Em dezembro,
A noite chega cedo.
As gaivotas já voavam
Pelo curso do rio,
E um peixe teimava em saltitar,
Grande, amarelo e solitário,
Parecia o dono do lugar,
Soltava gotas de água em meu rosto,
Quando eu suspirei sua falta,
E desejei muito sua presença.
Fico feliz pelo sol que segue as gaivotas,
Ou esconde-se delas
Por detrás daquele morro,
Lá embaixo,
Mas anseio por sua chegada,
Seu abraço,
Cheiro,
E presença.
O rio fica obscuro,
E quando retiro meu olhar dele,
Vejo que tudo o mais está emagrecido,
A noite chegou por completo,
E eu ainda estou sozinha,
A espera-lo em margens a meia luz,
Há algo especial nestas águas doces,
Mais que nossas juras,
Talvez, não tão bonito,
Mas estás águas parecem
Nunca ficar sombrias.
Há sempre um ponto de apoio nelas,
Uma certeza estranha de localização,
Um efeito luz que não se apaga.
Sempre foi assim.
Noto mais quando sua falta
Chega intensa e arrebatadora.
Neste deserto de águas
E vidas,
Eu posso esperar por ele,
Por o quanto de tempo
Que a saudade necessite.
Me agacho nestas águas mornas,
Nelas há sempre um convite,
Deposito um beijo na palma da mão,
E permito que o curso destas águas
O levem.
Aguardo.
Aliás,
Pedir que estás águas o busquem
É o que eu mais faço.
Ama-lo é meu refúgio,
A saudade é um guia,
Pois, é como se eu não tivesse
Para onde ir,
Não houvesse nada mais importante,
Ou não saiba outra forma de ser feliz.
Sempre fui assim.
Sempre pedi a água
Tudo que sempre precisei,
A saciedade do corpo,
A fonte para a vida,
E elas o trouxeram,
Por terra e seco,
Mas estás águas sabem
O tanto que eu quis banha-lo.
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