas,
Ser sua melhor experiência.

Queria abrir o zíper da sua calça,
Morder o aço que te separa de mim,
Descer sentindo seu cheiro,
Depois eu puxo a roupa,
Com dentes e mãos
Sobre sua pele macia,
Queria decorar seus cheiros,
Sabor e respostas,
Queria você quente.

Te pertencer.
Queria tocar em você
Por cada vez
Que me recusei a ser de outro,
E me contive
Satisfeita por todas as vezes
Que percorri minha própria pele
E disse:
- que ele exista!

Queria te fazer meu
Tanto como me fiz minha.
Ver seus pêlos arrepiados,
Seu cheiro a me convidar,
Queria não ter medo
E simplesmente provar.

Tentador

Doce tortura,

Ela atendeu o celular,

E na tela,

O carinha,

Aquele de quem fugia,

Peito nu, a mostra,

Sorriso fácil na boca,

Língua de fora.

 

- você parece que brinca!

Ela conseguiu dizer,

Peito arfante,

Mamilos em busca,

Respiração difícil,

Lábios sedentos,

Corpo árido de desejo.

 

A barba perfeita,

Negra cobria o rosto magro,

Ossos definidos,

Orelhas macias e lindas,

Maldito vocabulário simplista,

Parece fugir do pensamento,

E só restar seu rosto,

Sorrindo, falando, buscando.

 

Lindos pelos macios

A contornar perfeitos detalhes,

Menino, homem másculo,

Parece arte,

Que não se contenta em ver,

Precisa o tracejar dos dedos,

O sentir da pele quente,

E pulsante.

- doce ciúme,

Me toma por veneno.

 

Ela disse

Com saliva tocando os lábios,

Frágil com a visão inesperada,

Só desejou tocar seus cabelos,

Negros, fartos e macios,

Sentir a pele morena

Delineada em 3B

Por um sombreado perfeito!

 

Para quem nega que nariz é ambição de desejo,

Desconhece aquele

Que simplesmente foi colocado nele,

Como se fosse um meio de satisfação,

Elevada perfeição,

Cabe em cada carinho,

Sabe-se que em arte pronta

Nada se acrescenta,

Assim ele veio e está,

Não ao dispor,

Mas em elevada colocação,

Apto,

E lindo.

Com um sorriso grande e fácil.


Lábios que roseiam-se,

Não sei se é pecado

Mas eu morro de ciúmes,

Meu coração fica lento,

E meu corpo pára para vê-lo,

Eu não faço mais que contemplar

E me imaginar próxima,

Tocando-o e sentindo-o.

Digo a ele tenho medo.

Caramba,

Ele explode em esplendor

E magnificência.

Eu abriria mão de tudo

Crença, ideais e o mais.

Disposto sem dispor,

Perfeito, o menino homem tentador.


Sobrancelhas espessas e escuras,

Desenho aquele rosto

Sem moldura,

Simplesmente, pronto!

Minha mão parece toca-lo,

Sentir seu calor,

Está nesta tela e tão perto,

Quase sinto sua barba farta,

O estremecer de sua boca

Entre meus dedos,

Sua doçura,

Seu cheiro,

A forma como ela se abre

Pronta para ser minha,

A maneira como quero que seja,

E minhas inseguranças 

Me guiando.


 

 

Natureza

Entre o sol e as estrelas,
Ele ajoelhou-se,
Pegou sua mão direita
E disse:
-eu te amo!
Havia exuberância de flores
Que cobriam paredes,
Num céu de estrelas faiscantes,
E um sol,
Por quê não?
Árvores desenhadas,
Tudo tão perfeito
Como se fosse a mão.
Mas não.

Haviam borboletas voando,
Ao lado de vagalumes.
- uau?!!!
Como isso, amor?
Ela indagou,
Perplexa diante de tamanha beleza,
Dentre em pouco a lua!
Justo a lua?
Ambiente perfeito,
O homem amado,
Mas beirava ao surreal,
Vieram então cantar de pássaros.

- uauuu.
Eu não entendo!
Ele levantou-se
E a abraçou apertado,
Ela coube inteira em seu peito,
Quente, cheiroso e forte.
-querida, é artificial.
Nada aqui é verdadeiro.
São luzes, imagens e plástico seco.

Tecnologia avançada,
De tudo é o mais perfeito,
Como o que sinto.
Ela chorou admirada,
Amava-o com toda alma,
E desejou único pedido,
Leva-lo a sua rememorada infância,
A um fechar de cortinas,
Desligar de luzes,
Fechar de portas,
E eles foram para um lugar
Tão distante,
Esquecido e abandonado.

Quilômetros separavam
A pequena cidade para onde iam,
Da grande metrópole que deixaram,
Porém a um abrir de portas,
O sol verdadeiro, íntegro e intenso,
Num céu azul de pássaros e borboletas,
Um mundo reconhecido para ele,
E completamente desconhecido,
- então, nada do que eu tinha era verdadeiro?
Ele indagou,
Segurando sua mão esquerda,
Incapaz de parar de olhar.

Ela se agachou
Colheu uma flor do chão,
Beijou,
E entregou a ele:
- não.
Estava distante demais,
Embora perfeito,
Mas distante.

Então, ele a puxou para si,
Encostando-a em seu peito suado,
Ofegante e assustado:
- nossa!
Eu não imaginava isso!
Ela então o puxou,
Segurando a mão direita,
Caminharam na estrada de terra,
Com poeira se agarrando a sua calça
Branca e cara,
E o levou ao riacho,
Uma cachoeira caia esplendorosa,
O cheiro de peixes exalava,
Flores boiavam na agua,
Peixes pulavam para cima delas,
E pedras contornavam a beirada
De suas águas,
Pedras, grama fresca e matos e flores.

Ela agachou-se e tocou na água,
Então, segurou na palma de sua mão um punhado
E puxou sua mão esquerda para frente
Junto a dele,
E colocou a água ali.
- sinta.
Isto é a água da nascente,
Daqui ela brota,
No mercado você compra.

Ele agachou-se,
Estendeu as pernas na água,
Sentou-se,
Sujou a calça branca de grama.
Uma borboleta sentou
Em sua camisa branca,
Um beija-flor passou
E se aproximou da flor a sua frente.

- isto é lindo!
Ela se aconchegou ao seu ombro.
- lindo feito você.
Seu cheiro,
Suas cores,
Seus tecidos.
Você é como está água,
Fonte de vida
E amor.

Um pato chegou voando de longe,
E repousou na água,
Nadando,
E brincando.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

O Cacho de Banana

A moça passou em frente a sua casa,
Andando de foice no ombro,
- Olá vizinho,
Estou voltando da roça,
O trabalho rendeu,
Mas o esforço foi grande.
Ela falou em voz alta,
Cumprimentando-o com um aceno.

- Olá vizinha,
Parabéns,
Você se esforça
E consegue!
Ele riu tirando o chapéu de palha
Da cabeça em sinal cordial
De respeito.
- obrigada,
Preciso tirar um cacho de banana,
Mas a bananeira é alta,
E tenho medo que ela caia
Sobre o pessegueiro,
Ou estrague o cacho ao ser cortada.

Ele correu na sua direção
De botas de borracha preta,
- deixe que te ajudo!
Assim, seguiram caminho
Entre conversas e mãos dadas.

Ao chegar porém,
A moça errou o corte de facão,
E cortou duas bananeiras
De única vez,
Com único golpe,
Então, uma veio sobre ela,
Derrubando- a contra um chão
E sobre uma pedra,
Ela fraturou a perna,
E gritou de dor:
- aí, que dor, estou ferida!

O rapaz soltou a bandeira
De jeito correto no chão,
E abraçou a moça,
Juntando ela e carregando no colo,
Depois de retirar o cacho de banana
 Da bananeira caída,
Ele voltou até ela e fez chá,
Então, passou a noite toda
Cuidando dela.

Ao alvorecer beijou sua face,
- querida chegou o dia,
Chegou a claridade,
Como eu a amo,
E não quero perde-la,
Me dá um beijo de boas-vindas
A sua vida!

Vizinho- Limpou o Quintal

- limpa meu quintal vizinho.
- até de noite tá bom.
- te espero lá em casa, então.
E assim, encontro marcado.
O vizinho usou sua melhor bota
De couro limpo,
Fivela na calça,
Afiou a enxada e foi.
Ao chegar a vizinha correu receber,
Ofereceu bolo,
E cuca quentinha,
Recém saída do forninho.

Conversa foi e conversa veio.
Olhares cruzados.
Corações que se é enlaçavam.
Era de anos o afeto da moça
Por seu vizinho.
Era janela aberta cedinho,
Fumaça que toca a janela,
Beira o varal de roupa,
E cheirinho de comida quentinha.

Varal estirado para o lado dele,
Roupa comprada na medida,
Estendida a convite,
Só faltou a árvore crescer
E alcançar a janela,
Por quê escada ela se recusou a pôr.

O vizinho homem sério e trabalhador,
Trabalhava dia e noite,
Toda a semana,
Estendia suas cuecas na janela,
Colocava lá suas botas,
Parecia querer contar
Aonde iria e até o que faria,
Mas ao se aproximar
Foi cauteloso,
Vagaroso e educado.

Após o bolo,
Pegou a enxada e limpou o quintal,
Deixou tudo perfeito,
Depois disso,
Ainda cortou a grama.
Então, veio a hora do banho,
Nesta hora ele sempre se dirigia a sua casa,
Mas desta vez não.

- posso banhar-me?
Indagou.
- claro, usa a minha toalha.
Então, ele ficou.
Jantou,
E dormiu ali mesmo.
Pronto o boato
Ou então, prenúncio dos fatos.
Mas que anteontem ficou, ficou.

Puxando o Feijão

- E aí, já vai pra roça?
Perguntou o vizinho
De forma alta e declarada,
Enquanto ela passava de carroça
Em frente a sua casa
Na primeira hora da tarde,
Sol escaldante,
Parecia estar brilhando sobre seus ombros
Tão perto
Que chegava a arder as faces.

- sim, vou puxar feijão.
Você me ajuda?
Embarca comigo!
Ele correu sorrindo amigável
Feliz como em nenhum outro dia.
Se jogou na carroça
E abraçou a moça apertado.

Em pé os dois dirigiram a carroça,
Chegaram na estrada da roça,
Desceram ladeando
Até alcançar os montes de feijão,
Amontoados na parte da manhã.

Após braçadas e braçadas
Encerraram o trabalho,
Se jogaram nas palhas,
Abraçaram-se e riram como crianças,
Mas como adultos
Se amaram ali mesmo,
Entre as sombras das árvores frondosas,
Os bois cansados,
E a carroça cheia de feijão.

Abraçados e unidos,
Terminaram o ato de amor,
E de mãos dadas pularam
Sobre as palhas cheias de feijão,
Até malhar ele,
Ou seja sair da casca cada grão.
- quer um feijãozinho pela ajuda
Vizinho?
- claro que sim.
Ele respondeu com um beijo.
- você janta comigo?
Ele encerrou de pronto.

Roçador


Ela pegou as cordas dos bois
E puxou com cuidado,
Fez a carroça diminuir velocidade,
Elevou o pé até a porta da frente
Da carroça,
E empinou a bunda gritando:
- e aí vizinho,
Chega aqui e me faz um carinho,
Faz tanto que o estimo,
Mas tão esquivo o tenho.

Ela disse em som mais elevado
Que os solavancos das rodas
Feitas de ferro e madeira
Faziam sobre a estrada de pedras.
Então, pôs a mão no cós da calça
E fez gesto de abrir,
- vem, eu gosto de você!
Então, deu dois tapas da bunda
Do boi a direita,
Bem treinado no desempenho
Do seu trabalho
E se jogou sobre suas costas,
Posicionando-se de maneira
Que sua bunda ficasse exposta
Por completo,
Jogada no ar,
- estou pronta pra ser sua.

O vizinho soltou a foice
E parou de rocar as guanxumas
Da frente de casa
E correu para aquela mulher
Tão amada e esperada,
Chegou na beira da estrada,
Pegou nas madeiras do lado
Da carroça,
E se impulsionou e se jogou para dentro,
Abraçando a moça,
Enquanto a amava em loucuras,
Suavidade e solavancos,
Segurando seu corpo para não ferir
Contra as madeiras e a força do boi gordo.

- eu te amo.
Ele disse com força,
E fez parar os bois para ter mais tempo
Com está que amou por toda vida.
Casaram-se,
E o bezerro filho deste boi,
Foi usado para churrasco
Para animar a festa
E comemorar união.
E da vaca mãe dele,
Foi retirado leite
E usado para o bolo!

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...