quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Saudade

Ela prendeu a respiração, 
Beijou o chão 
Que ela pisava,
Ajoelhada,
Pos-se a chorar,
Não se atrevia a tocar seus sapatos,
Sujos pela terra
E um pouco corroídos pela dor.

Chegar até ali foi difícil, 
E ela conhecia o caminho,
Compreendia agora.
Chorou por ele e por ela,
O motivo já não sabia precisar.

Rezou por ele em baixa e alta voz,
Manteve sua prece em silêncio, 
Difíceis foram as noites mal dormidas,
Aquelas em que mantinha os olhos firmes,
A procura-lo pela noite.
Sem se atrever a sair do quarto.
Espera-lo, espera-lo.
Esperaria-o por mais tempo.

Mas o tempo machuca,
Tinha desabotoado o corpete,
Deixado o colo dos seios a mostra,
Seria uma noite quente.

Inclinava o corpo
Para derramar o fino fio de saliva
Sobre seus dedos,
Tocar seus pés excitava,
Não continha a vontade entre os dedos,
Queria toca-lo com sua boca e língua. 

Morder, lamber, provar...
Saciar-se.
Curtos cabelos escuros
Lhe faziam as primeiras carícias, 
Olhos chorosos contemplavam
Sem conter tantas promessas
De amor, esperança e desejo.

Havia tanto amor nela 
Que ele sentia medo de mover-se,
De sentir, ouvir e viver.
Ele poderia afogar-se em qualquer dos carinhos,
E nunca mais sair dele.
Haviam nela todos os carinhos,
Gestos medidos,
Abraços guardados.

Fazia tanto tempo...
Lembrar-se disso lhe deu forças 
Para encara-lo,
-Idiota, por que demorou tanto?
Ela disse entre soluços. 
Ele a pegou pelas costelas,
Gentilmente e firme, 
E a trouxe Para os seus braços. 
-tempo o bastante!
Ele disse ao repousar o beijo.

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