quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Declaração de Amor

 

Essa era sua décima folha de papel

Nervosamente amassada e remessada ao lixo,

É certo que ele não era dado a romances,

Mas queria muito demonstrar seu amor,


Ela merecia ouvir cada palavra

Que ele tinha dentro da alma,

Até que ela soubesse o tanto que a amava,

Mas como declarar um amor que se quer para toda a vida?


Abriu as persianas, contemplou a noite escura,

Parecia vê-la refletida em cada estrela,

Com um suspiro rouco ele sorriu,

Precisava vê-la, ele sentiu,


Não confiava em si mesmo ao lado dela,

Nunca soube o que fazer para conquista-la,

Havia feito uma promessa de guardar uma distância segura

De ao menos três passos dela,


Menos que isso ele sabia: não resistiria,

A força do seu olhar o contagiava,

Seus olhos brilhavam feito estrelas,

Não por lágrimas mas por algo diferente,


Algo que ele desejava ardentemente que fosse amor,

Uma emoção muito forte, talvez?

Mordeu o lábio, precisava vê-la,

Ansiava por beijá-la naquele exato instante,


Não suportaria um segundo a mais sem sua presença,

Seu nome seguiu o rumo do seu coração,

Embargando a garganta até chegar a boca,

Em um sussurro rouco confessou a si mesmo:


Eu a amo com intensa paixão,

Ele já havia se acostumado a pensar nela,

Porém, suas lembranças estavam indo busca-la

Com uma frequência muito maior do que pudesse controlar,


Se tornou rotina parar para admirar a lua,

Apenas para trazê-la um pouco mais para perto,

Perto dela não conseguia nem ao menos pensar,

Imagine se conseguiria falar,


Mesmo agora as palavras não se formavam,

Nada parecia expressá-la com exata convicção,

Mesmo se no papel desenhasse o próprio coração,

Queria beijá-la com toda a emoção que sentiu


Nos dias que se passaram lentamente

Depois de último dia em que a viu,

A emoção das noites insones, do calor febril,

Queria senti-la derreter novamente em seus braços


Embebida no calor que possuía em seus beijos,

Queria beijá-la até esgotar todas as suas forças,

Até que faltasse o ar para respirar,

Até senti-la tremula em seu abraço,


Vencida pela intensidade do seu amor,

Lembrou de quando a beijou pela primeira vez,

Sentia-se inseguro, lembra de ter iniciado com um beijo na testa,

- Você gosta assim? Lhe pediu com sofreguidão,


Depois a beijou na ponta do nariz – e assim, você gosta?

Então, com medo de não conseguir controlar-se,

Apenas roçou seus lábios sobre os dela,

- E assim, você gosta? As palavras saindo-lhes tremulas,


Respiração de ambos entrecortadas,

Ela o olhou com estranha admiração,

Ela sentia-se muda, sua voz falhou na garganta,

Sentia algo muito forte, o que falaria?


O calor que exalava de ambos era algo estranho,

Algo que nunca haviam nem ao menos sonhado,

Rendendo-se as mãos do desejo,

Extravasaram suas emoções em um beijo faminto,


De início um pouco ingênuo e depois mais exigente,

Daqueles que tornam as roupas meras lembranças,

Apesar do ambiente a meia luz onde se encontravam,

Ela podia sentir a intensidade do seu olhar,


Sobre cada parte do corpo dela,

Seus olhos verdes dominando-a, rendendo-a,

Ele tinha um olhar másculo e intrigante,

Contudo, sua boca era perversa,


Não admitia reservas, não admitia medos,

E ela amava cada momento,

Ele sabia disso, ela lhe confessou no intervalo dos seus beijos,

Porém, o que dizer a ela?


Ele se esforçava para ser bom, honesto e verdadeiro,

E segundo ela, ele conseguia isso com maestria,

Mas quando se tratava de declarar o que sentia,

Ele falhava, sabia... rabiscou algo em um papel,


Passou uma gota do seu perfume,

Jogou ali uma flor de forma desajeitada,

E a entregou com um sorriso que refletia a alma,

Ela o abraçou com todo o carinho,


Então se afastou emocionada, sorrindo,

Ele sabia o quanto a agradava,

Afinal ela amava ser paparicada,

Ela baixou os olhos para o bilhete,


Com o coração aos saltos,

E o pulsar do coração por testemunha,

O viu refletido dentro de si mesma,

Guardado, e percebeu que não tinha medo,


Após leu, sentindo o olhar marejado de lágrimas,

Depois, levantou os olhos para cima e o encontrou,

Ali, parado, esperando-a com aquele seu peculiar

Jeito gentil e amoroso que ela tão bem conhecia,


Também, te amo meu amor,

Sim, eu aceito ser sua para toda a vida.

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