sábado, 6 de novembro de 2021

De Mãos dadas


Você pode soltar agora,

Não, não precisa mais segurar,

Eu disse, enquanto afrouxava meus dedos

Que estavam friccionados nos dele,


Estava segura de que era amada,

Não precisava mais do entrelaçar tão forte,

Podia solta-lo como quem libera o pássaro

E diverte-se mais ainda ao vê-lo retornar


Sem precisar aprisiona-lo,

Segura do que sentia e de que sou retribuída,

Ter alguém pelo que sente

E não pelo que convém ou obriga-se,


É uma felicidade difícil de explicar,

Felicidade intensa que vê-se no gesticular,

Ele podia senti-la em minha voz,

E prova-la em cada um dos meus beijos


Até mesmo no abraço que o brindei na mesma hora,

Ou no sussurro em que pedi: amor não vai embora,

Encerrado na promessa: neném, serei sempre sua,

É por você que amo e vivo a minha vida,


Eu não o amei o bastante, meu amor, nunca o farei,

Por mais que o ame a cada instante nunca será suficiente,

Eu te amo, fica comigo para sempre, quando vi sussurrei,

Quando um problema está prestes a se resolver,


Tudo muda ao nosso redor e fica mais evidente,

Meu ciúme estava ganhando a estrada,

Mas dessa vez ele não marchava na frente,

Nem fazia parte da paisagem que nos margeava,


Ficava para trás, à espreita, mas, distante de onde íamos,

Ele sorriu em silêncio, os braços na minha cintura,

Não precisava dizer uma única palavra eu as via,

Percorrendo os seus lábios fechados no sorriso tremular,


Sentia que ele temia perde-las, elas ganhavam importância,

Mas dentro da boca ele absorvia as minhas

E brincava com elas a percorrer sua língua macia,

Estava orgulhoso do que causava,


Honrado por todo o amor que eu sentia,

Suas mãos não se moviam apenas me seguravam,

Usava força o bastante para me manter com ele,

Apenas um leve apertar as mantinham no lugar,


Entrelaçadas, soltas das minhas, mas em mim,

No meu corpo e em cada parte minha,

É como se fosse impossível sentir assim,

Eu era acostumada a questionar respostas prontas,


Mas nunca esperei mais a que se seguiu:

Meu amor, eu te amo, não me solta!

Escapou da sua boca assim que ele me sorriu,

Sua voz saiu com tal intensidade que eu senti


Cada uma de suas palavras rodando no ar,

Era como se eu pudesse pegá-las,

Então percebi que havia algo maior que elas:

Sua boca, então o beijei terna e sôfrega,


Absorvendo cada uma delas dos seus lábios,

Lá havia mais que elas, existia também o sentimento,

Tão palpável que elas pararam de rodopiar

Tal como a brisa que nos tocava,


E vieram parar em mim de todas as maneiras,

Um arrepio me avisou sobre elas,

O ato de amor estava consumado,

Nada iria tirar isso de nós dois,


Algo que acontece pode não ficar preso no tempo,

Mas mantém-se nele naquele mesmo segundo,

Porém, nosso amor se perpetua em cada beijo,

Confesso ainda, as vezes, me vejo apertar seus dedos,


Daquela mesma forma intransigente de antes,

Porém, agora mais segura, vejo nós dois em sua face!


 

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