O sorriso dela curvou-se um pouco,
Um grito ecoou no silêncio da casa fria,
Sem quem ouvisse ou desse resposta,
Morreu ali mesmo, caído ao chão esvaído,
Fosse de lágrimas não seria mais que suspiro,
Mero aspirar de algo que não deu certo,
Não passou de um desejo de ser ouvido,
Dentro da sua boca palavras borbulhavam,
Brincavam da língua ao céu dela,
Sem dizer palavra alguma,
Quando uma frase sai a esmo sem ser ouvida,
Demora para ser refeita e compreendida,
A boca que fala não tarda a calar,
E quando a pedem: boca fala,
Silencia ela por preferir dizer nada,
Ouvir é trabalhoso dizem eles,
Melhor é falar sem ter nada a dizer,
O compreender está um passo à frente,
Da moça que quis ser ouvida um pouco distante,
O que a moça fala não passa de um gemido,
Um grunhido incontido de uma alma sedenta,
Que cansada de estar sozinha,
Anseia por companhia,
Fecha os olhos e recorda lembrança antiga,
Tempo em que tinha alguém ao seu lado,
Rememora uma memória inventada,
Lugar onde tudo parece estar perfeito,
Mas que não passa de invenção sua,
Então, cada passo que dá é um passo para trás,
Um viver de imaginar que um dia foi melhor,
Sem aproveitar o que passou ou o tempo que está,
Viver se torna um martírio,
Embebido por um buscar em encruzilhada,
Sem saber em qual caminho cruzar,
Não passa de um tentar expressar-se,
Um grito que ecoa distante,
Não há nada mais que um suspiro da alma oprimida,
Suspirar da moça que se ouvida se dá por satisfeita!
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