terça-feira, 17 de setembro de 2024

A Calmaria

Se fosse dado a eu,
Pessoa que se apaixonou,
Falar sobre ele,
A conversa se alongaria,
Mas, o que digo aqui,
Não é tudo que penso,
É muito mais os outros.
Quinze minutos sentados
Naquele banco de praça,
As flores caindo nos cabelos,
Os cheiros aguçando os sentidos,
E ele passou seu braço
Por minha nuca
E segurou-se em meu ombro.
Naquele imenso espaço
Havia um balanço,
Ele sentou-se nele,
E me segurou em seu colo,
Ficamos nos embalando,
Não falávamos nada
Que fizesse sentido dizer,
Flores caiam sobre nós,
A grama alvorecia.
Misturar-se aos pensamentos dos apaixonados,
Nunca me foi fácil,
E não tentamos fazer isso,
Comemos uma comida de calçada,
E andamos de mãos dadas.
Tudo isso, em nosso primeiro dia.
Enfim, o beijo.
Tão antigo quanto o sol que brilha,
O beijo veio,
E com ele a vontade de amar,
Talvez, o amor nos tenha unidos,
O importante era ficarmos perto,
Desprovidos de qualquer interesse,
Que não fosse o contato,
O olhar,
A busca.
Inspiração nova para poemas,
Assunto desconhecido,
A multidão passava,
Naquele dia haveria fogueira na praça,
Era junho,
De inverno e comes e bebes,
O aviso foi dado muito antes,
Nós não ouvimos,
Mas vimos o fogo ser aceso,
E as labaredas ganharem o ar,
O escuro e as alturas.
O louvor de uma canção de amor
Soava longe,
-Ah, o amor!
Ele nos toca única vez,
E fica.
Inicia de imediato,
Satisfaz a todos.
E eu me encarrego de me acalmar
Em seu colo, calor, afago e abraço,
Acalmou todo o ódio,
Sofrimento e ferimentos.
Acalmou a dor.
Quem me acalma é este que amo.
O amor respira.
-Viva. Viva.
Grita o sentimento.
Me jogou ao seu colo,
Nos embalamos no balanço
E ficamos.
A fogueira apaga.
As pessoas vão.
O escuro chega.
O dia segue.
E eu fico calma.

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