Choravam mil frases,
Mil momentos como estes,
Dor e nada além
Lhe rompia sobre a face,
Em lágrimas que desfiguram
Qualquer olhar
E até desvirtuam sentimentos.
Alguns empurrões,
Ligações não atendidas,
Alianças não buscadas,
Como a ausência podia
Ser evitada?
Que empoderamento lhe ressoa a
Que a fazia ferir tanto?
No lugar de seus beijos,
Neblina de desespero
Lhe cobriam face e seios,
A roupa se ensopava,
O chão começava a escorregar,
Ausência soava a ferimento,
Dor e sangramento.
Apenas, de vez em quando
Um suspiro parecia surgir
De seu peito,
E ali morrer absorto,
Afogado por entre dores e lamentos,
Saudade, ausência e distância.
O rosto se desfez da vergonha
Toda vez que o procurou,
Que quis com toda alma
Notícias suas,
Estava longe demais de seu orgulho,
Trocou-o por uma roupa sexy,
E partiu para seu paradeiro,
Bateu na porta,
E não obteve resposta.
Ausência e silêncio.
Silêncio profundo
Que se prolonga
Dentro de todo o seu vazio.
Aliás, o silêncio,
Que monstro deformados
Ele se mostra,
Diante da menor distância,
Todo o horror desfiguram
Até mesmo melhor amor.
O silêncio é mesmo um lago escuro,
Com ares de luminescência,
Atira-se nele feito idiota,
E não retorna.
O silêncio afoga,
Devora,
Mata!
Mas, neste silêncio,
Pior não há,
Que a maldita distância?!
Se assemelha a uma roda de Pelourinho,
Lhe põe de joelhos,
Incapaz e acorrentada,
Exposta de cara a tapas,
Sem poder esconder nada,
Impedida de sentir muito,
Mas sente-se,
Sabe-se que mesmo na dor do suplício
A distância não fica inerte.
Fere,
Queima,
Amortaça,
Golpeia!
Colaram-se frases absurdas aos beijos,
Ela permitiu que fossem coladas,
Obrigaram ao silêncio,
Ela permitiu ser silenciada,
Impediram ao distanciamento,
Ela permitiu ser distanciada,
Mas, entenda-se:
O não ouvir ou entender,
O calar a voz de uma garganta ferida,
O distanciar de quem se ama,
São coisas que matam.
Morta estava.
Morta sentia-se.
Morta e ninguém duvidava.
Afivelada,
Golpeada e golpeada,
Exposta, domesticada,
Embrutecida.
Saudosa.
Viam-se na sua cara
Correr mil filetes de lágrimas
E não duvidariam: sangue.
Mais que chicote,
Lhe doía a ausência.
Suas lágrimas caiam por sua face,
Caiam por seus ombros,
E atiravam-se contra os que passavam.
Sofrimento amargo e profundo,
Qualquer um que visse se compareceria,
“Ninguém quer a vida dela”
Repetiam entre si.
Até, que então, ela não se mexeu mais.
Permaneceu onde estava,
Com as mãos no peito,
Como se estivesse morta,
Olhos fechados e cabeça caída,
Não havia-lhe único movimento,
Nem ao menos de suas mãos
Para estancar as lágrimas,
Ou de sua voz
A gritar sagrado nome,
O do tal homem
Que tanto amava!
Foram tantos os golpes
Que agora não sabia-se:
Resistia, ou desistia.
Sabia-se: morria!
A multidão parou,
O sinal do tráfego fechou,
A velha com a criança passou,
Ele não voltou,
Ela chorou
De olhos fechados
E chorou,
De luzes apagadas e sofreu,
Com sol escaldante e chorou.
Rosto inchado de dor
E chorou.
Convites de consolo,
Recusou.
Olhares piedosos,
Chorou.
O amor quando abraça afivela,
Ele parte e não solta.
O amor tem garras.
A moça chora.
Estás palavras são uma tentativa
De explicar a dor de quem ama,
Estás situações ocorrem ao mesmo tempo,
Um lado, que tento contar,
Sente dor e quer estar perto,
O outro do qual não tenho notícias,
Fica distante,
E não aparenta querer estar perto,
A primeira parte só sabe lembrar,
E chorar por saudade matadora,
A segunda, talvez esteja em festa,
Ou vivendo qualquer forma de vida,
Uma espera e chora,
A outra passa por está mesma rua,
Para, olha e não comemora.
Ou comemora.
Quem é que pode falar de seu íntimo,
Passar e olhar e admirar,
Mas não se aproxima.
Ambos calados.
Mas há, então, as lágrimas.
De um lado.
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