Ela teria deixado
De remar,
Até que a correnteza
Decidisse qual o ponto
De assusta-la
Para que a acordasse
Do transe de olha-lo,
Sem poder desviar,
Para retornar a remar
E seguir até a margem.
Porém, a água estava turva,
Ventava forte,
Seus cabelos amparados
Num coque se desprenderam
E voavam para seu rosto,
E o caico seguia muito rápido,
Um deslize
E estaria distante demais
Para ter força suficiente
De voltar ao ponto de partida.
Neste instante,
Enroscou o remo na saia
Esvoaçante amarela,
Praguejou em silêncio,
E percebeu olhando
Para os lábios macios
E bem feitos em frente a ela
Que “voltar ao ponto de partida”
Jamais seria possível.
Então, desenroscou a saia,
Notou um estrago na roupa,
E permitiu ser guiada,
O caico foi rápido para o leito,
Bateu contra o Sarandi
Da barranca e teria derrubado,
O homem másculo,
De músculos torneados
E cabelo escuro e curto
Que não parava de olha-la,
Porém, ele parou,
Desviou o olhar para baixo,
Depois para o galho
Da árvore e segurou-se nele.
-esta com medo?
Ele indagou,
Sem olha-la.
Ela andou cinco passos
Chegou próxima a ele,
E estendeu o braço
Para pegar no dele.
- por quê estaria?
Ela indagou.
- medo de mim.
Ele respondeu,
No mesmo instante
Em que se voltou,
E levou o corpo
Até roçar nos seios fartos
De Nadira,
Fazendo seu peito arfar,
E ela se aproximar
Mais ainda dele.
- não entendi.
Ela respondeu em evasiva.
Ele levou o rosto até o dela,
Tocou seus lábios com a boca.
- de eu desejar te beijar.
Ela falou arfante.
Mantendo um braço
No galho da árvore,
Sem permitir que o caicó
Seguisse para muito longe.
- não.
Ela respondeu,
E tocou seus lábios
Contra o dele,
Tornando o contato
Mais forte e possessivo.
- você é forte e corajosa.
Ele falou,
Levando o braço disponível
Para o contorno da cintura
De Nadira.
- eu ainda não sei seu nome.
Ela continuou.
Mudando dois passos curtos,
Até sentir seu corpo colar
Ao dele,
Nunca agiu assim tão furtuita,
Mas o desejou de maneira
Desconhecida,
E sentiu um calor
Que a afogueou
Como uma espécie de possessão
Que não poderia resistir.
-Mirceu.
Ele respondeu entre
Os lábios dela com doces beijos.
Depois ele a soltou.
Se desvencilhando do galho
Com um empurrão
Para o meio,
Permitindo a ela voltar
A remar.
-eu gosto de você Nadira,
Mas suspeito não ser o único...
Ele falou em tom sério,
Que não admitia equívocos.
- é, você poderia ser
Um dos meus adoradores,
Eu não me oponho.
Ela respondeu,
E virou as costas
Para Mirceu para voltar a remar,
Reordenar o caico
No meio do rio.
- você disse que ouviu
Quando seu cachorro
De estimação latiu
Para estes lados da propriedade?
Ela indagou.
- sim, preciso reencontra-lo,
É meu menino.
Ele disse angustiado,
Se pondo para o meio
Do caico e firmando as vistas
Para ambas as margens.
-não será difícil encontrar.
Ela respondeu,
Depois voltar a olha-lo,
Ficando próxima demais,
Quente demais
Para ver qualquer coisa
Que não fosse Mirceu.
Ele a puxou para seu peito
Sem aviso,
Lhe beijou intenso e ardente.
- gostaria de encontrar
Outra coisa,
Na verdade quero ver você
Mais tarde.
Ele disse entre beijos.
- não sei se é possível.
Nadira concluiu.
- esforce-se.
Mirceu respondeu,
Erguendo a saia de Nadira,
Lhe acariciando as nádegas,
E as cochas,
Então, pondo-a sentada
Sobre o banco do caico,
Enquanto se afastava
Para chamar o cão,
Que punha-se a nadar até ele
Sem aviso.
Mirceu estalou os dedos
Para Milinho
Que parecia sorrir
Da superfície da água,
Nadando rápido
E decidido até o caico.
Mirceu se agachou
Para esperar o pequeno rottweiler.
Um cardume de peixes
Passou por baixo do caico,
Mirceu baixou os dedos
Para a água
E pode sentir suas caudas
Enquanto eles subiam
Para algum lugar.
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