Aqui podia-se crer no indescritível,
Estar-se diante de um sonho,
Afigurou-se que estava em pé,
Entre um muro e a moça de olhos tormentosos.
O impossível!
Saiu de sua boca sem poder disfarçar.
Olhava-a como se não tivesse o mais,
Que fazer?
Olhou para suas mãos vazias,
Sempre tão ocupadas agora neutras.
O olhar que ela entregava não via,
Queimava.
Desfigurava.
Desnudava cada palavra.
Roubava.
Não sentia-se ou encontrava a fala.
Não se havia.
Era uma questão de estar farto.
De tanto ter-se via-se vazio.
Aquele olhar parecia abrir caminhos,
Criar um espaço de abrigo,
Afugentar tudo que havia e ficar,
Ele não precisava de pedidos.
Continha sonhos.
Sem saída de um lado.
Sem meios de ação de outro.
Umedece-se seus próprios dedos.
Quando sente seus lábios,
Entende o que ocorre a poucos passos.
O amor.
Falta confiança
Quando tudo que se confia está a ver-te.
Acostumado ao metodico,
Sentia, só agora, o desmedido.
Uma das primazias na vida é observar,
No entanto, o ver e ir adiante, é outra coisa.
O comando observar ativa-se por automático,
Contudo, ações anteriores não regem passos,
Não possuem valia para o olhar da moça,
Esse lindo olhar requer mais que o passado,
Requer aproximação e cautela,
Busca amparo,
Busca ficar.
Comandos quebrados.
Único propósito.
Adeus ao seguro homem de negócios,
Bem-vindo a aquele sonhador,
Volta a atenção ao céu, ao redor.
Não basta.
Dispõe-se ao diferente ao experimento,
Espera-la.
Há dentro dele uma busca desconhecida,
Entrega-se a ela.
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