Abriu a boca querendo dizer algo,
Mas nada lhe veio em mente,
Sentia-se presa a um tumulto interno,
Então, pôs-se a caminhar nervosa,
De um lado ao outro da sala,
Ela o amava sabia disso,
Porém, sentia medo de demonstrar,
Cada vez que ousava querer declarar,
Algo lhe calava a garganta,
E as palavras morriam em sua boca
Tão logo haviam se formado,
Sentou-se em seu sofá,
Cabelo desgrenhado, unha mal feita,
Pegou seu celular e discou seu número,
Dois toques e ele atendeu,
Tão logo ele disse: alô,
Ela estremeceu,
Fez-se um silêncio amedrontador,
Ela achou que ele desligaria,
Porém, reconheceu seu número
E permaneceu a sua espera,
Ela reviveu inúmeras vezes os momentos
Em que passaram juntos,
Conversando feito dois amigos,
Nem precisava fechar seus olhos,
E podia vê-lo com seu sorriso iluminado,
E mais, chegava a senti-lo,
Precisava dele ao seu lado,
Não havia como negar seu sentimento,
Ela tinha poucas certezas em sua vida,
E uma delas era o amor que brotava em sua alma,
Profundo e forte como não poderia definir,
O fato de ele sempre compreendê-la,
De estar sempre ao seu lado,
A importância que ele dava a cada detalhe dela,
Fazia ela sentir que não poderia abandonar ao acaso
Todo o amor que tomava conta de sua alma,
Então, ela mordeu os lábios,
Molhando-os com a língua em seguida,
Seu coração disparou,
Poxa, como desejava beijá-lo!
Mas ali estava ela, emudecida,
Não havia justiça neste mundo?
De que adiantava tanto amor se não podia dividi-lo?
Confidencia-lo, entrega-lo...
Seu coração deu um salto,
Assustada ela levou a mão ao peito,
Estava acometida de alguma doença,
Esta era a resposta mais sensata,
Afinal era mais fácil que assumir estar apaixonada,
Ela teve dificuldade em acreditar naquilo,
Por isso preferiu o silêncio...
Será? Pensou nele por mais um momento,
Desejou seu beijo... será que não valia a pena arriscar?
Uma carícia, um olhar...
Amor, esta palavra lhe parecia estranha,
Um sorriso sonhador lhe moldou o rosto,
Então, molhou seus lábios como se estivesse a beijá-lo,
E desta vez, disse a si mesma: apenas desta vez,
Se permitiria entregar-se a este sentimento
Como se o que sentia criasse vida dentro dela,
Convidou-o para tomar um sorvete,
E a medida em que falava com ele,
Fez como faz tudo em sua vida,
De coração e alma,
- Eu te amo, ela sussurrou mais para si mesma
Do que qualquer outra coisa,
Não pretendia ser ouvida...
Então desligou logo em seguida,
Deixou a resposta no ar,
Se ele chegou a ouvi-la,
Apenas no passeio ela saberia.