Depois de dar cinquenta passos,
Ele vira-se e discute algo,
Seus olhos estão espertos,
E o porte altivo,
Eis que levanta o queixo,
A pose? De orgulho,
- Não, não gosto disso.
Você levanta o tom de voz comigo,
Me perdoa não mereço isso.
Então, num impulso,
Ela se aproxima diz algo baixo,
Quase inaudível,
Ele ri debochado,
A curtos passos de distância,
Ergue o rosto segura o olhar fixo,
E no olhar leva o soco,
Meio que a esmo e imperto,
Porém, atinge-o no queixo,
Usando entre o segundo e terceiro dedo,
-Qual é o motivo disso?
-Me perdoa, preferi não levantar o dedo...
-Você me atingiu com um soco, isso?
-Sim, sou frágil mas sou capaz de te socar.
-Ah, é. E... está doendo,
Ele ri com a mão no queixo e sai,
Se afasta, parece rir mesmo sem gostar,
Algum tempo passa e olha de soslaio para trás,
Se volta num ímpeto,
E o sorriso que contemplo é lindo.
-Você me bateu é isso?
-Sim, e... foi na frente de todo mundo,
Eu meio que me aproximo,
Insegura e tremula e outra coisa,
Sei lá,
Penso se devo ajuda-lo,
Esta avermelhado,
Busco um lenço no bolso.
-Ah, você ainda usa lenço?
Ele fala em alta voz e ri com gosto,
Se afasta feliz e satisfeito,
Eu fico sem entender o que houve...
-O momento que eu vi você chorar,
Eu digo isso e levo um pé a frente,
Rodopio ele sobre o dedo,
Para frente e para trás e para os lados,
O outro eu deixo parado.
Talvez eu tivesse uma pergunta,
A sinto no rubor da minha face,
Mas não tive tempo algum para fazê-la,
O primeiro soco a gente nunca esquece,
O corredor dava para uma passagem transversal,
Ele sumiu por entre a multidão,
Eu fiquei lá e estaria até agora,
Ali se ofereciam dois caminhos,
Ele pegou o da direita e foi embora: a saída,
Qual deles eu deveria seguir?
Lembrei que tinha aula e fiquei ali,
Embora a esquerda e direita fossem ambas – tentadoras,
Como se orientar naquele labirinto negro?
As luzes estavam quase apagadas,
Contava-se mais com a luz do dia,
E o sol havia a pouco ido embora,
Nuvens encobriam os tempos daquela hora,
Esse labirinto, como o digo,
Tem um fio,
Este é seu declive,
Seguir o declive é partir para a rua,
Seguir estrada acima quem sabe dê em nada...
Para mim daria e para ele?
Deixou de estudar e pronto,
Agora, é capaz de alegar que a culpa é minha,
Corro para a sala e fecho a porta atrás de mim,
Deixo as dúvidas lá fora,
Mais tarde, quem sabe possa ajuda-lo,
Por ora me basta a honra satisfeita!