segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Não Aceitamos Carona

Eu e meu irmão
Brincavamos de rebatida
No quintal da nossa casa,
Ambos sem camisa,
Pés descalços,
Vestidos apenas de calção
De futebol vermelho.
De repente,
Uma mulher bonita
Parou o carro
Bem na nossa frente,
Nos convidou para entrar,
Disse que queria dar
Uma volta com nós,
Nos levar para tomar
Um sorvete,
Para passar o calor.
Eu me aproximei,
Ele ficou mais atrás,
Eu me recusei a ir,
O segurei pelos ombros,
E o afastei de perto do carro.
Ela riu alto,
Como se tivesse domínio
Da situação,
Parecia dona de si mesma,
Segura do que fazia.
Nisto nosso pai
Saiu na porta de casa
E nos chamou para dentro,
Depois, foi até ela
E lhe disse coisas feias
Que se recusou a nos repetir,
Dentro de casa,
Ele nos passou um sermão
Sobre não se aproximar
De estranhos,
E sermos mais inteligentes.
Logo, ligamos a televisão
No noticiário do meio dia,
E lá estava uma fotografia
Da moça,
A notícia a definia
Como assassina e estupradora.
Eu e meu irmão
Nos abraçamos apertado,
E até hoje eu agradeço
A Deus por ter nos livrado dela.
A morte nos beneficiou
Com mais algum tempo
De vida
E nós somos gratos sobremaneira,
Penso que ninguém deseja
Ser estuprado,
Sofrer violência contra
Seu corpo, realmente,
É o que há de terrível,
Mas, depois disso,
Ser morto,
Não calculo se exista coisa pior.

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