- limpa meu quintal vizinho.
- até de noite tá bom.
- te espero lá em casa, então.
E assim, encontro marcado.
O vizinho usou sua melhor bota
De couro limpo,
Fivela na calça,
Afiou a enxada e foi.
Ao chegar a vizinha correu receber,
Ofereceu bolo,
E cuca quentinha,
Recém saída do forninho.
Conversa foi e conversa veio.
Olhares cruzados.
Corações que se é enlaçavam.
Era de anos o afeto da moça
Por seu vizinho.
Era janela aberta cedinho,
Fumaça que toca a janela,
Beira o varal de roupa,
E cheirinho de comida quentinha.
Varal estirado para o lado dele,
Roupa comprada na medida,
Estendida a convite,
Só faltou a árvore crescer
E alcançar a janela,
Por quê escada ela se recusou a pôr.
O vizinho homem sério e trabalhador,
Trabalhava dia e noite,
Toda a semana,
Estendia suas cuecas na janela,
Colocava lá suas botas,
Parecia querer contar
Aonde iria e até o que faria,
Mas ao se aproximar
Foi cauteloso,
Vagaroso e educado.
Após o bolo,
Pegou a enxada e limpou o quintal,
Deixou tudo perfeito,
Depois disso,
Ainda cortou a grama.
Então, veio a hora do banho,
Nesta hora ele sempre se dirigia a sua casa,
Mas desta vez não.
- posso banhar-me?
Indagou.
- claro, usa a minha toalha.
Então, ele ficou.
Jantou,
E dormiu ali mesmo.
Pronto o boato
Ou então, prenúncio dos fatos.
Mas que anteontem ficou, ficou.
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