quinta-feira, 7 de março de 2024

Te amo Rahat

Todo abraço é ato de entrega,

Ela não traiu o que sentia.

Saudade, dor e lágrimas,

Mas por poucos segundos se permitia.

Provava o cheiro, sabor e alegria,

Sentidos por muito esquecidos.

Não por proibição ou ousadia,

Apenas porque havia, um dia, perdido.


Resulta disso o desejo e a entrega,

Desejo de mudar ou retornar,

Entrega a dor que mantém distância.

Não se mostra longe de um olhar,

Recusa de seguir a rua distorcida,

Íngreme e perigosa.


O orgulho é força destrutiva.

Mas a dor de perder é pior ainda.

Ela pode levar a ruína e leva.

Ela pode destruir até o porvir da vida 

Solidão profunda de uma estrada vazia,

Beco sem saída com muros altos e bem feitos,

Braços cansados não podem subi-los,

Mãos cansadas já não tem mais está força.


Contudo,

Como ele e apenas ele pode ver,

Braços e mãos se curam,

Nisto também o coração que parou lá atrás segue.

É possível vencer,

Sim, ele torna possível o olhar lá adiante,

Sobre seus ombros,

Através do calor de seu abraço,

Por único instante pude olhar para frente,

E perceber.


Conscientizo-me de que há ali uma rua,

E que eu posso dirigir através dela,

Ele diz: - sim, você veio por ela.

Eu embasbaco e sorrio,

-como você sabe disso se eu mesma não sabia?

Ele entende tudo em silêncio.

O silêncio do seu olhar é tumultuado.

Há tanto dentro dele e tão profundo.

Existe nele um homem e eu ainda não havia visto isso.


Acesso a minha vida por completo.

Decisão do coração.

Fuga e disfarce.

Inocência constrangida em ver o que desconhece.

A virtude se permuta na voz,

A glória se evidência num rosto.

Como ele não há outro.

Guardo comigo o que busco.


Traços e características desconhecidas,

O verdadeiro pintor do tempo as demonstra,

Vejo um retrato guardado me abraçar,

Um imaginário de tempos perdidos se manifestar,

Atrás de homens honestos fogem-se os moços,

Um homem moço comigo abraçado.

Vigiado e o suspeito.

Será que ele sabe disso?


Que há de mais lindo que a busca manifesta?

O tempo construindo em outro,

Nada entende,

Nada finge.

Coisa estranha.

Apaixona-se do nada!

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