quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Declaração de Amor

 

Essa era sua décima folha de papel

Nervosamente amassada e remessada ao lixo,

É certo que ele não era dado a romances,

Mas queria muito demonstrar seu amor,


Ela merecia ouvir cada palavra

Que ele tinha dentro da alma,

Até que ela soubesse o tanto que a amava,

Mas como declarar um amor que se quer para toda a vida?


Abriu as persianas, contemplou a noite escura,

Parecia vê-la refletida em cada estrela,

Com um suspiro rouco ele sorriu,

Precisava vê-la, ele sentiu,


Não confiava em si mesmo ao lado dela,

Nunca soube o que fazer para conquista-la,

Havia feito uma promessa de guardar uma distância segura

De ao menos três passos dela,


Menos que isso ele sabia: não resistiria,

A força do seu olhar o contagiava,

Seus olhos brilhavam feito estrelas,

Não por lágrimas mas por algo diferente,


Algo que ele desejava ardentemente que fosse amor,

Uma emoção muito forte, talvez?

Mordeu o lábio, precisava vê-la,

Ansiava por beijá-la naquele exato instante,


Não suportaria um segundo a mais sem sua presença,

Seu nome seguiu o rumo do seu coração,

Embargando a garganta até chegar a boca,

Em um sussurro rouco confessou a si mesmo:


Eu a amo com intensa paixão,

Ele já havia se acostumado a pensar nela,

Porém, suas lembranças estavam indo busca-la

Com uma frequência muito maior do que pudesse controlar,


Se tornou rotina parar para admirar a lua,

Apenas para trazê-la um pouco mais para perto,

Perto dela não conseguia nem ao menos pensar,

Imagine se conseguiria falar,


Mesmo agora as palavras não se formavam,

Nada parecia expressá-la com exata convicção,

Mesmo se no papel desenhasse o próprio coração,

Queria beijá-la com toda a emoção que sentiu


Nos dias que se passaram lentamente

Depois de último dia em que a viu,

A emoção das noites insones, do calor febril,

Queria senti-la derreter novamente em seus braços


Embebida no calor que possuía em seus beijos,

Queria beijá-la até esgotar todas as suas forças,

Até que faltasse o ar para respirar,

Até senti-la tremula em seu abraço,


Vencida pela intensidade do seu amor,

Lembrou de quando a beijou pela primeira vez,

Sentia-se inseguro, lembra de ter iniciado com um beijo na testa,

- Você gosta assim? Lhe pediu com sofreguidão,


Depois a beijou na ponta do nariz – e assim, você gosta?

Então, com medo de não conseguir controlar-se,

Apenas roçou seus lábios sobre os dela,

- E assim, você gosta? As palavras saindo-lhes tremulas,


Respiração de ambos entrecortadas,

Ela o olhou com estranha admiração,

Ela sentia-se muda, sua voz falhou na garganta,

Sentia algo muito forte, o que falaria?


O calor que exalava de ambos era algo estranho,

Algo que nunca haviam nem ao menos sonhado,

Rendendo-se as mãos do desejo,

Extravasaram suas emoções em um beijo faminto,


De início um pouco ingênuo e depois mais exigente,

Daqueles que tornam as roupas meras lembranças,

Apesar do ambiente a meia luz onde se encontravam,

Ela podia sentir a intensidade do seu olhar,


Sobre cada parte do corpo dela,

Seus olhos verdes dominando-a, rendendo-a,

Ele tinha um olhar másculo e intrigante,

Contudo, sua boca era perversa,


Não admitia reservas, não admitia medos,

E ela amava cada momento,

Ele sabia disso, ela lhe confessou no intervalo dos seus beijos,

Porém, o que dizer a ela?


Ele se esforçava para ser bom, honesto e verdadeiro,

E segundo ela, ele conseguia isso com maestria,

Mas quando se tratava de declarar o que sentia,

Ele falhava, sabia... rabiscou algo em um papel,


Passou uma gota do seu perfume,

Jogou ali uma flor de forma desajeitada,

E a entregou com um sorriso que refletia a alma,

Ela o abraçou com todo o carinho,


Então se afastou emocionada, sorrindo,

Ele sabia o quanto a agradava,

Afinal ela amava ser paparicada,

Ela baixou os olhos para o bilhete,


Com o coração aos saltos,

E o pulsar do coração por testemunha,

O viu refletido dentro de si mesma,

Guardado, e percebeu que não tinha medo,


Após leu, sentindo o olhar marejado de lágrimas,

Depois, levantou os olhos para cima e o encontrou,

Ali, parado, esperando-a com aquele seu peculiar

Jeito gentil e amoroso que ela tão bem conhecia,


Também, te amo meu amor,

Sim, eu aceito ser sua para toda a vida.

Taça de Vinho

Abri as páginas de um livro,

Que falava de um mundo de papel,

Rasurando palavras de amor,

Desejei participar daquele sonho,


Desistir daquele mundo de imagens,

Que outros denominariam aparência,

Arranquei aquelas páginas

Sem medo algum em minha alma,


Com um misto de raiva e impaciência,

E as amassei como alguém que se recusa

A este mundo surreal de amor inventado

Senti um vento gélido entrar pela janela aberta,


As folhas amassadas em minha mão

Que falavam de um amor sem coração,

Tinham peso nulo dentro de tudo que eu sentia,

As joguei na lareira apenas para vê-las queimarem,


Queria excluir aquilo que falava de algo tão belo

Sem crer em nenhuma palavra do que dizia,

Surpresa, vi que o fogo consumia as folhas,

Porém, as palavras saltavam aos olhos


E continuavam ali, intactas,

Elas pareciam acreditar no que diziam,

Fossem feitas de mentira,

Porque resistiriam?


Aquelas letras borradas por minhas lágrimas

Pareceram um tanto preocupadas

Enquanto gritavam o nome dele

Em uma espécie de sussurro que só eu ouvia,


Deslizei até o chão frio,

Olhos transbordantes por lágrimas,

Sentia dentro de mim que acreditava no amor,

Quando ele invadia minhas lembranças,


O que fazia com certa frequência,

Podia ver seu rosto, sentir seu cheiro,

Quase provava o sabor da sua boca,

Contudo, não queria admitir que o amava tanto,


Porém, nada o tirava do fundo da minha alma,

Sensação inquietante e esperançosa,

Lancei um olhar para a taça de vinho,

Um tanto quanto fora do seu alcance,


Pousada a três passos de distância,

Desejei apenas me embebedar,

Perguntei-me qual seria a energia necessária para me levantar,

A quantos passos mesmo estava o vinho?


Três, quatro, dois, um talvez?

Dali onde estava a taça não parecia estar tão longe,

Mas a saudade drenava as minhas forças,

Preferia continuar onde estava, vendo o fogo queimar


Cada palavra escrita e levar com ele meus sonhos,

Será? Será que era isso mesmo que eu queria?

Me entregaria assim mesmo, sem tentar?

Cheguei a acreditar que nunca me apaixonaria,


Então, por quê ele surgiu em minha vida?

Juntei toda a minha força e levantei até a taça,

Em três golpes sorvi todo o líquido,

Senti-me tonta, as pernas trêmulas,


Mas em meu coração um vazio me consumia,

Doce saudade que a tempos me atormentava,

Trazendo sensações que não me preenchiam,

Precisava dele, só mesmo ele me entendia,


Eu o amo, há nisso algo errado?

Mãos trêmulas, toquei meu próprio rosto,

Senti-me aquecida, desejei esperá-lo mais um pouco.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Um Olhar

No mesmo instante em que

Um rosto se destacou na multidão

Trazendo um sobressalto ao seu coração,

Quatro lágrimas quentes desceram sobre a sua face,


Traçando um caminho de dor,

E algo que poderia ser definido como lembranças,

Porém, antes mesmo que invadissem o seu coração,

Causando um caminho de algo que não pudesse ter volta,


Elas congelaram ali mesmo,

Do lado da sua boca,

Local onde ele havia depositado tantos beijos

Agora apenas suas marcas restavam,


Nem um beijo de adeus lhe foi permitido,

Ao vê-lo, mesmo ao longe,

Ela sentiu-se ser transportada para um passado distante,

Nunca antes esteve tão perto de quem lhe partiu o coração,


E por mais que acreditasse tê-lo olvidado,

Sua alma lembrou aos sobressaltos,

Ah, como ela desejava tê-lo esquecido,

Porém, bastou provar a suavidade do seu olhar


E tudo dentro de si retornou,

Acrescenta-se que muito mais forte do que antes,

Ela fez o impossível para manter-se calma,

Enquanto dirigia-se em sua direção,


Que outro caminho tomaria,

Queria resistir, ansiava por isso,

Afinal, de que lhe valia seu orgulho?

Neste instante, o sol se afastou de uma nuvem,


Iluminando o seu sorriso encantador,

E uma mecha de cabelos loiros caiu sobre o seu rosto,

Juntou toda a sua força como se fosse forjada

Em fogo ardente,


Agora já não era mais uma mulher mas o mais puro ferro,

Arma engatilhada, o mais puro chumbo,

Contudo sua armadura não resistiu,

Antes mesmo de encerrar o caminho ela se estilhaçou,

Sentiu-se derreter inteira tão logo ele a encarou,


Suas lágrimas derreteram traçando um caminho

De fogo abrasante sobre o seu corpo,

Sem resistir, esboçou um sorriso estilo lua nova,


Sentia-se deslizar sobre o gelo,

A um passo de cair e ser levada ao chão,

Aqueles olhos azuis límpidos derreteriam

Qualquer coisa que houvesse a sua frente,


E agora, ali restava ela, uma presa exposta,

Vítima de tudo que sentia,

Ela não entendia como seus olhos podiam ser tão calorosos,

A ponto de derrete-la em brasa viva,


Teve a ousadia de provar um beijo da sua boca,

E agora pagava com sua alma por ousar amá-lo,

Sentia suas pernas fraquejarem,

Era inegável sua beleza, seu charme,


Mas fazê-la derreter, por Deus, como podia?

Ele o olhava da forma que a nenhum outro era permitida,

Ele era fogo e gelo, solo frágil para se andar,

Seu tom de voz era capaz de congelar o mar,


Como era perigoso seguir em sua direção,

Mas ela acolhia o risco,

O silêncio era ensurdecedor demais para aceitar

Queimar-se sem direito ao eco da sua fala rouca,


Ela precisava bem mais que isso,

Se fosse para consumir-se que fosse por amor,

Mas não de qualquer alguém,

De alguém que ela amou deste o primeiro instante.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

06 Verdades de Alguém que se Ama

 

Nada para fazer naquele dia de primavera,

Pegou sua rede e a amarrou em duas árvores,

Folheou seu melhor livro em busca de algo,

Uma folha caiu sobre si, roçando de leve sua pele,


Estava verde ainda, deveria ter sido derrubada

Por algum dos pássaros que ali construíram seu ninho,

Fazendo do entorno de sua casa, sua morada,

Bem, talvez tivesse sido o rubor do vento,


Que diante do calor que fazia tinha um aspecto

Levemente quente, banhado pelo sol das dezessete horas,

Olhou ao redor para senti-lo um pouco melhor,

Constatou que a brisa que a roçava era fresca,


Então o calor deveria estar vindo da terra,

Que provavelmente necessitava de novas folhas,

Para sentir-se um pouco mais viva,

E desta forma poder germinar a vida,


Borboletas voavam felizes, pássaros cantavam,

Até seu cão dormia, agora, ao seu lado,

Ela sentia-se feliz naquele lugar,

Essa era a sua primeira verdade,


A poucos metros do seu alcance

Havia um lindo rio de águas verdes,

Que trazia consigo a sua segunda verdade:

Sentia saudade,


Um rubor tomou levemente sua face,

No mesmo instante em que o rosto dele

Ganhou todo e qualquer pensamento que pudesse ter,

Mas, talvez, pudesse ser a ação do vento norte,


Fechou os olhos e desejou com toda a intensidade,

Poder falar com ele, ouvir sua voz, senti-lo...

Dividir com ele todo aquele encantamento,

Se havia algo mais belo do que a natureza,


Deus deveria ter colocado naquele homem,

Pois, por Deus como ela o amava,

Sentia isso com toda a sua alma,

Esta era sua terceira verdade,


Um sorriso brilhou em seu rosto,

Refletindo um brilho diferente em seus olhos,

Sentiu desanuviar o pensamento,

Deixando escapar um suspiro apaixonado,


Denunciando que pensava em seu beijo,

Por quarta verdade, admitia ela,

Não conseguia pensar em outra coisa

Nos últimos dias,


Desejava com todas as suas forças beijá-lo uma vez mais,

Mas ela preferia esperar por sua iniciativa,

Não queria, de forma alguma, parecer inoportuna,

Por algum motivo as palavras a fizeram sorrir,


Desejava conquista-lo, tê-lo por toda a vida,

Imaginava-se dividindo suas noites com ele,

Sendo acordada a cada manhã com o seu bom dia,

Quem sabe: sonhos dos que amam:


Ter um filho com os olhos dele,

Essa, sem dúvida, era sua quinta verdade,

Sobre a qual ela não ousaria contar a não ser para si mesma,

Na magia do momento, ela chegou a senti-lo,


Por Deus: as flores trouxeram seu cheiro,

Suspirou absorvendo aquele sonho

Para dentro do seu peito,

Do sorriso que irradiava em seu rosto,


Ao brilho dos seus olhos castanhos claros

Ela sorria e isso refletia em sua alma,

Logo o sol se poria, tirando o véu que cobria a lua e as estrelas,

Permitindo-as que brilhassem com intensidade,


Refletido no céu que estaria a contemplar

Ela poderia avistar o brilho do seu olhar;

Permitir-se a mais um beijo trazido pelo luar,

Segundo do dia, uma dose a mais do que desejava


Provar por, não menos, do que toda a vida;

Essa era sua sexta verdade,

Casar-se com ele,

A noite, então, desejaria que a brisa pudesse levar seu beijo,


E repousa-lo, suavemente, sobre os seus lábios,

Quem sabe ele se permitisse contemplar

O mesmo céu que os unia,

E aceitasse ser banhado pelo luar,


Apenas para recordar,

Que em algum lugar, talvez distante do seu olhar,

Mais apaixonada do que nunca,

Ela derramava uma lágrima saudosa,


Com um pedido de que ele pudesse voltar

Para os seus braços onde era o seu lugar,

E que ela sabia do fundo do peito:

De onde nunca deveria ter saído,


Por sétima verdade admitia ela,

De lá ele nunca saiu mesmo.

Beijo Noticiado

 

Pela primeira vez um beijo

Toma as capas das revistas

Mais credenciadas em fofocas,

Mas dessa vez, não tratava-se de famosos,


Mas, simplesmente de o beijo ser perfeito,

Algo que exalava a suavidade de algo bom,

Houve quem apostou ser amor,

Claro que não faltaram olhares incrédulos,


Esperando o desfecho da história

Que parecia ter saído de algum conto de mágica,

Não faltaram boatos sobre os olhares que se trocaram

Desde o início do baile, era muito óbvio que resultaria nisso,


O sorriso encantador e o brilho nos olhos do rapaz,

Estavam distantes demais de serem considerados

Meramente casuais, não pude deixar de escapar

Pelos meus especulativos lábios a palavra desejo,


Não foi mais que um murmúrio,

Mas refletiu em todo o recinto,

Feito o eco do que os demais estavam pensando,

Ao tratar-se da moça de olhos meigos e escuros,


E sendo as intenções do rapaz nobres,

Quem haveria de se opor?

Estariam eles se apaixonando?

Há quem negue que possa haver amor nestes locais,


A maioria prefere acreditar que seja apenas diversão,

Algo que eles gostam de denominar curtição,

Mas, tenho eu cá as minhas dúvidas quanto a isso,

Teve quem apostou também, que o belo rapaz


Passou para a moça um bilhetinho contendo seu telefone,

E um convite para um possível reencontro na próxima sexta a noite,

Em letras simples e rasuradas, havia ainda algumas palavras

Que ele, desleixadamente tentou apagar riscando por cima,


É certo que a moça estava sozinha a bastante tempo,

E como qualquer outra, sonhava com o verdadeiro amor,

Mas se deixaria encantar pelo desleixo

E se entregaria as lábias do primeiro cavalheiro


Que lhe parecera, momentaneamente, diga-se de passagem,

Interessante? É certo que aquilo que ele parecia ter riscado

Poderia muito bem se tratar de um poema,

Ou algum rabisco que um coração apaixonado


Havia ditado para que ele o descrevesse com poucas palavras,

Convenhamos, quem poderia definir o amor assim mesmo;

Tão depressa e de um jeito atravessado?

Então, ele talvez, até tenha agido de forma correta


Ao rasurar o papel, afinal o papel foi feito para a escrita,

Enquanto as marcas deixadas na alma nunca poderiam ser apagadas,

Mas, pelo que vi refletido no olhar atento do povo,

Naquele beijo houve muito mais que mero desejo,


Era de conhecimento geral que assim como ela

Sabia defender-se, ele também sabia respeitá-la,

No instante em que eles pararam de se beijar,

Todos os olhares voltaram-se para eles,


Se é que em algum momento haviam desviado,

Aquela pausa apenas ocorreu para que pudessem

Se olharem no fundo dos olhos,

Como se buscando um a alma do outro,


Trocando um sorriso caloroso,

Corpos colados, respiração ofegante,

Imagino que devido ao ritmo da dança,

Eu não apostaria ter havido mais que isso,


O silêncio deles seguido pela troca de carinho

Durou apenas o suficiente para que tomassem folego,

E foi seguido por outro beijo,

Convenhamos que merecedor mesmo


Das páginas das mais renomadas revistas,

Bem, sabe-se que a muito tempo

O amor tem deixado de ditar as regras da vida,

Mas aquele casal ali, nos levou a refletir:


Será mesmo?

Realmente momentos como esses não devem ser desperdiçados,

Era evidente o desejo de ambos de ficarem perto,

Houveram apostas de que se beijaram sorrindo,


Felicidade estampada no rosto que não tem preço,

Havia ali, entre aquele casal algo novo,

Algo digno de ser apreciado...

domingo, 15 de novembro de 2020

Valsa da Noite

 

Com toda a certeza a valsa dançada,

Naquela fatídica noite de domingo,

Com direito a luzes ofuscantes, fumaça

E um som tão único quanto perfeito,


Vai ficar gravada na história daquela vila,

Talvez até do mundo todo,

Aquilo pareceu estar escrito nas estrelas,

Até a lua decidiu marcar presença,


Não foi por acaso o apagão do salão,

Sobressalto aos corações desavisados,

Bom, caso alguém não tenha notado

Que vexame foram os únicos,


A valsa definitivamente foi o assunto mais comentado,

E até hoje há quem não a tenha esquecido,

Sobre o amor descrito nos olhos daquele casal,

Isso sim, ninguém nunca foi capaz de negar,


Há quem diga que saiam faíscas dos seus olhares,

Mesmo antes de dançarem e cá entre nós: se tocarem,

É certo que não passou de um aperto de mão,

Coisa muito ingênua, ritmo do show,


Não há como deixar de comentar,

Que aqueles dois haviam sido convidados para dançar,

Quase que a noite toda,

E recusaram um por um dos convites,


Será que estavam esperando um ao outro

Desde o início do baile?

Hum, isso seria muito bom sabermos...

O certo é que quando se juntaram,


Lá mesmo no meio daquele salão,

Todos pararam para contempla-los,

Parecia até mesmo um jogo ensaiado,

Pois, como é que um adivinharia os passos do outro?


É claro que aqueles murmúrios ao pé do ouvido,

Não passaram despercebidos,

Seriam juras de amor ou promessas apaixonadas?

Talvez, até, algo mais íntimo...


Foi perceptível que a moça reagiu de forma desconcertada,

Mas creiamos que pela investida dela até o fim da dança,

Não foi nada indesejada,

De forma despretensiosa, ela abriu até mesmo um sorriso


Com uma mordidinha no lábio, jeito misterioso,

E ele gostou daquilo...

Porém, como todo homem sorriu um tanto enigmático,

Oh, este jeito dominador que a todos encanta,


Sorte teve a moça em ser a privilegiada,

É certo que as investidas dele tiveram toda a aprovação,

Ninguém os viu saindo juntos,

Mas quem é que negaria a existência de um possível reencontro?


Assim, as escondidas, as escuras dos nossos olhares curiosos,

Aquele casal era fogo, inteligência e beleza,

Bom, quem é que conseguiria competir com eles?

Ali mesmo, naquele salão era perceptível seus toques ardentes,


Espero não estar fazendo mal juízo,

Mas como é sabido, quando esta autora vos afirma,

O fato é dado por concreto,

Sobre o rapaz, pouco se sabe, exceto o fato de que ele


Sorria curvando os lábios e levando uma chama ao seu olhar,

Dizem as más línguas, que fique claro:

Isso não é esta autora quem vos afirma,

Mas as pessoas que são atraídas a ele se veem queimar,


E pior, desejam isso de forma desmedida,

Seus pensamentos são como sussurros a almas inquietas,

As escolhidas possuem sentença imediata,

Não há quem resista,


Ele tende a ofuscar qualquer um que esteja em sua presença,

Mas ela, sempre tão cortejada,

Com certeza saberia lidar com ele,

Dizem que todo e qualquer alguém que tenha se aproximado de ambos,


Eram tidos por indignos, sei lá, insuficientes,

Tenho que admitir com um pingo de audácia a estremecer-me,

Mas aquilo que senti entre eles,

Sim, porque eu fui capaz de esbarrar neles,


Tenham sido considerados sonhos de dividirem um café da manhã juntos,

Acredito eu que, em um futuro próximo.

Eles formam um casal exigente,

Percebi, ainda, que falavam bem próximos,


Era como se as palavras dele beijassem seus lábios,

Acreditei haver amor naquilo,

Algo muito distante da malicia tão comum na sociedade,

Foi perceptível que as pernas dela ficaram tremulas,


Sorte a dela que estava sendo conduzida,

O fato foi que os olhos dele não se desviavam dela,

De nenhuma maneira, aqueles olhos verdes faiscantes,

A queimando, derretendo, fazendo-a repousar suavemente


Amparada em seus braços acolhedores...

Ah, não seria considerado um exagero desejar saber o final desta história...

É certo que tenham se encontrado em algum lugar,

Todo mundo notou o modo como se desejavam,


Como reagiam, se é possível um beijo as escondidas,

É certo que não deixaram de beijarem-se, com toda a certeza.

sábado, 14 de novembro de 2020

Neblina

Tocou de forma despretensiosa

O corpo de certa moça,

Um frio gélido da manhã de julho,

Era abraçada pelo inverno, presumira,


Aquele arrepio que sentiu em seu corpo

Não era comum se tratando a região

Predominantemente quente em que morava,

Porém, mesmo marcando o relógio 09 da manhã


Ainda havia uma estranha neblina cobrindo a serra,

Só mesmo um bom chocolate quente

Poderia confortar-lhe com algum calor,

Suspirou, soltando o ar quente de dentro de si


Formando nuvenzinhas ao seu redor,

Um sorriso travesso se formando em seu rosto,

Dois pedidos ressoaram em sua mente,

Como se soprados por aquele vento cortante


Que agora lhe envolvia de maneira ingênua,

Primeiramente, desejou escapar de alguma forma

Daquele clima atípico que a machucava,

Não, melhor que isso,


Um rosto se formou na neblina gélida,

E um beijo repousou suavemente em seus lábios trêmulos,

Queria revê-lo, queria abraça-lo, queria se aconchegar

A aquele corpo quente que sempre a protegia de tudo,


Com esta ideia insana na mente, ela fechou os olhos,

E se viu amparada por seus braços em algum outro lugar,

Sem muita surpresa, se pegou sentada em sua sala,

Xícara de chocolate quente entre os dedos,


Absorvendo seu sabor, deixando o calor toma-la por inteira,

Mas aquele rosto permaneceu em seus sonhos,

Ela tinha o direito de sonhar, não tinha?

As pessoas apaixonadas não tinham direito de ficarem


Ao lado de quem amam por aquele tão sonhado todo o sempre?

Ela sempre acreditou nisso, e quando o viu pela primeira vez,

Decidiu que lutaria por aquela possibilidade,

Naquele primeiro encontro não ouve mais que um sorriso


E uma tímida troca de olhar, promessa silenciosa de algo maior,

Pensamentos negados a meras linhas rasuradas em um caderno

Que logo, logo, sabia ela: seria esquecido e jogado em algum canto,

Olhou para sua xícara, mas a lembrança do seu beijo


Permanecia quente sobre seus lábios,

Ela não conseguia lembrar-se de algo tão bom,

Sabia que ele era único, lindo, belo, como qualquer outro,

Porém, algo nele era maior que tudo o que já havia visto,


E olha que ela percorreu o mundo,

Em uma jornada solitária em busca de algo que ela não sabia o que era,

Até encontra-lo. Naquele momento, se dissiparam as dúvidas,

Tal como o sol apagava a neblina lá fora,


1,80m de sol quente atravessava seu caminho,

Destinos entrelaçados, sonhos descritos em algum lugar,

Que, ela teve certeza: jamais seriam apagados,

Nem poderiam ser ignorados,


Seu corpo parecia o lugar ideal para descansar alguns minutos,

Porém, ao sentir a suavidade do seu olhar repousando nela,

Decidiu, dar-se ao direito a um segundo desejo:

Ficar ali, junto a ele por não menos que uma vida inteira,


Seus lábios estremeceram diante do pedido,

Ela deu-se conta que não sabia o seu nome,

Mas leu em seu perfil bem delineado,

Gestos meticulados, e sorriso perfeito


Que era amor aquilo que sentiam um pelo outro,

Claro, permitiria ao tempo que corresse da forma que desejasse,

No entanto, ela voltaria e algum dia ficaria com ele,

Ela amava-o, não precisaria mais que isso,


Não abandonaria seu amor a própria sorte,

Lutaria por ele, se preciso fosse por toda a sua vida,

Sempre soube que reconheceria seu amor

Assim que o visse,


Mesmo que tomassem destinos diferentes,

Seu coração permaneceria ali, junto a ele,

Não foi surpresa quando seus ouvidos

Encontraram um leve murmúrio rouco e apaixonado,


Não podia ser, era uma miragem, ou estava ouvindo a voz dele?

Seu corpo inteiro vibrou diante da possibilidade,

Então, seus olhos buscaram com determinação, novamente,

O olhar dele, e ela viu que o amor que antes apenas sonhava


Já estava lá, desenhado em seus olhos,

Como se estivesse a espera-la,

Feito algo descrito ao luar pelas estrelas,

No mesmo instante, um dirigiu-se ao encontro do outro,


Com passos insertos, mas decididos,

Ela procurou algo bem elaborado para quebrar o silêncio,

Mas ao vê-lo seguindo tão seguro de si ao seu encontro,

Todo o seu autocontrole se dissipou,


Não sentia-se mais dona de si mesma,

Agora apenas o amor encaminharia seus passos,

Em qual direção, é claro que ela sabia,

Aos seus braços, ao seu aconchego, aos seus carinhos,


Amavam-se, quem poderia separa-los?

Havia um impulso irresistível conduzindo-os um ao outro,

Não era algo a que estivesse acostumada,

Ela engoliu em seco: amor a primeira vista?


Havia algo confortante em sua voz,

Algo que a conduzia para ele, fazendo

Com que desejasse ardentemente um contato,

Mais que segurar sua mão entre as suas,


Desejava entrelaçar seus dedos

E sonhar um futuro juntos,

Algo nele era diferente de tudo que havia provado,

De repente, a palavra amor tomou forma,


E era irresistivelmente lindo,

E para sobressalto e sorte do seu coração,

Agora, andava em sua direção...

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...