segunda-feira, 15 de abril de 2024

Saudade

Ela deitou de costas,
Sobre o tapete acolchoado,
Recostou sua cabeça na dele,
Entrelaçou seus cabelos,
Um no outro.
Coisa boba.

-Sinto que meu corpo está mudando.
Ela fala olhando o infinito,
Pouco brilho
E estrelas esparsas.
Ainda sem encará-lo.
Ambos com seus corpos em vê.
Seus dedos se buscam
E se encontram,
Recostam-se suas pontas em vê.

-Normal mudar.
Ele fala seguro, rouco e grave.
-pareço uma adolescente.
Ele ri.
-E você é.
Ela suspira.
-Sera que não irei deixar de ser?
Ele olha para o lado.
-Não sei.

-E o seu vai mudar pra sempre mudar?
Ela pede curiosa.
-Você vai saber.
Ela arfa segura.
Seu peito se sobressalta.
É ótima a ideia de acompanhar 
Aquele que você ama.
Reconhece-lo onde estiver.
Ver cada traço demarcar.

-Vou escrever sobre isso.
Ele ri alto.
-Eu gosto como você vê as coisas.
Ela reflete.
-Obrigada.
Sente-se mais segura.
-Gosto como você escreve
e nem parece falar de você,
Admiro a forma como se expressa,
Que ao ler sem se vê que a história é sua.
Ele elogia.

Ambos unem as pontas de seus dedos
Um no outro,
Dedo a dedo.
Sem manterem-se,
Sabendo que há uma ligação,
E que mesmo distantes,
Isto irá se manter.
Dois corações suspiram juntos,
E falam de sonhos em silêncio.
(Separaram seus dedos
Que nunca estiveram unidos).

Te amo, Rahat

Uma grande mulher,
Vejo através de meu reflexo,
É saber me reconhecer,
Valorar está que sou.
Ele o grande homem.
Único.

Um rapaz forte,
Eu formidável,
Ele assustadoramente formidável.
Por um momento 
Tento cobrir os ouvidos.
Ignorar tudo que falam.
Mas é impossível.

Noutro momento 
Tento tampar meus lábios 
Evitar dizer tudo que quero.
Mas é difícil.
Quando o grito está muito alto.
É quase impossível não fazer eco.
Um grito,
Por muitas vezes,
Não é mais que um expressar vazio,
Que de tão pouco sentido,
Não sabe passar despercebido.
Parece exigir eco.
O grito quer ser ouvido.

Tão estranho o modo
Como ele mergulha no silêncio,
Depois retorna,
Com ideias novas.
Um quê de conhecimento.
Não consigo ignorar seu olhar fixo.
Abandona-lo apenas por ecoar.
Um homem como ele
Precisa mais do que expressões guturais 
Para ser correspondido.

Sua mão é sempre quente,
Dedos pequenos
Sempre entrelaçados aos meus.
Frágil e forte.
Me aquece por dentro.
Acolho nele meus sonhos de amor.
Como não é permitido 
Ficar parada muito tempo 
Contemplando-o.
Eu me aconchego no seu ombro.

Abraço todo o lado do seu corpo,
E sorvo seu cheiro,
Não ouço mais os ecos,
Isso não felicita,
Assusta.
O que há de arredio?
Como pode o vazio
Simplesmente se esvanecer,
O nada não se sacia por nada.

Não consigo abandonar 
Meus sentidos.
Preciso ser amada.
Necessito amar.
Mas, o silêncio absoluto 
Toma formas sinistras.
O farfalhar das folhas,
O vento nas borboletas,
Tudo isso ganha um que desmedido.

Tão delicioso os seus braços,
Tão bom ficar juntos,
Meu lindo neguinho,
Tive que pedir afastamento,
Não estávamos seguros.
Meus nervos todos doem.
O quarto vazio caiu no silêncio.
Só há ecos,
Ao redor e aqui dentro.
Inclusive em mim.
Sem retorno.
Apenas um ir.
Seguir.
Dar seguimento ao que veio.
Sem discutir.
Sem rodeios.

Parados lado a lado.
Refletidos no vidro do carro,
Parecia haver um futuro para nós,
Ou ao menos para os jovens,
Nisso eu não cabia,
Ele persistia.
Pedi-o: “vai embora”?!
Fui o máximo da frieza
Que caberia.
Eu havia há muito caído no gelo,
Não sentia nada.
Mesmo o coração não batia.
Apenas ecos.

Era a estrada da minha casa
Que se estendia.
Eu que ficava.
Era nossa casa,
Seria nossa estrada.
Ele ia e se perdia.
Nunca mais voltaria.
Noite de final de semana,
Não cabia no eco
Que ele me gostava,
Eu não recebia este retorno.

O grito surgia,
Chegava e partia.
O grito nunca pedia.
Eu gostava de expressar.
Mostrar o que chegou e iria.
Me importava em falar alto.
Limpo e claro.
Final destrutivo de julho.
Desgraça minha.
Outro eco partia.
Eu pensei ao ve-lo ir.

A estrada se estendia
E o levava.
Nunca mais voltaria.
E eu em vazios reflexivos,
Como se gritasse:
“Me veja”
“Estou aqui, agora”
E ao dizer isso,
Os ecos não retornassem
Com suas gargalhadas,
Como se a dizer:
“ E onde mais você estaria?”
O carro dele ia sem dificuldade.

Eu fiquei sozinha.
Os ecos pareciam demorar,
Identificar estratégia,
Se esvaziar,
Nem sei de quê,
Mas de algo maldito
Se preenchiam.
E eu a mercê,
Me destruíam.
Também a ele.
Talvez.
Quem sabe,
A ele também.
Eu tentei reagir,
Juntei todas as forças
Contei com as que nunca possuí.
Ele voltou comigo agora.
Enfrento muito melhor as vozes,
E agora,
Os ecos nem dizem tanto.

domingo, 14 de abril de 2024

Por Favor, Querido!

Em um altar.
Algum sonho particular.
Seu olhar ao me procurar...
Minto.
Prefiro negar.
O amo com toda a vida.
A noite rompe o silêncio 
Com um suspiro profundo.

Enquanto a lua se põe 
A dormir,
Longe.
Em algum lugar.
Distante daqui.
Você é meu sorriso.
Sim.
Maldito sonho.
Terrível altar.
Por quê não destruo?
Desdenhoso olhar.
Por quê passar desta forma?
Olhos fechados!

Os rostos de pedra
Devem entender melhor de você,
As estrelas distantes,
Sabem mais conquistar.
O homem que quero.
Por quê não o tenho?
O sombrio se apagou,
Te busco a porta.

Você é aquele que passa.
Por quê não olha?
Sempre as cegas.
O que me falta?
Te quero em demasia?
Busco demais seu olhar.
Querido, olhos fechados.
Como pode passar 
E simplesmente não olhar?

Noite escura e opressiva.
Altar de horas e dias.
Por quê não destruo estás velas acesas,
Quebro as melhores palavras,
Calo de uma vez toda a fala?

Frases ensaiadas.
Sorrisos a buscar.
Luzes acesas e obscurecidas.
Penumbra de um coração que sonha.
Oh, querido “olhos fechados”.
Como pode simplesmente não me olhar?

Me é um hábito
Amar tanto 
Esta doce criatura.
Devo lhe declarar?

A escuridão domina,
E as estrelas lhe são o bastante?
Como podem te guiar,
Se de onde as vejo
Não me dizem nada?
Querido, “olhos fechados”
Como pode não me olhar?

Inerte,
Tanto acréscimo ao silêncio,
Está cego devido a poeira,
Ou são as ervas daninhas
Que me fazem indistinta?
Não lhe acrescenta 
Meu altar,
Este sonho particular?
Querido, “olhos fechados”
Como pode passar sem me olhar?

A imagem petrificada 
Poderia andar.
Se o visse
Iria querer lhe falar.
A da cruz fugiria desmedida.
Meu altar não lhe diz nada?
Esperanças de sonho particular,
Por quê se recusa a me querer,
O que há,
Querido, “olhos fechados”
Por quê passa sem me olhar?

O cemitério não contém seus fantasmas,
E você, simplesmente passa,
Não vê a bíblia aberta,
As orações com seu nome nelas,
Minhas esperanças vazias,
Na sala acobertada por fotografias,
Por quê se recusa a me ver?
Que há,
Querido, “olhos fechados”
Oh, que há?

A água da torneira se acinzenta,
Minha roupa é e não é a mesma,
Oh, que há?
Seu perfume fica,
Por quê não me olha?
Querido, olhos fechados,
Que há de tão importante adiante,
Que de tão perfeito
Te coloca distante?
Oh, que há?
Querido, “olhos fechados”.

Os olhos dos rostos de pedra
Se abriram pra te ver passar,
Querido de cada olhar,
Esperanças do meu sonho particular,
Que farei de seu altar,
E deste lindo olhar
Que me recusa?
O que você esconde?

Por favor,
Não se coloque entre nós,
Não jogue tantos esforços,
Apenas para nos separar,
Esperanças de sonho particular,
Vou quebrar seu altar.

O sol se derrama na colina,
A lua chega em clima,
E nada te faz me olhar?
Como posso te convencer,
Tenta me ver,
Querido, olhos fechados.
Não me convença do contrário.

A água da fonte virou pedra,
E eu aqui as cegas,
Por favor,
Último esforço.
Tenta me olhar.
Não percebe o quanto significa 
Eu ainda não te-lo?

Esperanças de sonho particular,
Querido, não se cansa?
De olhos fechados,
Você não está a andar,
Chamaria de perambular...
Querido, olhos fechados.

Me jogo do peitoril da janela,
Me coloco na calçada,
Visto a sua camiseta,
Aquela que você nem sentiu falta.
Me veja em tom de surpresa,
Desista de palavras vazias,
Esperanças de sonho particular,
Vou te amar sobre meu altar,
Por favor, aceita.
Querido olhos fechados.

Os rostos se viram em surpresa,
Tá certo você é lindo!
Me veja de boca aberta,
Feito tola e de queixo caído.

Deixa de impressões e vistas,
Por favor,
Me veja agora,
Querido olhos fechados,
Esperanças de sonho particular.

Me fala.
Me tenta.
O que é que há?
Por quê não o tenho?

Me veja.
Que é que lhe falta,
Esperanças de sonho particular,
Querido, olhos fechados?

sábado, 13 de abril de 2024

Lembranças

O ódio ao que não se alcança 
É homenagem involuntária.
Talvez, o seja.
Esta deve ser minha motivação 
Para amar tanto.
Lembrar com tanta emoção.
Querer sempre mais a cada segundo.

Por quê chamar de amor ao que houve?
Me recuso!
Dizer que fizemos amor,
E no mesmo instante tudo acabou?!
Intolerável!
Foi sexo desmedido.
Beijos a flor da pele.
Carinhos correspondidos.
Apenas isso!

A grandeza do homem
Está arraigada ao seu caráter.
Pensamentos, atos, alicerce.
Debaixo de arbustivos floridos,
Em terra aquecida,
Cujo sol jamais tocou
Nos jogamos.
E lá permanecemos.

Esmorecidos em terra íngreme,
Com declives feitos de pedras
E gramíneas.
Beijamo-nos e tiramos a roupa.
Eu escondi sua cueca em minhas costas,
Quando estávamos lado a lado.
Ele nem ao menos se deu conta?
Por Allah?!
Fico a imaginar o que tenha pensado:
“Estava sem ela
Ou eu a havia metido lá!”

O rio escorria no barranco logo abaixo
Feito cachoeira,
Se parassemos de nos beijar
Seria possível sentir medo.

Tão estranho como
Nos entrosamos de forma perfeita
E encerrado o beijo,
Acabado o sexo,
Nossos corpos se separaram
E tudo caiu ao silêncio.

O diálogo ficou monótono.
O suspirar cansativo.
Olhar fixo para o alto
Sem falar nada.
Nem ver mais que folhas
Ou flores.
Ele não colheu uma sequer,
Ficou mudo.
Simplesmente.

Senti minha própria mão esfriar
Assim que tocou na sua.
Não tardou retirei-a.
Devagar ele foi buscando-a,
Retirei-a de volta.
Ninguém disse nada.
Nem mesmo os arbustivos
Se moviam.
Silêncio profundo e vazio.
Sexo sem significado.

Por um momento 
Levei minhas mãos estendidas 
Para o alto,
Contemplei meus seios volumosos,
Empinados para o céu verde,
Cobri meus ouvidos com as mãos,
Tive medo de que fosse resmungar algo.
O sexo não se preenche
De diálogo idiota.
Pênis bonito e ereto.
Sim.
Dá para elogiar.
Porém,
Um pouco magro demais.

Dava para evidenciar muito
Seus ossos desenhados
Sobre aquela pele
De certa forma flácida.
A barriga profunda 
Parecia cair dentro de si mesma.
E no mesmo instante 
Mergulhar num rompante
Para fora.
Parecia um rio de coisa mole.

Pêlos iam e vinham naquela barriga,
Enrolados e grandes,
Pareciam sentir vergonha,
Não do pênis,
Mas de repente,
De todo o resto.

As pernas magras
Com ossos sobressalentes,
Muitos pêlos embaixo,
Nenhum em cima…
Só Allah sabe quais eram seus passatempos.

As unhas, os pés…
Cruzes?!
Não fosse aquele pênis
Ereto e bem cuidado,
Pequeno, liso e um tanto disforme...

Bem, 
Macio e delicado...
Claro.
O silêncio teria sido trocado.
Provavelmente eu me pusesse a correr de lá,
Bom.
Cheguei mesmo a tampar os lábios! 💋 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Último Beijo

Eu confesso.
Abaixo a caneta sobre o papel branco.
Sem linhas.
Sem palavras.
Seria capaz de permitir
A eu mesma um último final feliz.

Depois, aceito outros finais.
Mas por única vez,
Eu sinto,
Porém quando pego a caneta,
Tento escrever algo,
Prefiro dizer sentia…
Colocar amor nisto não é fácil.
Recordar tudo que houve,
Entender.
É ainda mais difícil.

Existe entre nós dois
Algo que não nos faz jus,
Não falo dos amigos,
Dos antigo amores.
Mas há um algo 
Que nos distância.
Isto não é nada bom.

Está caneta é testemunha 
De que o amo.
O papel ainda não tem conhecimento.
Mas a caneta entre meus dedos,
Sabe de cheiros,
Gostos,
E sabe de amor.

Entre ele e eu.
Um beijo não esquecido.
Porém, não acredito no todo.
Quando o vejo,
Quase sinto que sou uma 
Espécie de amor inespecífico.
Por um arrepio no peito,
É que espero,
Mais que isso,
Acredito,
Que ainda saiba meu nome,
E outras qualidades.

Um dia se tiver a sorte
De poder lhe dirigir a palavra 
E contar ao menos um pouco,
Talvez me entenda e aceite.
Um último beijo
Nunca foi pedir muito.
Embora me canse a espera.
E eu odeie a insistência.
Contudo,
Como sou eu quem insiste,
Vejo que é mais que perfeito.

Falta nisto,
Apenas dizer.
Escrever algo.
Saudade.
Escrevo em letras maiúsculas,
Depois risco.
Ele não precisa saber tanto.
Dores profundas não são contadas.

Toma-lo outra vez em meu abraço.
Último beijo.
Isso eu poderia jurar.
Não precisava realmente haver outro.
Além de inútil,
Seria uma grande maldade,
Ele querer mais que um último.
Fingir um sentimento,
Prolongar um fim previsível.
Não há amor.
Mas um último beijo.
Só isto!

Se está possibilidade existisse 
De beija-lo por outra vez que fosse,
Depois disto,
Eu poderia escrever algo mais bonito,
Dar mais expressão ao que sinto,
Antes me sinto insegura,
E até com ares de inconveniência.
Mesmo que eu aguarde um pouco.
Não tantos anos.
Acolhida ao passado.
Solitária em meus pensamentos.
Eu poderia te-lo.
Seria tão simples e rápido.

Depois, nem vestígios.
Beijar é um simples ato.
Abraçar é quase um infortúnio…
Trago-o escondido no peito.
Me é pouca a lembrança.
Queria apenas reavivar seu olhar,
Beijo e outras coisas.
Eu, agora, não poderia
Cumprimentar ele apenas…

Simplesmente soltar minha caneta,
Deixar de declarar,
Chegar a ele e cumprimentar…
Isto beira ao desmedido
Mediante a tudo que sinto.
Olhar frívolo,
Lábios petrificados?
Não.
Não daquele que tanto amei,
E por quem estou disposta a lutar…

Se ele foi capaz de esquecer,
Que o faça por si mesmo.
Não sou apta!
Sou mais adaptada a saudade.
Tocar meus lábios,
Dormir em cobertores quentes,
E te-lo!
Sim.
Tê-lo em pensamentos.

Exilei-me por conta própria na França.
Ele poderia estar aqui.
E não naquela cabana com outra.
Fui distanciada de suas distrações,
Vê-lo a divagar com qualquer espécime,
Allah me impede de defini-las mulher.
Opressão para esquecer?
É me sinto quase coagida,
Mas, este papel merece destaque,
Não quero ficar longe.

Quanto ao que sinto
Não faço o menor esforço.
Confio num futuro com novo final.
Um beijo.
Um cumprimento.
Um adeus.
Desejo partilhar desta sorte
De pensamentos bonitos com ele.
Imagino ele em banalidades
E outras bagagens,
Poderia estar comigo.
Pobre e infeliz rapaz!
Seria amado!
Leal ao que sinto até a morte,
Sim.
Sou capaz de ama-lo além da sorte!

Um beijo.
Tal coisa não lhe é impossível!
Mesmo que seu peito
Sinta-se inocente
De todo o amor.
Imune.
Não tenho presunção 
De tal hipótese.
Amar-me?
Não.
Não há este imperativo.
Apenas um último beijo.
Eu poderia manter-me com ele
Por amor.

Mas um último beijo 
É o bastante.
Assim, eu possa rabiscar algo,
Escrever está história,
Dar um seguimento
A tudo que houve.
Preciso reagir.
É preocupante 
Que eu seja incapaz de esquecer.
Realmente preocupante!

quinta-feira, 11 de abril de 2024

História Antiga

O dia daquele mês fatídico,
Estava com sol a pico.
Quente.
Vibrante.
De sonhos com amores constantes.
Lembro vivamente.

Estávamos prontos.
Dois destinos entrelaçados.
Uma bela moça.
Um lindo rapaz.
Gradual aceitação do inevitável.
Entregar-se ao tal amor inexplicável.

Aquele mil vezes desejado.
Em mil linhas descrito.
Agora era apenas viver.
Absoluta paz e serenidade.
Juro por minha honra
Ter ganho aquele castiçal de prata 
Nas melhores das intenções.
Treinar seu uso.
No amor não há o insignificante.
Nem os sonhos são esquecidos.

Valha-me Allah.
Está é a ocasião em que
Não se pensa no passado 
Com olhar nostálgico,
Valha-me;
Valha-me;
Valha-me.
E pensar que amores antigos 
Não tem motivação alguma
Para não serem amores presentes.
Faces são faces;
Mas sonhos não são miragens.

-Entrego meu pai em suas mãos,
Futuro esposo.
Cuida deste maior senhor,
Como fará com nossa paixão.
Da mesma maneira
Que age em relação a nosso amor.
Digo a ele,
Enquanto seguro sua mão,
Acaricio suavemente,
Quase como se não o alcançasse 
E o trago para próximo.

-Na próxima quinzena,
Seremos marido e mulher,
Serei sua apenas.
Chamara-me então de bem-querer.
Meus olhos brilham ofuscados,
Não pelo sol que queima a pele,
Mas por lágrimas surgirem
E sem querer 
Ruborescerem minha face.

-Terminará a quinzena
E estaremos juntos.
Ele estremece diante de planos.
Alega que a vida é viver o hoje,
E sonhos são para noites insones.
Alguém se aproxima da porta,
Dá-me a benção com profundo carinho.
-Esta entregue. Diz ela.
Sorrio.
-Minha mãe.
Terá, também, que protege-la.
Uma sombra toma sua face.
-O quê? Mais ela?
Ele diz em tom de brincadeira.

Eu baixo o rosto para as pernas.
Recolho da roupa alguma sujeira,
Resquícios despercebidos.
Do vento que passou para afago.
E foi para longe.
Por um instante,
Penso que nunca mais irei esquecer
Sua fronte.
O cabelo dourado parecido com uma peruca,
Com uma ternura a efeito do sol.
-Bem, você não tem a beleza do Wiliam. 

Digo no tom mais baixo
Para ser ouvido.
Tão pálido que de cor
Em seu rosto não havia vestígio.
Havia fuga naqueles olhos,
E um vento frio.
Acima de todo o calor.
-que alegria me casar!
Eu disse em tom de lembrança.
Alguém deveria recordar 
A motivação da conversa.

Tons de despedida.
-Leve-a é sua!
Ele se sobressalta de felicidade,
Tudo que deseja é ter-me.
Doce amor em sentimento de posse.
A mãe agitada pede um pouco de espera.
Tudo simples.
Efeito de golpe envenenado.
-Sua? Só se me enfrentar a facão.

Ouço um rompante desmedido 
Sair de meus lábios,
Saio aos saltos e me coloco
Para longe:
-Morte, morte.
Digo aos gritos.
Minha reação pede para que
Meu pai o mande embora.
Após muita insistência ele vai.

-Minha filha, explique o que houve.
Me indaga meu pai
Iluminado por estrelas.
-Meu pai,
Ele disse,
Logo serei o dono de todas as suas terras.
Eu o indaguei
“O quê?”
Ele repetiu
“Logo serei o dono de todas as suas terras”.
Ele ignorou que o senhor existisse pai
E ele fez mais que isso
Lhe regrediu a empregado.
Empregado do que lhe é seu?

Meu pai grisalho e adoentado 
Demora um tempo e responde:
Ora filha, todo esposo é assim.
-Nao pai.
Então, prefiro evitar o casamento.
Não posso te-lo para empregado.

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...