As horas passaram,
A noite chegou com os quero-quero,
Estava ali séria e imóvel,
Absorta num único olhar,
Com único pensamento,
Conhecer aquele rapaz,
Tomar-lhe ao menos um beijo.
Embora, toda noite que vai retorna,
Ela não desejou que houvesse outra,
O tempo não parecia ao dispor,
Queria-o,
E o coração pedia urgência,
Da sacada tinha toda cidade aos pés,
Com suas luzes ligadas e outras apagadas,
Mas nenhum seria como ele,
Com sua elegância, classe e simplicidade.
Além das colinas,
Onde o rio tocava a areia,
Uma flor seguia,
Nela já não haveria vida,
Despencou de onde estava,
Nada mais traria.
Porém, próximo de toda cidade,
Mais intenso que toda beleza,
A moça não conseguia fixar
Em outro ponto que não o fosse,
Lindo, a caminhar, deslumbrante.
Era como se a cidade toda,
Iluminada em profunda beleza,
Descansada de todas as cobranças,
Não tivesse outro interesse,
Que não fosse o ver.
Em seu coração
Não saber-se-ia expressar a natureza
De sua contemplação,
Ela irradiava um olhar fixo,
Seguro e tão determinado
Quanto os passos deste moço
Que andava lento,
Um olhar tumultuado
Por intenso sentimento.
O sorriso petrificado
Era tudo que lhe tocava o rosto,
E o parecia refletir,
Tamanho desejo,
Intensidade e querer.
Parecia que em sua alma
Apenas aquele olhar vivia,
Não fosse o avistar,
Em si nada mais existia,
Nem mesmo um sopro de vida
Que a tivesse feito sorrir,
Nem único movimento nesta boca,
Anterior a este ser único,
Nem sorriso,
Nem querer.
Nem sentimento.
O rapaz caminhava absorto,
Seguia sem dizer nada,
Mãos soltas e juntas ao corpo,
Parecia senti-la,
Como se soubesse de sua intensidade,
Da urgência de seu querer,
E a cidade formigava ao redor,
De vez em quando,
Outra moça mal vestida,
Tola e descrente de sua inferioridade,
Tentava aproximar-se dele,
Ela em pé a cuida-lo,
Esforçava-se para controlar o ciúmes,
Dos pés a cabeça enrijecida
Permanecia onde estava,
Dali, apenas o admirava,
Sem dizer nada.
Desde o momento em que viu o garoto,
Seu rosto ficou mais sombrio
E o olhar extremamente vivo,
Um tremor obsessivo percorria seu corpo,
Tomada por sentimento violento,
-quem é esta mulher?
Não percebe que ele não a quer?
Se viu,
Apenas naquele instante,
Sibilar entre dentes,
E de maneira automática
Seu corpo se moveu,
Contraiu-se contra o parapeito,
Depois enveredou-se pelas escadas
E chegando perto dele
Se surpreendeu.
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